O Hétero proibido. Essa história já passou por aqui. IV

Um conto erótico de Berg
Categoria: Homossexual
Contém 2407 palavras
Data: 28/02/2017 22:31:49
Última revisão: 28/02/2017 23:00:36

Meu celular vibrou, e eu pedi licença para atender.

Um número estranho. Fui ate o banheiro e atendi a ligação.

***

- oi - falei.

- Oi Gabriel. - disse uma voz do outro lado da linha.

- quem é? - perguntei.

- não reconhece mais a voz do teu macho?

- Fernando?

- e tu tem outro?

Sorri.

- é tu mesmo cara?

- em carne e osso.

- ligação ta ruim. Porra cara, porque só agora tu ligou?

- eu não tive como ligar antes.

- ta na cidade já?

- ainda não.

- To com saudade. - falei com a voz embargada.

- eu também to Gabriel. Tô com muita saudade da tua companhia.

- e quando tu volta?

- em breve, mas ainda não sei o dia.

- e como a gente fica?

- conforme te falei. Me espera que vai valer a pena.

- é o que eu mais to fazendo esses dias.

- continua esperando, quando eu voltar a gente conversa.

- ta bom.

- eu vou ter que desligar agora, tem uma fila enorme querendo usar o telefone. - riu.

- ta certo Fernando, se cuida.

- você também.

***

Desliguei o telefone, e fiquei um tempo olhando minha imagem no espelho do banheiro. Como era bom falar com aquele cara. Como era bom saber que ele estava bem.

Lavei meu rosto e voltei para à mesa.

- tava perdido? - Juliano falava com um sotaque puxando a letra r. Alias, os três falavam da mesma forma.

- minha mãe ao telefone. - menti.

- teu suco ta esquentando, pedi gelo pra você. - disse Juan.

- Valeu Juan.

Juan lembrava muito um venezuelano. Sua pela era branca, em media de 1,75, cavanhaque, cabelo liso e escuro. Ele era um cara bonito.

As horas foram passando e fomos ganhando mais intimidade. Julio Cesar me falou um pouco de sua profissão, vida, filhos e esposa.

- então você passa muitos dias fora de casa. - comentei.

- as vezes, ate meses. Depende do tamanho da obra.

- e tu não acha cansativo?

- acho sim, mas é a profissão que eu escolhi.

- eu vou ter que viajar muito também?

- não necessariamente Gabriel. Tudo vai depender de onde tu vai trabalhar. Eu viajo muito porque a empresa onde eu trabalho tem obras em quase todo país.

- ah sim. Tô ligado.

- assunto chato esse de trabalho! - exclamou Juliano.

- não temos culpa se você não gosta de trabalhar. - disse Julio Cesar.

- e de que assunto você quer falar? - perguntei curioso.

- quero saber pra onde vamos depois daqui? Onde tem mulher nessa cidade? - disse o cara visivelmente bêbado.

- em que sentido? Você fala de sexo?

- bingo. - disse o rapaz.

- não liga pra ele não Gabriel. Quando o Juliano bebe fala muita besteira. - disse Julio.

- tudo bem. - falei sorrindo.

- eu falo serio Gabriel. Onde eu posso conseguir um grelinho fácil aqui?

- eu não sei.

- como não sabe? Você não curte uma carne mijada?

Fiquei um pouco constrangido.

- já deu né!? - disse Julio chamando o garçom.

- fala Gabriel. Não curte meter o peru numa rachadinha? - O cara fazia gestos obscenos com o dedo e a língua.

- Juan leva o Juliano pro carro por favor.

- pode deixar. - disse Juan.

- Me larga. - Juliano fez força para não sair do lugar.

- pois não? - disse, cordialmente, o garçom.

- a conta por favor. - disse Julio Cesar.

- ok.

O garçom se retirou e Julio Cesar juntamente com Juan levaram Juliano até a caminhonete.

- desculpa por isso Gabriel. Meu irmão as vezes tem uns comportamentos infantis. - disse Julio retornando.

- precisa se desculpar não brother. Ele ta meio bebido.

- eu coloquei ele e o Juan em um táxi, e vou te deixar em casa.

Eu apenas confirmei com a cabeça.

