Memorial de Dona Maroca, a filha da luxúria - Anos 90: Poucas e Boas

Um conto erótico de Astrogildo Kabeça
Categoria: Heterossexual
Contém 1676 palavras
Data: 11/02/2017 12:26:39
Última revisão: 05/03/2018 15:52:21

“A década de 90 começou com um susto daqueles. João Pedro estava com uma aplicação para investir em um novo negócio quando o presidente mauricinho confiscou a poupança dos brasileiros e muitos ficaram financeiramente arrasados. Com filha pequena pra criar e endividado, ele teve que retornar pra casa dois pais com a família. Desacostumada com tanta gente em casa, passava grande tempo na rua. Pelo menos isso me fez voltar a malhar, mas sem tanto entusiasmo. Fiquei mais ríspida em casa. Quando vinham falar do país eu falava mesmo “não fui eu quem votei nesse babaca!”. Larissa, minha neta, era uma pestinha! Adriana era uma ótima pessoa pra conversar, inteligentíssima, culta, mas não era boa mãe. Enchia a menina de vontades. Geralmente pegava ela na escola. Em 1992, quando esperava ela, saiu um grupo de adolescentes com o rosto pintado. Peguei Larissa e fui seguindo pela rua quando o grupo cresceu. Daí fui me dar conta que eram os “cara pintadas” que ajudaram a depor aquele presidentizinho do poder.

O alento maior do início dos anos 90 foi o nascimento de minha segunda neta lá no Japão. Saori, a neta a quem dediquei minha história oculta, nasceu em 1991. Somente em 1993 conheci aquela morena de olhos puxadinhos que veio passar Natal em minha casa. Quando vi aquela garotinha, meus olhos brilharam novamente. Era uma gracinha!”

Saori chorou nesse momento. Queria ter convivido mais com sua avó.

“Parecia que minha vida sexual tinha arrefecido. E realmente aquela década seria a menos ativa sexualmente para mim. Mas eu não me enganava. Sentia que meu corpo ainda tinha espaço para mais picas. Tinha que sair daquele marasmo. Tinha que me reinventar. Passei a sonhar muito com Magno. Nos sonhos, ele dizia para eu ser feliz como eu havia ensinado a ele e continuasse a viver intensamente. Eu acordava muito feliz quando sonhava com ele. Foi quando completei 60 anos que fui encher o tanque e vi um frentista daqueles! Meu coração estava aos pulos. Passei a encher o tanque lá e sempre falava “eu quero abastecer com aquele ali”. Todos passaram a perceber o mole descarado que eu dava. Há três anos que eu havia voltado à academia com força total. Eu pedia pra ver o óleo, pra calibrar o pneu e sempre falava pra ele “tô precisando trocar o óleo!”. Eu estava a nove anos sem puladas de cerca e naquele momento e com aquela idade, eu tinha que ter mais cautela para não levar um tremendo fora, pois apesar de ainda ter um corpo muito sedutor para aquela idade, não dava pra competir com moças com tudo durinho. Não deu outra. Ele me levou pra uma seresta lá no bairro onde ele morava, lá nos cafundós de Salvador. Ele morava nos fundos de um bar. Fiz amizade com muitas moradoras de lá, a maioria bem humilde, mas com todo fogo do mundo pra se divertir no sexo. Alias, sexo é a cultura e o parque de diversões dos mais carentes. E sexo pra mim era uma festa também, sempre foi. E voltei a fuder com entrega total. Voltei a mamar; a beber porra; a me arreganhar; a ser xingada; a cavalgar e dar de mamar os meus peitões. E quase sempre porra na cara, pra não perder a viagem! E a surpresa, querida: me deparei com o maior pau que já encontrei na vida. 27 centímetros! Mesmo com tanta quilometragem, foi muito difícil receber aquele extintor de incêndio. Mas tudo é uma questão de jeito e mesmo me sentido partida ao meio, trepar com um pau desse tamanho é um desafio e uma sensação indescritível. E tudo isso em um local pequeno, com paredes umidas, e num colchão velho. E isso sempre me excitou. Trepar com pessoas de classes sociais diferentes, etnias diferentes, com grandes diferenças de idade, em lugares ermos e com pouca higiene, faz o sexo ficar mais sujo, indecente e intenso, pois nos revela sensações diferentes do nosso cotidiano burguês.A novidade era o uso de preservativo. As campanhas para usar camisinhas eram muitas e realmente tinha que tomar cuidado. Na época de muita metelança ninguém lembrava desse troço. Nos anos 90, camisinha era praticamente uma tatuagem pra pica.

A partir daí recuperei a alegria de viver. Fiquei menos de dois meses com ele. Você deve se perguntar como uma sessentona casada como eu passava noites fora. Primeiro que a seresta era no sábado a tarde. Morando numa cidade de praia, acontece muitas coisas durante o dia. Chegava em casa antes das 19 horas. E eu ia muito ao shopping center e por isso não levantava suspeitas. Após um sábado em que Ernesto estava em Brasília, dei uma desculpa e dormi com ele. Porém, no dia seguinte – um primeiro de maio – acordei com todos no bar atônitos e vidrados na tela da TV. Assistiam uma corrida de Fórmula 1. Não entendi nada, pois estava longe de ser um esporte popular, ainda mais em um bairro pobre. Mas estavam querendo saber notícias. Horas depois morria o piloto Ayrton Sena, um ídolo desse país. Naquele dia estranho fiquei em casa. E a rua em um silêncio sepulcral. Senti muito, pois após a morte de Vilton e as perdas de minha mãe e sobretudo de Magno – que pelas circunstâncias, também considerei um desastre – fiquei hipersensível a tragédias dessa natureza. Anos depois, Larissa ficou bastante triste depois que um grupo musical que ela gostava muito, morreu em um acidente aéreo. Esse grupo, cujo nome não me recordo agora, fazia a alegria da criançada. Ouvia muitas crianças na rua cantando as músicas deles. Sei que eles tiveram uma carreira meteórica e aquele acidente matando todos foi algo terrível. Acabei ficando arrasada. Eles eram muito jovens.

