PUTA QUE PARIU, esqueci meu celular com ele de novo. -Percebi quando acordei naquela manhã.
Eu nao poderia ligar para ele, afinal o novo numero estava no meu celular, entao resolvi passar no apê dele para saber como ele estava, e afinal não esperaria ele decidir levar o celular para mim novamente. Me aprontei, na verdade me aprontei mais do que eu queria e segui até o condomínio.
Me informei na portaria e fiquei aguardando uma resposta, não sabia se ele estaria em casa, mas de repente minha entrada é permitida e sigo até a cobertura.
Quando abre a porta do elevador, ele me esperava já na entrada com um um short fino deixando a mostra suas pernas grossas e uma camiseta um pouco mais folgada.
-Charlie, que bom te ver. Bom, na verdade nao é nenhuma surpresa sua presença. -Diz ele segurando meu telefone. E deu um sorriso meio sem graça.
-obrigado, é bom te ver também. -fico o admirando por um segundo. - Pois é, só não esqueço a cabeça porque está colada no corpo. -Digo timidamente com uma mão coçando a nuca. -e... também vim para saber como você está, se você se sente melhor.
-sinto apenas um pouco de dor de cabeça, mas logo passa, não fico de ressaca facilmente. Aliás, muito obrigado pelo seu auxilio, e desculpa acabar ligando para você e ainda passar um vexame, que aliás vem como flash's de memória dessa noite.
-digamos que estamos quites pelos momentos constrangedores. -Nós dois sorrimos.
-só me lembro de acordar apenas de roupão na cama. -Nessa hora eu corei e ele percebeu. -tudo bem, foi gentil da sua parte. -Ficamos um momento em silêncio.
-estou preparando um almoço, me acompanha?!
-não, obrigado. Já vou voltar para casa.
-faço questão, aliás você saiu de tão longe só para vir aqui, creio eu.
-sim, foi para pegar o celular e ver como você estava.
-agradeço a preocupação e agradeceria mais ainda se me acompanhasse. Está quase pronto.
-tudo bem, eu aceito. Queria ver aquele homem nem que fosse mais um pouco.
Conversámos na cozinha tomando um vinho enquanto ele preparava a refeição, reparei que ele estava sem aliança.
-então Charlie, qual sua área de trabalho? -Diz tomando um gole de vinho.
-eu sou da área administrativa na empresa. Relatórios, papeis, planilhas e essas coisas mais chatas, e você?
-sou proprietário de uma empresa fora do país. -disse como se fosse uma resposta pronta para minha pergunta.
-ah sim, muito bom. -Pela mordomia que ele vive, deve ser uma empresa e tanto.
-mau pergunte, você mora com sua noiva? -Não sei por quê perguntei aquilo, simplesmente saiu, seria o vinho? Nao, era burrice mesmo.
Ele refletiu por um momento e suspirou.
-ahh....desculpa se toquei em algum assunto delicado. Eu disse já vendo a burrada que eu havia feito.
-não, não é nada delicado, foi por isso que me encontrou naquele estado na noite passada. Digamos que estamos em crise no nosso noivado, acabei saindo e enchendo a cara. E não, não moramos juntos, ela viaja bastante a trabalho. -Disse calmamente. -você repara nas coisas a sua volta Charlie, gosto disso. -Disse tomando mais um gole de vinho e virando para o fogão.
Almoçávamos e novamente estava eu ali naquela luta de etiqueta contra talheres e taças. As vezes eu percebia ele dando leves sorrisos disfarçadamente da minha falta de prática.
-é questão de acostumar, não se preocupe.
-geralmente sou apenas eu, o garfo e a faca.
Ele retira os talheres deixando apenas dois garfos e duas facas e retira algumas taças, deixando apenas os mais simples.
-nao precisa disso. -digo envergonhado.
-agora é você, eu, pratos, garfos, as facas, e claro, o vinho. -diz com um olhar firme pra mim.
Ele conseguia me deixar sem graça e ao mesmo tempo me deixar a vontade. Depois do almoço bebemos o restante do vinho, estávamos tão extrovertidos que ele acabou pegando mais uma garrafa na adega.
-sinta-se lisonjeado, nunca abri duas garrafas para o mesmo convidado antes.
-é que sou especial. -eu já estava mais solto.
-sim, voce é especial.
Era ótimo ver ele se soltando daquela maneira, nos primeiros dias que eu o vi, ele era um homem muito sério e fechado e agora eu conseguia conhecer um lado do Marcelo que eu gostava mais. A tarde foi seguindo assim, regrada a risos. Já era noite quando vejo que acabei nem vendo a hora passar.
-bom, esteve tudo ótimo mas tenho que voltar para casa. -digo levantando do sofá.
-relaxa, fica mais um pouco, é fim de semana. Ou você tem compromisso?
-não, não. É porque ja está tarde mesmo.
- fica, só mais um pouco. -ele disse tirando a camisa. O que ele pretendia com aquilo?
