O Hétero proibido. VII

Um conto erótico de Berg
Categoria: Homossexual
Contém 2572 palavras
Data: 22/12/2016 16:26:00
Última revisão: 22/12/2016 16:55:04

- algum problema primo? - perguntou Marcela.

- um amigo meu quer falar comigo. Eu vou subir e já volto.

- tão ta bom. Vamos ficar bebendo por você. - disse minha prima, como sempre muito animada.

xxXX

Assim que subi, vi meu amigo parado ao lado do carro.

- o que ta pegando mano? Você me deixou assustado. - falei de frente pra ele.

- fui eu que pedi pra te chamar. - disse Fernando saindo da porta do motorista.

Olhei para Fernando, e em seguida para meu amigo.

- podemos conversar? - disse o hétero proibido.

Timidamente, concordei usando a cabeça.

- você pode nos deixar a sós? - disse Fernando olhando para o irmão.

- claro! Eu vou só tomar uma água de coco e já volto.

Fernando concordou com Victor.

O que estava acontecendo ali? Eu não me lembrava de uma outra situação tão embaraçosa como essa!

Fernando colocou as mãos nos bolsos da calça e respirou fundo. Eu, idem.

- eu não sei por onde começar. - disse o cara me fitando.

- você acha necessário essa conversa? - falei olhando para o mar.

- acho. Acho sim! - disse ele firme.

Me apoiei no carro, e Fernando ficou todo o tempo a meu lado.

- eu to viajando amanhã. - disse ele calmo.

- eu sei. - falei mais tranquilo ainda.

- aquele assunto que você me falou na cozinha...

- fica frio Fernando. Aquilo foi só pra aliviar o fardo que estava em cima de mim. Não sei explicar, mas eu queria te falar antes da viagem.

- acontece que eu to me sentindo mal. Eu não queria ir e te deixar dessa forma.

Evitava olhar para o Fernando. Enquanto ele falava eu olhava para alguns banhistas que ainda ocupavam o mar aquela hora da noite. Fernando também olhava na mesma direção.

- não tem outra forma cara. As coisas são assim.

Fernando fez um longo silencio.

- você é um cara tão maneiro. Com certeza não deve faltar pretendentes. - disse ele esboçando um sorriso.

- pena meu coração não ver dessa forma. Mas é como te falei: A vida é assim mesmo, e ela não vai parar e aguardar a minha ''bad'' passar.

- me desculpa. - disse ele tímido.

- desculpar pelo que?

- eu não poder te corresponder.

Dessa vez eu sorri.

- você só ta piorando as coisas sendo tão gentil assim.

Fernando sorriu.

-serio? Que merda cara, e eu achando que estava fazendo a coisa certa. - disse ele com um lindo sorriso.

- to brincando. Eu gostei de você ter vindo conversar comigo... e Fernando..

- diz. - dessa vez ele me olhou.

- eu nunca levantei expectativa que você pudesse gostar de mim. Eu sempre fui muito pé no chão. - menti.

- eu acho que isso logo vai passar. Esse tempo que eu vou ficar fora, servirá pra você encontrar outra pessoa.

- pode ser. - falei confirmando com a cabeça.

- eu vou ter que ir nessa. To partindo de madrugada.

Meu coração ficou pequeno ouvindo aquilo.

- eu posso fazer uma pergunta antes de você ir?

- claro. - Fernando era sempre simpático.

- por que no dia do futebol lá no clube você não me abraçou? - a cachaça estava mesmo me dando coragem.

- como assim? Eu não entendi.

- no dia do jogo, eu fiz vários gols esperando que você pudesse me abraçar na hora da comemoração. - falei com muita vergonha.

- ah, é isso? - disse ele sorrindo. - Acho que eu não sou muito de abraço não. - Fernando sorria, e as covinhas ficavam mais evidentes.

- de boa. Eu achei que fosse algo contra mim. - falei, também, sorrindo.

- não, claro que não. Como alguém pode ter algo contra você?

- ué. Nunca se sabe né!?

- vem cá. - disse ele aproximando-se de mim.

- o que? - falei sem entender aquela aproximação.

- se o problema era esse abraço, vamos resolver. - disse ele com os braços abertos.

Fernando usava uma jaqueta de couro, por cima de uma camiseta branca. Quando ele abriu os braços, o seu perfume ficou mais nítido.

Mesmo sem jeito, e um pouco constrangido, eu não iria perder a oportunidade de abraçar aquele cara. Era justo comigo por todo tempo que eu passei gostando dele.

