Assaltantes roubam e dominam um cu
Bruno gania feito uma cadela e tentava, inutilmente, sobrepujar a força dos braços musculosos do cafuzo, como primeiro passo no desespero de livrar-se da pica que ele mantinha completamente cravada em seu cu. Um risinho sarcástico começou a se delinear nos lábios de seu algoz e ele pressentiu que algo terrível estava se desenhando naquelas mentes criminosas. Olhou para trás e viu o mulato trabalhando a rola imensa na mão. Compreendeu no mesmo instante o que estava para acontecer. O mulato se aproximou e apontou a cabeçorra na entrada de seu cuzinho. Começou a duvidar daquela lei da física que garante que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço. A jeba do mulato entrou rasgando as pregas que ainda haviam se mantido intactas depois da penetração do cafuzo. Dentro daquele buraquinho apertado agora duas picas colossais promoviam uma orgia animalesca. Bruno gritava, impelido pela mais intensa das dores que já havia sentido. Em meio a uma bruma, ele viu o rosto sereno e determinado de seu amado Diego, por uma fração de segundos. Identificou nele aquela censura a que ele costumava não dar ouvidos, era tarde demais para se sentir profundamente arrependido, pois tudo a sua volta se apagou, tão abruptamente como a luz se apaga quando acionamos o interruptor.
Diego ainda estava sob o efeito do jet lag quando, naquela manhã nebulosa do outono londrino, tomou assento na sala onde seriam proferidas as palestras, a duas cadeiras de distância, daquele que ele identificou como o homem mais bonito que já havia visto. O encantamento fê-lo encarar o desconhecido, absorvendo cada detalhe daquele rosto suave onde cintilava um par de olhos verdes que se intimidaram um pouco com sua perseverança, mas onde logo surgiu um sorriso gentil na forma de cumprimento. Só então ele se deu conta da gafe, e retribuiu a saudação. A multinacional para a qual trabalhava o tinha enviado para aquele curso de gestão e empreendedorismo logo após sua promoção ao cargo de diretor de novos negócios. A sala foi se enchendo de executivos em seus ternos alinhados, mas o magnetismo que vinha daquela silhueta esguia e atlética que se movia como se estivesse flanando sobre o chão, impedia que ele conseguisse desviar o olhar. O estranho percebeu aquele seu olhar aquilino, mas parece que não se incomodou com aquela persistência. Ao notar que ele vinha em sua direção, as mãos suavam e ele se preparou para o embate. Certamente estava vindo tirar satisfações. Diego penitenciou-se por essa sua mania de ficar gavionando caras como aquele, mas era macho demais para não sucumbir aos seus instintos de predador.
- Do you speak portuguese? – perguntou aquele Adônis, que mal parecia ter saído da puberdade, num inglês impecável, apontando para o crachá que ele trazia pendurado no pescoço.
- Sim. – respondeu Diego, baixando o olhar para o crachá onde constava seu sobrenome, Martins, separado por uma vírgula das iniciais D e A.
- Olá! Me chamo Bruno. Muito prazer! – devolveu o jovem, sem nenhum sotaque, num português tão límpido quanto aquele que ele ouvia todos os dias. Só então ele conseguiu tirar os olhos daquele rosto hipnotizante, e viu que no crachá dele constava o nome Carvalho, seguido das iniciais B e E.
- Olá! Diego. – respondeu, titubeando um pouco antes de pegar naquela mão estendida, a sua frente, com sua mão suada.
- Percebi pelo seu bronzeado que não podia estar enganado. E, seu sobrenome apenas confirmou minhas suspeitas. Deve ser brasileiro, pensei. – esclareceu Bruno, que tinha a pele ainda mais gostosa do que sugeria sua beleza. Diego sentiu-se envergonhado por ter aquela mão quente e macia entre sua pata suada.
- Desculpe o mau jeito e essa mão úmida. Pensei que estivesse atrasado para o início da palestra e nem passei no banheiro para lavar as mãos. – justificou-se atrapalhado. No entanto, seu interlocutor parecia não ter se incomodado com isso, ou soube elegantemente não dar importância ao fato.
- Estou no Goring, por isso me precavi saindo cedo, pois o trânsito em Londres pela manhã não deixa o de São Paulo nem um pouco para trás. – esclareceu Bruno.
- Que coincidência! Estou no mesmo hotel. Não fazia ideia de que fosse tão distante daqui. Pelo mapa, Carberwell dista cerca de dez minutos de metrô da London Central, mas o taxi levou mais de meia hora. Só que me esqueci do rush. – revelou Diego. – Meu voo saiu atrasado de São Paulo e acabei chegando só no meio da madrugada. Estou sonado e com o raciocínio lento, deve ser isso. – pela primeira vez ele colocou um sorriso no rosto.
- Bem! A pontualidade londrina parece que não está funcionando tão bem assim. A palestra já devia ter começado há quinze minutos. O importante é que você está aqui. – argumentou Bruno. Diego gostou de ouvir a última frase saindo daquela boca, cujos lábios tinham algo de tentador naquele rosado úmido e carnudo.
- Posso me sentar ao seu lado? – perguntou Diego, encorajado pelas palavras que acabara de ouvir, enquanto trocava a posição do display onde constava seu nome, num daqueles jeitinhos bem brasileiros de subverter a ordem das coisas. Vai ser por uma boa causa, pensou com seus botões, quando a proximidade trouxe o perfume do Bruno para dentro de suas narinas. Ele estava ali a trabalho, mas quem disse que não podia flertar um pouco com aquele deus grego que o acaso pôs em seu caminho?
