A COROA INSACIÁVEL

Um conto erótico de Ehros Tomasini
Categoria: Heterossexual
Contém 3982 palavras
Data: 27/01/2017 00:52:17
Última revisão: 28/01/2017 17:31:54
Assuntos: Anal, Heterossexual, Oral

O HOMEM DO PATUÁ – CAPÍTULO ONZE

Assim que se recuperou das várias gozadas, a coroa aninhou-se em meu peito. Beijou-me várias vezes o rosto, com um carinho insuspeitado por mim. Eu ainda estava afim de foder, pois não tinha gozado. Ela me perguntou:

- Você se satisfez, amorzinho? Não te vi ejacular...

- Não, não gozei ainda.

- Oh, meu filho, me desculpa. Pensei só em mim. Gozei tantas vezes que fiquei mole. Mas deveria ter-te feito gozar, também. Vá tomar um banho rápido. Vou aliviar teu tesão, num instante...

Quase que corri ao banheiro. O pau chegava a estar dolorido de tanto tesão. Quando voltei, ela pediu para que eu me deitasse ao seu lado. Demonstrando um carinho que eu nunca tivera oportunidade de perceber em uma mulher, começou a me acariciar o pau, sem, no entanto, leva-lo à boca. Brincou com ele, lanhou-me levemente o pênis com suas unhas grandes, cheirou-o com dedicação e, finalmente, o levou à boca. Não teve pressa, enquanto o chupava carinhosamente, ainda brincando com ele. Meu membro estava duríssimo, mas ela queria me fazer demorar a gozar. Eu fechei os olhos e fiquei me deliciando com suas lambidas, seus cheiros e suas chupadas quase sem me tocar com a boca o cacete. Aí, quando eu menos esperei, ela começou a me chupar com gula, apertando-me os testículos, sugando-me com vontade. Sua boca chegava a incomodar a glande já sensível. Doía, mas era uma dorzinha suportável e gostosa. O gozo logo aflorou-me à glande. Eu disse que ia gozar, esperando que ela tirasse meu pau da boca. Ela tentou engoli-lo mais profundamente e chegou a se engasgar quando ele lhe tocou a goela.

- Goze, meu amor, goze. Liberte toda a porra em minha boca. Quero sentir o sabor do teu mel.

Mas o toque da sua garganta com a glande dolorida impedia a minha ejaculação. Disse a ela que estava incomodado. Ela não deu a devida atenção à minha queixa. Passou a me masturbar com a goela. Havia engolido a minha enorme peia até o talo. De repente, senti meu membro inchar. Aproximava-se meu orgasmo. Comecei a tremer o corpo inteiro, principalmente as pernas. Inadvertidamente, ela roçou a unha em minhas pregas. De leve, sem intenção de me machucar. Não aguentei mais segurar o gozo. Aliás, eu nem estava segurando. Apenas o contato da sua goela com a minha glande sensível e dolorida retardava meu orgasmo. Agora, não mais.

Acho que verti um litro de porra na sua garganta. Ela aguardou um pouco, até que eu diminuísse os espasmos. Quando me deu aquele torpor característico pós-gozada, eis que ela voltou a me chupar com mais gula ainda. Continuei gozando e ela sugando minha seiva com a goela. Eu me tremia convulsivamente, de forma involuntária. Já estava extenuado, mas continuava gozando aos poucos, como se fosse a prestação. Deu-me curiosidade de ver a expressão em seu rosto naquele momento. Era de pura felicidade. Ela tinha um riso safado nos lábios, como quem tivesse conseguido o seu objetivo. Tive que reunir forças para gemer:

- Pare, por favor. Eu não aguento mais...

Ela ainda me masturbou quase com violência, me fazendo dar o último espirro de sêmen. Então, lambuzou o rosto com ele, antes de me beijar. Senti o gosto e o cheiro do meu próprio esperma na boca dela. Depois, fiquei naquele torpor maravilhoso, sem conseguir mover um único músculo do corpo. Ela voltou a aninhar-se em meu peito, muito feliz. Aí, seu telefone celular tocou. Ela não se movimentou para atender. Continuou ao meu lado, me dando muitos beijinhos. O aparelho continuou chamando, sem que ela lhe desse a mínima atenção. Quando me recuperei mais das gozadas, perguntei:

- Não vai atender?