Meu corpo enlaçou no corpo do Fernando, e eu senti que estava desabando. Meu queixo tocou em seu ombro, e as águas rolaram. Eu não sentia vergonha em chorar; eu não sentia vergonha de gostar de alguém tanto assim; eu não sentia vergonha de amar alguém em troca de nada. Fernando valia, sim, a pena. Infelizmente ele não curtia, e esse era o grande problema.

Saí dos braços de Fernando, e passei as mãos nos olhos.

- vai ficar bem?

- vai sim. - falei com a voz carregada.

- é o que eu mais quero. - disse ele sorrindo pra mim. Um sorriso calmo, de quem passava tranquilidade.

- eu vou descer e peço pro Victor subir.

- não vai me desejar sorte?

- sorte?

- estou indo pra fronteira. Posso não voltar. - dessa vez ele falava serio.

Olhei para Fernando, e em seguida passei a mão em volta do meu pescoço. Retirei um escapulário de ouro que eu havia ganhado no natal passado, e entreguei a ele.

- aqui cara. - falei colocando o escapulário nele.

- que responsabilidade. - disse ele passando a mão no objeto.

- vai da tudo certo, e você logo vai estar de volta.

- vou sim.

- bom, eu já tenho que ir. Deixei alguns amigos me esperando. - falei já mais recuperado da tensão.

- tudo bem. - disse ele por fim.

Retornei ao quiosque com a sensação de que o meu coração estava ficando com o Fernando.

Encontrei com o Victor sentando na beira da praia tomando sua água de coco.

- e aí mano. - falei sentando a seu lado.

- e aí. Tudo certo? - disse ele me oferecendo o coco.

- melhor impossível. - falei colocando a boca no canudo.

- e ele?

- ta lá no carro te esperando. - falei devolvendo o coco a meu amigo.

- eu vou ficar. - disse ele.

- então liga pra ele pô.

- vou mandar uma mensagem. - disse Victor tirando o celular do bolso.

- bora caminhando lá pro quiosque? - falei levantando e sacudindo a poeira da calça.

- quem ta tanto lá?

- só os meus primos.

- bora lá. - disse meu amigo ficando de pé.

Victor enviou a mensagem para o irmão, e caminhamos até o quiosque. Naquela noite ele não tocou mais no assunto '' Fernando''.

Chegando lá, o garçom trouxe mais uma cadeira, e ficamos jogando conversa fora e tomando aguardente. Victor já conhecia meus primos, então não foi necessário apresentações formais.

- resolveu o que tinha pra resolver? - disse Danilo.

- sim, sim. Tudo certo já.

- ah! Bacana. - disse ele raspando a mão em minha coxa. - quando tu quiser ir tu fala.

- eu aguento até o sol raiar, e tu?

- eu to de boa aqui.

- então vamos beber. - falei animado.

As vezes eu olhava para o Gustavo, e era claro que algo ali não se encaixava. Depois de várias doses ele voltou a ser o velho Gustavo de antes: Animado, conversador, piadista. Mas quando seus olhos paravam em mim e no Danilo, eu sentia um clima muito estranho.

- O Gustavo continua nos encarando. - falei ao Danilo.

- acho que é impressão tua. - disse ele.

- presta atenção quando ele olhar pra nós. Ele fecha a cara e parece que vai nos fuzilar com os olhos.

- Beleza. Vou ficar de olho.

Infelizmente, depois disso ele não mais fez o mesmo gesto, e pra todos os efeitos o Danilo ficou com a impressão de que eu estava ficando paranoico.

- não vi nada de diferente. - disse ele depois de um tempo.

- quer saber de uma coisa? Eu vou esquecer que esse bicho existe. Vou fingir que ele nem ta aqui na mesa. - falei abrindo uma garrafa de cerveja.

- é o melhor que você faz. Tenta se divertir, e esquecer o que aconteceu. - disse Danilo.

Confirmei com a cabeça.

Após um tempo, pedi licença e fui ate o banheiro.

Urinei, e em seguida estava lavando minhas mãos, quando senti uma presença atrás de mim.

- podemos conversar primo?

Olhei pelo espelho e vi o Gustavo.

- podemos, claro! - falei secando as mãos.

- Tem como a gente dar uma descida lá na praia? - disse ele.

- pode ser. - falei sem pensar.

Passamos por nossa mesa sem ser notados, e chegamos até uma parte da praia mais deserta.

- então, o que você quer falar comigo? - falei já imaginando o assunto.

- vou ser direto primo. Você sabe que eu não tenho filtros mesmo. - disse Gustavo.