Bruno é o filho mais novo de um industrial do ramo de autopeças. Seguiu os passos dos irmãos, começando sua carreira, após a faculdade, na empresa do pai, num cargo subalterno. Havia ido a Londres para o curso de gestão e empreendedorismo com renomados profissionais da área a mando do pai, com o intuito de desenvolver no filho as habilidades que necessitaria para, junto com os irmãos, promover o crescimento do negócio da família. Apesar de bem nascido, nunca fora um menino mimado e, sabia muito bem quais eram suas responsabilidades. Desde garoto exibia um corpo muito bonito, ao qual, os anos estavam acrescentando contornos atléticos, apesar de ele apenas praticar alguns esportes por simples prazer. O assédio devido a sua formosura única, desde muito cedo, havia incutido nele uma timidez reservada que, ao contrário do que ele imaginava, chamava ainda mais atenção sobre sua pessoa. Na adolescência, percebeu que os homens o atraíam muito mais do que as mulheres. Essa dicotomia o trouxe a idade adulta completamente virgem, embora em seus modos nada transparecesse sobre suas preferências, nem sobre sua castidade.
Diego nascera numa família de profissionais liberais que suscitou nos filhos a necessidade de lutar para obter seu lugar ao sol. Sobre o amparo dos pais, sempre teve uma educação primorosa que, após a faculdade o levou a conseguir um emprego numa multinacional, onde viu sua carreira deslanchar em alguns anos. Era o primogênito e, sabia que as expectativas dos pais sobre seu futuro eram grandes. Desde garoto demonstrou seu senso de responsabilidade e cuidado com a única irmã. Levou esse aprendizado para a vida o que, juntamente com sua capacidade de liderança, estava sendo decisivo em seu desenvolvimento profissional e pessoal. Durante a adolescência era um pouco gordinho, apesar do seu quase um metro e noventa de altura. Mas, com o passar do tempo aquelas gordurinhas, que uma academia frequentada quase que diariamente logo cedo pela manhã, foram se transformando em músculos avantajados, que atraíam olhares cobiçosos. Quando percebeu que era alvo de desejos, sua autoconfiança foi se burilando sem, contudo, transformá-lo numa pessoa arrogante. Ele usava muito bem seus atributos para ensejar suas conquistas, que podiam ser tanto femininas quanto masculinas. Bastava que seu alvo possuísse alguns atributos para ele sair à caça, sem nenhum tipo de preconceito, pois tinha plena convicção de ser um macho alfa. O que ele procurava era alguém que o completasse, e fosse capaz de compreender seus poucos defeitos. O sexo dessa pessoa era irrelevante até o ponto em que lhe proporcionasse o prazer insaciável que esse aspecto de sua personalidade tanto exigia. Ele havia pleiteado junto à empresa a oportunidade de fazer esse curso em Londres, e seus superiores sabiam que o novo conhecimento adquirido logo se apresentaria na forma de um incremento nos negócios.
Quando o destino colocou esses personagens um ao lado do outro, isto é, com a tramoia pouco ortodoxa do Diego, naquela manhã encoberta por um denso nevoeiro, em Londres; houve uma atração intensa e mútua que culminou na perda prazerosa da virgindade do Bruno e, no melhor sexo que o Diego já havia tido. Sentiam-se apaixonados e unidos desde então. Nos quase dois anos seguintes, essa união foi transformada num casamento, numa casa construída em parceria segundo seus desejos, e numa vida em comum que dava seus primeiros passos. A bela casa, construída num bairro nobre da zona sul paulista, era o reflexo daquele amor sólido e bonito. Cercada por um bem cuidado jardim, dos janelões envidraçados da sala tinha-se uma vista privilegiada, à distância, do bairro modernoso onde se concentravam inúmeros escritórios de empresas, inclusive o do Diego; do outro lado do rio caudaloso onde, à noite, se refletiam as luzes da cidade que, praticamente, camuflavam a imundice que ele carregava. Bairros como esse formam verdadeiros oásis na cidade, mas quase todos têm, invariavelmente, uma favela nos arredores. Abrigo de todo tipo de escória, essa proximidade era motivo constante de preocupações por parte do Diego. Ele sempre se exasperava com a negligência do Bruno em relação a isso. Não que ele não soubesse dos perigos que aquela proximidade com sua casa significava, mas, por razões que ele mesmo desconhecia, não fazia disso uma paranoia como o Diego.
- Já te pedi mil vezes para não deixar as portas lá debaixo destrancadas. Qualquer dia você vai ter uma surpresa e, você bem sabe que ela pode ser nefasta. Depois não diga que não avisei! – Diego era quase sempre um pouco rude quando fazia essas advertências, inconformado com a displicência de seu amado.
- Os portões estão todos trancados, os muros altos, cheios de câmeras e cercas elétricas, eu sinto como se vivêssemos dentro de um campo de concentração. Você é muito obcecado com isso. – retorquia Bruno diante da cara zangada do Diego, embora admitisse que ele estava coberto de razão.
- É que me aflige saber que alguma coisa de ruim pode te acontecer. Você tem ideia do quanto eu te amo. Não sei mais viver sem você. – confessava Diego.
- Vem cá meu guardião gostoso. – sussurrava Bruno nos ouvidos do amado, enquanto enfiava a mão por entre os botões da camisa do Diego e acariciava os pelos do peito dele. Isso tinha a capacidade de transformar toda aquela ferocidade na mais carente das mansidões. Diego sentia tanto tesão nisso que não conseguia ficar bravo, por muito tempo, com aquele ser que, com seus gestos carinhosos, lhe conferia todos os prazeres do mundo.
