Ele se chamava Jackson, nome que homenageava dois cantores, o Jackson do Pandeiro e o Michael Jackson. Em comum com este último, a pele do personagem negro de que vou tratar apresentava partes mais claras no peito e costas; e cantava muito bem. Dentes alvos, cabelo típico da raça, sempre cortado rente, meu amigo Jackson era magro, extrovertido e brincalhão. Tinha 17 anos na época.
Estávamos em seu quarto, ambos sem camisa, pois era verão, e ele mostrava os bíceps a um grande espelho na parede. Éramos colegas de escola. Estando ele um ano adiantado, eu ia lá com frequência, à procura de ajuda em Matemática, matéria que ele conhecia bem. Foi quando comentei a respeito das nuances de cor em sua pele praticamente desprovida de pelos.
— Você tem o rosto mais escuro que o peito — disse eu.
— Sabe qual é a parte mais preta que eu tenho? — disse ele um pouco incomodado com a minha observação. — É o pau. Quer ver?
E, sem esperar resposta, baixou a bermuda.
— Nossa! É mais preto mesmo! — exclamei.
— Eu não disse?
Eu não tirava os olhos dos ralos pentelhos encaracolados e o pênis, que, de tão escuro, assim como o saco firme e enrugado, chegava a contrastar com a pele ao redor. Admiração foi meu primeiro sentimento. Engolindo em seco, vendo o pau do meu amigo endurecer e alongar-se diante dos meus olhos, senti uma vontade enorme de estender a mão e tocá-lo. Mas me contive. Eu não entendia o que estava acontecendo comigo. Eu nunca me interessara sexualmente por rapazes e nunca Jackson dera a entender comigo, nem por palavras nem por gestos, qualquer intenção libidinosa; que seria, evidentemente, rechaçada com veemência. Mas algo estranho estava acontecendo. Algo que estava além da minha compreensão; mas que ele compreendeu. Talvez por já ter passado por situação semelhante.
—Aposto que a tua bunda é ainda mais branca que o rosto — disse ele.
Tentei desconversar, mudar de assunto, mas meu olhar me traía. Olhava para um lado, para outro, mas voltava sempre ao membro agora totalmente rígido e fascinantemente grande. O que estava acontecendo comigo? Com a bela voz modulada pela excitação, ele insistiu. Totalmente dominado pela energia erótica que se criava, eu me virei de costas e, enquanto o espelho mostrava Jackson ficando totalmente nu, baixei o calção que eu usava nos dias de calor.
— Hum! que bundinha... — disse ele pondo as mãos em minha nádegas.
Senti um arrepio, senti que estava perdido.
De perfil frente ao espelho, vi o meu pau duro e o dele em contrastante contato com minha bunda. Por que não o rechacei quando ele me abraçou pelas costas? Quando mordiscou minha orelhas? Meus pés estavam paralisados. Sentindo sua respiração pesada, seu cheiro inebriante, seu desejo de satisfazer o tesão crescente, eu me senti dominado. Dominado e submisso, fui sendo docilmente levado para a mesa de estudos, onde jaziam nossos livros e cadernos. Lá me inclinei e, apoiado com as duas mãos na mesa, deixei que ele retirasse totalmente meu calção e me afastasse as pernas.
Nenhuma palavra foi dita.
Seu pau veio entre minhas nádegas lisas e redondinhas, deslizou, cutucou meu orifício virgem, forçou. Gemi com a dor da dilatação, lacrimei quando a glande venceu a resistência natural do esfíncter, chorei mentalmente quando o longo cilindro negro, inchado de excitação, deslizou para dentro de mim, respirei aliviado quando este se retirou, causando, no entanto, uma sensação de algo incompleto.
Achei que ele tinha gozado.
Mas não.
Novamente dócil, fui levado para a cama, onde me deitei de bruços, pernas abertas, e ele veio por cima de mim, com o pau procurando o caminho entre minhas nádegas. Então, não sei como nem por quê, estendi o braço, segurei seu pau e o coloquei no caminho certo. Alargando-me, revolvendo minhas entranhas, o pau foi entrando devagar e com firmeza até eu sentir sua pélvis em contato com minhas nádegas. A sensação agora era indescritível. Eu tremia de tesão. Quando ele suspirou, eu senti meu cuzinho se abrir mais, e gozei, ejaculando sobre a toalha que ele havia estendido sobre a cama. Então ele se retirou, causando uma sensação incômoda e a vergonha caiu sobre nós como uma barreira de silêncio. Não conseguíamos nem olhar um para o outro Ele se vestiu, não disse nada. Eu me vesti, não disse nada, e fui para casa tentar entender o que havia acontecido.
Na escola, passamos a nos evitar. Felizmente, o ano escolar estava no fim e Jackson foi para a capital do estado cursar a universidade.
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Este conto foi revisado por L. Martins. Conheça seus livros em
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