Irmão postiço
Pela primeira vez em dezoito anos, ninguém me deu os parabéns pelo meu aniversário. Atribuí o esquecimento aos preparativos para a minha partida, embora, lá no fundo, soubesse que ninguém se lembrara da data. Tinha sido sempre a minha mãe que preparava as grandes festas comemorando mais um ano da minha vida. Era ela quem organizava tudo, desde os convites até a mais refinada das surpresas, que sempre me deixavam encantado com a data. Foi então que me dei conta de que nunca mais teria uma festa de aniversário, tão maravilhosa quanto as que ela promovia. Fazia dois meses que me despedi dela na borda de uma sepultura que talvez nunca mais fosse visitar. Estava passando o dia do meu aniversário dentro de um avião. Fui tirado dessas recordações pela mulher sentada ao meu lado no voo que seguia para Chicago.
- Você está bem? Está acontecendo alguma coisa com você? Sente-se mal? – perguntou preocupada ao ver que eu estava chorando. Nem eu mesmo tinha percebido que estava com o rosto coberto de lágrimas.
- Hã! Não, não. Estou bem, obrigado! – respondi, voltando dos meus devaneios e enxugando o rosto com as costas da mão. Ela ficou me encarando com cara de aflita por alguns minutos, cochichou com o homem ao seu lado, provavelmente o marido, algo que não consegui ouvir.
O comissário de bordo, que fixara seu olhar em mim desde o instante em que entrei no avião, se aproximou da minha poltrona com um sorriso gentil.
- O senhor está se sentindo bem? – a amabilidade na voz ia muito além daquela que lhe haviam ensinado a usar com os clientes da companhia. Ela tinha o tom da sinceridade embutida em cada palavra.
- Sim, estou! Grato. – respondi. Controle-se, Kurt, você está dando bandeira, pensei com meus botões.
Não fazia nem um mês que minha mãe havia falecido quando meus tios, os dois irmãos dela, vieram me comunicar a decisão da família, o que significava a inclusão de minha avó.
- Você vai completar dezoito anos daqui a algumas semanas, o que quer dizer que você é maior de idade. No entanto, concluímos que você é jovem demais para cuidar de sua própria vida e, principalmente, dos negócios. Por isso, resolvemos entrar em contato com o seu pai e, em conjunto, decidimos que seria melhor você ir morar com ele, até que seja um adulto capaz de enfrentar os desafios da vida por sua própria conta. – disse meu tio, durante um almoço que tinha sido arranjado exclusivamente para me fazer essa comunicação.
- Mas ele é praticamente um estranho para mim! A última vez que o vi eu tinha quanto, uns cinco anos, é isso? – retruquei, surpreso por estarem decidindo meu futuro sem ouvir a minha opinião.
- É seu pai! Está certo que vocês não se veem há algum tempo, mas isso não significa que ele também não esteja preocupado com o seu futuro! – exclamou o outro tio. Os argumentos para me convencer já tinham sido estudados e ensaiados à exaustão.
- Além disso, ele não mora no Brasil e tem outra família. – aleguei. – Como é que eu vou me encaixar na vida de pessoas que nem conheço?
- Na sua idade isso não é problema. Vocês jovens têm o poder de fazer amizade facilmente. Você vai ver que eles vão te receber muito bem. Você não deixa de ser um membro da família só por que viveu distante todos esses anos. – sentenciou minha avó que, indiscutivelmente, tinha sido orientada pelos meus tios a reforçar suas afirmações.
- Eu não sei não. Preciso pensar a respeito. Depois, estou às vésperas de ingressar numa faculdade. Uma mudança dessa envergadura ia atrasar minha vida. – mencionei.
- Não há o que pensar! Todas as providências para a sua mudança já foram tomadas, junto com seu pai. Você embarca para os Estados Unidos dentro de algumas semanas. Eles já esperam por você. – afirmou meu tio.
- Como assim? Ninguém me perguntou nada. Como podem tomar providências sem me avisar? E a nossa casa, quem vai cuidar dela? – eu estava entrando em pânico.
- Isso também já foi resolvido. Uma imobiliária vai se encarregar da venda e, o valor auferido, vai ser convertido em cotas de participação nas empresas da família em seu nome. O seu patrimônio está seguro, não se preocupe. Quando for mais velho poderá usá-lo como melhor achar. Mas, por hora, achamos que seria melhor dessa forma. – meus tios se revezavam na exposição lenta e cruel das piores notícias que eu já tinha recebido, após a morte da minha mãe.
- Vocês não tinham o direito de fazer isso sem me consultar! As empresas foram construídas pela mamãe com a parte da herança que o vovô deixou para ela. Vocês só passaram a fazer parte das empresas como funcionários depois que dilapidaram suas partes da herança. E, mais recentemente, como cotistas, quando resolveram espoliar a vovó, que nada entende de negócios. Quem construiu todo esse patrimônio que me pertence foi minha mãe, e eu não pretendo abrir mão dele em favor de nenhum de vocês. – eu estava tão revoltado que decidi jogar na cara deles a realidade nua e crua, como minha mãe certamente teria feito.
- Mocinho, maneire sua linguagem! Você mal saiu dos cueiros e não sabe nada da vida. É certo que sua mãe construiu esse patrimônio, mas nós a ajudamos muito depois que seu pai e ela se separaram. – defendeu-se meu tio.
- Isso é mentira! Mamãe herdou parte dos bens do vovô depois da separação do meu pai. Transformou aquela grana em tudo que está aí hoje. Ela os acolheu por um ato de generosidade, e por pena da situação financeira de vocês. Nenhum único clip que esteja dentro das empresas foi conquistado com alguma colaboração de vocês. Tudo é mérito exclusivo dela. E agora, vocês estão como urubus em cima da carniça. Eu não vou permitir que isso aconteça! – aquela energia que eu sempre tinha visto na postura da minha mãe estava brotando em mim com a mesma intensidade.
- Não diga bobagens! Você é um fedelho mimado que sempre viveu no bem bom. Não sabe nem cuidar de si, quanto mais das empresas. Vá virar homem, e depois, venha conversar conosco. – meu tio socou a mesa e seu rosto explodia de cólera.
- Você só pode se considerar emancipado quando fizer vinte e um anos! Pelos estatutos das empresas, você só terá direito a assumir o controle quando completar vinte e cinco. Portanto, até lá você está sob a tutela do seu pai. A discussão acaba aqui! – sentenciou meu outro tio, que queria parecer mais controlado, mas estava igualmente fora de si.
- Quanto vocês ofereceram ao meu pai para me acolher? Sim, pois isso só pode estar acontecendo por que ele está envolvido nessa falcatrua, nesse negócio sujo que vocês estão armando. – eu não tinha mais papas na língua. – Vou processar vocês e exigir que deixem imediatamente os negócios. Certamente tenho como comprar as míseras cotas a que vocês têm direito e tirá-los completamente de lá! – as longas conversas que sempre tive com a minha mãe, quando viajávamos em férias, ou quando eu simplesmente me deitava em seu colo diante da televisão ligada, me permitiam fazer essas afirmações sem nenhum blefe. Ela, sem que eu soubesse naqueles momentos, estava me preparando para assumir o controle de tudo que ela tinha construído. Isso estava mais claro e transparente para mim agora.
- Não me faça perder a paciência com você! Me respeite ou enfio a mão nessa sua cara atrevida! – ameaçou um dos meus tios, o que já tinha esmurrado a mesa. – Por quem você nos toma? Do jeito que você fala parece que somos bandidos! Eu não vou me deixar insultar! – emendou.
- Quem faltou com respeito aqui foram vocês! Não podiam ter armado isso nas minhas costas! – afirmei.
- Meus filhos, se vocês continuarem a agir dessa maneira, como pretendem trabalhar juntos? É preciso que vocês se acalmem e sejam razoáveis. Faça isso pela vovó, querido, fique com seu pai até estar apto a assumir o que é seu. – argumentou minha avó, vendo que a coisa tinha fugido do controle.
- Até lá não terá restado um centavo vovó! Você não enxerga isso? Eles gastaram tudo que herdaram do vovô. O que eles têm hoje foi o que você antecipou dividindo sua parte e o que a mamãe salvou para eles. – respondi, fazendo com que ela começasse a chorar.
A consulta aos advogados que cuidavam dos negócios nas empresas foi o golpe de misericórdia nas minhas intenções. Eles me disseram que eu não podia fazer nada no momento, mas que eles, por sua vez, também estavam de mãos e pés atados, pois minha mãe tinha incluído condições tanto no estatuto das empresas quanto em seu testamento, que os impedia de tirar um centavo que fosse do que me cabia. Isso não me tranquilizou. Lembrei-me do que um colega do colégio tinha me contado a respeito da herança que o avô tinha deixado para seu pai e de como os familiares conseguiram se apropriar de boa parte da fortuna. Meus tios não me inspiravam a menor confiança e, eu sabia que, o caráter deles era mais do que suspeito.
Logo após o sepultamento, minha avó tinha vindo morar comigo. Foi ela e o motorista que me levaram até o aeroporto. Nenhum dos meus tios, suas esposas ou qualquer um dos meus primos veio se despedir. Deviam estar comemorando minha partida. Estavam livres de mim.
O avião percorreu a pista encharcada do aeroporto O’Hare sob forte chuva quando pousou em Chicago. Consultei o relógio e vi que teria pouco mais de meia hora para pegar minha conexão até Fort Wayne, em Indiana, onde meu pai residia. Expressei minha apreensão com a perda da conexão ao comissário que tinha me abordado durante o início do voo. Ele se apressou a me desembarcar e emitiu uma solicitação para que me levassem o mais breve possível até a área de embarque do outro voo. Era um rapagão bonito, certamente alguns anos mais velho do que eu, mas seu interesse por mim ficou evidente desde o sorriso de ‘welcome’ quando passei por ele e, por outra comissária, na porta do avião. Num carrinho motorizado, que cruzou os saguões do aeroporto a toda velocidade, fui levado até o portão de embarque da conexão. Só voltei a pensar nele quando já estava sentado na poltrona, e a aeronave começava a taxear a pista. Lá fora a chuva continuava caindo impiedosamente, encobrindo a visão da torre de controle do aeroporto atrás de uma densa cortina d’água. Ele tinha alguns traços que me fizeram lembrar o Murilo, um colega do colégio com o qual perdi minha virgindade há pouco mais de um ano. Poucos meses depois de iniciar meu namoro, água com açúcar, com a Marcela. Os ombros largos e a barba de um ou dois dias por fazer, e que lhe davam uma aparência mais madura e máscula eram exatamente as mesmas. A voz grave e pausada também lembrava muito o Murilo, acho que foi por isso que logo me acalmei depois que ele me perguntou se eu estava me sentindo bem. Era o mesmo timbre que o Murilo tinha quando rosnava em meu ouvido que ele tinha gostado muito do que tínhamos acabado de fazer, muitas vezes, com a pica ainda encravada no meu cuzinho. Esses eram momentos tão prazerosos e felizes para mim que tinham a capacidade de afastar qualquer problema. Talvez por isso tenha me lembrado dele agora, quando parecia que eu estava prestes a enfrentar os maiores problemas que já tivera na vida.
Subitamente, me dei conta de que o Murilo e a Marcela começavam a fazer parte do que em breve seria um passado. Desta vez consegui reter a lágrima antes que alguém visse. O aperto que eu sentia no peito ao deixar para trás tantas pessoas e recordações, estava doendo mais do que eu tinha imaginado. Passei a quase uma hora de voo tendo flashbacks da minha vida e, constatei feliz, que em sua grande maioria eles eram de momentos felizes. Só os últimos é que tinham me feito conhecer a dor e a tristeza de forma mais intensa. Quando o chiado dos pneus tocando a pista me fez olhar pela janela do avião, os edifícios baixos que compunham o acanhado aeroporto de Allen County estavam sendo iluminados por um sol amarelado e fraco. O saguão de desembarque tinha pouco movimento, talvez por ser um domingo, e foi fácil resgatar minhas bagagens na esteira. Ao chegar ao saguão principal, de onde pendia uma réplica do primeiro avião pilotado pelos irmãos Wright, tive dúvida de que alguém estivesse esperando por mim.
Um casal, ambos por volta dos quarenta e poucos anos, começou a me observar detidamente e a acompanhar meu movimento pelo saguão quase vazio. Eu tinha recusado o jantar e o lanche servidos no voo que deixou São Paulo, e no curtíssimo voo de Chicago a Fort Wayne foram distribuídos apenas alguns snacks, pelos quais não me interessei, e agora estava com fome. Estava a caminho de uma coffee shop em cuja vitrine havia alguns lanches e salgados quando o casal me abordou.
- Você é o Kurt? – perguntou o homem, num português sofrível, e sem emoção alguma. Era meu pai.
- Yes! Arrie? – respondi.
- Eu esperava um garoto e me chega um rapagão como você! – exclamou em inglês, desta vez colocando um sorriso nos lábios.
- Arrie, ask him first if he speaks English. – censurou a mulher, dirigindo-se ao marido.
- Certainly, yes! – respondi, antes de ele se certificar de que eu os compreendia. Ela se mostrou surpresa e também esboçou um sorriso.
- Está com fome? Podemos passar num restaurante a caminho de casa, certamente haverá algo melhor do que aqui. – perguntou meu pai. Minha mente tinha guardado poucas imagens dele, e estava difícil de associá-las ao homem que estava diante de mim. Não fossem as evidências, eu não saberia que se tratava do meu pai.
Também estava difícil de assimilar a ideia de que agora eu tinha um pai, uma vez que cresci sem ter uma referência paterna. Sempre tínhamos sido só minha mãe e eu. E, o homem que estava diante de mim, também não tinha o perfil, do que eu imaginava e conheci, através dos pais dos meus amigos, de um pai. Era um completo estranho. Foi aí que percebi o quão complicado ia ser viver com aquelas pessoas. Nada nos unia além de um espermatozoide deixado, dezoito anos e nove meses atrás, na vagina da minha mãe, e um nome no meu registro de nascimento. Tive vontade de entrar no primeiro avião e voltar. Mas, voltar para onde, se tudo havia acabado? Tomei a firme resolução de engolir aquele nó que subia pela minha garganta e acompanhar aquelas pessoas para onde quer que fosse.
Falei pouco enquanto comia uma espécie de picadinho de carne de porco com vegetais grelhados, numa das poucas mesas ainda ocupadas no Tolon. Ia, basicamente, respondendo as perguntas que eles me faziam. Aos poucos os assuntos foram acabando e eu me dei por feliz por estar terminando meu prato. Podíamos sair dali e acabar com aquele embaraço.