Pequenas rusgas desse naipe eram as únicas desavenças que havia entre eles. No mais, eram tão unidos quanto é possível supor. E, geralmente, era Bruno quem tomava a iniciativa da reconciliação, pois não queria que Diego sentisse sua posição de domínio abalada por coisas tão insignificantes.
Recentemente, os dois tiveram que se adaptar a uma nova empregada, depois que a antiga, dona Salustiana, tinha voltado para o interior para cuidar do pai doente. Tereza tinha sido enviada por uma agência. Era bem mais nova que dona Salustiana, mas era muito mais lesa e morosa do que ela. A única fogosidade que parecia arder nela estava concentrada entre suas coxas roliças. Tereza era uma morena peituda de bunda grande, fissurada em mulatos, por achar que eram os únicos capazes de preencher, satisfatoriamente, aquela xana um pouco larga demais que tinha entre as pernas. Nem Bruno nem Diego a aprovavam, estavam apenas esperando que aparecesse alguém mais qualificado para a dispensarem.
Bruno estava abastecendo o carro num posto situado numa avenida próxima de casa. Passava um pouco das sete da noite e ele cumprimentou, com sua gentileza costumeira, o frentista Adilson, cuja simpatia havia cativado a ele e ao Diego, logo que se mudaram para a casa nova, e passaram a abastecer os carros naquele posto de combustíveis. Por hábito, Bruno descia do carro e trocava meia dúzia de palavras com o Adilson enquanto este dava uma verificada no veículo. Naquele final de tarde, um mulato e um cafuzo, numa motocicleta, também estavam abastecendo quando repararam naquele jovem bem apessoado e, certamente, com um bom saldo bancário, tratando o frentista com tanta afetuosidade. Saíram do posto na cola do Land Rover Discovery na certeza de estarem diante de uma oportunidade promissora. Ambos moravam na favela, que se esparramava por morros totalmente ocupados por construções irregulares, próxima ao final daquela avenida e do bairro para onde Bruno se dirigia. Seguiram o carro numa distância prudente, e viram quando o portão automático se abriu na garagem da casa luxuosa de uma ruazinha arborizada e tranquila, deixando o Land Rover entrar. Passaram os três dias seguintes arquitetando um plano.
O mulato era um baiano que tinha vindo para São Paulo fugido das encrencas que tinha arrumado na cidadezinha próxima de Salvador. Não prestava para nada, por isso nunca tinha conseguido um trabalho descente. Vivia de bicos, de explorar mulheres que se encantavam com o dote que trazia entre as pernas e, de assaltos. Já tinha sido preso algumas vezes, mas como a justiça brasileira é cheia de lacunas, sempre se safava de um castigo mais justo. Assim que chegou à favela para se esconder das garras ávidas da polícia, envolveu-se com os traficantes locais. Foi quando conheceu o cafuzo, um maranhense que tinha abandonado mulher e dois filhos na longínqua Codó, e tentado um emprego na construção civil. Incapaz de seguir uma ordem, era logo despedido pelos chefes. Passou a ser o pau-mandado dos traficantes da favela e, amasiou-se com uma mineirinha vagabunda a quem costumava dar umas boas surras toda vez que sentia os cornos coçarem no alto da testa. Ela tinha sido atraída pela jeba animalesca que ele costumava coçar regularmente, deixando o tecido da calça, sobre o qual o seu contorno se salientava, desbotado e puído. Encontrou no mulato o parceiro perfeito para usurpar da sociedade aquilo que julgava lhe pertencer por direito, embora nenhum dos dois tenha feito o menor esforço para poder pleitear o que quer que fosse.
Com um plano traçado partiram para a execução. O primeiro passo foi abordar Tereza. Ela deixava a casa dos patrões no final da tarde e seguia até o ponto de ônibus mais próximo. Tempo suficiente para que o mulato, cheirando a desodorante barato, desse alguns passos acompanhando-a até o ponto. Fingiu ter começado a trabalhar numa casa vizinha e jogou toda sua lábia encima da empregada. Aquele volumão por debaixo das calças dele fazia a buceta de Tereza ferver de desejo. Bastou ele a convidar para o boteco, na entrada da favela, a fim de tomar umas cervejas, para ela ir parar em sua cama imunda dentro do barraco, recebendo as estocadas daquela pica enquanto gemia alucinadamente. Entregou todo o serviço enquanto limpava a buceta cheia de porra daquele animal.
- Os dois são muito bonzinhos, sempre me dão um agrado no final do mês junto com o salário. Mas, só aqui entre nós, são dois viados. Mulher naquela casa só como visita. Não consigo entender como dois homens lindos como aqueles podem gostar de cu de macho. – declamava verborrágica depois das cervejas e do sexo.
- Isso é tudo filhinho de papai que curte uma viadagem e uma putaria! Depois colocam uns ternos e todo mundo pensa que é um macho debaixo daquelas becas grã-finas. – o mulato ia tirando todas as informações de que precisava daquela biscateira que, ao final das contas, mal tinha conseguido fazer cócegas em sua rola com aquela buceta larga. Mas, o mais importante ele tinha conseguido, surrupiou as chaves que estavam na bolsa da vadia e, que abriam o portão de pedestres da casa onde ela trabalhava.
