Continuando...
Alheio aos meus pensamentos confusos e cheios de dúvidas,Carlos se aproximou de Fred e após toca-lo com as pontas dos dedos,caminharam juntos em direção as sombras,me deixando sozinho.Apesar do silêncio que mantive,minha mente trabalhavas febrilmente em relação as últimas palavras que eu havia escutado.Depois de algum tempo,acabei chegando a conclusão de que ou não era verdade,ou tinha um engano ali,afinal o que eu poderia ter que despertasse o interesse de alguém?
Nada,essa era a resposta,nada.Decidi não dar mais atenção ao que tinha sido dito por aqueles dois malucos e passei a observar o quarto onde me encontrava.Era baixo e eu conseguia ver o teto,não tinha janelas e a iluminação vinha de uma lâmpada fraca a um canto.Lá onde só havia sombras,deveria haver uma porta ou uma entrada.
Lentamente,puxei as correntes e em um ato inesperado tentei ficar de pé,mais senti o ferro ser pressionado contra a minha carne,abrindo uma ferida que só ia aumentando com o meu esforço de me levantar.Quando o sangue começou a escorrer e a dor se tornou impossível de suportar,desisti e escorreguei para o chão.
De cabeça baixa e respirando rapidamente,percebi como meu esforço havia sido inútil,pois as correntes estavam bem presas a parede e sem uma chave,não tinha como me soltar.E então a ficha finalmente caiu e como se começasse a ver tudo de um novo ângulo,entendi a minha situação.
Eu estava acorrentado em um quarto,que parecia uma caixa forte.Mais o pior é que ninguém sabia aonde eu estava,pois eu tinha cuidado disso ao sair pelo muro da minha casa em vez da porta.Eu estava sozinho com dois malucos e ninguém iria me salvar.Não seria como nos filmes que alguém sempre resgata o mocinho na última hora,ao contrário,eu estava entregue a minha propia sorte.
A aparente calma que tinha mantido até aqui,desabou e o desespero começou a crescer dentro de mim,me fazendo sufocar.Sem suportar ficar parado,tentei puxar as correntes várias vezes,porém acabei me machucando cada vez mais.Quando me dei conta e aceitei que não tinha mais nada a fazer;a não ser esperar,comecei a chorar inconsolável,temendo o que poderia vir a seguir.O barulho de passos tomou conta do ambiente e Carlos surgiu das sombras,olhando com satisfação para o meu estado.
-Estava ouvindo as suas tentativas inúteis de se soltar,Santiago...Sabe,não quero tirar suas esperanças,mais para quebrar essas correntes séria necessário uma força sobrenatural.-Ele disse,em tom de quem está zombando.
-Me solta Cara,por favor...Me deixa ir embora!-Implorei entre soluços,sem sentir vergonha por isso.
-Uma vez estive na mesma situação que você,acorrentado a uma parede fria.E eu também implorei para que me soltasse e me deixasse ir embora,mais seu pai apenas riu dos meus esforços...Ele não teve pena de mim,então por que eu teria de ter com você?-Ele perguntou,sua voz demonstrando um profundo desprezo.
Minha vontade era de gritar com ele,sacudir até fazê-lo enxergar que o que quer que fosse,que meu pai tivesse feito a ele,eu não tinha culpa.Mais percebi que seria inútil,pois ele estava cego pelo ódio,então decidi me manter calado,chorando baixinho.