Meia hora depois meu pai estacionava diante dos portões da garagem, que ficava nos fundos de uma ampla e boa casa assobradada, implantada na parte mais elevada de um terreno de aproximadamente quatro mil metros quadrados no bairro de Inverness Hills. Eles me mostraram a casa, depois de tirarmos minha bagagem do carro e a deixarmos na subida da escada. Arrie, meu pai, é o CEO numa empresa de informática e sua esposa, Maggie, é arquiteta e trabalha em casa, num escritório confortável que ocupa boa parte do porão da casa. Maggie conheceu meu pai depois que ele retornou aos Estados Unidos, após se divorciar da minha mãe. Ela também vinha de um casamento desfeito, do qual teve um filho, Deklan, atualmente com vinte e três anos. Meu pai e ela tiveram mais uma filha, Jodie, minha meia irmã, que havia completado quinze anos uma semana antes da minha chegada. Nenhum deles estava em casa, e a Maggie se confundiu um pouco para explicar suas ausências. Eu olhava a minha volta tentando encontrar uma referência qualquer que me fizesse ver aquilo tudo como um lar e uma família da qual eu também fizesse parte, mas não encontrei nada. Estava numa casa estranha, confortável sem dúvida, e com pessoas que não conhecia. Não me senti tão deslocado nem quando fiz um intercâmbio, três anos antes, com uma família francesa.
- Posso ir até o meu quarto? Eu gostaria de desfazer minhas malas e tomar um banho. – perguntei, depois que começaram a se formar silêncios incômodos na nossa conversa.
- É claro, Kurt! Vou acompanha-lo e ver se você precisa de mais alguma coisa. – respondeu a Maggie, subindo comigo até o quarto que haviam me designado.
O quarto era espaçoso, tinha seu próprio banheiro, e uma janela grande que dava para uma das laterais da casa. Dela avistavam-se três choupos enfileirados na divisa com o terreno da casa vizinha, cujas folhas amareladas nos avisavam que o inverno estava se aproximando. Reparei que tudo era novo, desde a mobília até a roupa de cama e toalhas, sinal de que tiveram tempo para preparar minha recepção. As caras de pau dos meus tios me vieram à mente, e eu não duvidei de que eles contataram meu pai mal minha mãe tinha sido sepultada. Senti raiva deles, e me perguntei até onde meu pai estava envolvido nessa história. Ele tinha um bom padrão de vida, mas estava longe de poder se equiparar com os bens que minha mãe havia auferido ao longo de sua carreira como empresária. Teria aceitado alguma contrapartida para receber um filho que deixou para trás aos cinco anos de vida? Eu não queria acreditar nisso. Minha mãe sempre me contou que ele não era uma pessoa ruim, que eles apenas não deram certo no casamento, e tinham decidido levar suas vidas adiante. Ele como é americano, voltou aos Estados Unidos alguns meses depois da separação. A última notícia que ela teve dele foi à de que tinha se casado novamente. Minha mãe sempre atribuiu a falta de contato à nova família que ele tinha construído por aqui. E, não questionou suas razões por não me procurar.
Assim que a Maggie me deixou, tranquei a porta do quarto e comecei a desfazer minhas malas. Entrei no chuveiro e depois me atirei sobre a cama dupla e mais macia do que a minha em São Paulo, apenas com a toalha presa na cintura. A tarde foi caindo, e cada vez menos claridade entrava pela janela, minhas pálpebras pareciam aquelas portas metálicas de enrolar, e começaram a descer diante dos meus olhos mais pesadas do que chumbo.
Acordei com as batidas na porta num quarto mergulhado na escuridão. Por instantes não sabia onde estava e saí tateando até encontrar o interruptor das luzes, perdi a toalha no caminho e quase abri a porta, nu em pelo.
- Kurt? Está tudo bem? Você quer descer para o jantar? Estamos te esperando! – a voz era do meu pai.
- Sim, tudo bem. Tirei um cochilo e já vou me vestir e descer. – respondi, sem destrancar a porta.
Encontrei-os sentados em frente ao balcão da cozinha, onde a Maggie havia disposto uma refeição informal, mas de um colorido apetitoso. Jantei com eles e depois fomos nos acomodar numa saleta onde crepitava o fogo acolhedor de uma lareira, só então percebi que estava com a pele toda arrepiada de frio. Embora fossem mais de dez e meia da noite, continuávamos apenas nós três tentando encontrar assuntos para um bate-papo. Do Deklan e da Jodie nem sinal, fiquei imaginando onde teriam ido se esconder para fugir do estranho que vinha perturbar suas vidas. Voltei a subir para o meu quarto pouco depois das onze da noite, quando já tinha desistido de esperar.
O sol ia se levantando devagar, uma parte de seus raios passava entre os três choupos e vinha iluminar a janela do meu quarto. Achei que fosse cedo, mas ao pegar o celular vi que passava das nove horas. Tinha dormido bastante e estava com a disposição renovada. Fiquei um pouco constrangido por descer tão tarde, não queria atrapalhar a rotina da casa mais do que a simples presença da minha pessoa já estava fazendo. Ouvi vozes vindas da cozinha enquanto descia as escadas, mas nenhuma delas era do meu pai ou da Maggie, embora fosse uma masculina e outra feminina.
- Good morning! – cumprimentei, interrompendo um bate-boca entre o Deklan e a Jodie, enquanto disputavam o restante do suco de laranja que estava numa jarra nas mãos da Jodie de onde o Deklan tentava arrancá-la.
- Hi! – respondeu a Jodie, no mesmo instante em que perdia a jarra para o Deklan. Ele não respondeu.
- Desculpem, dormi demais! – disse, não sabendo se continuava ali ou se os deixava continuar a discussão.
- Você é o filho do papai, não é? Como é mesmo o seu nome? – perguntou a Jodie, abrindo um sorriso na minha direção.
- Sim. É Kurt. – respondi, incomodado por estar ali em meio a uma cena tão familiar, mas que nada tinha haver comigo.
- Parece um nome alemão e não brasileiro. É de lá que você é, do Brasil, não é? – inquiriu curiosa.
- Sim, o nome é de origem alemã por que minha mãe era alemã. Eu nasci no Brasil, mas também tenho cidadania alemã. – esclareci.
- E agora você vai ter cidadania americana também? Que barato! Um cidadão do mundo. Nunca conheci ninguém com tantas nacionalidades. – disse ela brincando.
- Não sei. Ainda não falei com o Arrie a respeito disso. – respondi.
- Por que você chama o papai de Arrie? Você não quer que ele seja seu pai? – de repente ela assumiu uma cara séria.
- Não! Não é isso, eu ainda não me acostumei, só isso. – pensei comigo mesmo, como vou chamar de pai um sujeito que praticamente acabei de conhecer a poucas horas?
- Pare de falar sua matraca! Você está enchendo ele de perguntas, parece uma delegada de polícia! – sentenciou o Deklan.
- Fica quieto você! Não vê que estamos conversando, seu babaca! – revidou a Jodie.
- Você quer dizer que você está conversando, ele só está respondendo seu interrogatório. – retrucou o Deklan.
- Não liga para ele! É o cara mais chato que existe. – afirmou ela, voltando a sorrir para mim. – Você não vai se sentar e tomar café? – emendou.
- Sim, claro! – só então percebi que ainda estava na porta e nem tinha me aproximado deles.
- A mamãe foi visitar uma de suas obras, mas disse que é para você pegar o que quiser. Ela deve voltar na hora do almoço. – disse minha irmã. Era engraçado pensar que agora eu tinha irmãos. Sempre me incomodou ser filho único. Depois de assistir a briga deles por algo tão fútil, comecei a pensar que talvez não fosse tão ruim assim não ter irmãos.
- Ah! OK! – respondi. Ao olhar sobre o balcão onde eles faziam a refeição, percebi que não havia nada do que eu costumava comer no café da manhã. Fora a jarra de suco que agora estava vazia, havia uma caixa de cereais e duas embalagens vazias de iogurte.
- Você já perdeu uma aula! Não pense que vou levar você para escola. Trate de se virar! – repreendeu o Deklan.
- E você também está atrasado, de novo! Deixa o papai saber disso! Ele vai acabar tirando o carro de você. – revidou ela.
- Ele só vai saber se você der com a língua nos dentes! E se você fizer isso, já sabe o que te acontece. – ameaçou.
- Vá se ferrar! – retrucou ela, pegando uma mochila e indo em direção à porta. – Tchau Kurt! Depois a gente se fala. – acrescentou, batendo a porta.
- Essa garota é um saco! – rosnou o Deklan.
Fui até a geladeira e não encontrei nenhuma fruta, nem leite. Fiquei inibido em vasculhar os armários a procura de alguma coisa para comer. Acabei pegando o último iogurte na porta da geladeira.
- Posso pegar? É o último! – perguntei. Ele sacudiu os ombros como se isso pouco lhe importasse. Pegou a outra mochila que estava sobre uma cadeira e as chaves de um carro, saiu pela mesma porta que a Jodie, e logo escutei o ronco de um motor na garagem. Quando ele entrou na rua os pneus chiaram deixando um rastro azul acinzentado para trás.
O telefone tocou pouco depois do meio-dia. Era a Maggie avisando que não chegaria para o almoço, mas que eu pegasse alguma coisa no freezer e colocasse no micro-ondas. Ela estaria de volta assim que pudesse. Eu estava com fome e me lembrei de uma lanchonete que tinha visto ontem quando voltávamos do aeroporto. Certifiquei-me de que a casa estava trancada e saí pela mesma porta que a Jodie e o Deklan. Ela dava para a garagem, onde encontrei uma bicicleta atirada a um canto. Fui com ela até o Steak & Shake, que na verdade, era mais um lugar onde serviam fast-food. Almocei por lá, sem nenhuma pressa, curtia as pessoas que iam entrando e seu jeito. Embora eu já tivesse vindo aos Estados Unidos algumas vezes em férias com a minha mãe, eu precisava me ambientar. Então nada mais acertado do que seguir o ditado – When in Rome, do as the Romans do.
Antes de voltar para casa, dei umas voltas pelas ruas do bairro que, apesar de ser essencialmente residencial, tinha uma porção de lojinhas, cafés, um salão de boliche, shoppings e tudo que se precisasse. Ao passar diante da rampa de acesso à garagem da casa vizinha, quase fui atropelado por um Nissan Altima prata que desceu a rampa numa velocidade incrível cruzando a calçada como um foguete. Perdi o equilíbrio e acabei caindo. Um cara, talvez um pouco mais velho do que eu desceu do carro e veio me amparar. O garotão usava uma bermuda de onde emergiam duas pernas peludas e tão grossas como o tronco de uma árvore, uma camiseta agarrada aos bíceps e óculos escuros. A camiseta parecia daquelas que os times de esporte usam, mas eu não consegui identificar o esporte.
- Você se machucou? – perguntou afoito.
- A coxa e o cotovelo. – balbuciei, constatando que a coxa estava esfolada e sangrando e o cotovelo também.
- Me desculpe! – gaguejou o sujeito, tirando os óculos.
- Você é louco? Como pode entrar numa rua com essa velocidade, ainda mais cruzando a calçada? Parece que vai tirar o pai da força! – despejei enfezado.
- Tem razão, me desculpe! – voltou a dizer.
- Em vez de ficar aí feito um debilóide, vê se me ajuda a levantar! Estou todo ralado. Que saco!
- Ahã! Claro, vamos lá. Será que quebrou alguma coisa? – a fisionomia dele tomou ares de preocupação.
- Deixa de ser exagerado! Você não me atingiu com o carro, caso contrário estaria morto há essas horas, eu desviei tão rápido que perdi o equilíbrio. – retruquei.
Nisso uma mulher saiu da casa e veio correndo em nossa direção. Antes de abrir a boca ela deu um tapa nas costas do garotão, coisa que eu duvido que ele sentiu.
- Nós já não te avisamos que não é para descer essa rampa nessa velocidade? Só podia dar nisso! Anda, tira esse carro atravessado da rua! E vem me ajudar a leva-lo para dentro. – disse ela.
- Obrigado, não será preciso. Só esfolei um pouco. – agradeci.
- Nada disso! Nem pense em discutir comigo! Vamos limpar isso aí e ver o tamanho do estrago. – anunciou.
Depois de removido o sangue, pude ver que a coxa estava bastante esfolada e ardia feito brasa. A senhora era a mãe do garotão que descobri chamar-se Reuben, de tanto ela ralhar com ele por conta do acontecido. Ela não sabia o que fazer para se desculpar. Não me deixava ir embora, insistindo que eu esperasse até o final da tarde quando o marido que era médico voltava para casa. Depois, aventou a possibilidade de ligar para ele e me levar até o hospital onde ele trabalhava. Eu ia recusando cada uma das elucubrações dela.
- É só um ferimento superficial, não precisa se preocupar. – assegurei, o que a foi acalmando. Ela foi preparar um café na cozinha e deste não consegui me livrar.
- Você vai acabar perdendo seu compromisso! – exclamei para o Reuben, assim que ficamos a sós.
- Era só um treino entre amigos, não tem importância. – respondeu.
- Treino do que? – perguntei curioso.
- Rugby! Você gosta? – respondeu.
- Ah! Já vi pela TV, mas não conheço as regras e nem sei bem como funciona. – dava para entender de onde vinham tantos músculos e daquele tamanho.
- Vi quando você saiu da casa dos vizinhos, você mora lá? Nunca tinha te visto antes. – quis saber.
- Cheguei ontem. Acho que vou morar uns tempos por aqui. – respondi.
- Por quê? Você não é daqui? – inquiriu curioso.
Eu não queria entrar em detalhes, muito menos falar sobre ser um filho que tinha vindo morar com o pai depois de muitos anos. A mulher voltou com biscoitos e um canecão de chocolate, e não parou de me vigiar enquanto eu não terminei de engolir tudo aquilo. Aí começou o interrogatório por parte dela. Eu já estava me acostumando a esses interrogatórios e, sabia que ainda teria que passar por uma infinidade deles. Porém, também descobri que eles tinham se mudado do Canadá a cerca de um ano por conta do trabalho do médico e que não conheciam seus vizinhos, nunca tinham se falado. A partir daí, minha cautela ao responder as perguntas se redobrou. Pensei até que pudesse ter havido alguma rusga entre eles e eu acabava de me meter num vespeiro. Saí de lá já estava escuro, o marido tinha regressado e fez questão de me examinar. Vendo que se tratava de algo superficial me fez uma porção de recomendações quanto à limpeza das feridas e, me assegurou que em alguns dias eu estaria novinho em folha.
- Meu Deus, o que é isso na sua perna ... e o cotovelo, onde foi que você se machucou tanto? Parece que foi atropelado! – desesperou-se a Maggie quando me viu entrando pela cozinha. – Arrie! Venha cá, correndo!
- E fui! Mas não foi nada sério. – afirmei.
- O que foi isso? Por onde você andou? Estávamos te procurando!– perguntou meu pai, assim que ele e a Jodie chegaram à cozinha.
- Saí para almoçar e na volta caí da bicicleta! Eu estava na casa dos vizinhos aí do lado. Foram eles que fizeram os curativos. – esclareci.