No dia seguinte, ele e o cafuzo se puseram de tocaia num ponto da avenida esperando o Land Rover passar. Estavam tão agitados que tinham ido com a motocicleta até o local bem antes do horário previsto para a passagem do carro. Aquilo havia se mostrado providencial, pois o jovem conduzindo o Land Rover passou pouco mais de três horas antes do que da primeira vez em que o seguiram.
Era o dia em que completavam dois anos morando juntos, e Bruno tinha deixado o trabalho mais cedo naquela tarde com a intenção de preparar aquele salmão, que estava na geladeira, num jantar especial para o Diego, um fã de suas incursões pela cozinha. Tinha feito mais algumas compras de última hora e estava um pouco apressado para chegar em casa, e ter tempo suficiente para preparar a surpresa antes que o Diego chegasse. Ele havia descido para a cozinha depois de uma rápida ducha e uma roupa mais confortável sobre o corpo, para iniciar os preparativos. Deixou uma seleção de músicas românticas tocando quando passou pela sala e, nem percebeu que havia deixado a porta destrancada entre a garagem e o acesso à lavanderia, próxima à cozinha. Assim que ‘Ordinary love’ do U2 começou a tocar, Bruno percebeu que não estava mais sozinho. Virou-se assustado e deu de cara com o mulato e o cafuzo o encarando a menos de cinco passos de distância. Sua primeira reação foi tentar correr, mas logo se deu conta de que seria um erro e, mesmo porque, não chegaria a dar alguns passos antes que o alcançassem. Tentou manter o equilíbrio, no entanto, sua voz saiu gaguejando.
- Quem são vocês? O que querem aqui? – Bruno tinha as respostas, apenas recusava-se a acreditar nelas e precisava de tempo para encontrar uma solução para aquilo. Se é que poderia haver alguma.
O mulato imprimiu um sorriso irônico naquele rosto grosseiro, cheio de imperfeições e perebas. Lentamente, levantou a camiseta e exibiu o revólver enfiado na cintura. Achou que aquilo seria o suficiente para deixar o garotão bem criado apavorado, e totalmente descontrolado. Isso até podia ser uma verdade, se não fosse o Bruno que estivesse a sua frente. Alguém que sabia reconhecer o perigo, mas que não se entregava a faniquitos por causa disso.
- Meu camarada, é o seguinte. Você fica bem comportadinho, faz tudo que a gente mandar e não sobra nada pra tu. Agora, se tentar qualquer gracinha, vai se foder. – ameaçou o mulato, em pleno domínio da situação.
- É, a gente quer os dólar e a arma. É só mostrar onde está o cofre, deixar na mão, e a gente se manda, falou? – corroborou o cafuzo, encorajado pela postura do comparsa.
- Não tenho dólares em casa e, muito menos, uma arma. Tenho uma grana na carteira e mais alguma coisa numa gaveta para pequenas despesas. Não guardo dinheiro em casa. – a voz do Bruno estava mais firme, mas ele sentia todos os seus músculos retesados.
- Tá de brincadeira, ô viadinho? Pensa que a gente somos trouxa! Uma puta casa dessas, e vai querer me enganar dizendo que não tem dólar. Eu vô metê um pipoco no meio da sua testa se continuar esse lero-lero. – sentenciou o mulato, acertando um tapa no rosto do Bruno.
- Nóis não tá querendo gorjeta seu merda! A gente queremos uma boa grana, nem que para isso a gente tem que dar um rolê pelos caixa eletrônico, falou? – acrescentou o cafuzo, fazendo eco as ameaças do parceiro.
- Mas eu estou falando a verdade. Não guardo dinheiro em casa. – a bofetada tinha abalado a tranquilidade que Bruno havia se imposto.
- Dá uma geral na casa e vê se acha o cofre. Eu fico dando uma moral nesse filhinho de papai. – o cafuzo saiu derrubando e revirando tudo que encontrava pelo caminho. Voltou depois de alguns minutos sem nenhum resultado daquilo que esperavam.
- Deve estar lá em cima! – disse o mulato. – Vem com a gente! Você vai fazer tudo direitinho se não quiser que eu te arregace o cu, sua bichinha! Já tô sabendo que tu é chegado numa pica, e eu tenho uma aqui pra você se esbaldar. – agarrando Bruno pelos cabelos deu mais uma bofetada estalada naquele rosto sedutoramente lindo, enquanto este estava prestes a perder o comedimento.
Enquanto subiam as escadas rumo aos quartos, e o frescor do perfume do Bruno invadia brandamente as narinas do mulato, um pensamento libidinoso e tirânico se apossou de sua mente. Ia foder aquela bunda carnuda e, provavelmente, tão branquinha como toda a pele daquele playboy de classe social tão diferente da sua. O prazer de senti-lo sob seu jugo seguramente seria maior do que aquilo que pudesse amealhar com o roubo. Nunca tinha enfiado sua pica em outro homem e essa obsessão encasquetou-se na sua cabeça.
- Então é aqui que o Diego come o seu cuzinho! Ou vocês fazem troca-troca? Afinal, quem é o macho e quem é a fêmea nessa putaria? – questionou o mulato, assim que entraram na suíte principal e o luxo do aposento chegou a intimidar os assaltantes. No momento em que o bandido mencionou o nome do Diego, Bruno sentiu um calafrio percorrendo sua espinha. Ao mesmo tempo veio-lhe à lembrança a desculpa esfarrapada que Tereza tinha inventado para justificar a perda das chaves do portão de entrada.
