Caio e Maíra desceram para buscar o lanche, sem saber que o filho estava na cozinha Valdomiro chegou do trabalho e passou no quarto do filho para lhe dar um oi pois não o tinha visto desde a noite anterior. Ao adentrar o quarto Valdomiro viu apenas Pedro que estava sentado adiantando o trabalho.
Valdomiro:- Cadê o Caio?
Pedro:- Ele foi até a cozinha buscar alguma coisa pra gente comer.
Valdomiro:- E você quem é?
Pedro:- Ui que falta de educação a minha, prazer queridinho eu sou o Pedro.
Valdomiro:- Olha rapaz eu não acho legal você ter uma amizade com meu filho.
Pedro: Hã?! Como assim?
Valdomiro:- Vou ser mais direto porque não sou um homem de fazer rodeio, eu acho que não fica bem pro meu filho ter um amigo tão... tãoo... tão afrescalhado e alegre como você.
Maíra e Caio saiam da cozinha quando Pedro passou por eles rapidamente.
Caio:- Ei Pedro, o que houve?
Pedro:- Seu pai – Disse ele sem olhar pra trás.
Maíra:- Eu vou atrás dele.
Caio:- E eu vou subir e ver o que o meu pai disse pra ele.
Ele foi imediatamente ao encontro do pai, apesar de já fazer idéia do que tinha acontecido ele não queria acreditar que o seu pai tivesse chegado a este ponto. Sem bater na porta ele já adentrou o quarto do pai para interrogá-lo sobre o fato.
Valdomiro:- Ei que modos são esses? Não bate mais na porta? Cadê a educação que eu e a sua mãe te demos?
Caio:- Pai o que você disse pro Pedro?
Valdomiro:- Quem é Pedro?
Caio:- O meu amigo que estava no meu quarto.
Valdomiro:- Você fala daquela florzinha alegre que eu encontrei no seu quarto? Eu apenas disse a verdade pra ele, falei que não ficava bem pra você ter amizade com alguém feito ele.
Caio:- O quê?
Valdomiro:- Isso mesmo meu filho, não fica bem pra você ter amizade com um tipo daqueles, já pensou se chega um dos seus amigos e pega aquela coisinha dentro do seu quarto? Vão sair falando que você tava se deitando com ele.
Caio:- Eu não acredito que você possa ter um pensamento tão horrível como este. O Pedro é meu amigo, é uma pessoa sensacional e veio fazer um trabalho da faculdade junto com uma outra amiga nossa.
Valdomiro:- Mesmo assim Caio, eu não quero você de amizades com aquele tipo.
Caio:- Se você não percebeu, eu cresci e agora sou eu quem escolho com quem eu ando ou deixo de andar e você não tem nada haver com isso ta me entendo?
Valdomiro:- Você me respeita seu moleque, olha o seu tom comigo... eu sou seu pai.
Caio:- Quem é você pra falar de respeito? Você sabia que o que você fez é crime? Se o Pedro quisesse te processar por homofobia e discriminação eu seria o primeiro a apoiar.
Valdomiro:- OLHA COMO VOCÊ FALA COMIGO RAPAZ...
Caio:- EU FALO DO JEITO QUE EU QUISER, SE VOCÊ QUER RESPEITO ENTÃO PASSE A RESPEITAR OS OUTROS PRIMEIRO.
Valdomiro:- EU NÃO QUERO VOCÊ ANDANDO COM AQUELE RAPAZ ESTÁ ME OUVINDO?
Caio:- EU ANDO COM QUEM EU BEM QUISER JÁ DISSE E QUERO VER SE VOCÊ VAI SER HOMEM PRA ME IMPEDIR...
Maria Lúcia, Letícia e Eduardo estavam chegando em casa e quando ouviram a gritaria todos subiram para ver o que estava acontecendo.
Maria Lúcia:- Que gritaria é essa? Meu pai do céu, o que está acontecendo?
Caio:- Pergunte para o seu marido... (e olhou nos olhos do pai) E enquanto você não mudar de pensamentos e atitudes não precisa me dirigir a palavra.
Caio saiu sem falar mais nada a ninguém, Eduardo não pensou duas vezes e saiu atrás dele, o alcançando ainda no jardim.
Eduardo:- Caio... Caio... Espera!!! O que está acontecendo?
Caio:- Aconteceu que eu não agüento mais esses preconceitos idiotas do meu pai, eu fiz vista grossa pra isso a vida toda, mas hoje ele ofendeu um amigo meu só porque ele é gay... (Começou a chorar) E se fosse comigo Edu? Eu não agüento mais... estou me sentindo sufocado.
Eduardo:- (Abraçou Caio) Calma meu amor, calma! Eu sempre vou estar do teu lado...
Caio:- Vai estar mesmo Edu?
Eduardo:- Nunca duvide disso... Eu sou capaz de enfrentar o mundo por ti.
Caio:- Porque que tem que ser assim Edu? Por que foi namorar justamente a Letícia?
Eduardo:- Calma meu amor... a gente vai resolver tudo... Agora você precisa estar calmo pra pensar como agir daqui pra frente.
Caio:- Eu vou atrás do Pedro, preciso me desculpar com ele.
Eduardo:- Agora tu não vai a lugar nenhum, tu vai ligar pro Pedro e amanhã você fala com ele. Vem, eu vou cuidar de ti.
Eduardo conseguiu levar Caio pro seu quarto, e enquanto Letícia e Maria Lúcia davam uma lição de moral em Valdomiro, Caio ligou para Pedro e lamentou tudo o que tinha ocorrido. Eduardo fez Caio beber um copo de leite depois o colocou na cama, e ficou sentado na cabeceira fazendo cafuné em nos cabelos dele até que ele pegasse num profundo.
