Capítulo 33 - De volta a delegacia...
-Oh não... -Sussurrei baixinho pensando na furada em que havia me metido.
-Qual é lindinha, tá afim de trabalhar? -Disse a ogra recém chegada em tom irônico.
-Não, eu apenas... -Falei num fio de voz, mas logo a prostituta me interrompeu novamente:
-Shrek, você não tá vendo que ela quer roubar meu ponto.
Eu quis rir. Pelo que havia entendido a ogra era como uma cafetão da outra. E o apelido Shrek lhe vinha bem a calhar.
-Calma Nádia, nós vamos resolver isso agora mesmo, não é verdade boneca? -Disse vindo em minha direcão.
Eu tentei fugir dando passos para trás, mas acabei tropeçando e caindo no chão duro. Senti uma enorme dor e pude ouvir a gargalhada das duas e a ogra se aproximando de mim.
-Ora, quem disse que você ia fugir de mim? -Comentou a ogra se abaixando e puxando meu cabelo, para me fazer a encarar.
-Ai... -Soltei um gemido de dor. Estava com medo e ele só mentou quando eu vi Shrek puxar um punhal de seu bolso e mostrá-lo a mim.
Nesse momento eu pude ver uma viatura da polícia dobrando a rua. A minha vantagem é que a ogra estava de costas e não veria a viatura se aproximar. Se eu tivesse sorte os policiais veriam o que estava acontecendo e prenderiam as duas.
-Mãos para o alto! -Gritou um policial de dentro do carro, descendo rapidamente em seguida, junto a uma companheira
As duas malucas se assustaram e acabaram erguendo as mãos e eu também.
Vocês três estão detidas por prostituição e envolvimento em brigas.
-Mas policial... -A prostituta tentou contestar, mas foi interrompida. Eu estava boquiaberta demais para falar qualquer coisa.
-Sem mais, Nádia. Já é a quinta vez que pego você e a Shrek aqui. E agora vocês também estão recrutando garotas. -Falou o policial apontando pra mim. A que estava ao seu lado mantinha-se calada.
-Ela não é das minhas. Estava tentando roubar o ponto da Nádia. -Falou a Shrek.
-Eu não estava, eu acabei de sair da boate... -Falei tentando me explicar e recebi um olhar feio de todos.
-Vamos levar todas, Joel. -Disse a policial até então calada, olhando diretamente pra mim.
Eu não quis discutir, não iria arrecadar mais "crimes" a minha lista.
O policial Joel revistou e algemou as duas, tirando um punhal de cada. A policial me revistou e algemou, após isso nós fomos enfiadas na viatura e levadas para a delegacia.
No caminho a prostituta Nádia e Shrek me ameaçavam o tempo todo. Senti um pouco de medo, porém sabia que não tinha culpa de nada e provavelmente seria liberada.
"Você já conhece o lugar." Minha consciência se deliciava com a minha desgraça, quando a viatura parou em frente a delegacia.
Nós fomos levadas para uma cela que não era a mesma que eu estivera dias atrás. O policial nos levou e a policial seguiu para outra ala da delegacia. Ele tirou nossas algemas e nos trancou
-Ah! Agora você nos paga sua vadia! -Disse a ogra me olhando com uma cara feia, junto a prostituta.
-Mas eu não fiz nada! -Choraminguei amedrontada.
-Quem mandou roubar meu ponto, desgraçada! -Gritou a prostituta.
Nesse momento, eu não pude me defender, fui atirada no chão pela ogra e recebi alguns chutes de Nádia. Me lembro de ter fechado os olhos e não ver mais nada, fiquei inconsciente.
-Ei! Acorde!
Assim que abri os olhos, avistei a policial que antes me algemara, me olhando impassível, as sambrancelhas franzidas como se estivesse brava.
-Onde eu estou? -Perguntei esperando que tudo aquilo tivesse sido um pesadelo.
-Na delegacia. Você se envolveu numa briga com outras detentas, que te deixaram inconsciente. -Contou demonstrando impaciência.
Eu me lembrei de tudo.
-Onde elas estão? -Perguntei olhando em volta e tentando me levantar, mas acabei sentindo tontura e cai sentada novamente.
-Calma, você tá fraca, não pode levantar assim. Eu te tirei daquela cela e te trouxe pra outra. -Continuou no mesmo tom impaciente.
Após me recuperar, eu olhei em volta. Essa sim era a cela onde estive antes.
-Esse lugar... -Sussurrei, tentando levantar.
-Tenho ordens para deixá-la aqui até amanhã. -Disse a policial.
Quando consegui levantar, senti uma enorme dor na perna e nas costelas.
-Ai! -Soltei caindo sentada novamente. Dessa vez, no colo da policial.
Eu olhei em seus olhos timidamente.
-Desculpe... -Disse me arrastando pro banco.
-Tudo bem. -Falou sorrindo. -Então, quer me contar por que estava se prostituindo?
Continua...
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