- Não. Sei que é meu marido. Já deve saber que eu fugi de casa.

- Não pretende, mesmo, voltar para ele?

- Eu? Está doido? Ele me mataria imediatamente! E se disseram que eu estou com você, aí é que a situação se danou. Ele vai querer te pegar, também.

De repente, ao ouvir aquelas palavras, me veio mais uma de minhas ideias malucas à cabeça. Pedi licença e levantei-me da cama. Caminhei até seu celular e atendi:

- Vá dizendo o que quer...

O cara perguntou quem estava atendendo o telefone. Exigiu que eu passasse o aparelho para a esposa.

- Não está reconhecendo minha voz, delegado Mendes? Aqui é Paulinho. Estive na tua casa e sequestrei tua esposa.

Fez-se silêncio do outro lado da linha. O delegado falou, cismado:

- É você mesmo, fedelho? Como ousa? Já deve estar sabendo que Neinha é tua irmã, e que ela está em meu poder. Se não me deixar falar com minha esposa, matarei a mocinha.

Eu não me alterei. Disse, tranquilo:

- Eu sei que Neinha está de conluio com o senhor, para recuperar a maleta. Até fingiu estar apaixonada por mim e me pediu em namoro. Não gosto de mulher traíra. Portanto, matá-la só fará piorar a tua situação perante a Justiça.

- Eu mando na justiça, fedelho. Posso manipulá-la, assim como mantive teu padrasto preso.

- Eu imagino que pode, sim. Por isso, não nos interessa apenas te prender, pois poderia sair impune. Nós vamos te matar, para fazer você pagar por todos os teus crimes.

A risada do outro lado da linha foi sarcástica demais. Permaneci impassível. Ele afirmou que eu não teria coragem nem de tirar-lhe sangue, muito menos dar cabo da sua vida. E tinha razão. O que eu disse foram apenas bravatas. Queria irritá-lo.

D. Margarida olhava para mim, espantada com a minha ousadia de enfrentar o cara. Quando ele terminou de rir, desliguei o telefone. Sua esposa me disse:

- Você é doido, Paulinho, de peitar meu marido? Agora ele vai te perseguir até te encontrar. E eu não acredito que você seja capaz de cumprir as ameaças que fez para ele...

- Tem razão, dona Margarida. Não sou assassino. No entanto, enquanto ele pensar que foi sequestrada, não ficará com raiva da senhora.

A mulher fez uma cara de apaixonada. Levantou-se da cama e me deu muitos beijos na boca. Depois disse:

- Então, você foi capaz de enfrentar o meu marido só para me livrar da sua ira, amorzinho? Nunca ninguém fez isso por mim. Estou te amando cada vez mais.

Porra, confesso que já não tinha tanta certeza de que a bela senhora estivesse sendo falsa comigo. Se assim fosse, ela fingia muito bem. Aproveitei que tinha em mãos seu telefone e liguei para painho. Eu já sabia de cor o número do seu celular. Contei-lhe o que estava acontecendo. Ele me elogiou pela iniciativa, apesar de que eu não falei que estava comendo a mulher do delegado. Disse, apenas, que a havia sequestrado. Então, ele me colocou ao par da situação: o delegado havia cercado a faculdade com a ajuda de diversos carros de polícia. A Imprensa havia feito a cobertura, mas o delegado saiu de mãos abanando, pois nem meu padrasto, nem a minha professora estavam lá. O policial prometeu, diante das câmeras, pegar o assassino do seu filho. Disse o nome do meu padrasto. Mas fugiu das perguntas dos jornalistas, principalmente quando uma profissional quis saber se o assassino era o mesmo que havia sido incriminado pela polícia, anos atrás. Ficava claro que a Imprensa não acreditava na versão contada pelo delegado.

Meu padrasto pediu que eu só voltasse ao Recife depois dele resolver aquela situação. Alertou-me que eu confiasse, mas desconfiando, da mulher do delegado. Principalmente que agora ela tinha seu número de telefone gravado em sua agenda. Eu acabara de fazer merda. Não devia ter ligado do celular dela. Ela podia dar aquele número ao marido e, com ele, o delegado localizar o negrão. Pedi desculpa por meu erro, mas meu padrasto disse para eu não me preocupar. Ele saberia evitar ser rastreado. Por outro lado, não pretendia estender aquela situação por muito tempo. Já tinha um plano em mente e assegurou-me de que o delegado morreria naquele mesmo dia, o mais tardar no dia seguinte. Mas não iria me dar detalhes. Então, despedi-me dele. A coroa já estava doida para transar novamente. Mas eu ainda estava esgotado.