Saímos do bar e fomos até a caminhonete. Julio apoiou seu corpo na porta do veículo, e ficou olhando para o mar.

- lindo né!? - falei a seu lado.

- demais. Ta muito apressado? - me olhou.

- não.

- bora descer la na praia?

- demoro.

Atravessamos a rua, tiramos nossos sapatos, e pisamos na areia. Julio entrou na água, e eu o aguardei do lado de fora.

- você olha minhas coisas? - disse ele apenas de sunga.

- fica tranquilo.

Julio Cesar foi correndo até o mar.

Sua pele branca com poucos pelos, barriga lisinha com um leve caminho de cabelos até chegar ao seu membro.

Sentei na areia e fiquei olhando Julio se divertindo na água.

- ta gelada? - perguntei assim que ele veio ao meu encontro.

- ta ótima. - disse sacudindo o cabelo.

- deu ate pra tirar um pouco de álcool do sangue.

Julio sorriu.

- com certeza.

Após colocar sua roupa, voltamos ao carro.

- pode deixar que eu dirijo. - falei sorrindo.

- você quem manda.

Julio entrou no banco do carona, e não demorou muito para que ele caísse no sono.

- hey. - falei tocando em seu corpo.

- hã? que? - disse um pouco desnorteado.

- você tem que me ensinar onde é tua casa que eu não sei.

- vamos pra sua casa, e de lá eu sigo ate a minha.

- não cara, pode deixar que eu te deixo em casa, e depois pego um táxi, é mais seguro.

- tem certeza? - disse ele.

- tenho, só me diz onde eu te deixo.

Julio me passou o endereço, e eu deixei ele na porta de casa. Os três engenheiros haviam alugado uma casa em um bairro nobre, não foi difícil pra encontrar.

- acorda cumpade. Chegamos. - toquei mais uma vez em seu corpo.

Julio olhou pelo vidro da janela e sorriu. Já era de madrugada e a rua estava deserta.

Meu cliente passou a mão na carteira e me deu uma nota de cem reais.

- não cara. - falei recusando. - me diverti muito essa noite. Não vou te cobrar nada não.

- aceita ao menos para o táxi.

Olhei para o dinheiro na mão do Julio.

- ta bom. - falei.

Saímos do carro e rapidamente liguei para uma rádio táxi.

- ainda acho que deveria te deixar em casa.

- esquenta não cara. Essa hora é ate perigoso ter blitz.

- eu sou ligeiro pra blitz. - disse ele sorrindo.

Encostamos na caminhonete e ficamos aguardando o meu táxi chegar.

- essa semana eu vou lá na loja comprar um material. - disse cruzando os braços.

- eu só tô la a tarde. Caso tu vá pela manhã, procura pelo Rômulo.

- Rômulo?

- isso. Rômulo é o vendedor que ta me treinando.

- treinando pra que?

- pra ser vendedor.

- entendi. Não te atrapalha na faculdade?

- o que? O serviço?

- isso.

- um pouco cara. As vezes eu to atolado de trabalhos da facu, mas vou empurrando.

- sei como é isso. Antes de eu formar em engenharia, eu já fazia estagio. - disse entre risos. - Vida social não existia.

- mais ou menos isso. - sorri. - Acho que é meu táxi.

Estendi a mão e o táxi parou.

- vou nessa cara.

- ta certo. Valeu pela noite Gabriel.

- igualmente mano. Até outro dia.

Julio me cumprimentou, e em seguida entrei no táxi.

No domingo, acordei lá pelas 12 horas. Após tomar café, visualizei várias chamadas perdidas, e mensagens.

***

- ta rolando um churrasco aqui em casa manin, chega junto. - dizia a mensagem do Lucas.

- bora lá pro Lucas? - dizia uma mensagem do Victor.

- tu passou a noite virado? A tia disse que tu chegou junto com o sol. - mensagem do Danilo.

- chegou bem? - Julio Cesar.

- cheguei sim cara. - respondi.

- mais uma vez desculpa pelo meu irmão. Tenho certeza que quando ele acordar, nem irá lembrar das grosserias.

- esquenta com isso não.

- não sei se eu vou não mano. Tô com uma dor de cabeça do cão. - respondi ao Victor.

A mesma mensagem enviei ao Danilo.