- Nessa casa aqui do lado? Você foi lá? Você encontrou o carinha que mora lá? – quis saber a Jodie, numa agonia só.
- Não fique enchendo o saco dele, Jodie! Você não vê que ele está todo machucado? – recriminou a Maggie.
- Sim, foi ele quem quase me atropelou ao sair da garagem. – respondi.
- Por isso que eu falo para o Deklan, um dia acontece uma coisa dessas com ele também, pois desce essa rampa feito um raio. – afirmou meu pai.
Fiquei dando explicações até não querer mais. Tive que explicar porque não esquentei a comida congelada, conforme a Maggie tinha dito, o que gerou uma polêmica entre eles quanto a não fazer comida em casa. Receei estar começando a fazer aflorar uma porção de conflitos latentes que havia entre eles. Quando consegui ir para o meu quarto dei de cara com o Deklan no corredor de cima.
- Pelo visto você já está aprontando! – exclamou, ao me examinar de cima abaixo.
- Foi um acidente! – elucidei. O que dava a esse cara o direito de achar que eu era tão inconsequente quanto ele?
A conversa do jantar tratou apenas do meu acidente. Uma ou outra vez a Jodie me perguntava alguma coisa sobre o garoto do vizinho, e logo percebi que ela estava interessada nele. Fui para o quarto cedo, logo após o término do jantar, e não demorei a ouvir alguém batendo na porta. Era a Jodie. Ela queria que eu lhe contasse tudo a respeito do vizinho. Contei a ela o pouco que sabia, na verdade nada mais que o primeiro nome e o esporte que ele praticava. Mesmo com essa informação minguada ela se atirou nos meus braços e me deu uma porção de beijos.
- Você é o melhor irmão do mundo! – exclamou, antes de me deixar.
No dia seguinte a Maggie fez questão de ir ao supermercado e me levar com ela. Queria que eu escolhesse os itens de que gostava, apesar de eu insistir que não era necessário. Por fim, acabei comprando algumas verduras, frutas e outras coisas que possibilitassem preparar refeições frescas. Assegurei a ela que eu mesmo as faria, temendo empurrar um trabalho nas costas dela que, sabidamente, ela não gostava de fazer. Quando estávamos chegando em casa a vizinha veio ao nosso encontro. Perguntou se eu estava melhor, se sentia dores, e se desculpou mais um milhão de vezes pela atitude do filho.
- Maggie, esta é Mrs. Thompson! – disse, apresentando-as. – Foi ela e o senhor Thompson que me acudiram ontem.
- Olá! Lamento muito o que aconteceu ao seu filho, mas já estamos dando uma lição no meu filho pela irresponsabilidade. – disse a senhora Thompson, afiliando-me erroneamente à Maggie.
- Oi! O Kurt é meu enteado. Levamos um susto quando ele apareceu neste estado em casa. – esclareceu a Maggie.
- Meu marido quer examiná-lo novamente, para termos a certeza de que está tudo bem. Venha jantar conosco Kurt. Será um prazer tê-lo conosco.
- Não é preciso, eu estou ótimo. Agradeço a gentileza. – respondi.
- Se você não aparecer ele, com certeza, virá até aqui. Portanto, acho melhor estar lá. Jantamos as sete. Até mais tarde! – afirmou ela, não me dando chance de uma nova desculpa.
As sete em ponto eu apertei o botão da campainha diante da enorme porta de madeira ornada com incrustações de bronze, imediatamente soaram os acordes de Pour Elise de Beethoven do lado de dentro e, instantes depois, o Reuben estava abrindo a porta para mim.
- Nossa! Ficaram feios os seus machucados. Até parece que você andou disputando uma partida de rugby. Embora eu nunca tenha ficado nessas condições! – exclamou ele, tentando ser amistoso.
- Engraçadinho! Tudo culpa sua! – exclamei, sem mágoa, pois já tinha me conformado com o acidente.
- Eu sei, cara! Juro que estou arrependido! Você pelo visto não vai me perdoar nunca, não é? – questionou, frustrado por eu ainda me mostrar zangado com o ocorrido.
- Vamos esquecer isso de uma vez! Não quero ficar mais um jantar inteiro falando sobre uma simples queda de bicicleta. – disse, enquanto o pai dele vinha se juntar a nós.
- Entre, entre, Kurt! Está uma beleza isso aí, mas é assim mesmo, dois ou três dias depois é que surgem estes hematomas. – esclareceu, simpático.
Eu achava que esse compromisso ia ser uma tremenda maçada, mas tive uma noite ótima. Os Thompson eram extremamente gentis e carismáticos, nem senti as horas passarem. Me despedi deles com a promessa de avaliar o convite de passar o feriado de Ação de Graças em Québec, onde moravam os parentes que tinham deixado quando se mudaram para os Estados Unidos. A proposta surgiu depois que ficaram sabendo que eu falava francês, e que nunca tinha estado no Canadá. O Reuben desfez a primeira, e péssima, impressão que tive dele. Nessas poucas horas, eu soube que seríamos amigos. Ele era engraçado, falante, fazia piada de tudo, tirava uma com a minha cara por eu ser tão tímido, adorava uma sacanagem e, sem o menor constrangimento, disse que eu era gostoso demais para ser um homem.
- Se você fosse uma mulher com um corpão tão gostoso quanto o seu eu já tinha te dado uns amassos. – garantiu. Nem minhas contestações o impediram de manipular desavergonhadamente a enorme jeba alojada na bermuda. Depois dessas gracinhas dele, tive dificuldade de me concentrar noutra coisa que não fosse aquele volume sensual. Ele percebeu que eu não tinha ficado indiferente ao seu membro.
- Não conhecemos muito bem estes vizinhos, você fazer uma viagem destas com estranhos não me agrada muito. – afirmou meu pai, quando contei que tinham me convidado.
- Eles são pessoas bem legais! Seria uma oportunidade de eu conhecer um lugar novo. – argumentei. Não queria viajar sem o consentimento dele, embora a alegação dele de eu estar com estranhos, para mim soou como uma piada, pois ele e sua família estavam nas mesmas condições.
- Vou pensar a respeito. Ainda temos algumas semanas até lá. – sentenciou meu pai, como que querendo dar por encerrado aquele assunto.
Assim que o Reuben voltava da faculdade, ele me ligava no celular e inventava alguma coisa para fazermos. Tinha me garantido que ia me mostrar Fort Wayne de ponta a ponta, e me levar aos lugares que mais gostava. Em poucos dias eu e ele já tirávamos o sarro um do outro como se nos conhecêssemos desde a muito.
Voltei a falar da viagem para Québec no dia anterior ao que o senhor Thompson me avisara que ia comprar as passagens de avião. Percebi que meu pai cedeu mais pela dificuldade de me negar alguma coisa do que propriamente por concordar com aquela viagem.
- Eles me ofereceram as passagens. Também não terei que pagar pela hospedagem. E, o restante posso bancar com o meu dinheiro, o senhor não terá que custear nada. – afirmei.
- Não é isso! Como eu já disse, não temos intimidade com essas pessoas. – argumentou.
- Pois procurem conhecê-los! Garanto que são pessoas ótimas! Podem se tornar amigos. – afirmei.
- Aqui não é o Brasil, onde logo se faz um oba-oba com qualquer desconhecido. As pessoas são mais reservadas e menos vulgares. – disse ele.
- Eu sei! Mas eu não estou agindo vulgarmente só por que comecei uma amizade com o filho deles. Mamãe sempre foi muito seletiva em suas amizades e, foi isso que ela me ensinou. – respondi. Pensei comigo mesmo, você está longe de ser tão refinado quanto minha mãe, é só olhar para a família que construiu.
- Há mais uma coisa que quero conversar com você! – continuou ele. – Você vai viver dentro das nossas disponibilidades. Eu tenho uma situação financeira bastante confortável e que pode proporcionar tudo o que você necessita. Você não precisa bancar nada aqui dentro de casa, nem mesmo os seus gastos. A partir desta semana, vou depositar numa conta que abri em seu nome, uma quantia que é suficiente para as suas despesas. É assim que funcionam as coisas por aqui! – elucidou.
- Se você quer assim! Quando vim para cá meus tios já tinham arranjado de me mandar uma mesada, a que tenho direito por ser o legítimo dono de tudo em que eles estão enfiados. Eu garanto que é mais do que o suficiente para cobrir meus gastos. – afirmei. Eu não queria que aquele homem tivesse despesas comigo, pois não nutria o menor afeto por ele. Tinha a impressão de que ele assumiu a minha guarda, ou por uma questão de consciência, ou porque estava sendo regiamente recompensado por isso.
- Bem, você agora sabe como as coisas funcionam aqui dentro de casa. – concluiu. Percebi que ele ficou incomodado quando mencionei que não dependia dele, e que nem pretendia fazê-lo.
Um sobrinho dos Thompson veio nos buscar no aeroporto. Era Corbin, o primo mais velho do Reuben, e eu me perguntei se aquela estirpe de homens era a regra na família. O cara rivalizava na aparência, tanto em músculos quanto na beleza com o Reuben. Eu já estava acostumado com as sacanagens do Reuben, mas quando o Corbin apertou minha mão, num cumprimento demorado e intenso, praticamente me devorando com o olhar, me lembrei da fama dos franceses como conhecidos Casanovas. Acho que o Reuben deve ter falado com o primo a meu respeito, pois suspeitei da troca de olhares entre os dois.
Os Salvage moravam numa casa em estilo provençal em Limoilou cercada por gramados e plátanos, Henry Salvage era o irmão da mãe do Reuben, um empresário do ramo da construção civil. O casal tinha apenas os dois filhos Corbin e Marcel, com vinte e dois e dezenove anos respectivamente. Marcel era um pouco menos atirado que o irmão, mas tão lindo quanto. Por isso fiquei encabulado quando a mãe deles elogiou minha aparência com especial ênfase no meu rosto que ela definiu como ‘une face d’ange’. Imediatamente fiquei mais vermelho que um pimentão e, para tripudiar ainda mais, o Reuben acrescentou ‘avec une corps svelte d’un diablotin’. Fiz uma careta quando ele fez a observação o que acabou por fazer todo mundo rir. Um dos quartos de hóspedes ficava no sótão, e foi lá que o Reuben e eu fomos ajeitados.
- Hummmm.....o melhor quarto da casa para uma boa sacanagem, isolado e com estas camas largonas. Isso está me enchendo de maus pensamentos! – disse o Reuben, rindo e passando a mão na jeba.
- Você ficou bastante saliente assim que chegou aqui! Acho que os ares de Quebec estão cheios de uma droga ilusionista. Pode dar um tempo nessas suas observações engraçadinhas a meu respeito e tratar de se comportar. Nada dessa mão boba ficar pousando em mim como acontece lá na sua casa! Não vou engolir a desculpa de que foi sem querer, ouviu taradão? – protestei.
- Eu já te falei que esse teu corpão e, especialmente, essa bundinha arrebitada me deixam louco. Que culpa eu tenho? Só estou sendo sincero e aberto com você. – respondeu, gozando da minha cara.
- Larga mão de falar besteira! É por isso que você só pensa em sacanagem! – recriminei-o, jogando um travesseiro na direção dele, que foi agarrado no ar como se ele estivesse agarrando a bola de rugby.
- Essa noite promete! – rosnou ele, segurando o travesseiro nos braços e apertando-o contra o peito, antes de começar a beijá-lo como se tivesse uma garota nos braços.
A atitude dele gerou em mim certa expectativa, pois há tempos eu sentia tesão quando ele fazia suas brincadeiras cheias de volúpia comigo. Entrei na cama me recusando a ir para dele, onde por baixo do lençol ele manipulava a jeba e ficava me chamando, embora minha curiosidade e meu desejo fossem de mergulhar com tudo no meio daquelas coxonas musculosas. O Reuben mal esperou uma hora para vir se alojar comigo. Entrou na cama, sorrateiro e cheio de cuidados, como um ladrão invadindo uma residência, pensando que eu devia estar dormindo, mas a possibilidade de ser enrabado não me deixou conciliar o sono. Como eu estava deitado de lado, não demorei a sentir uma de suas pernas passando por cima das minhas e, sua virilha se encaixar na minha bunda. Furtivo e com a mansidão de um gato, suas mãos desceram a bermuda do meu pijama expondo meus glúteos. Instantes depois, senti a rola e os pentelhos roçando a pele das nádegas. Me arrepiei todo e ele deve ter sentido isso no contato com a minha pele.
- Está dormindo? – sussurrou no meu ouvido. O que me deixou ainda mais excitado.
- Estou! – brinquei, sem oferecer nenhuma resistência à sua investida.
- Não sabia que você dorme respondendo perguntas, e todo arrepiadinho, quando encostam na tua bundinha carnuda! – ele já arfava de desejo e se esfregava em mim.
- Para você ver como eu sou habilidoso! – respondi, deixando a pica se alojar no meu rego.
- Estou louco para conhecer cada uma das suas habilidades! – exclamou, me abraçando com mais força e me trazendo para junto dele. Eu gemi aumentando seu tesão.
O braço dele entrou por baixo da minha camiseta e ele beliscou um dos meus peitinhos. Empinei a bunda contra a pelve dele me encaixando mais. Ele começou a sussurrar uma porção de sacanagens no meu ouvido e finalizou expressando o desejo de me possuir. Eu franqueei o acesso dele ao meu pescoço, acariciei o bíceps do braço que me apertava os mamilos e ronronei como um gato se espreguiçando ao sol. Foi meu jeito de dizer que era o que eu mais queria naquele momento. Ele me virou de costas e me encarou com um sorriso matreiro e lascivo. Eu passei minhas mãos ao redor do pescoço troncudo dele e o puxei para junto de mim. Toquei meus lábios nos dele, uma, duas, três vezes, provocando-o e mostrando minha disponibilidade. Ele agarrou meu rosto com as duas mãos e me beijou intensamente, mordiscava meus lábios até eu gemer de dor, enfiava a língua na minha boca e me vasculhava tomado de desejo. À medida que eu sentia seu gosto mais atiçado ficava meu cuzinho. Aos poucos ele foi lambendo e mordiscando meu queixo, meu pescoço, descendo para os mamilos onde mordeu os biquinhos enrijecidos, mastigando e chupando meus mamilos. Eu me contorcia debaixo dele, sentindo a pica cada vez mais consistente resvalando nas minhas coxas. Voltei a acariciar os bíceps de ambos os braços, deslizando meus dedos sobre aquela massa dura como uma rocha.
- Nunca estive com um cara antes. Você me enfeitiçou naquele dia em que te atropelei. Fiquei encantado com a sua coxa e essa pele lisinha e branca que você tem, embora naquele dia ela estivesse toda machucada. Você é gostoso demais! – disse ele, numa voz tranquila e carregada de emoção.
