…
Segunda-feira de manhã. Seria um dia típico de trabalho pra Rogério e Humberto. Mas não aquela segunda. Eram por volta das 8h da manhã. Rogério tomou café e saiu para correr. Pillar foi direto para o clube encontrar suas amigas. Dante, Henrique, Ariel e Samantha ainda estavam dormindo. Fred e Humberto dormiram no sofá. O sol que batia na janela entrava por uma fresta entre a janela e a cortina, indo direto no rosto do loiro. Incomodado, acordou. Abriu os olhos e reparou que tinha dormido sentado, com Humberto no seu colo. Imediatamente sentiu uma horrível dor nas costas. Precisava levantar.
-Beto, Beto! - disse o loiro levemente chacoalhando o primo.
Humberto abriu os olhos e olhou para o primo. Notou que havia dormido no colo dele e levantou.
-Bom dia meu loiro. -disse Humberto se espreguiçando. -Não vou perguntar se você dormiu bem por que eu sei que você deve estar com uma puta dor nas costas não é? -disse ele estendendo a mão para o primo levantar.
-Sim, a dor está incomodando um pouco, mas nada que um café e um relaxante muscular não ajude. -disse o loiro segurando a mão do primo e levantando.
-Vamos tomar um café então.
-Vamos sim.
E os dois foram para a cozinha.
Estavam preparando o café e conversando, quando notaram Ariel entrando na cozinha.
-Bom dia meus amores! - anunciou.
-Bom dia Ari, - disse Beto e Fred juntos.
-Eu acho que acordei com o cheiro do café. Parece estar delicioso.
-O cheiro está ótimo mesmo. -disse o ruivo puxando uma cadeira e sentando no balcão da cozinha. -Fred, meu bem, quero te fazer uma pergunta.
O loiro puxou a outra cadeira e sentou para ouvir o que o amigo tinha falar. -Pode falar baby. - disse o loiro.
Ariel respirou fundo.
-O que pretende fazer agora? Digo, como vai fazer pra voltar pra sua casa?
-Ele não vai voltar pra casa tão cedo, Ari. - disse Humberto. -Ele vai ficar aqui comigo.
Fred esfregou os olhos com as mãos, respirou fundo e levantou.
-Olha gente, eu pensei bastante durante essa noite antes de dormir. E eu já decidi. Vou alugar um apartamento. Nada grande porque eu não sou obrigado a ficar limpando casa. Mas é isso. Só vou precisar de ajuda pra desmontar a casa dos meus pais. E também terei que adiar a minha viagem. Apesar de que um spa nessas horas era tudo o que eu mais precisava.
-Fred, como assim? Você não me disse nada. Não vou deixar que tome essas decisões sem pensar primeiro e…
-Humberto, primeiro é que você não tem que permitir nada porque você não é o meu pai, segundo que você já sabe os motivos dos quais eu não posso ficar aqui. E terceiro, eu vou alugar um apartamento sim. E vou amar sua ajuda, se você quiser. Do contrário, fique na sua.
-Você é um grosso, Frederico. Nessas horas eu tenho vontade de enfiar a minha mão na sua cara pra ver se você baixa esse seu tapete. - disse Humberto exaltado.
Fred deu uma risada em tom de ironia.
-Pode bater. Mas bate, bate, bate, acaba comigo até eu ficar no chão, morto. Por que se eu levantar, eu juro por Deus que te mato.
-Você é ridículo. Acha que esse seu tamanho e esse corpo magrelo vai conseguir me derrubar. - disse Humberto com um tom de gozação.
-Você é um imbecil. De que adianta ter esse seu tamanho todo e ser um bundão e um covarde? Você é um filhinho da mamãe. O cachorrinho da titia Pillar. - disse o loiro gritando. - Você é um bosta, Humberto.
Ariel assistia a cena dos dois incrédulo. No começo resolveu não intervir por que aquela era uma briga de cachorro grande. Mas quando viu que Fred começou a provocar o primo, e Humberto estava cerrando os punhos, achou melhor fazer alguma coisa.