Ele foi para fora e deu um pulo na piscina. Fui até ele.
-entra, a água esta ótima, boa para se recuperar do vinho.
-não, tudo bem, acho que vou ficar por aqui. -fui chegando para trás.
-prefere mesmo ficar aí sentado?
-na cadeira do sexo? Não mesmo.
-na cadeira do que? -pergunta confuso.
-ahhh....é melhor se afastar porque to pulando. Tirei a camisa e pulei, o vinho estava começando a fazer eu falar besteira.
Quando voltei para superfície eu não o via, de repente ele aparece de um mergulho bem na minha frente.
-obrigado pela companhia de hoje, está sendo bem proveitosa. -Diz passando a mão no rosto pra tirar o excesso d'água. Estávamos tão perto que eu conseguia sentir o aroma do vinho em sua boca.
-eu que agradeço. Está sendo ótimo sim. -apenas nos olhávamos, nada precisava ser dito, nossos olhares fixos um no outro com nossos rostos quase colados, era o suficiente, até ele quebrar o silêncio.
-qual sua historia Charlie? -Pergunta indo para a beirada da piscina.
-bom, na verdade não tenho uma história interessante. -Digo chegando ao seu lado. -sou de uma família humilde, que sempre lutou por suas conquistas, principamente para dar conforto a mim e a minha irmã. Eu terminei os estudos e mesmo agora com vinte e um anos não fiz faculdade. Cheguei a fazer alguns vestibulares mas nada me agradou. Tenho vontade mesmo é de voar por ai, em vez de ficar atrás de uma mesa mechendo com planilhas. Meu sonho e trabalhar lá em cima. -Digo mostrando um avião passando.
-mas já viajou em um?
-não, mas ainda sim tenho paixão por avião. E você, qual sua historia?
Ele me olhou como se procurasse as palavras certas.
-eu não cheguei a conhecer meus pais, pelo que soube, quando eu nasci minha mãe faleceu no parto, meu pai quando descobriu que ela estava grávida fugiu. Acabei parando em um orfanato mas poucos meses depois fui adotado por uma família nobre dos Estados Unidos, estavam de passgem pelo Brasil e em uma visita ao orfanato, ficaram encantados comigo e acabaram me adotando. Cresci, estudei bastante e quando meu pai faleceu deixou a empresa por minha conta. Com vinte e dois anos vim morar no Brasil, minha mãe preferiu continuar lá fora, mas sempre vou visita-la quando posso. Hoje com vinte e oito anos tomo conta da empresa e vou lá apenas a reuniões mais importantes, e agora, bom... agora estou aqui na piscina com você. -ele dá um breve sorriso.
-é uma historia e tanto, nunca imaginaria. Sinto por sua perda. -ele apenas achou graça da minha resposta curta.
-voce é um garoto bem interessante. -o celular dele toca e ele apenas estica a cabeça para ver quem é e deixa tocar até desligar. -está bem tarde. Se ficar um pouco mais tarde fica perigoso para você ir pra casa. -disse saindo da piscina. A bermuda dele era clara, deixando bem visível sua cueca e seus atributos marcando. Nada que eu ja não tenha visto, mas ainda sim era super excitante.
-claro, vamos. -Ele se enrolou em uma toalha e me deu outra.
-pode ir tomar banho no banheiro do meu quarto, só vou resolver uma coisa no escritório.
-tudo bem, posso usar o banheiro de baixo mesmo. -disse já indo até o banheiro.
-como preferir então. -disse piscando pra mim.
Quando saí do banho ele desceu com uma bermuda e uma cueca.
-você vai precisar disto. -Disse me entregando.
Em vez de me trocar em outro comodo, não, fui inventar de colocar por baixo da toalha que quando fui subindo a cueca, tentando colocar, acaba caindo me deixando completamente pelado na frente dele, já que o mau feito foi feito, me troquei ali na frente dele mesmo. Reparei ele me analisando de cima a baixo.
-agora sim estamos quites. -disse ele dando um sorriso de canto de boca.
Pego minhas coisas e nos despedimos ali mesmo no elevador.
Chegando em casa já vejo uma mensagem no meu celular.
"obrigado de verdade, fazia um bom tempo que não me sentia tão a vontade assim, e cuidado com esse celular, uma hora vou acabar não podendo falar com você. rs"
Eu curti tanto o dia que resolvi fazer uma proposta a ele.
"Eu precisava disto também. Adorei sua companhia. Quer dar uma volta comigo amanhã? Vivi tanto da sua vida por um dia, que tal viver um pouco da minha?"
Ele visualizou e demorou um pouco a responder.
"tudo bem, eu aceito"
"ótimo, te pego aí 10h."
Agora sei que ele se chama Marcelo, é proprietário de uma empresa internacional, tem uma BMW, uma cobertura na parte nobre da cidade, é cliente do pai do Henrique, tem vinte e oito anos e está com o noivado em crise, mas ainda sim ele me passa um certo mistério.