- Como ... como você sabe o nome do meu .... do meu amigo? – o tremor fazia Bruno gaguejar de tão abalado.
- Seu macho, você quer dizer. Ou será sua fêmea? Pouco importa. O que você acha que aconteceu com seu amiguinho e com aquele Audi Q5 prateado dele? – o mulato blefava, pois sabia que aquilo ia minar o que restava da sobriedade de sua vítima.
- Onde está o Diego? O que vocês fizeram com ele? Por favor, não façam nada de mal com ele. – a voz chorosa e suplicante do Bruno demonstrava que ele tinha conseguido seu intento. Uma vítima apavorada sempre era mais fácil de manobrar.
O cafuzo, de raciocínio muito mais lento, não estava conseguindo atinar com o que o comparsa dizia. A empregada tinha mencionado os nomes, eles tinham visto o Audi entrar na garagem durante a tocaia em frente a casa, mas não tinham tido nenhum contato com o outro morador da casa. O comportamento e a transfiguração na cara do parceiro também estavam deixando o imbecil ainda mais confuso. Aonde ele pretendia chegar com aquele papo esquisito?
- Demos um trato naquele viadão. Portanto, não adianta esperar pela ajuda dele. Ou você dança conforme a minha música ou vai ter o mesmo fim dele. – engambelou.
- Eu quero ver o Diego. Por tudo que seja mais sagrado para vocês, por favor, me levem até ele. – Bruno soluçava e já não se importava com o que acontecia a sua volta. Imagens do amado transfigurado passavam por sua mente e isso o aniquilou definitivamente.
Num ímpeto impensado, Bruno se virou e partiu para cima do mulato que não tinha um físico muito maior do que o seu. Estava possuído por um ódio mordaz, tinha gana de ver aquele verme agonizando entre suas mãos. Ao mesmo tempo em que o comparsa se estatelava no chão, o cafuzo desferiu uma coronhada na cabeça dele. Bruno perdeu o equilíbrio e a dor do golpe se diluiu na raiva que sentia.
- Seu merda! Cê tá fodido, viado! – vociferou o mulato.
Colérico e determinado a sentir aquele privilegiado se submetendo a sua vontade, ele partiu para cima do Bruno. Terminou de derrubá-lo sobre a cama e começou a arrancar a camiseta e a calça de moleton que ele estava usando. Com o joelho sobre o peito de sua vítima, encarou aquele olhar estupefato e assustado que ele lhe lançava. Estalou mais um tapa naquele rosto embasbacado e depois girou o corpo escultural separando bem as pernas até que o rego se abrisse ligeiramente e o cuzinho rosado do Bruno aflorasse diante de seu olhar predador. Ele meteu o dedo no cu liso e rosadinho, e sentiu como ele se contraiu bruscamente, aprisionado seu dedo entre aquela maciez morna.
- Tu tá loco, cara! O que cê tá fazendo? – perguntou o cafuzo, surpreso com aquela atitude.
- Vou enrabar esse viado! – respondeu o parceiro, determinado.
- Vamu pegá o que a gente achar e dá o fora daqui. – o cafuzo estava mais perdido do que cachorro em dia de mudança.
- Antes eu quero ver essa bichinha gemendo na minha rola. Vou dar uma surra de pica nesse playboyzinho. – retrucou o mulato.
Sem dar mais ouvidos ao comparsa ele começou a linguar aquele buraquinho rosado. Ele salivava enquanto a ponta da língua circundava e mordia de leve aquelas preguinhas cheirosas. Bruno estremeceu quando aquela língua áspera tocou seu cuzinho. Sentiu que sua sina estava traçada. Tentou outra reação, mas um tapa na bunda e aquele olhar pérfido o convenceram de que aquele macho estava ditando as regras. O mulato intercalava as linguadas com os dedos grossos que ele enfiava, sem dó, para fazer ceder as pregas. Ele puxou o cabelo do Bruno e esbofeteou seu rosto mais duas vezes tentando humilha-lo.
- Por favor, não me bata mais. – implorou Bruno. O desejo inconscientemente escondido do mulato estava se realizando, subjugar um homem socialmente superior a ele.
O mulato se posicionou em pé ao lado da cama e agarrou o rosto avermelhado do Bruno, devidos aos safanões, e meteu o caralho grosso de vinte e três centímetros até a garganta dele. O cheiro de suor, que emanava dos pentelhos encarapinhados do mulato, embrulhou o estômago do Bruno. Ele sabia que precisava aguentar aquilo ou teria seu rosto estapeado impiedosamente. Aquele mulato crescia como macho diante dele, mas seus pensamentos estavam com o macho que ele amava. Uma lágrima rolou pelo seu rosto afogueado.
- Tá chorando, viado? – questionou sarcástico o bandido.
O cafuzo encarava a cena com os olhos arregalados. Uma comichão fez com que ele levasse a mão ao saco e desse uma ajeitada no cacete. Uma ereção estava se instalando lá embaixo. Enquanto o mulato fodia sua boca, Bruno sentiu o sabor salgado do pré-gozo sendo despejado em sua garganta. Seu rosto ficou ainda mais vermelho e ele não conseguia respirar. Enojado, ele teve engulhos e, assim que o algoz tirou o caralho de sua boca ele vomitou o conteúdo do estômago.
- Tá com nojinho, sua puta? Tu vai tomar porra de dois machos. E, se vomitar vai apanhar feito uma vadia. – ameaçou o mulato.