- Você também é muito gostoso! Sou apaixonado por todos esses músculos, sabia? – confessei, acariciando devotadamente seus braços.
- Quero você! Todo, todinho! – exclamou, fungando meu pescoço.
- Vou adorar ser seu! – sussurrei, no exato momento em que ele se deitava sobre as costas e me carregava junto com ele.
Sentei-me sobre as coxas dele e comecei a deslizar os dedos entre os pelos do peito. Beijava-o, a todo instante, num ponto diferente daquele tórax largo, descendo provocadoramente até sua barriga. Ele se entregava e, ao mesmo tempo, aguçava sua curiosidade para ver até onde eu iria com aqueles beijos sensuais. Meu rosto se aproximava cada vez mais da virilha e da jeba endurecida dele. Senti a ansiedade dele para que eu pegasse aquela pica e começasse a brincar com ela. Mas eu me demorava, propositalmente, só para testar seu tesão. Ele acabou pegando a rola e a batia no meu rosto, louco para eu a abocanhar. Lambi meus lábios para atiça-lo, seu olhar fixo na minha boca só esperava pelo momento dela engolir seu cacete. Ele grunhiu quando pus a chapeleta babada de pré-gozo na boca e sorvi aquele sumo. Enquanto eu explorava com a língua aquela tora de carne enrijecida, ele se contorcia e gemia. Eu mal conseguia mover a rola de tão dura, no entanto, fui lambendo e mordiscando cada centímetro dela. Lambi e chupei o sacão com a mesma sutileza, engenhosidade e mistério de uma gueixa, o que deixou o Reuben fascinado e transbordando tesão. Com apenas uma de suas bolas na boca, fiz minha língua massageá-la até ouvir seus grunhidos desesperados. Meu rosto já estava todo lambuzado com o pré-gozo dele quando ele abriu minhas nádegas e começou a lamber meu cuzinho. Assim que a ponta da língua úmida e quente dele tocou minha rosca anal eu tive vontade de soltar um gritinho de prazer. Mas tive receio que me ouvissem e mordi o travesseiro. Quando ele parava a felação, meu cuzinho continuava a piscar de desejo, e ele metia o polegar no botãozinho rosado até me ouvir gemer. Aqueles espasmos abruptos que minha rosca anal dava ao sentir o dedo dele dentro de mim iam acalorando seu desejo. Ele ficou a imaginar sua pica sendo tragada pela minha musculatura anal com o mesmo ímpeto e voracidade e, isso o fez partir para a posse. Ele me cobriu como se eu fosse uma égua, lançando seu corpanzil sobre mim. Pincelou a rola no rego até encontrar a rosquinha assanhada e forçou uma, duas, três vezes ouvindo meus gemidos amedrontados, que só faziam excitá-lo. Meu cuzinho só conheceu uma rola, a do Murilo, meu colega do colégio. Tínhamos dezesseis anos e, a pica dele, embora tivesse me proporcionado o prazer do inusitado e me desvirginado, era a pica de um adolescente. Algo muito menos ostensivo e descomunal que a jeba do Reuben, um macho adulto no vigor e na cobiça de seus vinte e um anos.
- Prometa que não vai me machucar. – supliquei.
- Não me peça o impossível, tesudinho! Minha pica está latejando e me matando de vontade. – rosnou, soltando o ar entre os dentes cerrados.
- Ai Reuben! – gani, mordendo o travesseiro com todas as minhas forças, quando a cabeçorra entrou estourando meu cu.
Apesar da dor, empinei minha bunda contra a virilha dele e fiquei esperando agoniado o segundo golpe. Mas ele demorou a vir. O Reuben esperou minha musculatura anal relaxar, antes de continuar enfiando aquela jeba em mim. E, quando o fez, em estocadas intrépidas, eu me abria para ele e gania conformado com meu fado. O prazer era tão intenso quanto a dor, ambos se revezavam nos meus sentidos, e eu vivi a plenitude aquele momento com toda a intensidade do meu ser. O vaivém da rola no meu cuzinho apertado despertou os instintos primitivos e carnais do Reuben, que passou a me foder guiado apenas por eles. Ao constatar quanto prazer eu estava lhe proporcionando, não consegui conter as lágrimas. Ele abraçou meu tronco e grunhiu no meu ouvido.
- Nunca senti algo tão maravilhoso. Tesão, tesão do caralho!
Aquilo me fez gozar, ejaculando pela pica espremida contra a toalha que estava debaixo de mim, e pelo cu que experimentou algo parecido com uma câimbra, que premia o cacete dele dentro de mim. Senti a pica dele se avolumando nas minhas entranhas, o vaivém ganhando um compasso mais lento e truncado, as estocadas socando minha próstata e o cu se enchendo de seu gozo despejado em jatos. Todo meu corpo tremia, os músculos retesados por todo o coito voltavam a relaxar, e eu me entregava de corpo e alma a essa sensação gratificante. Ele arfava sobre mim e deixava seu cacete pulsar, feito um cabrito saltitante, naquele casulo morno que o acolhia.
A partir de então nossa amizade entrou num outro status. Não chegamos a falar abertamente, mas podia-se dizer que nos tornamos namorados. Ficávamos juntos por muito mais tempo. Começamos a fazer programas juntos. Trocávamos beijos e carícias a cada encontro, sempre muito discretos, no entanto, ousados e arrebatadores. Transávamos pelo menos duas a três vezes por semana, quando pouco e, para isso não faltava imaginação de como e onde. Na falta de algum lugar sossegado, nos amávamos no banco traseiro do carro dele, geralmente num local ermo onde os sons das nossas sensações libidinosas não podiam ser ouvidos.
Estava fazendo pouco mais de um ano desde a minha chegada aos Estados Unidos. Durante esse tempo todo, eu havia ingressado na faculdade de administração, ganhei um pouco de espaço dentro da família do meu pai, apesar de ínfimo, tinha conquistado o amor da Jodie, o que sempre me servia de alento quando as coisas pegavam, e tinha transformado minha relação com o Reuben em algo verdadeiro e consistente, embora soubesse que ele continuava a caçar garotas com um empenho de dar inveja a qualquer Don Juan. Mas isso, de alguma forma, não me desgastava e nem ao relacionamento que tínhamos construído. Era um fato que ele não me omitia. Eu lidava com isso como algo inerente à personalidade dele e ao seu projeto de vida futuro. Talvez porque eu não me sentisse completamente apaixonado por ele. Eu, sem dúvida, gostava muito dele, tinha um carinho todo especial por ele, senão não teria como manter relações sexuais com ele com tamanha intensidade, intimidade e permissividade. Era bom estar em seus braços, sentir seu tesão por mim ao menor estímulo visual do meu corpo, ou a qualquer brecha que eu dava para ele perceber que eu o achava um macho muito sedutor e desejado. Contudo, eu sabia que um dia nosso relacionamento seria apenas uma lembrança de duas pessoas que se encontraram, se sentiram atraídas um pelo outro, e se entregaram ao desfrute desinteressado desse desejo. Não haveria dramas ou ressentimentos quando chegasse a hora de dizer adeus, apenas o fim de um ciclo.
Nesse tempo todo, eu não havia feito nenhum progresso em relação ao Deklan. Éramos quase tão estranhos quanto no dia em que entrei naquela casa. Não me lembro de ter trocado mais do que uma dúzia de frases com ele em nossas conversas mais longas. Eu pouco sabia de seus interesses e do que se passava em sua cabeça, quais eram suas aspirações e, o que o movia. O que eu sabia, era que ele era bastante popular na faculdade e um dos destaques do time de futebol da universidade, pois ele recebia inúmeras ligações no celular e no telefone de casa. Viviam aparecendo uns colegas com os quais ele saía nos finais de semana e só regressava na manhã do dia seguinte, quando eu o ouvia entrando em seu quarto, que ficava vis-à-vis com o meu, no extremo mais curto do corredor em L onde ficavam os quartos na parte superior da casa. Também tinha presenciado algumas festinhas que ele promoveu quando meu pai e a Maggie viajavam, regadas a muita cerveja, música nas alturas, amigos alterados, garotas desfrutáveis, e uma casa que parecia ter enfrentado um furacão quando elas terminavam ao raiar do sol. Nunca fui convidado a participar, embora muitas vezes estivesse em meu quarto.
Eram cinco os amigos dele que mais o requisitavam e apareciam com frequência em casa, todos do time de futebol, e mastodontes tão grandes e musculosos quanto ele. Pelos palavrões e pelo que saía daquelas bocas percebia-se o pouco que tinham no cérebro, mas esse era outro grande chamariz de garotas. Como o Deklan e eu estudávamos na mesma universidade, eu costuma encontra-lo nos intervalos entre as aulas, no meio de rodinhas desses amigos. Houve apenas três situações nas quais o encontrei sem a companhia desses amigos, mas acompanhado de um carinha que, se muito, era um ano mais velho do que eu. Ele era um rapaz muito bonito, chamava bastante atenção sobre si, embora não se assemelhasse em nada com o tipo físico dos demais amigos do Deklan. Ao contrário, ele tinha muitas das características do meu biótipo, era alto, esguio, tinha um rosto angelical, um olhar submisso e astuto, e uma tranquilidade que contrastava com a impetuosidade do Deklan. A primeira vez que eu os vi juntos foi numa sessão de cinema onde o Reuben tinha me levado, numa sexta-feira à noite, para assistir a um filme policial. Eles não nos viram, foi o Reuben quem chamou minha atenção para a presença do Deklan, com quem ele não simpatizava nem um pouco. Os dois haviam chegado antes do que nós e tinham se sentado umas cinco fileiras a nossa frente. Eu tinha visto o rapaz algumas vezes pelo campus da universidade, e ele me pareceu um pouco tímido e retraído, nada haver com o tipo falastrão das outras amizades do Deklan. Eu me perguntei o que eles teriam em comum, pois no cinema ambos pareciam estar se entendendo muito bem. Da segunda vez que os encontrei, o Deklan tinha voltado para casa, pois tinha deixado os documentos de sua picape sobre o aparador do hall de entrada. Quando ele regressou à picape, vi que o rapaz estava no banco do carona e, da janela do meu quarto, embora sem um ângulo de vista favorável, podia jurar que ele o beijou no rosto, antes de partirem para um fim de semana no lago Michigan. E, a terceira vez onde os encontrei, foi um acaso. Eu precisava fazer uma apresentação no dia seguinte para a disciplina de teoria da administração, para isso tínhamos que fazer uma requisição dos equipamentos de audiovisual, que um técnico se encarregava de instalar no local onde seria a apresentação. Este departamento ficava no subsolo de um dos edifícios da universidade, num corredor onde havia outros departamentos de apoio aos estudantes, e algumas salas vazias. Por toda essa ala circulavam poucas pessoas e, em alguns horários, como naquele dia em que os encontrei, pouco depois do almoço, os corredores estavam desertos. O que primeiro chamou minha atenção foi uma voz alterada, que eu logo identifiquei com sendo a do Deklan, saindo de uma sala cuja porta tinha apenas uma fresta aberta. Eu demorei um pouco para perceber que o interlocutor era o rapaz, pois não conhecia sua voz, e tive que esperar um momento no qual ele passou pelo campo visual que a fresta me permitia enxergar. O Deklan berrava com ele, chegou a proferir alguns palavrões, ouvi-o chamando o rapaz de viado rameiro, depois ouvi o choro do rapaz e ele se desculpando pelo que tinha dito. E, numa voz aflita, pedindo para ele dizer que tudo aquilo não passava de uma alucinação, que ele estava tendo um pesadelo, e que, foi aí que fiquei mais espantado, ele não estava dando um fora no Deklan, que era mentira que ele tinha se apaixonado por outro cara. Dava para sentir na voz do Deklan a dor e o desespero de ter sido substituído por outro. Eu fiquei tão estarrecido que quase fui apanhado espionando quando o rapaz deixou a sala, enxugando o rosto e com a fisionomia de quem acabara de passar por uma dura prova, mas tinha resolvido uma questão que o atormentava.
O Deklan passou uma semana sem quase falar com ninguém. Mal respondia ao que lhe perguntavam em casa, e tratou a Jodie com mais rispidez que o usual. Comigo então, foi como se eu não existisse, não que isso fosse muito diferente do que sempre foi. Mesmo assim, eu me sensibilizei com seu sofrimento. Nunca tinha visto aquele durão e aparentemente tão insensível, tão abatido e desassossegado. Eu o via com o celular na mão tentando ligar inúmeras vezes para o rapaz e, quando ele não recebia nenhum retorno, dava um soco no primeiro objeto ao seu alcance, enquanto seu rosto era a imagem da pura frustração.
Naquele sábado cheguei em casa mais cedo. Meu pai e a Maggie tinham ido a um casamento de algum sobrinho da Maggie em Indianápolis e levaram a Jodie. O Reuben, com aquele fogo instado pela testosterona ardendo dentro dele, queria comer meu cuzinho a qualquer custo. Eu ainda estava esfolado de seu destempero de dois dias atrás, quando ele me deu uma arregaçada daquelas. Quando fui entrar no meu quarto, vi que a porta do quarto do Deklan estava entreaberta. Lá de dentro vinham os acordes de I can’t tell you why do The Eagles, melancólicos e tristes como o espírito dele. Eu quis bater e perguntar se estava tudo bem e se ele precisava de alguma coisa, mas nosso passado logo me fez desistir. Antes de ele me escorraçar dali aos palavrões achei melhor não me atrever. Eu estava tirando a roupa para me deitar quando ele bateu na minha porta, pouco mais de cinco minutos depois da minha chegada.
- Posso entrar? – perguntou cerimonioso.
- Claro! Quer alguma coisa? – procurei disfarçar meu incomodo por estar só de cueca.
- Não! Só agora me dei conta que nunca entrei aqui desde que você se mudou para cá. Seu quarto ficou bem legal. – ele tentava deixar o clima mais descontraído.
- É bem confortável. Sinto-me bem aqui.
- Legal! – ele sentou na cama e ficou com o olhar perdido.
- Você queria que eu te ajudasse em alguma coisa? – reiterei, para quebrar o silêncio.
- Hã? Ah! Não, não. Você estava indo dormir, não é? Não vou te atrapalhar mais. – disse, fazendo menção de sair.
- Você não me atrapalha! Não estou com sono, só vim para casa mais cedo porque o Reuben tinha umas coisas para fazer. – menti, para não dizer que não estava em condições de ser enrabado. – Fico até feliz de você estar aqui. – acrescentei, sabendo que ele precisava desabafar.
- Eu não fui muito legal com você desde que chegou aqui, não é?
- Cada um tem seu jeito de ser. Eu vim atrapalhar todo o modo de vida de vocês, nunca esperei uma recepção muito calorosa – confessei.