Letícia: (Bateu na porta ) Posso entrar?
Eduardo:- Shiiiii (cochicando) ... Entra sem fazer barulho pra não acordar ele.
Letícia:- Demorou pra dormir?
Eduardo:- Pegou no sono agora, ele ta arrasado com tudo isso.
Letícia:- Imagino, nada justifica o papelão do meu pai. Homofobia é inadmissível, ele tem que aprender a lidar com isso, ele precisa mudar...
Eduardo:- Ele vai acabar perdendo o Caio se continuar a agir dessa forma.
Letícia:- Obrigado por ter cuidado dele enquanto eu e a minha mãe falávamos com meu pai.
Eduardo:- Não precisa agradecer, o Caio é meu melhor amigo... eu enfrento um exército por ele.
Letícia:- Que lindo esse seu carinho por ele.
Eduardo:- Vamos pra lá? Deixa ele dormir agora.
Eduardo ficou mais um pouco com a namorada e logo foi embora a noite tinha sido pesada e no outro dia ainda tinham aula logo pela manhã.
No outro dia na faculdade Caio se desculpou com Pedro e Maíra pelo comportamento de seu pai,combinaram de fazer o trabalho na casa de Pedro no período da tarde.
Edu tentou marcar algo com Caio no período da tarde, mas como tinha o compromisso com Pedro e Maíra e não deu pra eles saírem. Na casa de Pedro, Caio foi muito bem recebido pela mãe e ali ele percebeu o quanto o apoio da família era importante em alguns momentos, e por um momento, sentiu um pouquinho de inveja do amigo.
Quando chegou em casa, todos já estavam se sentando para jantar e seu pai o abordou de uma maneira nada agradável.
Valdomiro:- Aonde o senhor estava, pode se saber?
Caio:- Estava na casa do meu amigo Pedro fazendo o trabalho que deveria ter feito ontem, mas que infelizmente nos interromperam.
Valdomiro:- Você estava com aquela florzinha de novo?
Caio:-Olha aqui eu já disse que é pra você respeitar o Pedro e enquanto isso não acontecer, por favor não me dirija a palavra. Mãe, to indo pro meu quarto, acabei de perder a fome.
Valdomiro:- VOLTA AQUI SEU MOLEQUE, VENHA JANTAR... CAIOOO...
Letícia:- Agora quem perdeu o apetite fui eu, francamente hein pai...
Maria Lúcia:- O que você quer? Afastar os seus filhos? Olha Valdomiro, ou você muda de atitude, ou vai perder a sua família.
Ela se levantou e deixou o marido sozinho, realmente não tinha como jantar com aquele clima.
Os dias se passaram e a situação continuava a mesma, Caio ignorava o pai e este por sua vez não dava o braço a torcer por causa do seu orgulho. Maria Lúcia não agüentava mais aquela situação e resolveu procurar o filho para conversar.
Maria Lúcia:- Posso entrar meu filho?
Caio:- Claro entra aí mãe.
Maria Lúcia:- Filho baixa a guarda pro seu pai, tem certas coisas que a gente tem que relevar e seu pai é assim... é o jeito dele, sabe?
Caio:- Foi ele que te mandou aqui?
Maria Lúcia:- Não meu filho, ele nem chegou ainda, aliás sua irmã também não está em casa. Eu vim conversar contigo porque eu não agüento mais esse clima chato entre vocês dois.
Caio:- Mãe, o que meu pai fez além de ser grosseiro é crime. Ele discriminou o Pedro só porque ele é gay... você tem noção disso? Ele não conhece o garoto, nunca trocou uma palavra e no conceito dele o garoto não presta por que é gay.
Maria Lúcia:- Meu filho eu sei que não é certo o que seu pai fez, mas ele estava preocupado com você meu amor.
Caio:- Preocupado comigo?
Maria Lúcia:- Sim meu amor, ele se preocupou com sua reputação caso algum amigo seu chegasse e encontrasse aquele rapaz aqui dentro do seu quarto. E se você parar pra pensar vai ver que possivelmente iam te zombar, dizer que você e o rapaz tinha algo... Entende?
Caio:- Não mãe, eu não entendo. O que eu percebi é que meu pai não é capaz aceitar uma pessoa que não esteja de acordo com os padrões dele, o que eu percebi é que meu é um cara preconceituoso, prepotente...
Maria Lúcia:- Pode até ser meu filho, mas o importante é que ele te ama, ele deu carinho, amor, sempre foi um ótimo pai pra você e para a sua irmã.
Caio:- E se eu dissesse que sou gay, será que meu pai continuaria me amando?
Maria Lúcia:- Mas você não é gay meu filho, não tem nada que impeça você se entender com seu pai.
Caio:- Engano seu mãe, eu sou gay sim.
Maria Lúcia:- Caio isso não é hora pra brincadeiras meu filho, eu vim aqui pra ter uma conversa séria contigo...
Caio:- E quem disse que eu estou brincado mãe? Eu nunca falei tão sério na minha vida.
Maria Lúcia:- Você está me dizendo que você é...
Caio:- Sim mãe. Eu sou gay, sempre fui.
Galera hoje foi propositalmente menor porque agora tem uma reviravolta na história. Espero que vocês estejam gostando desta temporada.
Agradeço a todos: Ru/Ruanito, VALTERSÓ, Smile.Smile, Suara, Gordo1979, Geomateus, Gui Gonçalves, Aline33, jeojr e todos os que estão acompanhando a história, valeu pelo apoio e pelas mensagens de carinho.
Duvida, sugestões ou críticas e so mandar e-mail: faelvelaskes@gmail.com
Abraço a todos!
Rafinha