O plano do meu padrasto, eu soube depois, requeria ajuda do estranho sujeito todo de preto, que lhe salvara a vida recentemente. O negrão nem precisou localizá-lo. Como se soubesse que meu padrasto precisava dele, o cara apareceu no apartamento da minha professora. Quando bateu na porta, o negrão já sabia de quem se tratava. Havia uma espécie de empatia entre eles. O cara sinistro foi logo dizendo:

- Sim, eu ajudo você, mas vou querer algo em troca.

- O que tenho que te dar? – Perguntou o negrão.

- O controle do tráfico daquela comunidade. Há muito, tenho planos para ela.

- A mim, interessa apenas acabar com essa minha história com o delegado. De quebra, desejo dar fim ao traficante que matou minha esposa. Mas confesso que jamais imaginava que você tivesse interesse pelo tráfico. – Painho disse.

- Não tenho. – Foi a resposta seca do sujeito de preto.

- Bem, vamos planejar direitinho o nosso ataque. – Falou o negrão.

********************

O sol já se punha, quando a dupla subiu o morro, onde reinava o homem que matou minha mãe, supostamente a mando da irmã, a coroa que estava comigo. No entanto, quem cruzasse com os dois, só veria o sujeito sinistro. Ele usava o mesmo poder de camuflagem, que permitia esconder a maleta tão cobiçada de olhares alheios. Quando se aproximaram do Q.G. do traficante, no entanto, o “coveiro” foi impedido pelos sicários do irmão de D. Margarida:

- Pode parar por aí, velho. Não pode passar. Mas diga o que quer, talvez a gente possa resolver a bronca.

- Eu vim tomar essa boca de fumo de vocês! – Foi a resposta seca do cara.

Os três traficantes que estavam de guarda, a princípio, ficaram espantados. Depois, achando que o cara estava só, perguntaram rindo:

- Mesmo? Você e mais quem, velhote?

O sujeito com a enorme cicatriz no corpo, parecendo ter sido incinerado, respondeu:

- Eu me basto. Posso derrubar teus amigos apenas com a força do pensamento, quer ver?

Os três sujeitos apontaram as armas para ele. Estavam pensando que o velho era maluco, mas não custava nada ficarem alertas. De repente, um dos homens foi jogado longe, depois de dar um grito de dor. Ficou estrebuchando no chão com o rosto estraçalhado. O negrão dera-lhe um potente murro na cara. O sujeito revirou os olhos e depois ficou imóvel. Incrédulos, os outros dois apontaram firmemente as metralhadoras que portavam para o velhote. O segundo sujeito caiu do mesmo jeito que o primeiro, com a cara toda ensanguentada. Dessa vez, o murro foi mais potente e o cara foi suspenso do solo, antes de ser arremessado longe. O último sentiu sua arma ser retirada de suas mãos sem, no entanto, ver o agressor. Estava apavorado. Desarmado, correu ladeira acima. Pouco depois, chegava afobado à boca de fumo. Nem o irmão de D. Margarida, nem os outros traficantes reunidos na sala, acreditou no que o comparsa estava alardeando. Mas, aí, o velhote apareceu na porta de entrada da casa onde se guardava grana e drogas. Estava tranquilo, como se fizesse uma visita cordial.

- Quem porra é você, velhote? O que quer da gente? – Perguntou o chefe da gangue.

- Eu já disse ao idiota aí: quero esta boca de fumo. Vocês vão entrega-la a mim por bem ou por mal.

- Está louco. Acha que é assim, você querer e a gente te dar? Está pedindo para morrer, velhote – disse o traficante, irmão de D. Margarida.

Uma luz azulada emanou dos olhos do velhote. Em seguida, os traficantes começaram a gritar de dor e a cair desmaiados no chão, com o rosto ensanguentado. Um deles, porém, conseguiu atirar no "coveiro". Ele apenas riu, como se não tivesse sentido o ferimento a bala. O que atirou teve primeiro seu braço armado quebrado, depois o queixo arrancado do rosto por um murro potentíssimo. O derradeiro traficante estava apavorado. Permanecia armado de pistola, mas não teve reação diante do que estava acontecendo. O velhote aproximou-se dele e tomou-lhe a arma. Pediu que se sentasse. O sujeito desviou os olhos por segundo, procurando uma cadeira. Quando se sentou, já não era mais o velhote que estava à sua frente.