- Não é isso. Você não deve se considerar um estorvo em nossas vidas. Mesmo porque o Arrie é seu pai biológico. Além disso, você vez umas mudanças bem legais por aqui. Pelo menos hoje em dia a gente come uma comida descente, e não aquelas coisas que a minha mãe esquentava no micro-ondas. Ela sempre detestou cozinhar, e se não fosse você, ainda estaríamos comendo aquelas gororobas. E ainda tem a Jodie, ela virou outra com a sua chegada, até saiu mais do meu pé! – exclamou, fazendo piada.
- Puxa! Que reconfortante saber que vim preencher a vaga de cozinheiro! – exclamei, um pouco ciente de que meu valor para eles não devia passar muito disso.
- Não! Desculpe! Não foi isso que eu quis dizer. – ele ficou sem graça, e eu o interrompi antes que ele inventasse uma justificativa.
- Foi uma brincadeira! Não me importo de preparar as refeições, até gosto. – afirmei.
Menos tensos, aos poucos, percebemos que podíamos conversar civilizadamente. O Deklan acabou se deitando na minha cama com as mãos atrás da cabeça. Olhava para o teto quando mencionei que ele estava diferente. Ele quis saber por que eu achava isso, e inventei um pretexto qualquer com o qual ele aquiesceu.
- Você gosta muito do vizinho aí do lado, não é? – disparou, sem desviar o olhar do teto.
- Somos bons amigos, eu diria. – respondi inquieto.
- E o que mais? – insistiu.
- Como assim, o que mais? – eu sabia que estávamos entrando num caminho obscuro.
- Que tipo de amizade vocês têm?
- Do tipo amigo que é amigo, ora! Existe outro tipo? – indaguei, percebendo aonde ele queria chegar com aquele interrogatório.
- Existe! – retrucou. Eu podia jurar que naquele momento ele estava pensando no rapaz de quem levou o fora. Não me atrevi a perguntar que outros tipos de amizade existem, pois sabia que ele ia me colocar em maus lençóis.
- O Reuben e eu gostamos de algumas coisas em comum e isso serve de assunto para nossas conversas. – afirmei, para levar o rumo daquela conversa em outra direção.
- Não consigo imaginar o que um cara como aquele pode ter em comum com você. Ele me parece um sujeito competitivo e ousado, enquanto você é um cara intelectualizado e sensível. – disse, me encarando pela primeira vez.
- O Reuben é um cara inteligente, divertido, gosto como ele me trata. – acrescentei.
- Ele é carinhoso com você quando vocês transam, é isso que você quer dizer. – lá estava eu, contra a parede, meu cérebro processava uma resposta numa velocidade maior que a da luz.
- Quem disse que eu transo com ele? De onde você tirou isso? – retruquei exasperado.
- Ele me contou! – revidou, me encarando.
- Como assim, ele te contou? Ele não podia ter dito uma coisa destas! – arrisquei, tentando sustentar a mentira.
- Eu fui tirar satisfações com ele. – esclareceu.
- Como tirar satisfações? Por que você fez isso? Vocês mal se conhecem, ou não? – quis saber.
- Eu não quis que você entrasse numa fria. Nós sabemos pouco a respeito desses vizinhos. E, eu quis saber qual era a dele de ficar te convidando para sair, para viajar, para dar um rolê no carro dele, e por aí vai. – confessou.
- Você não tinha o direito de fazer isso! – retruquei.
- Mas fiz! E agora sei como é a amizade de vocês. – afirmou, com toda a serenidade.
- É a mesma que você tinha com, como é mesmo o nome dele? – disparei, para tirar o foco da conversa das minhas costas.
- O que você sabe sobre isso? Você está me bisbilhotando? – ele se levantou da cama e agarrou meu braço.
- Nada! Eu escutei, por acaso, parte da conversa de vocês quando ele te disse que estava apaixonado por outro, esses dias, lá na universidade. – revelei, tentando me libertar de sua mão, que já tinha deixado uns vergões no meu braço.
- Esse assunto não é da sua conta! – grunhiu, me soltando.
- Foi você quem levou nossa conversa para esse assunto! Eu posso dizer o mesmo em relação a minha amizade com o Reuben, não é da sua conta! – exclamei, sem me intimidar com seu olhar furioso.
- Nem tente abrir sua boca para quem quer que seja sobre o que você ouviu naquele dia! – ameaçou.
- Não sei por que você está tão irritado? Até há pouco você tentava descobrir coisas sobre a minha vida, chegou mesmo a descobrir como é o meu relacionamento com o Reuben, se metendo onde não devia, e eu é que levo a culpa por descobrir algo sobre você sem ter feito nada intencionalmente para isso? Seja razoável! – argumentei.
- Não quero que descubram que eu tive uma aventura com aquele viado, só isso! – exclamou.
- Não deve ter sido apenas uma aventura! E, aquele viado, como você se refere a ele, deve ter sido importante para você, caso contrário, você não teria ficado tão bolado e triste com o fim do namoro. – afirmei.
- Não fiquei bolado e muito menos triste! Apenas me decepcionei com a atitude dele. Eu vou lá sofrer por causa de um boiola traidor? – revidou. Mas a raiva que ele externava era a prova cabal do sentimento que o unia ao rapaz.
- Claro que não! Afinal você é o super machão! Onde já se viu um machão sentir qualquer coisa por um boiola, não é? Aprenda uma coisa! Macho bom é macho que além daquilo que carrega entre as pernas sabe ser homem! E homem é aquele que tem sentimentos, que sabe dizer ao parceiro que os têm e não tem vergonha de mostra-los. Uma pica, por maior e mais saborosa que seja, não é nada sem um homem por trás dela. – argumentei.
- Você é tão experiente assim nesse assunto, a ponto de poder dar conselhos? Não imaginava que você conhecia tanto os homens! – devolveu ele, com uma expressão curiosa na face.
- Não seja ridículo! Não estou dando conselhos por que tenha muita experiência, estou só expressando aquilo que sinto. – censurei-o.
- Quantos homens você já conheceu? – quis saber. A petulância no olhar dele me irritou.
- Eu nem deveria te responder essa pergunta, por que é outra coisa que não lhe diz respeito. Mas, para você não ficar imaginando que eu seja um viado rameiro, como você chamou seu amigo naquele dia, eu te digo. Perdi minha virgindade com um colega de colégio, em meia dúzia de transas. E conheci o Reuben, que apesar de mais novo do que você, é um homem maravilhoso. É tudo que sei sobre homens! – exclamei, me arrependendo de ter sido tão aberto e sincero.
- É pouco mesmo, considerando que você é tão bonito e um tesão de gostoso! – revidou, me observando para ver qual seria minha reação diante dessa afirmação.
- Chega desse papo! Isso não vai nos levar a lugar algum. É melhor você voltar para o seu quarto e curtir sua dor de cotovelo por lá mesmo. – sugeri.
- Deixa eu ficar aqui? Você tem razão, eu estou sentindo bastante o rompimento com meu amigo. Eu gostava dele de verdade. – confessou, mais desamparado.
Sempre fui um molenga. Tudo me comove. Não foi diferente dessa vez, bastou eu ver o sofrimento estampado no olhar do Deklan e já fui fazendo concessões. Ele reassumiu a mesma posição em que estava antes de se levantar de supetão e agarrar meu braço. Também voltou a encarar o teto enquanto me contava como tinha conhecido o amigo, sem que eu tivesse perguntado. Quando passava da uma da madrugada a cadeira na qual eu estava ouvindo suas histórias, começou a ficar desconfortável. Eu me mexia a todo instante e ele percebeu.
- Deita aqui do lado. Não precisa ficar com medo só porque estou deitado em parte da sua cama. Ou você tem medo de mim? – inquiriu.
- Óbvio que não! Você é grandão, mas minha fase de ter medo de bicho papão já passou! – exclamei.
- Deixa eu te pegar de jeito e vamos ver se seu medo de bicho papão passou. – rosnou baixinho, para que eu não ouvisse.
- O que você disse?
- Nada não! – respondeu com um sorriso malicioso.
- Vai sonhando, vai! – revidei, deixando claro que tinha ouvido sua insinuação.
Eu percebi que ao mesmo tempo em que me contava sua história com o rapaz, ele ia revivendo aqueles momentos em suas lembranças. Nos trechos mais picantes, chegavam a se manifestar ereções que armavam uma tenda na bermuda de seda do pijama. Na terceira, a cabeçorra se interpôs na braguilha e emergiu arroxeada e impudica. Quase tive um troço ao ver aquilo. Inútil racionalizar e convencer meu cuzinho a parar de piscar feito um alucinado. Você é mesmo uma puta, pensei comigo. Meu cérebro enviou outra advertência para as minhas pregas, deixa de assanhamento. Mas, no trajeto dos neurônios, a advertência se perdeu, e o cuzinho continuava num tesão daqueles. O cacetão do Deklan ficou numa posição incomoda ao se recuperar de uma ereção e ele deu uma ajeitada no bitelo, deixando-o quase todo para fora. A comichão do meu cu passou para as mãos e meus dedos tamborilavam, inquietos, o espaço do colchão entre nós dois. Divagando em suas lembranças, todo o corpo do Deklan reagiu quando minha mão se fechou ao redor de sua rola. Tive receio de ele se enfurecer com meu atrevimento e me rejeitar, mas passado impacto, percebi que ele estava gostando do calor envolvendo sua pica. Entre nossos corpos havia pelo menos uns cinquenta centímetros, mas eu podia sentir a energia que percorria aquele corpanzil. Era algo tão potente que chegava a provocar uma sensação tátil na minha pele. Eu não sei se ele sentia o mesmo em relação a minha presença tão próxima dele, acreditei que sim pelo que ele me falou.
- O perfume do teu corpo está impregnado nos lençóis, e daqui consigo senti-lo vindo da sua pele. É um aroma instigante e delicioso! – ele escorregou para mais perto, encostando-se em mim. Não sei se fez isso para se regozijar com o toque da minha pele ou se para minha mão não se afastar de sua rola.
Ele continuava a contar pormenores, fatos e experiências que viveu com o parceiro, dando aparentemente pouca importância ao fato de eu estar com sua pica na mão. Eu só me convenci do contrário quando fiz menção de tirar a mão. Ele imediatamente a pegou entre a sua e a recolocou sobre o cacete, sem interromper o que estava contando. A tentação me fez acariciar, suavemente, com a ponta do dedo indicador, a cabeçorra e mais insidiosamente o orifício uretral. Não demorou e eu notei que meu dedo estava úmido. Com a aguinha viscosa de cheiro penetrante que começou a fluir do orifício eu lubrificava toda a glande. Meu toque sobre a mucosa da cabeçorra era tão leve e delicado que mal se sentia a pressão que eu exercia. Ele se deixou levar por aquela sensação voluptuosa. O sangue que percorria as grossas veias do caralhão pulsava na palma da minha mão, me levando ao delírio, era ele o responsável por aumentar o tônus e a consistência daquela carne. Eu me sentei e coloquei a pica na boca. Toda minha mão estava molhada e meus lábios se fecharam ao redor do falo quando comecei a chupar aquele suco almiscarado e picante. Assim que minha boca tocou na cabeçorra o caralho começou a endurecer a olhos vistos. Em pouco tempo eu mal conseguia movê-lo, então respirei fundo e acoplei minha boca ao redor dele procurando enfiar o máximo que podia goela abaixo. Ele apertou minha cabeça para baixo e ergueu a pelve forçando uma penetração ainda mais profunda. No entanto, nem a metade coube em mim. O que não me impediu de continuar a chupar, lamber e mordiscar com afinco aquele novo brinquedinho que eu havia descoberto. Enquanto eu mamava e sorvia seu pré-gozo, ele algumas vezes fez um meneio tentando erguer o tronco, mas eu, com a mão espalmada sobre o peito peludo dele, o fazia voltar a se deitar e continuar a usufruir o meu boquete. Ele acabou se entregando, mesmo porque eu licenciosamente abocava seu sacão e começava a chupar e a apertar suas bolas entre os lábios. Ele gemia emitindo um som rouco e grave, e se assegurava de eu não interromper a chupetinha, segurando firme minha cabeça contra a virilha pentelhuda dele. Eu nunca tinha visto e muito menos acariciado um caralhão daquele tamanho. O cacetão tinha uns vinte e cinco centímetros, além de pesado era brutal e destruidoramente grosso. Simultaneamente eu tinha um receio que vinha da minha experiência com o Reuben, cujo cacetão impunha escoriações ao meu cuzinho apertado a cada transa, e uma curiosidade que me enchia de tesão, fazendo minhas pregas esfoladas se contorcerem num desejo ardente de agasalhar aquela tora. Ele gemia cada vez mais intensamente, a pica era um tronco sólido impossível de deslocar, eu continuava empenhado nas carícias, chupando uma bola por vez, e sentindo quão carregadas elas estavam. Ele chegava a grunhir mais alto quando minha língua massageava a bolona apertando-a contra o meu palato. O olhar dele não se desviava um segundo sequer de sua virilha, e de como eu brincava com sua rola. O tesão brilhava em seus olhos. Comecei a provoca-lo e a seduzi-lo, apanhando, com a ponta do dedo, a aguinha que minava abundante da glande arroxeada e levando-a aos meus lábios, onde ficava passando o dedo antes de lambê-lo. Ao mesmo tempo, eu procurava pelo olhar dele, erguendo o meu cheio de carinho e sujeição. Ele não conseguia conter-se, e atolava a pica novamente na minha boca para sentir toda sua maciez sugando seu falo. Foi instantes depois, de ele meter a pica na minha garganta, numa dessas arremetidas, que minha boca se encheu de porra. Ele urrava e deixava os jatos fluírem libertadores diretamente na minha garganta, onde eu os engolia na maior sofreguidão para não me engasgar. Sorvi cada gota daquele néctar másculo, de sabor amendoado e intenso, até a última, que pingou no meu queixo, depois de eu ter limpado com lambidinhas sensuais toda a jeba dele.
- Excelente trabalho! Não pense que o que vou dizer é porque você está aqui ao meu lado. Mas esse foi o melhor boquete que alguém já me deu. Incrível! Estupendo! Pode acreditar. – afirmou, abrindo bem as pernas e expondo seu dote sem o menor pudor.
- Vou fingir que acredito! De uma coisa você pode ter certeza, foi feito com todo o carinho. – balbuciei, meio tímido.
- Eu sei! – disse ele, passando a mão no meu rosto.