-Na minha juventude eu tinha como melhor amiga,uma moça chamada Melina.Ela era sensível e muito generosa com as pessoas a sua volta.Ela não se importava que eu era um bastardo e adorava a minha companhia.Aos poucos eu fui me apaixonando por ela,mais quando tentei me declarar,era tarde demais e ela me disse estar apaixonada por um jovem policial chamado Lúcio Barroso...Mais não fiquei com ódio ou raiva por sua escolha.Eu queria que ela fosse feliz,não importava se era comigo ou não...Fui padrinho de seu casamento e como eu e o marido dela trabalhávamos no mesmo lugar,tentei ser amigo dele...Os anos se passaram e Lúcio foi colocando as garras de fora,se mostrando um homem violento e frio,que começou a ter prazer em torturar bandidos.Melina era uma mulher muito amorosa,e não conseguia suportar o tipo de pessoa que o marido estava se tornando.Mais a gota d'agua foi quando Lúcio descobriu que o irmão dela namorava um bandinho e deu uma surra no garoto...Melina arrumou suas coisas e se separou de Lúcio.Minha primeira vontade foi de ir atrás dela e oferecer meu amor,só que eu já estava casado e apesar de sentir apenas carinho por minha esposa,lhe devia respeito.-Carlos contou,após dar algumas voltas pela sala,ignorando o fato de que eu estava chorando.Aliás,parecia que ele estava ignorando até a minha presença,pois a imprensão que tive,era a de que ele estava falando para si mesmo.
-Aos poucos fui notando o quanto o seu pai sofria e o quanto Melina andava triste e sem sorrir,então decidi reaproximar os dois...Hoje me arrependo de ter feito isso,mais na época,me pareceu o correto a se fazer.Enfim,Melina descobriu que estava grávida de você e isso...-Carlos continuou,antes que eu pudesse falar alguma coisa.
-Espera aí...Como é que é?-Perguntei sem conseguir ficar quieto,a surpresa afastando a nuvem do desespero de cima de mim.
-Isso mesmo que ouviu.Melina esperava um filho de Lúcio,no caso você.-Carlos respondeu irritado pela interrupção.
-Não,não,não...Eu sou filho da Sônia...Da Sônia com o meu pai,não da esposa dele...Eu tenho minha certidão de nascimento e eu vi os papéis do hospital.-Rebati incrédulo.
-Não duvido disso,afinal a Sônia realmente teve um filho com Lúcio,só que ele morreu poucos dias depois de vir ao mundo.-Carlos disse tranquilamente.
-Não Cara...Eu sou filho da Sônia,eu...-Tentei falar,sentindo que minha cabeça ia dar um nó.
-Foi um plano inteligente do seu pai.Você e o seu meio irmão nasceram quase no mesmo dia,então era apenas entregar você para Sônia e manda-la para um lugar distânte,aonde ninguém duvidasse de que ela era a mãe do bebê que tinha nos braços...O plano foi perfeito,tanto que eu só descobri a pouco tempo,que o menino que carregava o nome de Lúcio Monteiro,era na verdade Santiago de Castro Barroso,filho de Melina de Castro Barroso.-Carlos disse com satisfação.
-Melina de Castro Barroso...M.B.C...Medalhão!-Repeti lentamente.
Parecia ter sido a mil anos que o Fred tinha me dado aquele colar velho,mais a reação da minha mãe era algo que tinha ficado marcado e foi com facilidade que lembrei daquele dia.E como um quebra cabeça,juntei as peças que agora tinha e então,finalmente consegui entender a reação da minha mãe ao ver aquele objeto e seu desespero para sumir com ele.O medalhão tinha sido da esposa do meu pai e ele deveria carregar como uma lembrança dela.
Levo para sempre em meu coração ou algo assim,era a inscrição que havia na parte de trás do colar.Melina deveria ter nele,as fotos do que deveria ser mais importante para ela.Como se uma pedra caísse no meu estômago,percebi a dimensão do que havia acabado de pensar.No medalhão havia a minha foto de quando eu era bebê,e o que poderia ser mais importante para ela do que seu filho?
-Não...Não pode ser!-Disse em voz alta,com a sensação de a minha cabeça iria dar um nó.
-Claro que pode...Basta ver como Sônia te tratou todos esses anos.Qual é a explicação para tanto desprezo e frieza senão fosse a de que não é filho dela?-Carlos perguntou pacientemente.
-Mais se isso é verdade...Por que o meu pai fez isso?Porque todos mentiram pra mim?-Perguntei.
-Porque o seu pai pensou que apagando o seu passado,o impediria de um dia olhar para trás e o odiar intensamente.-Carlos respondeu.
