Liguei pra Luiza e combinei de nos encontrarmos daqui uma hora na praia. Pego tudo o que preciso e vou ate a casa do Xande.
A porta da frente, como sempre, está aberta. Subo ate seu quarto.
Eu – Já to pronto, vamo?
Digo ao entrar.
Xande – Só um segundo pai.
Ele diz ao telefone.
Xande – É o meu...
Eu – Pai, eu ouvi.
Xande – Leva isso pro carro. Já que eu desço.
Ele diz me entregando uma mochila e a chave do carro.
Eu – Sim, senhor!
Digo irônico.
Só de lembrar que eu o incentivei a resolver os problemas dele com o pai tenho vontade de me jogar da escada.
Tô brincando... ou não. Na verdade, fico feliz que esteja tudo bem entre eles, mas ao mesmo tempo fico com medo dele ir embora. Isso é egoísmo da minha parte eu sei. Mas fazer o que?
Entro no carro e fico esperando.
Cerca de quinze minutos depois ele vem.
Eu – Finalmente!
Xande – Você viu que tava no telefone, não viu?
Eu – Ta bom. Só dirige logo, a gente já tá atrasado.
Xande – Calma. A praia não vai sair do lugar.
Ele diz rindo.
Eu – Não vai, mas eu combinei m horário com a Luiza. Não gosto de deixar ninguém esperando.
Digo um pouco ríspido.
Xande – Vishe... Já vi que ta de mau humor! Que foi? A menstruação desceu?
Eu – HAHA! Engraçadão você.
Xande – Tu pareces o Patolino, direto reclamando. Eu que tenho motivo pra ta bravo, não estou e você que não tem, fica ai nesse estresse.
Eu – Que motivo que você tem pra esta bravo?
Xande – Que motivo? Teu amiguinho que não te deixa em paz. Não te parece um motivo bom o bastante?
Eu – Vamos começar a brigar por causa disso de novo?
Ele fica calado uns minutos.
Quando para em semáforo, ele põe a mão na minha coxa.
Xande – Luke, eu não quero brigar, só quero saber por que você tá tão agressivo. Eu fiz alguma coisa?
Eu solto um longo suspiro.
Eu – Não é nada, é besteira minha. Relaxa.
Xande – Ok...
Eu – Você trouxe protetor solar?
Xande – Não. Você não trouxe?
Eu – Não, o meu acabou.
Xande – Porque não disse antes? Eu podia ter perguntado se minha mãe tinha.
Eu – É difícil falar com você agora que vive pendurado no telefone.
Ele sorrir.
Xande – Hum, é isso.
Eu – Isso o que?
Xande – Nada... Eu vou passar no posto de gasolina pra abastecer, aproveito pra comprar seu protetor na loja de conveniência.
E assim ele fez.
Enquanto ele esta na loja, recebo uma mensagem do Junior.
Junior – Como tá?
Eu – Bem. Por que?
Junior – Ele não brigou contigo?
Eu – Não. E quando eu começo a achar que as coisas entre nos podem melhorar, você inventa mais uma mentira pra tentar envenenar o Xande contra mim.
Junior – Não fica bravo. Só queria saber se ele realmente confia em você.
Eu – Claro que era... Tão bonzinho você.
Junior – Eu não consigo ver esse namoro de vocês como uma coisa séria, que tenha futuro, sabe?
Eu – E eu acho que isso não é uma coisa que caiba a você decidir.
Junior – Não fica bravo! Só acho que nós dois teríamos mais chance de dar certo.
Eu – Não começa Rafael.
Junior – Vai fazer o que agora?
Eu – Tô indo a praia.
Junior – Hum... Só você e o Tropeço?
Eu – Não alguns amigos nossos também vão junto com a gente.
Junior – Ah, bacana. Pra qual praia vocês vão?
Eu – Pra mesma que nos íamos.
Xande – Ta falando com quem, hein rapaz?
Diz me entregando uma sacola.
Eu – Junior.
Xande – Mas já? Não faz meia hora que essa cara tava na tua casa e já ta te perturbando de novo? Puta que pariu!
Ele diz bravo.
Xande – O que esse Visconde quer?
Eu – Saber se nos brigamos.
Xande – Ta vendo, esse é o tipo de gente que você chama de amigo. Fica inventando historias pra gente brigar. Aposto que ele tava louco pra te consolar.
Eu – Deixa isso pra lá Xande.