Eu me dei conta de que nunca antes tinha sentido uma química tão intensa e perfeita com outra pessoa. Havia algo em nossas peles que promovia um desejo de aproximação, de contato, de imiscuir-se no outro, de amalgamar-se numa coisa única. Não foi algo que surgiu a partir de uma troca de olhares, foi preciso que nos tocássemos para que essa energia e esse desejo brotassem. Eu ainda sentia o sabor da porra dele na minha boca quando o Deklan me mirava, dentro daquela cueca cavada, com a cobiça de um lobo. Eu mesmo não conseguia dar outra direção ao meu olhar que não aquele corpanzil de mais de cem quilos espreguiçado sobre a minha cama. A sensualidade viril dos pelos do peito, formando dois grandes redemoinhos na altura dos mamilos, o caminho estreito e bem definido que faziam ao descer até o abdômen musculoso, o triangulo denso que formam ao redor do cacetão, que agora descansava pesado e lúdico sobre uma de suas coxas, e aquelas pernas onde esses pelos faziam cachinhos que revestiam uma musculatura portentosa, tudo nele mexia comigo tão intensamente que meu tesão não se contentou em apenas chupar aquela pica. Algo semelhante devia estar acontecendo com ele, pois eu sentia seus olhos tão fixos em mim que nem a cueca me deixava ter a sensação de estar nu diante dele. Aos dezoito anos eu não tinha o menor esboço de uma futura barba, meu rosto era tão liso quanto a bundinha de um bebê. Debaixo de uma pele muito clara e lisinha torneava-se uma musculatura discreta que apenas definia meus contornos. O púbis era a única região que apresentava alguns pelos ralos e, ligeiramente, mais escuros do que o tom caramelado dos meus cabelos. As coxas grossas eram fruto da natação praticada desde criança e, se juntavam com a bunda carnuda através de uma dobrinha que só inspirava sacanagem a quem a visse desnuda. As duas nádegas eram tão volumosas que se comprimiam formando um rego bem fechado que mal passava de um traço vertical. Foi sobre elas que o Deklan começou a passar a mão depois de arriar minha cueca. Quando ele deu um apertão numa das nádegas eu senti a potência de sua mão. Gemi para que ele soubesse que aquilo me deixava ainda mais louco por ele. Ele parecia estar gostando de apertar aquela carne morna e rija, tão abundante que não cabia em sua mão enorme. Ao se apossar dela sua rola começou a ganhar consistência. Era impossível descrever a felicidade que isso me causou, ver aquelas veias se enchendo ao redor do mastro, e este começando a se içar feito um poste. Ele abraçou meu tronco e enlaçou suas coxas nas minhas, a pica roçando minha bunda. No arfar acelerado dele eu conseguia sentir sua gana por mim. Franquiei meu pescoço inclinando levemente a cabeça para o lado e ele me deu uns chupões que imprimiram sua marca na lisura da minha pele. Ele percebeu o quão condescendente e disponível eu me fazia para sua tara. Acariciei delicadamente seus bíceps e ele virou meu rosto para que pudesse tocar sua boca na minha. Enquanto sua língua entrava vasculhando minha boca eu já a chupava com a mesma devoção que tinha empregado na rola dele. Ficamos nos beijando demorada e perdidamente. Eu afagava cada detalhe do rosto dele, segurava-o entre as mãos, idolatrava sua aparência máscula e deslizava as pontas dos dedos sobre aquela barba cerrada e curta que mais parecia uma lixa. Não sei se ele já tinha sido acarinhado tão intensa e amorosamente, mas pelos beijos que ele dava em minhas mãos eu notei que ele estava precisando de todo esse carinho. Parte do tronco dele estava inclinado sobre mim, e de quando em quando, eu levava minhas mãos até o peito dele, deixava os dedos escorregarem entre os pelos e descia até os flancos, contornava o tórax e subia pelas costas cravando as pontas dos dedos em sua carne quando o beijo que estávamos trocando me deixava sentir o sabor de sua saliva viril. Meu corpo estremecia ao sentir as mãos do Deklan explorando cada curva, cada palmo do qual ele se apoderava. Os biquinhos dos meus peitos intumesceram e ele os sentiu durinhos e excitados quando suas mãos os alcançaram. Ele subitamente os encarou, e eu percebi que era por ali que ele ia começar a me devorar. A língua do Deklan lambeu um dos biquinhos e eu gani feito uma gazela assustada. Ele chupou e mordeu o mamilo até eu gemer. As marcas dos dentes dele ficaram impressas na pele ao redor. Ele mordia fazendo com que eu erguesse e contorcionasse meu corpo, uma de suas mãos voltou a agarrar uma nádega e começou a explorar a greta do meu rego. Eu já gania por antecipação, sentindo a tara dele pelo meu cuzinho vulnerável. Um dedo penetrou as pregas que se recuperavam da sanha do Reuben, soltei um gritinho contido. O Deklan ficou fissurado com aquele buraquinho ínfimo e macio piscando alucinadamente pelo estímulo de seu dedo pérfido. Meteu-o mais profundamente e começou a circundá-lo na musculatura vigorosa que começou a prendê-lo. Voltei a agarrar seu rosto entre as minhas mãos e beijei-o com todo o ardor de minha alma. Ele tirou a bermuda do pijama que cerceava seus movimentos. A jeba empinada estava soltando outra vez aquela aguinha que impregnou o ar com o cheiro da libertinagem. Eu estava de bruços quando ele abriu minhas pernas, em seguida as nádegas e meteu o rosto barbudo no meu rego lambendo meu cuzinho feito um animal selvagem explorando o cio de uma fêmea. Meus gemidos se tornavam cada vez mais angustiantes e foram substituídos por um grito pungente e único quando ele meteu a cabeçorra no meu cuzinho esfolado. Eu era extremamente apertado devido a uma hipertrofia dos esfíncteres anais, o que além de dificultar uma penetração logo na primeira tentativa, sempre me impunha muita dor quando essa musculatura era distendida. Nunca algo tão grande tinha se intrometido nas minhas pregas e eu achei que fosse desmaiar quando senti aquela cabeçorra dentro de mim, rasgando tudo que encontrava pela frente.
- Ai, ai, ai Deklan!!! Ai! Eu não estou aguentando! – berrei apavorado.
Ao virar meu olhar suplicante na direção dele fiquei ainda mais atemorizado, pois nunca tinha visto tamanha gana na expressão de um macho que me pegava. Toda a minha fragilidade camuflada num corpo tão grande e aparentemente forte, deixou-o ensandecido. Ele me queria como um mergulhador quer o ar depois de uns minutos debaixo d’água, com sofrência e necessidade. Uma estocada e mais uma parte daquela jeba colossal entrou em mim, só me restava gemer. Foram pelo menos meia dúzia até que o sacão dele começasse a bater de encontro ao meu rego arregaçado. Eu achei que aquela pica fosse sair pela minha boca me empalando feito um animal a ser esfolado. Ele já estava naquele vaivém cadenciado, usufruindo da constrição prazerosa, morna e úmida do meu cuzinho quando eu senti aquela dor intensa do início ser substituída pelo mais pleno prazer que já provei. O que pulsava ardentemente dentro de mim era toda a enormidade daquele macho debruçado sobre meu corpo. As vibrações do cacetão dele se espalhavam pelas minhas entranhas, como se eu estivesse sentado sobre uma motocicleta cujo motor roncando fazia vibrar aquele ponto do púbis entre as pernas que fazia reverberar a próstata. Quando empinei minha bunda contra a virilha dele, e o saco ficou preso no meu rego, ele me beijou, me apertando em seus braços que cheguei a pensar que ele ia me quebrar. Só senti algo gelado e arrepiante descendo pela minha coluna, o prazer era tamanho que minha pica deixou o gozo escapar lambuzando todo o lençol. Mas minha felicidade só estaria completa quando aquele macho ejaculasse. Deixei meu delírio de prazer de lado e voltei a me empenhar na satisfação do Deklan. Bastaram mais alguns gemidos, chupar a língua que ele continuava a meter na minha boca e apertar sua rola com toda a força num travamento dos meus esfíncteres para ele começar a despejar os jatos de porra quente no meu cu. Ele me encharcou enquanto urrava rouca e prazerosamente, estocando lenta e profundamente aquele cuzinho que o acolhia com tanta paixão.
Deitados em conchinha, ele continuava engatado em mim. A pica dele ia amolecendo sem muita convicção, perdendo aquela consistência pétrea que me ferira, e se tornando moldável e relaxada. Eu beijava uma de suas mãos que segurava entre a minha com os dedos encaixados. A respiração dele ainda estava ruidosa e acelerada, chegando a minha nuca sob a forma de uma aragem morna e reconfortante. Eu tinha a impressão de que uma brasa ardia no meu cu, e sabia que a mucosa que estava em franca recuperação, agora devia estar rota e sangrando. Se esse foi o preço para sentir tanto prazer e tanta felicidade, eu me entregaria mil vezes àquele macho, sem nenhuma reserva. A sequência de números que ia aparecendo no display do relógio sobre a mesa de cabeceira não parava, indicando uma passagem de tempo lenta e preguiçosa. O friozinho da madrugada tinha refrescado o quarto, mas nossos corpos enlaçados pareciam não necessitar de mais calor do que aquele que nos unia. Eu me perguntava como tanta felicidade podia caber naquela umidade que estava entre as minhas pernas, e devo ter cochilado do mesmo jeito que o Deklan cochilava agora, abraçado ao meu corpo. O quarto estava mergulhado na penumbra e o cheiro de sexo ainda não havia se dissipado do ar quando ele começou a se mexer. A rola, mais flácida, escorregou do meu cuzinho. Quando a cabeçorra passou pela rosca anal e a distendeu eu gemi. Éramos dois seres independentes outra vez.
- Não se iluda e nem fique fantasiando qualquer sonho de um possível namoro entre nós, só porque transamos. Sei como vocês são. Acham que só porque um macho encheu o cu de vocês com porra está a fim de um relacionamento. Comigo não vai rolar, entendeu? – disse ele, numa frieza espantosa.
- Eu não te procurei! Não fui eu quem veio ao meu quarto procurando guarida para sua dor de cotovelo. Também não fui eu quem te assediou cheio de carências. Eu estava com o cu todo sensível da última pegada do meu namorado e, mesmo assim, não me recusei a te amparar, a entregar todo meu afeto, e a te satisfazer. Você é um grosso! Um bruto sem a menor noção! Um cretino insensível! Saia daqui agora mesmo. Me esqueça, me deixe em paz! – berrei, enquanto o choro tomava conta de mim. Ele pegou a bermuda e saiu porta afora com aquela pica satisfeita balançando entre as pernas musculosas. Eu me sentia uma puta, ultrajado e ferido. Tinha desperdiçado meu carinho com quem não dava a mínima para ele. Chorei até adormecer.
O Deklan mal falou comigo durante uma semana. Eu carreguei por esse tempo o remorso de ter sido infiel ao Reuben, a ferida nas minhas pregas anais e a vergonha de ter sido tão disponível para aquele macho que as produziu me lembrava disso a todo instante. Eu já não sabia mais que desculpas dar para não ficar com o Reuben. Ele me cercava e aquela falta de sexo deixou-o impaciente e até um pouco ríspido. Meu maior temor era o de que ele visse o meu cuzinho com aquelas marcas, e eu torcia para que a recuperação não demorasse.
- Por que você está fazendo isso comigo? Eu te magoei de alguma forma? Foi alguma coisa que eu fiz ou falei? – insistiu o Reuben, depois que eu me desvencilhei dele quando a intensidade e a tara de seus beijos tinham chegado próximos do ponto onde não haveria mais retorno.
- Claro que não! Você é meu fofinho querido. Você sabe disso! – garanti.
- Então por que você não deixa eu meter minha pica no seu cuzinho? Você sabe que eu preciso de você, não sabe? – questionou.
- Eu também preciso de você! Eu só ando um pouco indisposto esses dias, acho que vou pegar uma gripe, deve ser isso. Tenha mais um pouquinho de paciência comigo, por favor. – pedi, fazendo muxoxo e demovendo-o de suas intenções como se lhe tivesse atirado um balde de água fria.
- Se você demorar a se recuperar quem vai ficar doente vou ser eu! – exclamou, com uma carinha de frustrado que me encheu de culpa.
- Exagerado! – respondi, beijando-o e abrindo o zíper de sua calça, uma vez que estávamos dentro do carro dele no estacionamento de um shopping, para tirar aquele caralhão carente lá de dentro e fazer um boquete que compensasse a falta que meu cuzinho lhe fazia.
- Hummmmm......isso está bom demais!! – exclamou, deixando-se mamar até que o gozo encheu minha boca de porra.
Um mês depois de ter me deixado envolver pelo Deklan, ele arrumou uma namorada. A garota surgiu do nada. Ele apareceu com ela num domingo em que meu pai resolvera fazer um churrasco e convidar alguns conhecidos. A família toda ficou surpresa, pois ele nunca havia mencionado o nome dela e nem feito algum comentário dizendo que estava namorando. Eu estranhei o fato dele fazer questão de me apresentar a moça, uma garota simpática de riso fácil que parecia estar nas nuvens por estar sendo apresentada como namorada do Deklan. Não dei à mínima, por um motivo bastante simples, aquilo não me interessava de forma alguma. Duas semanas depois, num final de tarde em que o sol mergulhava por entre as copas das árvores de uma praça a três quarteirões de casa, encontrei o Deklan conversando com um carinha, ambos sentados na mureta de um chafariz circundado por um laguinho artificial. Eu estava voltando de bicicleta do salão de cabeleireiro onde tinha ido cortar os cabelos, quando cruzei a praça para cortar caminho. Assim que me viu, o Deklan acenou me chamando. Pensei em fingir que não os tinha visto, mas já estava próximo demais deles para que a desculpa colasse.
- Este é o Kurt, meu irmão, e este é Mike, meu namorado! – apresentou-nos. Percebi que ele não tirou os olhos de mim para ver qualquer seria a minha reação.
- Oi Mike, tudo bem? Legal! Você vai ver que o Deklan é um sujeito bem interessante. Felicidades para vocês. – desejei, devolvendo o aperto de mão que o Mike me deu, um pouco envergonhado quando ouviu o Deklan se referindo a ele como namorado. – Você vai desculpar a minha pressa Mike, mas ainda tenho umas coisas para terminar para a faculdade. E você, cuide bem do Mike, gostei dele! – acrescentei, dirigindo-me ao Deklan.
Qual é a desse cara agora, pensei comigo mesmo. Primeiro apresenta uma garota para a família como sendo sua namorada e agora me apresenta um carinha tímido alegando ser seu namorado. Ou ele está tirando uma com a minha cara, ou está querendo me dizer alguma coisa. Naquele momento eu tinha coisas demais com que me preocupar. Além disso, o Reuben e eu estávamos firmes e fortes. No entanto, enquanto pedalava para casa, não consegui evitar um incomodo com essa notícia, afinal o Mike era o tipo que carinha que deixa sujeitos como o Deklan cheios de tesão. Mas, no dia seguinte, já nem me lembrava mais do nome do carinha, tal a importância que dediquei à novidade.
- O que você achou do Mike? – perguntou-me o Deklan alguns dias depois, quando tínhamos ficado só eu e ele na mesa do café da manhã.
- Eu o vi tão rapidamente, não poderia avaliar. –respondi.