- deixa de moleza velho, tô passando aí. - disse ele em seguida.

Em pouco tempo, meu amigo e meu primo bateram no meu apartamento.

- vai de pijama? - disse Victor ao me ver de short esportivo.

- eu não vou mano.

- por que não?

- cansaço.

- lá descansa. - disse Danilo.

- não rola. - sentei no sofá.

Danilo olhou para Victor, e os dois riram. Tentei correr, mas foi tarde demais. Meu amigo, e meu primo, jogaram-me no carro e me levaram, quase pelado, à casa do Lucas.

- dois viados. - resmunguei.

- o choro é livre. - disse Victor ao volante.

- deveria ao menos ter deixado eu colocar uma camiseta.

- ta ótimo desse jeito. - disse Danilo.

- de quem é esse carro? - perguntei sentado no banco traseiro.

- papai aqui. - disse Victor.

- ganhou foi viado?

- o pai e a mãe me deram. Tinham prometido se eu entrasse na federal.

- por que meus pais não me fazem uma promessa dessa?

Rimos.

A casa do Lucas tava bem movimentada.

Logo na entrada, avistei alguns conhecidos da faculdade. Depois de cumprimentar alguns, sentei na mesma mesma que o Lucas.

- pensei que não fosse vim. - disse me cumprimentando.

- e não ia mesmo!Tem algum remédio aí pra dor? - sentei.

- cabeça?

- é.

- vou lá dentro ver. Quer beber alguma coisa?

- água.

Lucas riu.

- não to te reconhecendo. - disse antes de entrar na casa.

- ta tudo certo cara? É só a dor na cabeça mesmo? - perguntou Danilo.

- é mano.

- ressaca? - questionou Victor.

- não, nem bebi.

- então o que pode ser? Não quer ir ao hospital? - disse o meu amigo.

- quero não. Deve ser cansaço.

- goma. - disse Danilo. - Isso é pretexto pra voltar pra casa.

- teu cu. - sorri.

Beto chegou acompanhado do Kadu.

- e aí fuleiros. - disse Beto nos cumprimentando.

Kadu não sentou junto de nós, e foi assim durante toda a tarde.

- fala sacana. - toquei em sua mão.

- só os putos reunidos. - disse o capitão do time.

- aqui. - disse Lucas com um copo de água e uma pílula nas mãos.

- valeu. - engoli o remédio com a ajuda da água.

- que tu tem? - Beto me olhou.

- um pouco de dor na cabeça.

- não ta bebendo?

Neguei com a cabeça.

- pena. - disse Beto sorrindo.

Algumas vezes, tentei falar com o Kadu, mas o cara - claramente - me evitava. Antes de voltar para casa, o cerquei próximo ao banheiro da piscina.

- e aí mano.

- e aí. - disse um pouco sem graça.

- ta tudo certo entra a gente? - perguntei.

- tranquilo. - disse ele desviando o olhar.

- então por que tu não ta falando comigo direito?

- impressão tua.

- não é impressão minha velho. Tu ta falando com todos, menos comigo. O que ta pegando?

- não ta pegando nada.

Kadu parecia confuso.

- beleza velho. Eu não vou insistir. - falei virando as costas.

- hey Gabriel, espera. - disse o cara me segurando.

Olhei para Kadu, e esperei que ele falasse algo.

- eu to meio envergonhado depois daquela jogada fora que dei lá no meu ap.

Eu ri.

- pô velho. Vergonha de que?

- do toco que você me deu.

- toco nenhum mano, é só que eu to...

- ficando com outra pessoa? - completou Kadu.

- mais ou menos. - foi minha vez de ficar envergonhado.

- já desconfiava, mas não achei que fosse sério.

- nem eu sei se é mano, mas quero fazer minha parte.

- de boa Gabriel.

- agora tu pode sentar lá com a gente?

Kadu sorriu.

- vou pegar uma cerveja, e daqui a pouco eu chego lá.

Os caras se revezavam na churrasqueira. Eu só fui polpado porque realmente não estava muito bem.

- o professor marcou um amistoso pra daqui duas semanas Gabriel. - disse Beto.

- to pronto. - falei tomando um copo de suco.

- pronto faltando treinos Gabriel? Tu tem que ter mais compromisso velho.

