Continuando...
Eduardo era bruto,ignorante e grosso uma boa parte do tempo,mais isso não era motivo para ser considerado um demônio,então deveria haver outro motivo,mais qual?
Refleti sobre o pouco que sabia sobre ele,e percebi que não tinha resposta para essa pergunta,apenas poucos fragmentos de conversas,que não levavam a lugar nenhum.
Cansado,decidi tentar descobrir isso uma outra hora,e sai em direção ao meu quarto,onde tirei toda a minha roupa e me enrolei numa toalha.Ao jogar a roupa em uma pilha de roupa suja,notei uma camisa tamanho grande e de cor verde,e a apanhei.
Era a camisa do Eduardo,com que eu tinha voltado para casa,depois de passar a manhã com ele.Levei ela ao rosto,e pude sentir seu cheiro forte emanar da peça.Meu corpo despertou,como se ele tivesse ali do meu lado,e desejei toca-lo.
Passos no corredor me trouxeram de volta a mim,e larguei a camisa de volta na pilha.Minha mãe surgiu e se encostou na porta,me observando em silêncio.
-O que foi?-Perguntei incomodado.
-Tu não deu nenhuma notícia do Piolho!-Ela respondeu.
-Porque não tenho nenhuma...Ele robou uma loja e vai pagar por isso.-Disse sem ânimo.
-Tá!-Ela disse,enquanto se virava.
-Espera aí!...Mãe,por que tu nunca me falou que o pai tinha caso com homem?-Perguntei,ao surgir aquela pequena dúvida em minha mente.
-Tu nunca perguntou,idiota!-Ela respondeu como se fosse óbvio.
-E além desse cara que ele passou a noite...Teve mais algum?-Perguntei curioso.
-Teve o irmão dele...Um garoto que teu pai botou dentro de uma casa e viveu o resto dos anos de vida com ele.-Minha mãe respondeu,enquanto se virava e voltava a me encarar.
-Se é isso é verdade...Por que nunca eu vi os dois juntos?-Perguntei apressado,antes que ela mudasse de humor e não quisesse mais falar.
-Por que teu pai comprou uma casa pra eles,em outra cidade...Já eu e tu ficamos por aqui...Teu pai achou melhor,que a gente ficasse distânte do macho que ele arrumou.-Minha respondeu,ácida.
-E esse outro rapaz,que ele chamava de demônio de olhos azuis.O que aconteceu com ele?-Perguntei,tentando não demonstrar interesse.
-Por que tantas perguntas sobre isso?-Ela respondeu,desconfiada.
-Nada,só queria saber um pouco mais do meu pai.-Respondi,sem olhar pra ela.
-Grande coisa,querer saber algo daquele bosta...Ele era um miserável desgraçado,que arruinou a minha vida...E não quero saber de mais nenhuma pergunta,sobre aquele Satanás.-Minha mãe disse azeda.
Observei ela se virar e sair em direção ao seu quarto.Com aquela pequena conversa,eu não tinha conseguido nada que já não soubesse antes.Pensei em insistir,mais no fundo eu sabia que não teria resultado,e então desisti.
Após passar a mão no cabelo,caminhei em direção ao banheiro,onde tomei um longo banho.De volta ao quarto vesti uma cueca azul,calça jeans e uma camisa vermelha de manga.Tentei arrumar o cabelo,passei um perfume e sai em direção a sala.Me coloquei em frente ao espelho e percebi que não tinha mais nada a fazer senão esperar.
Me sentei no sofá e não demorou muito,até que ouvi uma batida forte.Fiquei de pé e quase correndo,abri a porta.Dei de cara com um homem alto e branco,sarado e de cabelos loiros claros.Ele vestia uma bermuda bege e uma camisa social,mais enrolou as mangas até o cotovelo.
-Boa noite meu anjo!...Demorei?-Fred perguntou,com um de seus sorrisos enormes e contagiantes.
-Não!...Vamos?-Respondi.