A cueca do cafuzo já estava melada. Aquele corpo sensual e perfumado, languidamente estendido sobre a cama e a mercê de qualquer vandalismo, estava mexendo com seus instintos. O mulato percebeu a inquietação do cafuzo e autorizou sua aproximação.
- Manda ele fazer um boquete na sua rola. O viadinho chupa que é uma delicia. – disse o mulato.
Bruno quis se esquivar daquele cacetão que vinha balangando junto com o sacão entre as pernas do cafuzo. Mas, o mulato voltou a agarrá-lo pelos cabelos erguendo sua cabeça e ameaçando dar-lhe mais alguns bofetões. Ele resignou-se e respirou fundo antes de ser obrigado a colocar aquela jeba fedida na boca. Um cheiro azedo penetrou suas narinas e os engulhos voltaram, sacudindo todo seu corpo.
- Mama, sua puta! – ordenou o cafuzo. Sentindo-se agora tão poderoso quanto o comparsa.
O caralhão de mais de palmo cresceu na boca do Bruno, enquanto ele tentava sublimar o que estava sentindo. Entregou seu corpo como se estivesse entregando qualquer objeto para aqueles ladrões. O mulato voltou a investir naquele cuzinho. Cuspiu no buraquinho e pensou que talvez aquele cuzinho nunca tivesse sentido um pau tão grosso quanto o dele, isso o encheu de tesão. Ia torá-lo até gozar dentro dele. Apontou a cabeçorra naquele orifício que piscava em desespero e ia penetrá-lo a seco, queria ouvir o grito submisso de sua vítima. Bruno virou-se para trás por um instante, deixando a pica do cafuzo pingando pré-gozo, e encarou a cara de desejo do mulato. A estocada veio lenta, mas firme. O grito aflorou na boca do Bruno, mais por reflexo do que pela dor. O cacete vigoroso de seu amado Diego tinha um calibre mais avantajado, e ele tinha aprendido a tirar da dor o prazer de sentir um macho dentro de si. Só que esse não era o seu macho. Esse era um crápula que apenas queria vê-lo sofrer diante de seu dote e seu jugo. Ele mordeu o primeiro travesseiro que conseguiu agarrar e trazer para debaixo de seu rosto. O mulato triunfou. O cafuzo, excitado pelo grito, puxou o rosto do Bruno de volta para sua pica e começou a foder a boca que gemia feito uma cadela no cio.
A meteção foi vigorosa e bruta. O caralhão do mulato estocava suas entranhas, enquanto ele sentia o sacão batendo contra suas nádegas. Os pentelhos encarapinhados roçavam seu reguinho liso. O mulato sentia seu pau sendo agasalhado por aquele cuzinho apertado e macio, e estocava sem piedade aquele homem gostoso.
- Puta que pariu! Nunca meti em nada tão gostoso. – urrou para o comparsa, que o encarava esperando sua vez de se esbaldar naquele buraquinho.
O mulato cobria o corpo sedoso de sua presa como um garanhão montado numa égua, bombando o cuzinho num vaivém que o fazia bufar, soltando o ar entre os dentes. Suas mãos apertavam os peitinhos do Bruno com tanta selvageria que eles incharam. Todo o seu corpo estremeceu quando ele sentiu a iminência do gozo. Sua pelve se contraiu e ele despejou os jatos de porra nas profundezas daquele cu que se arregaçara todo para receber sua gala viscosa. Incontrolado, o cafuzo gozou na boca quente que sugava sua pica. Ambos urraram quase simultaneamente, despejando toda aquela excitação num eflúvio abundante que impregnou o ar com o cheiro de sexo.
Bruno estava tão atordoado que parecia que aquele corpo, sendo manipulado tão violentamente, não lhe pertencia mais. Seu único pensamento estava voltado para o Diego. Nunca os braços musculosos e o peito acolhedor dele lhe fizeram tanta falta. Ele soluçava baixinho, pouco se importando se a vida fosse continuar a partir daquele momento. Seu estômago estava se revolvendo novamente e ele saiu correndo em direção ao banheiro, com as pernas abertas devido ao rombo que sentia no cuzinho. Nenhum dos dois fez qualquer menção de impedi-lo, sabiam que ele tinha que voltar e já estavam tramando outra investida sobre aquele corpinho sarado. Vasculharam pelos armários do closet e pelas gavetas do quarto. Tiraram algumas coisas sem um objetivo definido. Tudo o que importava agora era saquear aquele corpo.
Bruno saiu do banheiro cambaleando depois de esvaziar todo o conteúdo do estômago, inclusive a porra asquerosa do cafuzo. Isso nunca tinha acontecido com o Diego. Ele sempre sorvia em êxtase cada gota do sumo viril de seu homem que, para ele, tinha o sabor do mais divino néctar. Ao sentir o cheiro do suor daqueles dois impregnando o quarto, ficou em dúvida se não teria que voltar ao banheiro, pois a ânsia voltou a incomodá-lo.
O cafuzo avançou na direção dele e o arrastou até a cama. Estava determinado a provar os prazeres daquele cuzinho. Bruno reagiu com o que lhe restava das forças. Foi em vão, com a ajuda do mulato, eles o jogaram sobre a cama, debaixo de uma saraivada de socos, pontapés e bofetadas. Ele cobria a cabeça com os braços e implorava para não apanhar mais.
- Na minha terra é assim que a gente trata os viados. Dá uma surra até que o boiola vire macho outra vez. – sentenciou o cafuzo.