Eu apenas usei a cabeça em afirmativa.

- eu sempre desconfiei que houvesse algo entre você e o Danilo, mas eu ainda não tinha convicção. Hoje eu tive certeza.

- você entendeu errado. Você pegou a gente num momento que não é muito comum. O Danilo, e eu estávamos no banheiro e aconteceu...

- mas não é de hoje Gabriel. Tanto você quanto eu sabemos que não é.

Tentei argumentar, mas minhas palavras foram atropeladas.

- qualé primo? Você quer mentir pra mim? Uma estrela conhece a outra a quilômetros de distancia. Faz tempo que eu desconfio de você.

- eu que ti pergunto qual é a tua? Eu nunca bisbilhotei a tua vida, pra você se intrometer na minha.

- não me intrometi. Foi só curiosidade que eu tinha, e isso é normal.

- normal só se for pra você, porque pra mim não é.

- eu não to aqui pra discutir tua sexualidade. - disse ele mudando de assunto.

- e nem deveria. Eu não te devo nada.

- com certeza não. Cada um faz o que quer da vida. Não é mesmo?

- nisso pensamos igual. - falei de cara amarrada.

- eu to aqui por outro motivo.

- que motivo é esse?

- acho que não é segredo que eu gosto do Danilo né!?

- se não é segredo, eu sou muito anta, porque até um dia atrás eu não sabia de nada.

- pois é... Mas sempre gostei dele, desde que eramos moleques. E daí ele foi pro Rio, e esse sentimento esfriou.

- e ele sabe disso?

- sim. - disse ele reforçando com a cabeça. - Eu já havia me declarado pra ele, e ouvi desculpas como resposta.

Na hora, fiquei mudo. Não sabia que Gustavo tinha sido tão cara de pau.

- então não tenho culpa amigo. Você tem que se resolver com ele. - falei virando as costas.

- calma aí primo! Ainda não terminei.

- e o que mais tu tem pra mim dizer? - falei lhe encarando.

- O Danilo disse que não curtia caras, mas o que eu vi no banheiro não foi bem isso.

Gustavo estava me deixando nervoso.

- Certo! - falei um tanto irritado. - Eu admito que rolou algo no banheiro, mas foi só um oral, e nada mais que isso. Se o Danilo não quis nada com você, a culpa não é minha.

- eu não to te culpando. Pelo contrário, eu quero é te agradecer por me esclarecer essa dúvida que eu tinha. Eu sempre soube que Danilo era um desses gays enrustidos. Agora que eu já tenho certeza o caminho fica mais fácil.

- também acho, só é correr para o abraço. - disse tentando voltar ao quiosque.

- calma aí primo. Ta apressado demais.

Respirei fundo.

- Ainda tem mais coisa?

- uma última. - disse ele.

- então fala.

- o segredo de vocês dois ta bem guardado comigo.

Aquilo me deixou mais aliviado. Bem mais aliviado pra falar a verdade.

- eu agradeço. - falei sendo sincero, e até esboçando um sorriso.

- mas aí eu quero algo em troca.

Acho que eu havia agradecido cedo demais.

- algo em troca? Mas o que eu poderia fazer em troca? - falei confuso.

- quero que você convença o Danilo a ficar comigo.

- Ah cara, nada a ver. Você mesmo tem que correr atrás.

- eu já corri, mas não consegui nada.

- Agora é diferente. Você já sabe que ele curte, então o momento está mais oportuno.

- Não! - disse ele firme. - eu prefiro que você faça minha cama.

- eu não vou fazer isso cara. - falei ligeiro. - eu não vou ficar dando uma de cupido pra juntar vocês dois.

- então é sinal que você gosta dele.

- o que? Não! claro que não. O carinho que sinto pelo Danilo é de irmão.

- pra cima de mim não Gabriel. Ou você você gosta dele, ou do contrário não teria problema nenhum em esquematizar pra mim.

- tem problema sim velho. Você quer algo forçado.

- nada a ver cara. Eu só quero ter uma chance.

- então vai lá e fala com ele velho. Deixa de ser covarde.

- Você não vai mesmo me ajudar?

- Não! Nisso aí não.

- beleza. Só não reclame quando seus paizinhos ficarem sabendo quem você é de verdade - disse ele sendo frio e calculista.

- aonde você vai? Você ta me ameaçando? - falei quando o vi me virando as costas.

- entenda como você achar melhor.

Gustavo arremessou uma garrafa no mar, e voltou ao quiosque pisando em rastro de touro.