-Gente, gente. -disse o ruivo entrando no meio dos dois, com medo de levar dos dois lados. - Vamos nos acalmar? Ei, o que é isso? Vocês são primos, e são amigos. Então, vamos parar por aqui?
Fred e Humberto respiraram fundo.
-Eu preciso de um cigarro. -disse o loiro.
-Você sempre precisa de uma coisa pra afogar sua mágoas. -disse Humberto em tom de deboche.
-Pelo menos eu admito que eu me agarro no meu vicio pra resolver meus problemas. Agora e você? Você não é o exemplo de maturidade que você pinta não, queridinho. Você começa a fazer as coisas, desiste na primeira dificuldade e vai chorando pro colinho da VAAACA da sua mãe. -Gritou o loiro.
Ariel viu que não ia conseguir impedir que houvesse alguma desgraça naquela cozinha. Felizmente com os gritos dos dois, Dante acordou e tinha chego na cozinha pra ver o que estava acontecendo. Ficou olhando na porta sem saber muito o que fazer quando olhou para Ariel e viu que o ruivo estava em apuros. Chegou perto do irmão e o agarrou por trás, tentando apartar a briga. Ariel tentava segurar Fred.
-Eu não admito que você fale assim da minha mãe. -gritou Humberto.
-Eu falo do jeito que eu quiser dela. Aposto que a essa hora, ela está naquele maldito clube com aquele exército de seguidoras leais e ignorantes que ela chama de “amigas” falando mal de mim. Então sim, ela é uma Vaca. E você sabe disso tanto quanto eu.
Havia fogo nos olhos de Fred. Ele estava fora de controle. Humberto buscava manter a calma. Quase abriu a boca para dizer que pelo menos a mãe dele estava viva. Mas sabia que se dissesse isso, nunca teria o perdão do loiro. Então resolveu sair dali e deixar o primo falando sozinho.
-Humberto, volte já aqui e discuta comigo como um homem. Seu covarde…
Ariel virou Fred de frente e deu um leve tapa na cara do loiro.
-Fred, pare de agir como um imbecil. -disse o ruivo chacoalhando o amigo.
Foi aí que Fred caiu na real. Tudo o que disse para Humberto veio à tona.
O loiro olho para o amigo.
-Obrigado por isso. -e sorriu sem graça. -Eu fui um babaca.
-É, você foi mesmo. O que deu em você, Fred?
-Ai amigo, eu não sei. -disse o loiro sentando na cadeira. -O Humberto me tira do sério quando ele faz essas coisas. Ele age como se fosse o meu dono.
-Hum, sei. Tem certeza que é isso mesmo? Ou você surtou com ele, como surtaria com qualquer pessoa que estivesse na sua frente, porque agora você viu que está tecnicamente sozinho e terá que seguir a sua vida sem os seus pais? E Fred, por Deus, nos conhecemos a tanto tempo. Conheço o Humberto à tanto tempo e aquele homem se preocupa demais com você! Não foi legal o que você disse pra ele. Ele ficou o tempo todo do seu lado. E você, quando viu que teria que tomar uma atitude, atacou o primeiro que viu. Eu te conheço, baby. Não sei como é essas dor que está sentindo, mas é por isso que eu vim até aqui. Por você. Por que eu te amo. -disse o ruivo passando a mão nos cabelos do loiro.
Fred ouvia aquelas palavras como socos em seu rosto. Fisicamente não doeriam tanto. Ariel estava certo. Não soube lidar com a realidade e viu que culpar Humberto era a solução mais fácil. Teria que pedir desculpas.
-Obrigado meu amor. - disse Fred abraçando o amigo. -Obrigado por estar aqui comigo. Obrigado por ser meu amigo. -disse Fred dando um beijo no rosto do ruivo.
-Me agradeça pedindo desculpas pro Beto.
Fred sorriu.