Pouco depois, ele abria e erguia as pernas torneadas e lisas de sua presa alojando-se entre elas, apertava o seu pescoço fazendo-a suplicar pelo ar e, apontava seu caralhão contra o cuzinho inchado e esfolado que, tal como uma flor desabrochada, o instigava a enfiar-se em seu introito. Bruno gemeu quando a cabeçorra dilacerou seus esfíncteres, agarrando-se aos lençóis. Todo o seu corpo tremia enquanto o cafuzo ia metendo a rola rija em seu cuzinho até que apenas as bolas ficaram de fora, albergadas naquele rego lisinho. Ele experimentava o mesmo prazer descrito pelo comparsa. O cu apertado e aveludado agasalhando sua jeba. O corpo de Bruno, apenas apoiado nas costas sobre o leito, fazia o mesmo movimento de vaivém que a pica, profundamente atolada em seu cu, deslizando para frente e para trás numa cadência firme e torturantemente lenta. Como aquele macho tinha acabado de gozar, Bruno sabia que ia demorar a ter outro orgasmo, portanto, só lhe restava aguentar as estocadas. Tantas vezes Diego o havia enrabado nessa posição e ele se entregava de forma tão sublime e irrestrita, uivando de dor e prazer, vendo brotar naquele rosto que ele tanto amava um sorriso de satisfação e realização. Nesses momentos ele gozava pelo cu, sabendo que estava satisfazendo seu macho amado. No entanto, o que ele via agora era um rosto grotesco, esboçando um riso sarcástico. Aos seus ouvidos chegavam aqueles gemidos guturais de uma besta que só se preocupava em humilhá-lo, única maneira de sentir-se superior e dono da situação. Aquela situação já durava mais de três horas, essa fodeção pelo menos meia hora, e Bruno só pensava em Diego. Imerso nesse pensamento e, alienado do que se passava a sua volta, de repente, ele viu que as coisas estavam mudando de rumo.
Bruno ainda gania feito uma cadela e tentava, inutilmente, sobrepujar a força dos braços musculosos do cafuzo como primeiro passo no desespero de livrar-se da pica que ele mantinha completamente cravada em seu cu. Foi quanto toda aquela conjuntura começou a adquiri outros contornos. E, a cena descrita no início deste relato se configurou por inteiro.
Durante toda a tarde Diego estava irrequieto. Ele não sabia bem o que o estava atormentando, mas sentia uma opressão no peito. Tentava desanuviar a cabeça pensando em Bruno. Há dois dias tinha dado uma escapadela, durante o horário do almoço, para comprar um par de alianças. A proximidade do aniversário de dois anos vivendo juntos tinha modificado seu modo de pensar. Diego era avesso a certas formalidades, a imposições ditadas pela sociedade, a regras que geriam um relacionamento. No entanto, aos poucos, convivendo com Bruno ele foi percebendo que aquela união sólida não tinha nada de material que a representasse. Nenhum papel ou qualquer outro documento que atestasse seu amor por Bruno. Eram simples convenções, ele bem sabia, mas ele queria que sua paixão por ele estivesse presente fisicamente em algum lugar. Por isso, decidiu-se pelas alianças. Tinha tudo planejado, chegaria em casa como de costume, talvez um pouco mais cedo, iria até onde Bruno estivesse, envolveria seu corpo em seus braços, daria um chupão na pele cheirosa de sua nuca, e até umas encoxadas naquela bundona malhada. Ia sussurrar um ‘eu te amo’ que, sabia, ia fazer o corpo do Bruno se desmanchar em seus braços e sua bunda se empinar contra sua virilha. Faria amor com ele onde quer que estivessem; metendo sua rola insaciável naquele cuzinho até ele pedir arrego. Durante o jantar colocaria a aliança no seu dedo e confessaria seu amor. Depois ia comer o cu dele mais uma vez, e tantas mais até que adormecessem exauridos pela paixão.
Uma reunião interminável tinha posto por terra sua intenção de sair mais cedo. Quando conseguiu se livrar do compromisso, pegou o carro e tomou a direção de casa. A chuva que havia caído no meio da tarde tinha deixado o trânsito caótico. Ele tamborilava os dedos sobre o volante, numa impaciência inútil. Quando a imagem do Bruno vinha a sua mente ele sentia uma aflição inexplicável. Eram quase oito horas quando ele embicou o carro diante do portão da garagem. Enquanto este se abria, ele identificou um brilho metálico entre as sebes diante do muro do vizinho da frente. Podia jurar que havia uma motocicleta escondida entre a folhagem densa. Estacionou o carro ao lado do Land Rover e, antes de acionar o portão para fechá-lo, foi se certificar do que tinha visto. Lá estava uma motocicleta entre as sebes, sem viva alma circulando pela rua deserta. Ao entrar em casa constatou que a maldita porta entre a garagem e o acesso à lavanderia estava novamente aberta, desta vez nem apenas destrancada estava. Ia chamar pelo Bruno quando sentiu um cheiro estranho invadindo seu nariz. Um cheiro de peão tomava conta da cozinha e algumas coisas estavam espalhadas pelo chão. Um pensamento preocupante apossou-se dele. Em silêncio, foi até o escritório, mais coisas estavam caídas pelo caminho. Abriu um escaninho por trás de uns livros na estante acessando um compartimento secreto. Tirou a pistola por baixo dos papéis, cuja existência até Bruno desconhecia, verificou se estava carregada e a engatilhou, começou então, lentamente, a subir as escadas. Os gemidos chegaram até ele antes que chegasse ao final da escada, vindos da suíte principal. Pé ante pé, avançou em direção à porta entreaberta. Ele não quis acreditar no que seus olhos viam. O corpo do Bruno, mole feito um boneco de pano prensado entre dois sujeitos asquerosos que estavam com os caralhos atolados naquele cuzinho que era só dele. Bruno tinha um olhar petrificado e já não reagia a nada, parecia ter perdido a consciência. Precisou se segurar no batente da porta para manter-se de pé. O sujeito que estava em pé, um cafuzo, bombando o cu de seu amor feito um animal, percebeu sua presença e, no mesmo instante em que se virou na sua direção, tirou a pica esporrando de dentro do cu. O outro sujeito, um mulato que mantinha as pernas do Bruno abertas, e movia sua jeba naquele orifício brutalmente alargado, imediatamente jogou o corpo do Bruno para o lado, deixando-o cair desfalecido rente à cama. Quanto o mulato esboçou a reação de apanhar qualquer coisa entre os trapos que estavam no chão, Diego apontou a arma ameaçadoramente.