-Como se já não tivesse motivo suficiente,né?...Afinal o que pode ser pior do que ele ter sido um matador de aluguel?-Rebati.
-Ah Santiago,uma coisa é ele ter matado alguns estranhos...Outra bem diferente,é ter matado a mulher que dizia amar.A mãe do seu próprio filho!-Carlos disse com dificuldade,sua voz demonstrando uma profunda angústia.
-Não,não pode ser!-me recusei a acreditar.
Carlos me observou por alguns minutos e então puxou algo do bolso da calça,que abriu lentamente.Ele se abaixou na minha frente e fui obrigado a desviar o olhar do seu rosto.
-Leia!-Ele disse autoritário,enquanto estendia uma folha de papel a altura do meu rosto.
Ao olhar percebi que era uma matéria de jornal,cuja foto era de uma mulher muito bonita de olhos grandes,castanhos escuros e cabelos ondulados da mesma cor.Logo abaixo havia uma legenda em letras garrafais:RELEMBRE CRIME BRUTAL QUE CHOCOU O RIO DE JANEIRO.
-Há dezesseis anos,a morte da publicitária Melina de Castro Barroso chocava o país.Filha do também publicitário Denis de Castro Valverde,Melina era casada com o policial militar Lúcio Barroso.
Para quem não se lembra,Lúcio era o nosso herói local.Policial honesto e cumpridor da lei,ajudou e salvou muitas vidas.Fato esse que nunca nós deixou imaginar,que um homem tão bondoso fosse capaz de cometer tamanha atrocidade.
Na noite do dia 15,a exatamente dezesseis anos.O policial chegou em casa e encontrou a esposa abraçada com um rapaz,que foi indentificado como Edgar.Tomado pelo ciúme,Lúcio com o auxílio de uma faca,partiu para cima de Edgar e degolou o jovem,deixando o para morrer na sala.E então disposto a terminar o que havia começado,Lúcio seguiu a esposa até o quarto e lá,também a degolou e em seguida fugiu.
Dias depois,Lúcio compareceu a delegacia e confessou ter matado Edgar,mais alegou inocência quanto a morte de Melina.Afirmou que quando saiu de casa,havia deixado a mulher viva,mais o nosso competente delegado não acreditou nessa versão e exigiu a prisão de Lúcio,mais ele conseguiu sair livre da delegacia.
Poucos dias depois,Lúcio esteve à residência do pai de Melina que não se encontrava,e a inocente babá permitiu que o assassino tivesse acesso ao pequeno Santiago.Desde então pai e o pequeno bebê desapareceram.
Não se teve nenhuma notícia da criança,até poucos dias atrás,quando o único parente vivo de Melina entrou com uma ação,exigindo receber os bens que Melina havia deixado e que estão em poder da irmã de criação de Denis,mais esta apresentou ao juiz uma misteriosa carta,aonde o autor declara que Santiago está vivo e que atualmente têm a exata idade de dezesseis anos.
Se isso é verdade meus caros leitores,aonde vive Santiago?Como esse pobre menino se sente ao saber que sua mãe foi assassinada brutalmente por seu pai?-Le a matéria lentamente,sentindo meu peito ser esmagado a cada palavra.
Como eu me sentia ao saber que minha história era falsa?Como eu me sentia ao saber que minha mãe tinha sido apagada da minha vida como se não fosse nada?Como eu me sentia ao saber que o meu pai era bem pior do que eu pensava?
Eu me sentia vazio,como se de repente nada mais fizesse sentido.E pela primeira vez me perguntei se valia a pena viver!
Continua...
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Olá galera...
Chegando agora e trazendo um dos maiores capítulos que já escrevi,doeu até os dedos acreditam?kkkk
VALTERSÓ realmente é lamentável,pensei até em desistir mais percebi que não seria justo e o mínimo que poderia fazer por vocês terem me acompanhado todo esse tempo era continuar.
Atheno e Martines será o Diego,um dos vilões dessa história?Vamos saber em breve kkkkkkkk
Ru/Ruanito obrigado pelo show e pela nota...
Até amanhã pessoal...