- Porra, quem é você? Cadê o velhote?

- Não está me reconhecendo? – Meu padrasto perguntou.

O sujeito esteve alguns segundos olhando para o negrão, depois respondeu:

- Sei que te conheço. Porém, deve estar muito diferente. Mas tua cara não me é estranha...

- Você assassinou minha mulher, e eu paguei pelo teu crime.

O traficante levou um susto:

- Puta que me pariu, você é o sujeito da maleta! Porra, cara, não leve para o lado pessoal. Foram apenas negócios. E nem fui eu que matei a puta...

O negrão apontava a pistola para o traficante. Ouviu, lá dentro da sua mente, o velhote, que agora estava invisível, dizer:

- Nisso, ele tem razão. Estou lendo a mente do cara, neste momento. E você não vai acreditar quem matou a mãe da tua filha...

- Então, me diga. – Falou o negrão. O traficante pensou que se referia a ele.

- Quem a matou foi a própria irmã dela, cara. Eu só fiz pedir aos meus sicários para sequestra-la. A tal irmã já havia entrado num acordo com meu cunhado delegado e ficamos de dividir a grana da maleta por três. Mendes chegou aqui dizendo que já havia falado com a esposa e a tinha convencido a ficar com a criança. A puta atirou na irmã e ela mesma a socorreu ao hospital. Mas lá, disse que quem atirou fui eu. A irmã já chegou morta, não podia desmenti-la.

- Ele diz a verdade. – Meu padrasto captou a mensagem por telepatia.

- Mas, a que puta está se referindo? – Perguntou embasbacado o negrão.

- À puta Cláudia, cara. Aquela a quem você deu um táxi.

Meu padrasto sentiu uma fraqueza repentina nas pernas e sentou-se. Estava chocado por não ter descoberto isso a mais tempo. Mesmo assim, pediu mais explicações:

- Ok, mas por que Cláudia mataria a própria irmã?

- Ora, cara. A Cláudia te ama, desde que te conheceu. Não queria te dividir com a irmã. Além disso, era ávida por grana. E, para o plano de ficar contigo e com a grana dar certo, só precisava ganhar a tua confiança. Por isso assumiu teu filho adotivo. Esperava que você lhe dissesse o paradeiro da maleta.

Meu padrasto estava arrasado. Passou anos sustentando a assassina da mulher que ele realmente amava, e que não aceitara participar da trama para lhe arrancar dinheiro. O traficante aproveitou para dizer:

- Agora que já está sabendo a verdade, vamos fazer um trato: eu me calo sobre o que aconteceu aqui e você mata o delegado. Não me interessa mais a parceria com ele. Eu só tenho levado “fumo” no rabo.

Meu padrasto pensou um pouco e resolveu-se a aceitar o acordo, já que o cara parecia não ter mesmo culpa no cartório. Disse:

- Está bem. Mas você vai me ajudar a pegá-lo. Ligue para ele, dizendo que vai lá em seu apartamento. Ele deve conhecer teu carro. Vou querê-lo emprestado.

O cara aceitou ajudar e fez isso ligando para o delegado. Disse-lhe que surgiram umas broncas e deveriam discutir o assunto. O delegado Mendes não queria receber o traficante em sua própria casa, mas o cara o convenceu de que seria o melhor lugar para o encontro. Inventou que havia recebido a visita de um policial federal que o estava pressionando a entregar os integrantes da gangue do tráfico. O delegado, com essas palavras, não mais se recusou a recebe-lo.

Quando o traficante desligou o telefone, percebeu a presença de mais uma pessoa na sala. Tratava-se do velhote. Agora, o sujeito via os dois à sua frente: o negrão e o com pinta de coveiro. Este último tinha uma metralhadora nas mãos e disparou uma rajada no peito do irmão de D. Margarida, sem nenhuma piedade, à queima-roupa.

- Porra, eu fiz um trato com ele, cacete! – Reclamou o negrão.

- Sim, você fez um acordo com ele, mas eu não. Eu já disse que preciso deste ponto de venda de drogas. – Respondeu o velhote.