-Ta bém. Onde será que ele está?
-Ele e o Dante foram pra fora. Acho melhor você ir lá também.
-Eu vou. - e foi saindo para o quintal, mas antes parou na porta. -Ah, mais uma vez Ari, muito obrigado.
Ariel piscou o olho para Fred. Na mesma hora, Samantha e Henrique chegaram na cozinha.
-Bom dia, Ari. - disse Samantha.
-Bom dia Sá, bom dia Rique.
-Bom dia, Ari. - disse Henrique.
-O que aconteceu aqui? Ouvi gritos do meu quarto.
-Seu irmão e seu primo estavam brigando.
-Sério? Mas ninguém se machucou, né? -disse Henrique.
-Não, mas foi por pouco. Se o Dante não tivesse chego antes, os dois tinham se pegado.
-Eu imaginei. Mas aqueles dois se entendem. Nunca vi igual. E ninguém se atreve se meter quando eles estão brigando.
-Eu percebi. Quase apanhei dos dois.
Os três sorriram.
-Ari, eu vou pro clube com o Henrique. Você quer ir com a gente?
-Eu vou aceitar o convite sim, Sá. Vai ser bom aqueles dois ficarem um pouco sozinhos.
-Exatamente. Ou eles se entendem, ou se matam.
-Verdade. - disse o ruivo sorrindo. - Então tá. Vou subir pro seu quero e trocar de roupa.
-Espera ai, vamos juntos.
-E eu vou chamar o Dante. - disse Henrique.
-Certo. Nos encontramos na sala então.
-Ok.
Subiram os dois e logo depois subiram Dante e Henrique.
Fred tinha ido pra parte da frente da casa. Estava fumando, pensando em tudo o que havia dito pro primo. Queria se desculpar com ele, mas queria que estivessem sozinhos pra isso. Resolveu sentar no degrau da porta e sentiu o celular vibrar. Era Samantha.
“-Oi Drama Queen, já fiquei sabendo do seu espetáculo A La Broadway. Nós quatro vamos pro clube pra vocês dois poderem conversar à vontade. Quando estivermos saindo, te dou um toque.”
Fred começou a digitar a resposta.
“-Ok. Só não demorem, por que tá bastante calor aqui fora e eu detesto calor.”
Riu sozinho e entrou pra dentro, indo ao banheiro.
Dez minutos depois, seus primos e seu amigo haviam saído. Estavam sozinhos, finalmente, pensou o loiro.
Fred acendeu outro cigarro e foi para o quintal. Chegando lá, encontrou Humberto sentado na mesa ao lado da piscina, com um copo de whiskey na mão. Foi se aproximando da mesa, puxou uma cadeira e sentou. Ficou olhando para o rosto de Humberto. Parecia que ele tinha chorado. Estava com os olhos levemente vermelhos. Mas mesmo assim, era o homem mais lindo desse mundo.
-Fred, eu queria me desculpar…
-Não, não fala nada. - cortou Fred. -Quem deve te pedir desculpa sou eu. Eu fui um idiota. Não devia ter te dito aquilo que eu disse. Bom, menos a parte da sua mãe, que é verdade, mas não vem ao caso. Você sempre esteve comigo e está comigo agora, me ajudando nesse momento mais difícil da minha vida. Então, me perdoe, baby. Do fundo do meu coração, e... -disse o loiro com voz de choro.
Humberto nem quis terminar de ouvir o resto. Levantou da cadeira, virou o copo de whiskey numa só golada, foi até Fred, puxou ele de cadeira e o abraçou. Um abraço forte. Como se quisesse tirar a dor que o primo estava sentindo.
Fred perdeu a respiração por alguns segundos. Era ali que queria estar pra sempre.
-Não diga nada. Só me abrace. - disse Humberto.
…
++++++++++++++++++
Boa noite, amados. Aqui está mais um capítulo. Obrigado pelos comentários e por estarem gostando. Tenham uma boa leitura. Beijo. :)