Xande – Um caralho que eu deixo isso pra lá. Não posso dar as costas que você á de papinho com esse cara...
Recebo outra mensagem do Junior.
Junior - Ah, to ligado.
Visualizo mas não respondo nada.
Xande – Parece que agora que vai ficar de conversinha na minha frente também.
Fala de forma irônica.
Eu – Você quer que eu simplesmente o ignore?
Xande – Isso! Acho que finalmente você entendeu!
Eu – Você vive pendurado no telefone na minha frente e eu não falo nada...
Xande – Porra Lucas! Eu fico no telefone com o meu pai! Você quer comparar meu pai com esse pau no cu?
Eu – Não vejo diferença.
Xande – Serio? Você não ver diferença entre uma cara que quer te foder, quer nos separar e o meu pai?
Eu – Seu pai quer te levar embora, como isso não é querer separar a gente?
Xande – Ele não sabe que a gente ta junto. Pelo amor de Deus!
Ele já gritava.
Nos chegamos a praia, mas continuamos no carro discutindo.
Eu – E porque ele ainda não sabe? Por que Alexandre?!
Xande – Você sabe o porquê. Ainda não é à hora certa.
Eu – Não existe isso de hora certa. Você não disse ainda porque tem medo que ele fique com raiva de você quando descobrir que você é gay e isso estrague o maravilhoso relacionamento que vocês construíram em um mês! Você é um covarde, isso que você é!
Ele me olha pra mim com tanta raiva. Por uns segundos pensei que ele fosse me bater.
Xande – É isso quer que faça Lucas? Que eu diga a ele que sou gay? Se isso é o que vai fazer você parar de reclamar, eu faço!
Diz ainda com raiva.
Pega o celular e liga pro pai.
Tô agindo feito idiota. Se eu levei anos pra contar pros meus pais, não tenho o direito de querer que ele se assuma pro pai sem estar pronto, só porque estou inseguro.
Eu – Não Xande, não faz isso...
Xande – Cala a boca! Não era você que queria que eu fizesse isso... Droga, caixa postal. Pai me liga assim que você receber essa mensagem é importante.
Ele desliga o telefone.
Eu – Xande...
Xande – Melhor você ligar pro Junior e avisar que ele conseguiu o que queria, nos brigamos.
Nunca o vi com tanta raiva assim.
Xande – Lucas, eu vou pra casa. Pede desculpa a Luiza e ao Iran, inventa alguma coisa. Quando você quiser ir pra casa, me liga que eu venho te pegar.
Eu – Não Xande, não fica assim, me perdoa. Eu não sei o que deu em mim. Me perdoa. Vamos conversar.
Ele permanece calado.
Eu – Por favor...
Xande – Conversar o que Lucas? Tem mais alguma coisa a dizer? Eu sou covarde e mais o que?
Eu – Você não é covarde. Eu só disse aquilo porque to com raiva.
Xande – Com raiva de que Lucas? Só me diz o que você tem contra meu pai? Toda vez que ele me liga ou que eu cito ele, você fica assim.
Eu – Xande... Faz oito anos que ele não te procura e agora aparece querendo bancar o pai do ano e quer que você vá morar com ele em outra cidade. Eu via a magoa, a raiva com que você se referia a ele e agora ele vem dizendo que tava com saudade, e dar um abraço, dia que te ama e de repente você se esquece de tudo.
Xande – Não me esqueci de nada. Só quero melhorar meu relacionamento com ele. Você mesmo que disse pra eu fazer isso.
Eu – Eu to com medo de te perder. É isso.
Xande – Eu to aqui contigo e não vou a lugar algum, entendeu?
Ele diz olhando nos meus olhos. Agora já mais calmo.
Eu – E se ele não gostar de mim.
Xande – Vai ser um problema dele. Você é meu namorado, não dele.
Eu – Isso e fácil de dizer na teoria...
Xande – Não vamos pensar nisso agora.
Ele me abraça.
Eu – Me desculpa de verdade. Não precisa dizer nada agora pra ele. Cada um em seu tempo, não é justo que te obrigue a fazer algo que não esteja preparado.
Luiza me liga.
Eu – Amiga, to chegando. Já te ligo.
Desligo.
Eu – Não vai embora, por favor.
Xande – Já disse que não vou a lugar algum sem você.
Continua.
Quero pedir desculpas a todos que acompanhavam o conto, mas uma serie de problemas pessoais me levaram a me afastar daqui. Só quero dizer que não vou abandonar os contos.
Grande abraço.