- Um movimento e, eu mato os dois! – gritou encolerizado.
Ambos colocaram as mãos na cabeça com uma agilidade espantosa, como se já tivessem tido essa reação inúmeras vezes. As picas, que há pouco estavam tinindo de tão duras, pendiam flácidas entre as pernas trêmulas dos dois. Diego não sabia se atirava primeiro e depois ia ver como estava Bruno, ou se socorria seu amor e deixava os dois fugirem. Bruno abriu os olhos sem saber onde estava. Quando viu que Bruno estava se recobrando, Diego mandou que os dois descessem com as mãos na cabeça.
- E nossas roupas! Deixe-nos pegar as roupas. Juro que não vamos fazer nada. – implorou o mulato.
- Desçam agora, enquanto ainda podem fazê-lo pelas próprias pernas. – revidou Diego, não tirando nenhum dos dois de sua mira.
Assim que alcançaram o jardim e se aproximavam do portão, o primeiro estampido ecoou na noite nublada. O mulato caiu sem vida aos pés do comparsa, com parte dos miolos saindo por um rombo na testa. O cafuzo se desesperou, suplicou pela vida. Outro estampido seco fez o corpo caído do mulato estrebuchar no chão. O cafuzo começou a correr em direção ao portão tentando salvar a vida. Ao ouvir outro estampido um calor começou a se espalhar dentro de seu tronco e o cafuzo pôs as mãos nos ouvidos e continuou correndo, mas suas pernas já não queriam mais obedecê-lo. Caiu sobre a grama ainda úmida da chuva da tarde. O olhar arregalado viu a silhueta do desconhecido se aproximando, ele começou a chorar e a suplicar pela vida. Outro estampido e desta vez uma dor insuportável cresceu entre a virilha, antes de conseguir levar as mãos até o saco, perdeu os sentidos.
Diego jogou os dois corpos na sarjeta a poucos metros do portão da garagem. Correu em direção à suíte e foi acudir o Bruno que tentava se levantar. Apertou-o em seus braços e sentiu seu corpo sacolejando entre os soluços. Carregou-o até o carro e saiu em disparada até o hospital mais próximo. Já no pronto-socorro, quando viu o Bruno deitado sobre a maca com o rosto todo vermelho, o olho direito parcialmente fechado por um edema arroxeado, cerrou os punhos e começou a chorar. Tudo o que ele tinha de mais valioso na vida estava deitado ali num torpor e quase sem forças para contar o que lhe havia acontecido.
- Eu te amo! – balbuciou Bruno, quando o levaram pelo corredor para a sala de emergência.
A noite demorou a passar. Quando, finalmente, o trouxeram para o quarto, Bruno estava sonolento, tinha um curativo enorme sobre o olho direito e alguns pontos onde Diego não podia vê-los. Tinham suturado o cu arregaçado.
Tereza foi demitida no dia seguinte ao ocorrido, sem nenhuma explicação. Um telefonema à agência que a indicara acabou com suas chances de conseguir outro emprego.
Os corpos do mulato e do cafuzo foram encontrados, depois de um telefonema que um estranho deu após passar pela rua e vê-los imóveis dentro da sarjeta. O corpo do mulato foi levado para o Instituto Médico Legal e, o cafuzo, empapado em sangue, para o hospital público mais próximo. Lá ele foi comunicado de que um projétil havia danificado a coluna e ele nunca mais voltaria a sentir as pernas ou esboçar qualquer movimento. O outro projétil tinha estourado seus culhões e boa parte do cacete, teria que mijar sentado a partir de então. Recuperado, encarou a longa viagem de volta para Codó, onde foi morar com uma irmã e o cunhado num sítio nos arredores da cidadezinha. Seria o peso que a coitada teria que carregar doravante, depois daquele traste ter sido um peso para a sociedade. Nunca produzira nada.
A recuperação das feridas do Bruno durou pouco mais de uma semana, mas o estrago em sua alma nunca mais se consertou. Nos primeiros meses via a sombra de seus algozes por todo o lado. Quando isso foi se perdendo com o tempo, só restou um medo que o paralisava. Apenas o peito largo do Diego amenizava seus temores. O amor deles ganhou impulso depois da tragédia. Cada noite em que o cacete do Diego pulsava em suas entranhas Bruno agradecia por ter aquele ser tão cuidadoso e doce alojado dentro dele. Diego zelava por aquele cuzinho com todo seu empenho e, toda vez que gozava dentro dele, demarcando seu território, tinha a certeza de que ninguém podia ser mais feliz.