- penso igual Beto, mas eu não tenho muito tempo pra treinar, e tu aceitou minhas condições.

- eu sei mano, mas a gente tem que ter ao menos uns dois treinos por semana pra poder ensaiar algumas jogadas.

- vamos combinar cara. Essa semana eu vou fazer o possível pra não falhar.

- faz essa forcinha. - disse Beto me dando leves tapinhas no ombro.

Lucas que havia ido ao interior de sua casa, retornou trazendo um violão.

- a galera ta querendo ouvir teu som Danilão. - disse Lucas lhe passando a viola.

Meu primo sorriu.

- vamos deixar pra próxima. A cachaça me deixou soluçando.

Rimos.

- vai lá mostrar teus dotes pô. - dei força.

- eu toco e vocês cantam então. - disse meu primo sorrindo.

Danilo começou a dedilhar, e em pouco tempo nossa mesa já estava tomada. O cara fazia bem aquilo que ele mais amava na vida.

A galera acompanhava com a voz, e quase não ouvíamos o soluço do Danilo.

A tarde foi agradável, mas ela findou com o cair da noite. Voltamos para nossos lares, pois no dia seguinte haveria aula.

A semana passou voando. Tantos compromissos, que era ate meio difícil honrar com todos. Minha aproximação com Júlio Cesar aumentou muito. Nossas conversas via whatsapp passaram a ser diariamente.

Era sexta, e eu tinha marcado de levar o engenheiro ao quiosque do Pedrão, lugar mais badalado da praia. Após o banho, vesti uma bermuda tactel florida, calcei uma sandália de dedo, coloquei uma regata no ombro esquerdo, e desci para encontrar o cara.

Assim que saí de casa, a porta do elevador estava aberta.

- segura aí brother. - gritei.

- ta seguro. - disse o novo morador do prédio.

- e aí. - falei entrando no elevador.

- vai dar uma volta? - disse o negro tentação.

- pois é, e tu?

- estou indo caminhar la na beira da praia. - disse ele.

- coincidência cara, também estou indo pra lá.

- então nos vemos lá. - disse o cara.

- na hora.

- eu ainda não sei teu nome. - disse ele.

- é Gabriel, velho, e o teu?

- Manoel.

O elevador abriu na portaria, e eu saí.

- até mais Manoel.

- até mais Gabriel.

Manoel desceu para, provavelmente, apanhar seu carro no estacionamento.

- nossos nomes rimam. - falei para mim mesmo, e sorri.

Imaginei o Manoel somente de sunga todo melado da areia da praia, passei a língua nos lábios e fiquei com vontade de voltar em casa e tocar uma punheta em homenagem aquele cara.

Avistei a caminhonete do Julio, e atravessei a rua indo até ele.

- e aí Julio.

- fala Gabriel. Tudo bem fera? - Julio me cumprimentou.

- tranquilo cara, graças a Deus.

- qual surpresa tu tem pra mim hoje?

- to pensando em levar você lá naquele quiosque que falei. Só que lá é só sertanejo.

- tem problema não, eu curto de tudo.

- uai, então bora. Tamu perdendo tempo aqui. - falei sorrindo.

Julio destravou as portas, e quando íamos entrando no veículo, alguém me chamou.

- Gabriel.

Julio e eu olhamos para o outro lado da rua ao mesmo tempo.

Fernando estava parado em frente ao meu prédio. Calça jeans surrada, camiseta branca, mochila camuflada nas costas e o sorriso mais lindo do mundo.

- você conhece? - disse Júlio escorado na porta do carro.

- ele voltou. - falei pra mim mesmo.

Não podia demonstrar, mas meu coração estava perto de saltar pra fora do peito. Tanto tempo longe do Fernando não foi o suficiente para eu esquece-lo.

♫♫♫

Pode ir embora

Que eu vou ficar te esperando

Enquanto isso eu vou te desejando

Amor e paz

Seja feliz bem mais

Só vê se toma juízo e se cuida.

♫♫♫

Continua...

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Comentários

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Só não quero q o Fer pense q o Gabe tava traindo ele.

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Espero que o Fernando não pense nada errado.

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Nossa meu coração palpitou junto com o do gabriel. Muito bom! Continua logo!

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