No fim daquele ano de 1994, eis a surpresa: Adriana, minha nora, apareceu grávida aos 40 anos. 9 meses depois, outra surpresa: minha terceira neta, Silmara, nasceu com Síndrome de Down. Era uma novidade a qual ninguém estava acostumado. João Pedro estava feliz com mais uma filha, mas aturdido com a novidade. Falei que estaríamos juntos nessa e o abracei forte. Nunca estivemos tão próximos na vida, desde a morte de Magno que eu e João Pedro começamos a ficar mais unidos, pois ele sempre puxou ao pai e nunca fomos lá tão próximos assim, sempre tínhamos rusgas.

Em 1997 Ernesto já era coronel, ganhando bem e resolvemos passear de Transatlântico e pela primeira vez fomos a Europa. Passeamos muito por lá e ficamos muitos meses. Naqueles anos não sentia falta de aventuras. Aquelas viagens com Ernesto eram minha alegria. Estávamos completando 45 anos juntos. E também porque nos passeios pela Europa, eu sempre imaginava você conosco querida. Olhando com a gente a vastidão de Paris no topo da Torre Eiffel; comendo pastelzinho de Belém em Lisboa; andando de bicicleta pelas ruas de Barcelona; dançando a Tarantela com os italianos em Roma. O pensamento em você, minha princesinha, me fazia feliz em estar viva e satisfeita....

Em 1998, João Pedro resolveu colocar Silmara na natação. Era eu quem levava minha netinha a toda semana. Foi aí que resolvi fazer também e passei a nadar com frequência – coisa que eu fazia muito bem no mar. Foi nessas aulas que conheci Luiza. Era uma peruona, toda elegante, só andava com saltos altíssimos. Tinha uns 47, 48 anos e era proprietária de dois salões de beleza. Conversávamos muito, ficamos bem amigas e ela passou a me contar dos seus casos. Eu resolvi contar sobre o Vilton, mas ela gargalhou e disse “vc acha que me engana? Ahahahaha...Tá na cara que vc não teve só esse amante, linda, vc toda “nos trinques” deve ter tido muito mais!” Ela era muito esperta e disse que tive uns casinhos passageiros. Ela contou que participava de festas de swing e se tornou intima de várias clientes do seu salão e vez em quando era convidada para umas “festinhas” que rolava por aí. Fiquei curiosa na hora! Ela me prometeu levar para uma. Resultado: fui num fim de semana em uma casa de praia em um local aqui do Litoral Norte chamado Guarajuba. Muitos condomínios e muitas casas boas nesse lugar. Quando cheguei vi que o negócio ia ser bom: só havia mulheres. Era um dia no mês reservado só para quem tinha útero! Eu era a mais velha, mas quem disse que eu ficava pra trás? Rolou muita bebida, músicas de jovens e também drogas (até então não havia tido contato assim). Havia umas nove pessoas. Logo, a pegação começou. Beijo triplo, quadruplo, estava uma hora com três mulheres mamando meus peitões! Terminamos todas nuas dançando muito na sala. Ao dormir, a Luiza entrou no meu quarto, me agarrou e fodemos até quase o dia amanhecer. Nesse tempo, passei a frequentar um Spa na mesma região, tudo para poder unir útil e agradável.

No decorrer do ano fui em mais algumas com presença de muitos casais. Perguntavam pelo meu marido e eu dizia que era divorciada. Mulheres solteiras são bem vindas nessas festas. Participei de minha primeira grande orgia! Contei 19 mulheres e 12 homens. 31 pessoas na maior trepança! Uma loucura de braços me agarrando, bocas me beijando, punhetas, linguadas, xoxotas no meu rosto e picas me bombando. Haviam médicos, advogados, desembargadores, uma jornalista famosa que sempre aparecia na TV e uma funcionária dos CORREIOS que tinha por volta de 60 anos. Eu era uma espécie de xodó do grupo, afinal, estava com 64 anos e apesar de meterem forte, os homens mostravam depois muito carinho comigo. As festas ocorriam sempre com camisinha, o mal necessário daquela década em diante,

A partir desse ano também passei a assistir muito filme pornô! Eu não tinha oportunidades, então passei a locar e ver no videocassete. Adorava as cenas e via que tudo o que as atrizes faziam eu tinha feito com muito mais empenho. Mas tinha ótimas surpresas como as ejaculações femininas. Mulheres jorrando líquidos nas alturas! Sempre tive lubrificação farta, mas aquilo era demais! Encerrei aquela década vendo essas maravilhas nos vídeos, lembrando como o tempo havia passado.” (continua)

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Anos 90: Uma viagem sexual pelo tempo entre a ascenção de Collor e do vídeo cassete (entremeado por uma bela suruba, um delicioso modismo da época, hoje não tão em alta mas, ainda, de muitos adeptos).

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