- Eu sei! Mas, tipo assim, você achou ele bonito? E o jeito dele, você gostou? – insistiu.
- Não sei dizer Deklan! Sem dúvida ele é bonito! Mas, para ser sincero, não me liguei muito no jeito dele, por isso não sei responder. – afirmei. Notei que ele não gostou da minha resposta.
Eu quase não senti os cinco anos e meio dedicados ao curso de administração e um MBA na sequência, passarem, de tanto que isso me envolveu. O último ano tinha sido particularmente desgastante, não só pela demanda do MBA como pelo fim do meu relacionamento com o Reuben. O primeiro me roubava preciosas horas de sono, lazer e descanso, enquanto o segundo me abalou mais do que supunha. Eu sempre soube que mais dia, menos dia, minha relação com o Reuben ia terminar. Até tinha me preparado sentimentalmente para não sofrer quando isso acontecesse. É engraçado perceber que nos julgamos acima desses sentimentalismos, que somos capazes de terminar um relacionamento sem nenhum arranhão e seguir em frente, mas a realidade é bem outra. Eu vinha percebendo uma mudança no comportamento do Reuben. Desconfiei que a cabeça dele estava ocupada com algo novo, e que isso estava mexendo com ele. Sempre fomos muito francos um com o outro e não demorou a ele me contar a novidade.
- Conheci uma garota na empresa onde trabalho, e acho que estou gostando dela. Você pode até pensar que é mais uma com a qual eu me encanto e, depois de algumas trepadas, descubro que não temos nada haver um com o outro. Mas, acho que agora é diferente. Eu precisava te contar. – revelou, pouco depois de termos feito amor na casa dele, num feriadão prolongado onde os pais tinham viajado.
- Você anda meio esquisito nessas últimas semanas, e já desconfiava de algo assim. Obrigado por ser tão sincero! Acho que se você gosta dela deve seguir em frente, é a única maneira de descobrir se ela é a mulher da sua vida. – retruquei, com uma ponta de tristeza bem no fundo do peito.
- Pois é, eu acho que sou do tipo de cara que pode dar seus pulinhos por aí, mas no fundo, vai constituir família, com direito a cachorro, quintal para cortar grama nos finais de semana e uma rotina sem grandes sobressaltos. – sentenciou, como que se desculpando.
- Eu sempre soube disso. E é isso que você deve procurar se vai te fazer feliz. Afinal é só o que importa. – eu estimulava, mas estava doendo perdê-lo.
- E você? Eu gosto de você, gosto do que temos juntos. Não sei se quero abrir mão de você. – confessou.
- Eu também gosto muito de você! Sempre gostei! Só que fazer escolhas significa que se você optar por um caminho, não vai conhecer o que tem ao longo do outro. É natural! Você não acha? – argumentei.
- Sim claro! Mas, como eu faço sem você? E se ela não for a mulher da minha vida? – questionou.
- Você só vai saber se tentar. E, para isso, é melhor não estar atrelado a nada e ninguém, suas escolhas serão mais livres. – eu já estava engolindo aquele nó que teimava subir pela minha garganta com bastante esforço.
- É, isso é verdade! Você é muito especial, sabia? – ele tomou meu rosto entre as mãos e me beijou, tornando tudo mais difícil para mim.
- Gosto demais de você para não torcer pela sua felicidade! – exclamei.
- Vamos continuar nos vendo sempre, não é? Jura que vamos! – implorou.
- Sem dúvida! Não há razão para não nos vermos. Aliás, quero conhecer logo essa tal que te roubou de mim. – disse, querendo descontrair para não chorar na frente dele.
- E vamos ter outras noites como essa, não vamos? – ele arriscou, com uma cara safada.
- Não! Isso não vamos não! Eu não tenho nenhuma vontade de ser o amante, o outro, entendeu? É bom você aquietar esse tarado aí, se quiser construir uma relação honesta com essa garota. – afirmei, apontando para a jeba que tinha acabado de sair do meu cuzinho e ainda estava a meia bomba.
- Hummmm......difícil, hein! – devolveu, malicioso.
A ficha só foi cair por completo dali a alguns dias, e eu mergulhei numa tristeza profunda. Sentia-me abandonado e só. A real dimensão do que eu sentia pelo Reuben se manifestou com todo seu esplendor. Havia momentos em que, do nada, eu sentia os olhos marejarem e as lágrimas caírem pelo meu rosto. Precisava me afastar das pessoas às pressas para não dar vexame, e só me entregava a um choro copioso agarrando meu travesseiro na solidão do quarto. O Deklan percebeu a mudança no meu estado de espírito, e desconfiou do que tinha acontecido.
- Posso entrar? – Era a segunda vez que ele batia na porta do meu quarto. A primeira ainda estava viva na minha lembrança.
- Não! É melhor não! O que você quer? – perguntei, com os olhos ainda vermelhos de choro.
- Só um minutinho. Podemos conversar? – insistiu, já entrado no quarto e querendo fechar a porta atrás de si.
- Não! É melhor conversarmos lá fora. – disse, tirando-o o quarto.
- Não é uma conversa que possa ser levada aqui no corredor. Vamos para o meu quarto então. – sugeriu.
- Olhe aqui Deklan, diga o que quer de uma vez. Não tenho nenhuma conversa com você que não possa ser dita aqui fora. – afirmei decidido.
- O que aconteceu entre você e o Reuben? Vocês terminaram? Ele te fez alguma coisa? É por causa dele que você está desse jeito, não é? – questionou.
- Não sei se quero conversar sobre isso com você! Nós terminamos sim! Ele não me fez nada e nós continuamos amigos como sempre. Está satisfeito? – respondi irritado.
- Então por que você está desse jeito? – insistiu.
- Bem, isso não é da sua conta! Você já levou um fora e sabe que não é a melhor coisa pela qual se possa passar, não é? – sentenciei.
- Eu não quero que você sofra! Eu sabia que esse sujeito ia aprontar com você! Mas ele que não pense que isso vai ficar assim! – ele apertava os dedos cerrados como se estivesse se preparando para desferir um soco.
- Deklan, escute aqui! Você não se meta nisso, sob hipótese alguma, está entendendo? Eu não vou te perdoar se você meter o bedelho nesse assunto! Estamos entendidos? O Reuben é meu amigo e eu não quero perder a amizade dele por sua causa! – retruquei ameaçador.
- Belo amigo! Para te deixar nesse estado, grande coisa não é. – devolveu sisudo.
- Eu só quero você longe disso tudo. Estou falando sério!
Mesmo assim, alguns dias depois o Reuben me ligou contando que o Deklan tinha ido tirar satisfações com ele, mas que eles não tinham se estranhado e que estava tudo bem. Dei uma bronca no Deklan naquela noite antes do jantar, e a Jodie veio me perguntar o que foi que ele tinha aprontado comigo.
Assim que concluí a faculdade fui convidado por um dos meus professores a trabalhar com um grupinho que ele tinha montado numa Startup que ele fundara a pouco mais de um ano. Me envolvi num projeto que já durava dois anos. O Deklan e eu fizemos as pazes e quase não brigávamos mais. Ele estava sem namorada e sem namorado, fez questão de me contar logo que terminou os relacionamentos, do mesmo jeito que tinha feito quando os começou. Havia algo nas entrelinhas dessas comunicações que eu ainda não tinha captado.
A única que tinha se lembrado que eu estava fazendo vinte e cinco anos foi a Jodie. Era um sábado de sol fraco e ventava muito lá fora, ela desceu com um embrulho nas mãos e me beijou antes que eu pudesse me levantar da cadeira, começando em seguida a cantar um Happy Birthday com sua voz de soprano que parecia ficar mais melodiosa a cada dia. Só então meu pai e a Maggie me parabenizaram, seguidos pelo Deklan que vinha descendo as escadas e fora pego de surpresa. Eles acabaram improvisando um encontro naquela noite com algumas pessoas e meus amigos da faculdade com quem eu ainda mantinha contato, para não deixar a data passar batida. Depois que as últimas foram embora, já de madrugada, meu pai e a Maggie me perguntaram se eu tinha gostado da festa. Agradeci o empenho deles e disse que tinha ficado contente. Ao mesmo tempo, comuniquei que estava pensando em regressar para o Brasil e assumir as empresas que minha mãe tinha me deixado. Os dois se entreolharam boquiabertos e ficaram sem reação. A ideia foi tomando corpo e eu refutava qualquer argumento deles em contrário. Estava decidido, depois de sete anos morando com eles eu ia partir, só faltava definir uma data.
- É verdade que você vai voltar para o Brasil depois do dia de Ação de Graças? – eu estava debaixo do chuveiro quando o Deklan entrou no banheiro do meu quarto como um raio.
- O que você está fazendo aqui? Sai! Não vê que estou no banho? Sai, Deklan! – berrei ainda não refeito do susto daquela entrada repentina.
- Fala. É verdade? Você vai embora? – repetiu ele, sem a menor intenção de sair dali.
- Que saco! Nem uma ducha sossegado a gente pode tomar! É verdade, agora sai daqui. – respondi.
- Por quê? Você não está indo bem naquele projeto com seu ex-professor? Por que quer ir embora, assim de repente? – inquiriu inconformado.
- Bem, isso ia acontecer algum dia. Eu terminei meus estudos, e já tenho idade para assumir o que minha mãe me deixou. Isto estava previsto desde quando cheguei aqui. – afirmei. Eu me enxugava às pressas sob seu olhar aquilino e ganancioso.
- Eu pensei que você fosse fazer sua vida aqui nos Estados Unidos, junto com a gente. – havia certa desolação nas palavras dele.
- Eu deixei muita coisa para trás quando vim para cá. Não posso simplesmente abandonar tudo o que minha mãe construiu com tanto trabalho. – afirmei.
- Seus tios podem continuar tocando tudo como têm feito até agora. Você só precisa colocar alguém da sua confiança lá e fazer umas visitas de vez em quando. – sugeriu, ignorando a complexidade do que estava envolvido naquilo tudo.
- Não é bem assim. Não posso deixar isso nas mãos dos outros. Eu nem sei o tamanho do estrago que meus tios fizeram durante todos esses anos. Eu temo pelo pior. – argumentei.
- Você vai voltar para aquele carinha que te desvirginou, é isso, não é?
- Que absurdo! Você é mesmo um sem noção! Sai daqui Deklan! – bradei furioso, partindo para cima dele e tentando empurrá-lo na direção da porta.
- Eu não vou deixar! Não sei o que você combinou com ele depois que seu caso com o Reuben acabou, mas eu tenho uma certeza, eu não vou permitir isso! – aquele monte de músculos nem se abalou quando o empurrei, e ele pegou meus braços e me encarou com firmeza.
- Você não vai me impedir de tomar as minhas decisões! Meu pai não me questionou, quem você pensa que é para exigir alguma coisa de mim. – eu estava furioso por não conseguir me desvencilhar das mãos dele.
- Eu sou seu irmão mais velho e você não vai embora. Eu vou falar com o Arrie para que ele te proíba! – ele me chacoalhava, e tinha perdido a compostura.
- Você não é nada meu! Você é apenas o filho da esposa do meu pai, só isso! Me larga! – berrei.
- Você é petulante demais! Se o Arrie não te pôs na linha eu faço isso, pode ter certeza. – desta vez as sacudidelas foram tão fortes que a toalha amarrada de qualquer jeito à cintura caiu aos meus pés.
Enquanto eu fazia força apertando o peito dele para longe, ele me puxava para junto dele. A queda de braço terminou favorável para ele, e eu já sentia a boca dele colada na minha, enquanto socava os seus ombros e agitava as pernas, pois eu estava levitando no ar. Para me conter, e evitar que eu lhe acertasse um chute, ele agarrou minha bunda apertando-a com força. Caminhou comigo pendurado em seus ombros até a cama onde me jogou e se atirou por cima tão brusca e desajeitadamente que eu bati a cabeça na cabeceira da cama. O instante em que eu levei a mão à cabeça foi suficiente para ele abrir minhas pernas e dobrar meus joelhos sobre os meus próprios ombros. Ele se encaixou entre as minhas pernas e arriou a calça de moleton que estava usando, sem nada por baixo. A jeba já saltou dura e molhada lá de dentro, indo bater no meu rego aberto. Eu me agitava debaixo dele impedindo que ele apontasse a cabeçorra na portinha do meu cu. Ele se enfezou e apertou meu peito contra o colchão com uma das mãos, enquanto tentava me imobilizar. Na quinta tentativa para meter a rola naquele buraquinho ele ainda não tinha logrado sucesso e ficou irritado. Pegou a pica na mão e forçou-a contra as pregas, que sob o efeito do meu pavor, estavam tão contraídas que mal um fio de cabelo passaria entre elas. Ele olhou irado nos meus olhos, como se apenas aquele olhar fulminante fosse me fazer obedecê-lo. O pior que eu fiquei com medo mesmo. Estava desafiando aquele pavio curto além da conta, e isso podia ser perigoso. A cabeçorra do caralhão dilacerou meus esfíncteres e se alojou no meu cu.
- Ai Deklan! – gani. Toda relutância que me fazia rechaça-lo tinha sumido. A contratura que levara meus músculos à luta começava a ceder. Meu corpo ganhava uma languidez submissa.
Ele olhava fixamente em meus olhos enquanto enfiava a pica no meu cu em estocadas potentes, mas cuidadosas. Era como se ele estivesse a exigir a minha submissão. Eu gania sem forças, e começava a sentir o prazer se sobrepondo a dor. Como por instinto, minhas mãos começaram a subir pelos braços dele até chegarem aos bíceps onde se retiveram em afagos carinhosos. Ele me beijou e enfiou a língua sedenta na minha boca, pois sabia que ali ele encontraria mais uma fonte de prazer. Eu o chupei, enquanto ele movia sua pelve num vaivém rítmico que fazia a rola passar por aquela musculatura muito apertada, deixando ambos num estado de êxtase completo. Travei minhas pernas ao redor do corpo dele ao mesmo tempo em que travava o cuzinho apertando o cacetão com mais força. Ele meteu a pica até o talo, comprimindo o sacão contra meu rego, tomou meu rosto nas mãos e sussurrou baixinho.
- Não vá embora! Eu preciso de você. – antes que eu tentasse articular qualquer resposta, ele me beijou como até então nunca tinha me beijado. Foi mais uma coisa que aconteceu apenas com ele, como a energia que eu senti quando nossas peles se tocaram pela primeira vez.
Aquele beijo tinha sido tão único, tão intenso, que eu passei a beijá-lo avidamente, tentando sentir aquela sensação outra vez. E, ele me beijou assegurando que só em seus lábios eu encontraria algo igual. Ele arfava sobre mim e a pica começava a engrossar ao mesmo tempo em que o vaivém ficava mais lento. Eu sabia o que ia acontecer e senti que estava gozando, eu o tinha satisfeito mais uma vez. Não sei por que não consegui segurar as lágrimas de felicidade quando a porra dele encharcou meu cuzinho em jatos pegajosos e tépidos.