Ele concordou e após fechar a porta,caminhamos até o seu carro cinza e entramos.Fred em um ato inesperado,segurou meu queixo e encaixou sua boca a minha.Seu beijo era suave e sem pressa,mais não conseguiu despertar meu corpo ou fazer meu coração acelerar.Me dando um último selinho,ele se afastou e me olhou ansioso.
-Fui muito apressado,não é?-Ele perguntou.
-Um pouco!-respondi envergonhado.
-Desculpe,é que é muito difícil pra mim,ficar tão perto de você e não poder te tocar,te dar carinho ou apenas segurar sua mão.-Ele se explicou,sem olhar pra mim.
-Eu sei,mais vamos com um pouco de calma.-Disse,após algum tempo em silêncio.
Sem falar nada,ele deu partida no carro e o clima entre nós se tornou tenso.Disposto a mudar isso,pensei no que falar para iniciar uma conversa.
-Aonde vamos?-Perguntei por fim.
-A minha casa!-Ele respondeu sério.
-Achei que íamos a um restaurante!-Disse,me sentindo mal por ele ter ficado assim.
-E vamos!-Ele disse,sem mais nenhuma explicação.
Percebendo que ele não ia aceitar minhas tentativas de conversa,fiquei em silêncio,observando as ruas se passarem rapidamente pela janela do carro.Logo chegamos ao seu prédio e entramos na garagem,onde ele estacionou e ficou a observar o volante.
-Fred qual é o problema?-Perguntei,não suportando mais a forma como ele estava agindo.
-Você ainda pergunta,Lúcio?...Faz tempos que venho investindo em você.Buscando com atitudes,sua atenção e seu carinho.Mais você sempre me recusa!...Isso é muito doloroso!-Ele respondeu,apertando o volante com força.
-Desculpe,mais eu só queria...-Tentei falar.
-Um tempo?...Você não teve tempo com o Eduardo,né?...Já foram logo pra cama,e sabe lá mais pra onde.Já comigo,é sempre uma dificuldade,até para um beijo!-Ele,interrompeu nervoso.
Sem saber o que falar,fiquei em silêncio,enquanto olhava para minhas próprias mãos.Fred abriu a porta do carro e desceu de uma forma brusca,me deixando ali sozinho,com o peso de te-lo magoado.Sabendo que nossa noite tinha acabado,desci e fui até ele,que estava sentado no capo do carro.
-Outra hora a gente se fala!..Eu já vou indo!-Disse com tristeza.
-Não,não quero que vá...Fique comigo!-Ele pediu após erguer a cabeça,e olhar nos meus olhos.
-Fred,eu não sei...Não quero te magoar de novo!-Disse com sinceridade.
-Não é sua culpa,eu é que fui muito apressado,nem notei que você ainda não está pronto pra isso...Fica comigo?-Ele perguntou,após apanhar minha mão e a segurar.
-Tá,eu fico!-respondi com um sorriso.
-Agora vêm comigo,têm algo que quero te dar!-Ele disse,me puxando até o elevador.
Entramos e logo descemos no seu andar,caminhamos em direção ao seu apartamento e entramos,onde ele pediu que eu me sentasse,enquanto ia até o quarto.Me acomodei e esperei ansioso,tentando imaginar o que seria o seu presente.Algum tempo se passou,até que Fred apareceu com uma caixa preta nas mãos.
-Primeiro,quero te mostrar isso!-Ele disse,me estendendo uma fotografia.
A imagem era de um grupo enorme de pessoas,das quais só reconheci duas.Uma era um Fred bem mais novo,e o outro era meu pai do jeito que eu o conhecia.Seus cabelos despenteados e seu sorriso caloroso,um sorriso que tinha se apagado para sempre.
-Tiramos essa foto com um grupo de uma excursão que participamos,foi um dia incrível aquele.-Fred disse,parecendo um pouco distante.