Meu padrasto também me contou da sua ida à casa do delegado, no começo da noite. Apesar da residência estar vigiada por uns poucos policiais, entraram tranquilamente com o carro do traficante, que tinha os vidros fumês levantados. Um dos policiais tentou barrar o veículo, mas o próprio delegado ordenou que seus convidados tivessem acesso livre. Mendes ainda não sabia da morte do traficante. Subiu ao seu apartamento, enquanto o carro manobrava no amplo estacionamento. O negrão desceu de pistola em punho. O velhote, que permanecia invisível, seguiu-o de perto. Garantia, para o caso de algo dar errado.

- Teu ferimento não te está incomodando?

- Não. - Respondeu o "coveiro". - Meu corpo expeliu a bala de si, já há algum tempo. Não se preocupe.

Quando Neinha atendeu as batidas na porta, espantou-se ao ver o negrão:

- Meu pai? O que está fazendo aqui?

O velhote, no entanto, pressionou algum nervo no pescoço dela que a fez desmaiar imediatamente. O negrão segurou-a antes que se chocasse com o solo. Mesmo assim, ouviu-se algum barulho.

- Quem é, Néa? – Gritou o delegado lá da cozinha.

Como ninguém respondeu, ele apareceu na sala portando uma dose de uísque num copo. Deixou cair o recipiente, com o susto.

- Você? Como conseguiu entrar?

- Na verdade, da forma mais fácil. Teus amigos nem sonham que estou aqui. Pensam que você recebe agora a visita do teu cunhado e cúmplice, o traficante.

Por puro reflexo, o delegado olhou para uma escrivaninha num canto da sala. Continuou andando, se aproximando mais do móvel. Ouviu uma voz desconhecida dizer:

- Pare. Não se aproxime de onde tem uma arma escondida.

O delegado voltou-se e viu o velhote acompanhando meu padrasto. Espantou-se:

- Porra, outro invasor? Quem é você, caralho?

- Ele está comigo. Está me ajudando a resolvermos as nossas pendengas. Hoje vai ser o último dia para um de nós dois.

O delegado começou a se tremer. No íntimo, era um covarde, quando estava desarmado. Pediu para beber uma dose de uísque, já que a outra havia derramado no chão. O velhote adentrou a cozinha e pegou um copo cheio. Sem gelo. O delegado não reclamou. Entornou o copo em duas vezes e depois pediu mais.

- Não quero morrer sóbrio, se me permitem. Não temos muito a conversar. Reconheço que perdi. Mas não adianta tentar me convencer a me entregar à polícia. Prefiro morrer. Porém, gostaria de saber como conseguiu escapulir do presídio...

- Não escapuli. O diretor da penitenciária é meu amigo e está cotado para ser o novo Secretário de Segurança Pública do governador. Você e o atual secretário andaram fazendo muitas merdas e o governador quer se livrar de ambos. O diretor do presídio sabe que eu iria querer me vingar de vocês, por todos esses anos encarcerado sem culpa. Acabei de matar teu cunhado e cúmplice. Com tua morte, meu amigo diretor assume o cargo do secretário, sem que eu precise dar cabo do secretário anterior. Por isso, ele facilitou minha fuga na véspera da minha libertação. Sabia que, de alguma forma, eu iria apressar a sua nomeação.

- Você esquece de que, se eu aparecer morto, a Imprensa vai querer investigar. Podem acabar com a festa de vocês. – Sorriu o delegado. – E por outro lado, alguém há de ver vocês saindo daqui.

- Não necessariamente – Dessa vez foi o velhote quem falou. – Vamos embora, Berardo?

O negrão assentiu com a cabeça. Depois, andou até a escrivaninha e abriu uma das gavetas. Retirou uma pistola de lá, a mesma que Mendinho estava de posse, quando atirou em meu padrasto. O negrão verificou se ela continha balas, usando um paninho que achara sob um jarro de flores na sala, para não deixar impressões digitais. Aí, o velhote sumiu novamente das vistas do policial. De repente, o delegado sentiu uma dor no pescoço e perdeu os sentidos. A mesma técnica utilizada para desmaiar Neinha. O copo de uísque escapou-lhe das mãos, mas dessa vez não chegou a se espatifar no chão. Meu padrasto foi buscar minha irmã, que jazia desacordada na entrada do apartamento, e a trouxe para onde estava o delegado. Deitaram-na no chão, como se houvesse desmaiado ali. Então, meu padrasto pegou a pistola, novamente, com o pano, colocou-a na mão do delegado desacordado e fê-lo apertar o gatilho. A bala varou a cabeça do homem e saiu do outro lado, levando massa encefálica, sangue, carne e cabelos. Depois o negrão recolheu o paninho para o mesmo lugar onde o tinha achado. O disparo foi ouvido por todo o prédio.