Eu acordei na manhã seguinte com a luz entrando pela janela, pois com aquele arrebatamento do Deklan me levando para cama quase a força, as gelosias tinham ficado abertas. Uma das pernas dele estava entre as minhas, eu estava deitado de lado e ele tinha um braço ao redor da minha cintura. O caralhão duro estava aconchegado no meu rego, perigosa, aliciante e sensualmente próximo do meu ânus, provocando meu tesão. Ele ainda dormia profundamente, e era gostoso ouvir sua respiração tranquila ressonando na minha nuca.
A data da minha partida estava se aproximando e, eu começava a sentir um frio na barriga só de pensar como seria a despedida. Nos últimos tempos a minha atração pelo Deklan tinha crescido muito. Devido ao jeito inconstante e intempestivo dele eu me mantinha numa zona de conforto fingindo que ele não merecia meu carinho, mas no meu íntimo eu sabia que estava correndo o sério risco de ter me apaixonado por ele. No meio daquela implicância toda que ele costumava demonstrar para com a Jodie e comigo mesmo, havia uma bondade e um senso de proteção imensos. Era certo que ele tinha dificuldade de expressar seus sentimentos, e fazer-se de mandão e intransigente parecia dar-lhe mais segurança. A própria Jodie já tinha me alertado sobre isso, quando fez a observação de que ele é um saco, mas no fundo gosta muito de nós. Na ocasião eu tive que rir da constatação dela, no entanto, ela estava certíssima. Eu continuava na cama, com preguiça de levar e me afastar daquele corpo cuja energia e calor me deixavam todo relaxado, quando ele começou a despertar. A primeira coisa que o safado fez, mesmo antes de se certificar de que estava acordado, foi dar uma encoxada na minha bunda que já estava encaixada na pelve dele. Com isso, a pica roçou meu rego e foi acariciada entre os glúteos carnudos. Ele repetiu o movimento umas três vezes, aproveitando-se da situação, quando me manifestei.
- Acho bom parar com isso! Você não tem jeito mesmo, abusando de mim quando estou todo vulnerável. Sabe que isso é assédio, e é crime? Constranger alguém usando de sua ascendência sobre outro, no caso eu com menos forças do que as suas para me defender, com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual? Como pode acordar com uma tara dessas logo pela manhã? – questionei, deixando que ele continuasse a abusar de mim e até abraçando aquele braço musculoso que envolvia minha cintura.
- Então você já está acordado! Por que não se desvencilhou de mim, já que acha que eu estou abusando de você? Eu mesmo respondo, é fácil, porque você está gostando. Portanto, não é crime o que estou fazendo. Eu só estou aceitando o que você está me oferecendo, no caso, essa bundinha tenra e tesuda. Vem cá vem, sente como eu estou precisando de você. – disse, me apertando mais próximo do seu corpo, intensificando as encoxadas e me deixando sentir a rigidez de sua ereção.
- Tarado! – balbuciei, ao virar o rosto em sua direção e retribuir o beijo que ele vorazmente me deu. Antes que nossas bocas se descolassem, o cacetão tinha me penetrado e o Deklan o atolava nas minhas entranhas, sob os ganidos abafados pela boca dele.
O inverno tinha chegado mais cedo naquele ano, os flocos de neve caíam diante da janela da sala de jantar, arrastados por um vento forte e constante. O jantar do Thanksgiving foi mais intimista do que o dos anos anteriores que passei com eles. Apenas alguns parentes mais próximos foram convidados, e a ocasião também serviu para comunicar a minha partida dali a dois dias.
Eu pedi para o meu pai não me levar ao aeroporto, preferia ir de taxi, queria a qualquer custo evitar uma despedida teatral, pois sabia que ia chorar. Meu pai e a Maggie não podem ser considerados um casal muito amoroso com os filhos. Talvez porque formam uma família onde cada um já entrou com um passado, e trazendo recordações vivas desse passado, o Deklan no caso da Maggie e eu no caso do meu pai. A Jodie era tudo que eles tinham em comum e, por algum motivo, também não se afeiçoaram a ela mais do que o necessário. Não que fossem pais relapsos ou não provedores, todas as minhas necessidades materiais para ter uma vida confortável foram supridas. Faltava neles aquela capacidade de se entregar aos filhos de corpo e alma. Algo que eu conhecia muito bem, pois minha mãe sempre fora muito presente e extremamente amorosa comigo, ela foi a mãe e o pai que me faltou durante quase toda a infância e adolescência. Por isso eu sabia muito bem o que era ter pais dedicados e amorosos. De qualquer forma, quando se convive tantos anos sob o mesmo teto, aprende-se a criar laços afetivos com as pessoas, independentemente de sua personalidade. Nos últimos dois dias a Jodie chorava a todo instante. Ela vinha me abraçar, perguntava se eu ia me esquecer dela, se um dia eu voltaria, se ela podia ir me visitar no Brasil, se eu ia jurar que nos falaríamos pelo menos uma vez por semana no Whatsapp ou no Skype e, que ela queria ter sido uma irmã melhor para mim.
- Não seja bobinha, você é a melhor irmã do mundo! Nunca mais vamos ficar sem nos comunicar. Eu quero que você saiba que sempre vai poder contar comigo, para o que der e vier. Você vai me prometer agora que virá me visitar em todas as férias, sem exceção. Promete? – consolei-a, quando veio sentar no meu colo , toda chorosa, pedindo para eu reconsiderar a minha partida.
- Prometo! Essa casa nunca mais vai ser a mesma sem você por aqui. Eu vou morrer de saudades. – afirmou exagerada. – Como vai ser se eu precisar te contar alguma coisa e, ao invés de ir bater na porta do seu quarto, vou ter que esperar até a gente se falar, sabe-se lá quanto tempo depois? – acrescentou, dramatizando.
- Você vai me ligar no exato momento em que quiser conversar comigo, a única coisa que vai mudar é que você não vai poder encostar a cabeça no meu colo e ficar me contando suas aventuras com os garotos até de madrugada. – respondi, fazendo gracejos para aliviar o clima saudosista.
- Viu? Não é a mesma coisa! Vou ficar aqui abandonada até você ter tempo para conversar comigo. – disse, avultando as dificuldades antecipadamente.
- Não seja exagerada! Tudo vai dar certo, você vai ver. Minha menininha mimada!! – assegurei, beijando suas bochechas e fazendo cócegas ao redor da cintura dela, o que a fazia pular e berrar implorando para eu parar.
O mais espantoso aconteceu na noite da véspera da minha partida. O Deklan anunciou que estava indo para o Brasil comigo. Depois de um silêncio, no qual cada um procurava metabolizar a informação, começou uma discussão acalorada sobre essa notícia bombástica. A Maggie o questionou sobre o emprego onde estava fazendo uma carreira promissora, sobre o que ele ia fazer num país do qual nem conhecia o idioma, sobre o motivo de tal decisão enfim, ela o bombardeou com um interrogatório sem fim.
- Eu pedi demissão do emprego. Não quis falar nada antes para não criar um clima pesado durante o feriado do Thanksgiving. Mas já não preciso retornar à empresa depois do feriado. Minha passagem já está comprada e é no mesmo voo do Kurt. Chegando ao Brasil vou encontrar um meio de sobreviver, não se preocupem, não sou nenhuma criança. Tenho uma boa formação e isso há de servir para alguma coisa por lá também. – respondeu, procurando tranquiliza-la.
- Isso não tem cabimento! Eu nunca pensei em viver longe de você. Por que você tomou uma decisão tão importante sem nos comunicar, afinal somos a sua família. – ela não se conformava e não estava conseguindo atinar com a razão que o levou a tal decisão.
- Eu amo o Kurt! Tenho a certeza de que ele também me ama, mesmo que até o momento não tenha descoberto isso! – foi como se uma bomba tivesse caído sobre a cabeça deles, principalmente do meu pai e da Maggie.
- Como assim? Vocês estão...quer dizer que vocês dois já estavam mancomunados nesse imbróglio? Kurt, você é ... – meu pai estava tão transtornado que nem conseguia pronunciar as palavras para me definir.
- Não! O Kurt está sabendo disso agora, junto com vocês. Eu não comentei nada sobre a minha decisão a ele antes de agora, era capaz de não concordar ou inventar qualquer desculpa. – assegurou o Deklan.
- Isso não pode estar acontecendo? Como vocês dois puderam fazer isso conosco? – balbuciou a Maggie, começando a chorar.
- Não é nada do que você está pensando, mãe! Não precisa fazer drama, pois não há nada de errado em duas pessoas se amarem. O que está errado é elas não viverem esse amor, seja lá por que razão for. E, eu não estou disposto a abrir mão do Kurt e da minha felicidade. – ele falava com tanta naturalidade que não deixava margem para objeções.
- Você não devia ter feito isso comigo! De onde você tirou essa ideia de que eu esteja apaixonado por você? – questionei, inconformado com o jeito como ele conduzia as coisas.
- Você está! Não discuta comigo, pois você nem sabe o que sente por mim. Ou melhor, sabe, mas não quer admitir. – ele me encarava resoluto e desafiador.
- Kurt, você é... como vou dizer? Você é um... – meu pai gaguejava, mas não conseguia concluir seu pensamento, tamanha a confusão que se instalara em sua mente.
- Sim, pai! Eu sou homossexual! E, antes que você fique sabendo através de outros, durante um bom tempo eu namorei o Reuben. – abri o jogo, pois não me restava outra opção. E, uma vez que estava partindo, não via motivo para meu pai não saber quem era seu filho.
- Então era por isso que essa amizade era tão diferente! Mas você não se comporta como um, isto é, você é tão tímido. – não consegui deixar de sentir pena do meu pai naquele instante. Ao mesmo tempo, foi ali que eu percebi que era a primeira vez que ele prestava realmente atenção em mim. Foi ali que ele me descobriu.
- Não era só uma amizade, eu amei o Reuben, e foi a melhor coisa que já senti por alguém. – afirmei. Pelo canto do olho eu vi que essa afirmação abalou o Deklan, ele ficou com uma expressão anuviada.
- Mas agora é de mim que ele gosta! É por mim que está apaixonado! – interrompeu o Deklan, querendo demonstrar que ele tinha as rédeas nas mãos.
- Que legal! Vocês dois vão se casar? O primo da Tracy casou com o namorado dele e eles moram juntos agora. – afirmou a Jodie, vindo me abraçar.
- Pare de falar bobagem Jodie! Não vê que estamos tendo uma conversa séria. Isso não é hora de fazer brincadeiras. – censurou-a a Maggie, que enxugava as lágrimas como que para enxergar a situação por todas as suas perspectivas.
- É o que eu pretendo, quando conseguir convencer esse cabeça dura de que está apaixonado por mim. – garantiu o Deklan.
- Isso não pode estar acontecendo! Eu devo estar delirando! Você não vai a lugar algum comigo! – exclamei, inconformado com tudo aquilo.
- Viu? Ele mesmo não consegue aceitar essa situação! O que você pensa que está fazendo Deklan? – disse a Maggie.
- Estou dando um rumo a minha vida e na desse indeciso! Sei muito bem o que estou fazendo. Confiem em mim! – nada o demovia de seu intento.
Depois do fuzuê que o Deklan arrumou, foi impossível não deixar a Maggie e meu pai nos levarem ao aeroporto. Eles pareciam precisar ver com seus próprios olhos o que estava acontecendo para poderem digerir a ideia. No meio daquela confusão toda, dos mil e um conselhos que meu pai e a Maggie nos deram, das recomendações para não fazermos nenhuma bobagem maior do que aquela, eles se despediram de nós com a emoção aflorada e o sincero desejo de que fossemos felizes. O Deklan conversou com a tripulação e conseguimos sentar em poltronas um ao lado do outro. Enquanto o avião ascendia para chegar à altitude de voo, ele pegou minha mão e a beijou com um sorriso de vitória e alegria no rosto.
- Você não vai me dar os parabéns? – perguntou, quando os motores começaram a ganhar um som mais monótono e equilibrado.
- Pela confusão que você armou? – questionei.
- Não! Por fazê-los saberem que sou seu macho e vou cuidar de você. – retrucou convencido.
- Você está se achando, não é? – inquiri desafiador e, diminuindo o tom da voz. – Só porque enfiou esse negócio enorme em mim acha que já pode decidir a minha vida. – revidei.
- Por isso também, é lógico! Mas eu sei o que você sente aqui dentro. Por que não confessa que me ama? Eu vou fazer você dizer isso para mim quando estiver com o meu caralho bem lá dentro, lá naquele lugar onde você começa a ganir alucinadamente quando eu cutuco seu ponto mais vulnerável. – sussurrou baixinho, tocando os dedos sobre o meu coração, e fazendo sua voz ganhar um tom sarcástico.
- Pervertido! – balbuciei, afastando sua mão das minhas coxas, pois um comissário de bordo vinha se aproximando e já tinha sacado que o Deklan estava dando em cima de mim.
Eu enfrentei uma batalha judicial com os meus tios por dois longos e desgastantes anos, até que finalmente consegui afastá-los das empresas. Nesse interim eles tinham dilapidado o que puderam da herança deixada pela minha mãe. A presença do Deklan ao meu lado em cada uma das difíceis etapas do processo foi decisiva. Era ele quem me apoiava e me encorajava quando eu, algumas vezes, pensei desistir em função de ter minha tranquilidade restabelecida. Eram os seus beijos, a sua pica esfomeada, os seus afagos cheios de segundas intenções que me fortaleciam. Poucos meses depois do meu regresso, a minha primeira vitória foi reaver a casa onde, minha mãe e eu, morávamos que, ao contrário do que meus tios tinham me garantido antes de eu partir, não foi vendida e o auferido transformado em ações da companhia em meu nome, mas ocupada por um deles, que simplesmente se apossou dela. O juiz determinou a reintegração de posse e, o Deklan e eu, viemos viver nela. Na primeira noite em que dormimos nela, após a reforma que se estendeu por alguns meses, o prognóstico do Deklan se cumpriu. Ele estava deitado em cima de mim, encaixado entre as minhas pernas, metendo cadenciadamente o cacetão no meu cuzinho. As pregas rotas ardiam e sangravam um pouquinho. Ele me fazia juras de amor sussurrando no meu ouvido aquela voz grave e arfante. As estocadas atingiam minha próstata e eu gania, inicialmente de dor, depois do mais divino prazer. Quando os jatos de porra começaram a eclodir e inundar minha ampola retal distendida, eu tomei seu rosto entre as mãos, com as lágrimas de felicidade escorrendo pelas bochechas, beijei-o com todo o ardor do meu ser.
- Eu te amo! Te amo tanto que você não faz nem ideia. Minha paixão! Meu amor! Meu macho! – confessei, diante do mais vívido e feliz brilho que seus olhos já tiveram.