Fiquei ali parado sem reação. Não concordava em queixar o Danilo para o Gustavo, mas também não queria meu segredo revelado.

Uma vez, pesquisando na internet, eu encontrei relatos de que com a idade, a gente aprende a lidar com o fato de aceitar quem você é. Bem, acho que essa idade ainda não havia chegado pra mim, pois eu tinha muito medo da reação das pessoas que viviam ao meu redor.

Fiquei ali, um bom tempo, criando coragem de voltar à mesa. Eu tinha medo do que Gustavo pudesse fazer ou falar a meu respeito. Parei, respirei, e pensei em algo. Então, tirei o celular do bolso e liguei para que o Danilo viesse ao meu encontro.

- o que aconteceu? - disse ele chegando onde eu estava.

- o Gustavo.

- o que tem ele?

- ele me falou que viu nós dois no banheiro.

- que filho da puta, ele me disse que não havia visto nada. - disse Danilo chutando um grão de areia.

- ele disse também que gosta de você, e tu já sabia disso. Por que tu não me disse nada cara?

Danilo me olhou sério.

- ah primo. Isso faz tanto tempo que eu nem lembrava mais.

- pois é pô. Faz tanto tempo, mas ele não te esqueceu e agora ta me ameaçando.

- por que ele ta te ameaçando?

- ele quer ficar com você né cara!?

- ele ta é louco. Pode deixar que com ele eu me entendo.

- e como eu fico? Ele chegou a tocar nos meus pais.

- ele não vai fazer nada primo. - disse Danilo tentando me acalmar.

- eu não confio nele Danilo. Ele ta bêbado.

- é só blefe. - Meu primo me abraçou na beira do mar.

- eu quero ir embora daqui.

- por causa daquele merda? Você vai dar esse gostinho àquele escroto? - dizia Danilo apontando para o quiosque.

- eu não tenho coragem de ir lá. Não agora. Eu tenho certeza que ele ta só me esperando pra soltar essa bomba na mesa.

Danilo respirou fundo.

- ta certo! Então você me espera no carro que eu vou lá pagar a nossa parte, e explico que você não ta se sentido bem.

Eu apenas confirmei com a cabeça. Enquanto Danilo retornava ao quiosque, eu ia na direção do carro. Aquela dor na barriga havia voltado. A sensação de ter a vida revelada me atormentava.

Ainda não é a hora. Ainda não é o momento. - eu pensava.

Depois de um tempo parado ao lado do carro, o Danilo finalmente deu as caras.

- e aí? - falei apreensivo.

- o pessoal achou ruim a gente ter que ir, mas eles entenderam. - disse ele um pouco feliz da bebida.

- e o Victor? - perguntei preocupado.

- eu to aqui!

Meu amigo chegou de surpresa.

- eu vim pra cá só pra te fazer companhia e você ia me deixar aqui sem carona? O que ta acontecendo contigo mano? Cade o velho Biel que eu conheci?

Continua...

Boa tarde amigos. Pra quem esta acompanhando o conto do lorin, o final sai essa semana ainda. Estou terminando a historia já.

Abraços.

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Comentários

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Fiquei com a Impressão q o Victor é apaixonado pelo Gabriel... será ?? ai seria o Gay proibido né ? rsrsrs

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Gustavo, viadinho pão com ovo, tipico de gente q não sabe chegar em ninguém e tem recalque de todos! afff Fernando foi um fofo, até eu me apaixonaria. rsrsrs

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Comecei a ler seu conto hoje e to amando! Perfeito!

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Tá terminando a primeira temporada né?!!! Desde o Órfão, vc não dá uma continuação... todas elas ainda tem um gosto de quero mais pra mim!!!!

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Chantagear uma pessoa,para conseguir alguma coisa ou algo é muito baixo.....

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puxa ja vai acabar? que pena o conto ta tão bom mas vamos ver como acaba ne? kkk

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BARRA ISSO. ESSE LANCE DE FICAR NO ARMÁRIO É COMPLICADO. MELHOR SOLUÇÃO É SE ANTECIPAR AO SEU PRIMO GUSTAVO E REVELAR A TODOS. ASSIM ELE PERDE FORÇA. PELO VISTO DANILO NÃO GOSTA DELE MESMO. E NÃO SERÁ FORÇADO QUE ELE IRÁ GOSTAR. MAS VEJO QUE TEM MUITOS ATRAÍDOS POR VC GABRIEL. RSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS MARIA PADILHA TE CONSERVE ASSIM.

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