-Eu só consegui entender o que meu pai era,quando fiz treze anos.Foi como um balde de água fria,tive a sensação de que ele morria pela segunda vez.Apartir dali eu preferi esquecer dele e de todas as lembranças que tinha...Tentei me convencer de que ele era um monstro e não merecia nenhum sentimento bom,que viesse de mim.Sempre me julgava e me torturava por sentir saudades ou qualquer outro sentimento...Mais tu é diferente!..Fala do que viveu com ele,sem remorso.Guarda as lembranças com carinho e sempre se lembra dele.-Disse pensativo,após algum tempo em silêncio,observando a foto.
-Porque eu o amava!...Amava tanto o seu pai,que não importava o que ele fazia,e sim se estava bem e feliz...Cada minuto que vivi com ele,foi inesquecível!-Fred disse emocionado.
-Meu pai matava,torturava e caçava pessoas...Como posso ama-lo?-Rebati,sem olhar para os olhos dele.
-Lembrando do pai que ele era,e do quanto ele amava você.-Fred respondeu,passando a mão em minha cabeça.
-O que tu queria me dá?-Perguntei,tentando mudar de assunto.
Fred sorriu e puxou da caixa um colar enorme,que na verdade era um grande medalhão de prata,com flores gravadas de uma forma delicada em sua superfície.Eu reconheci a peça,pois meu pai a carregava aonde fosse.Mais fiquei surpreso ao vê-lá depois de tantos anos.Sempre acreditei que havia sido enterrada com ele.
Estendi a mão e peguei o medalhão da mão dele,o observando com cuidado.Percebi que além das flores gravadas em sua superfície,havia também uma inscrição em uma bela letra,que dizia:"Te levo para sempre em meu coração".Girei o medalhão e olhei a parte de trás,que também tinha uma inscrição:Pertence a M.B.C.
-Quem será esse tal de M.B.C?-Perguntei curioso.
-Não sei,mais pela corrente delicada e a gravação de flores,diria que é uma mulher.-Fred respondeu.
Sem falar nada,manusei o medalhão e notei uma pequena trava.Com um pouco de dificuldade,consegui mexer nela e o medalhão abriu.Do lado esquerdo havia a foto de um homem de cabelos despenteado e grandes olhos negros que segurava um bebê.Não precisava ser muito esperto,para saber que era eu e meu pai.Pelo menos pensei que aquele bebê,era eu,já que ele não teve outros filhos.
Do lado direito,havia um menino moreno e magro,de enormes cabelos lisos castanhos escuros e olhos também castanhos escuros.Tinha a expressão assustada,mais não consegui reconhece-lo.
Continua...
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Olá gente!
Trabalho,faculdade...Acho que vou tentar viver como escritor kkkkkk...Bem,desculpem os erros,acabei de chegar e fiz o melhor que pude,apesar do sono.
BRUNO NEGAO amo comentários enormes,é bom saber o que pensam tim por tim da minha história.Você pode dá quantos palpites quiser,fica a vontade.Quanto ao Eduardo ser o assassino de Lúcio pai e Diego saber de tudo,é um bom chute,mais pelo bem da continuação da história,ainda não posso dizer se acertou ou não.
Smile.Smile as vezes quando perdemos quem amamos de uma maneira tão bruta,passamos a procura-las em outra,como tentativa de viver o que não deu.Quanto ao Fred ser bonzinho e o Eduardo mal,só posso dizer que você descobrira aos poucos...Mais Você já caiu de amores pelo Fred?Tadinho,Eduardo foi rejeitado...kkkkk
Theus.tins você é o único rapaz,o resto aqui só quer saber do Fred kkkkkk
Chria todos são um pouco desajustado,mais não são de todo mal.Helena,Cristóvão e Heitor por exemplo,são boas pessoas.
Morennaa Lúcio será feliz,mais até lá um longo caminho e aprendizado pra ele.
CaahPoderosa1 valeu,eu tento fazer maior,mais meu celular trava quando chega a um certo ponto,aí perco a paciência.kkkk
VALTERSÓ este ficou maior!kkk
Ru/Ruanito,Suara e Zé Carlos obrigado pelos comentários e pelas notas.
Boa noite e bom sono a vocês...
Até a próxima.