Os policiais que estavam no térreo acorreram. Todos eles. Quando chegaram ao apartamento, encontraram a cena macabra e a mocinha desmaiada. O velhote e painho estavam bem perto, porém invisíveis aos olhos humanos. Desceram de elevador, sem serem incomodados. Lá embaixo, seguiram a pé, abandonando o carro do traficante no estacionamento. Quando não havia mais o perigo de serem vistos, o velhote retirou o feitiço da invisibilidade. Então, cada um pegou um taxi em separado, sem nem se despedir. Não havia necessidade disso. Poderiam se encontrar quando bem quisessem. Era só enviar uma mensagem telepática.

Meu padrasto ligou para o celular de D. Margarida e, quando esta, reconhecendo o número, atendeu, ele disse:

- Está tudo acabado. Podem voltar para casa.

- E minha filha? O que foi feito dela? – Perguntou a mulher, aflita.

O negrão esteve em silêncio, depois respondeu:

- Você vai continuar cuidando dela? Eu não mais a quero por perto de mim. Fiquei muito decepcionado com a garota e não confio mais nela. Acredito que meu enteado também.

Eu escutei quando a coroa disse com muita convicção:

- Sim, eu quero continuar cuidando dela, se me permitir. Talvez agora, sem a má influência do padrasto, ela se transforme numa boa menina. E quanto a Paulinho, eu o amo e tenho certeza de que ele me ama, também.

Eu não a amava. Mas sentia um carinho e um tesão enorme por ela. Não a contradisse. Ela encerrou a conversa:

- Vamos passar mais uns dias hospedados aqui e depois eu volto para o meu apartamento. Não quero enfrentar a Imprensa neste momento, nem quero cuidar dos funerais do falecido. Seus amigos safados que tratem disso. Neinha já sabe se cuidar sozinha. Este será seu castigo pelos erros que andou cometendo...

Dona Margarida desligou o telefone e depois começou a chorar. Consolei-a do jeito que pude, mas confesso que não sou bom nisso. Quando, finalmente, se acalmou, me perguntou:

- Você gosta de mim, Paulinho? Não precisa me amar. Basta gostar ao menos um pouquinho.

- Por que me pergunta?

- Porque não quero me afastar de você. Sinto que seremos muito felizes, um com o outro. Agora viúva, minha vida vai ser bem melhor que antes. Quero te levar para morar comigo.

Parei um pouco para pensar, depois falei.

- Não iria dar certo, dona Margarida. Eu não conseguiria viver junto de minha irmã. Não confio mais nela, e nem tão cedo irei esquecer que me traiu.

É, você tem razão. Mas não estou disposta a abrir mão de você, nem da minha felicidade. Nem que eu tenha que desistir de Neinha. Afinal, agora ela tem o pai. E você, antes de virmos para cá, disse que detestava teu padrasto por ele ser um assassino.

- Eu menti, dona Margarida. Ainda não confiava na senhora. Achei que também estivesse mancomunada com o delegado, sinto muito.

- Mas você não gostaria de ficar comigo, Paulinho? Não digo para sempre, pois você ainda é jovem e decerto encontrará alguém da tua idade para amar. Enquanto isso, poderíamos aproveitar um ao outro. Diga que topa...

- Está bem. Eu topo.

E ela atirou-se em meus braços. Já estávamos nus, trancados no quarto do hotel. Ela elogiou minha ereção imediata. Eu pus a mão em sua boceta e estava encharcadíssima. Estávamos, ambos, bem descansados. A noite de sexo tendia a ser bem longa.

FIM DA DÉCIMA PRIMEIRA PARTE

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Comentários

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Pelo que vi, você não leu o primeiro episódio dessa série, Liligia: A VISITA DA MINHA TIA SAFADA. Assim, estaria ao par do comecinho da história. Obrigado pelos comentários.

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Estou esperando os últimos capítulos. Ansioso.

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