Xande volta à sala super estressado.
Xande – Espero que agora ele pare de perturbar.
Ele me entrega o celular.
Eu – O que falou pra ele?
Xande – Ah... O mesmo que disse aquele dia, basicamente. Que nos amamos e vamos ficar juntos, não importa o que ele tente fazer, não vai conseguir nos separar.
Eu – Hm... Será que ele entendeu dessa vez?
Xande – Espero que sim.
Eu – Ele disse mais alguma coisa?
Xande – Repetiu todas as merdas que já tinha falado antes. Que não vai aceitar a gente nunca junto, que quer que eu fique longe de você e... Ah, essas idiotice aí! Até parece que ficar falando esse monte de porcaria vai fazer eu me afastar de ti.
Ele deita no sofá e põe a cabeça sobre minhas pernas.
Eu – E como você tá se sentindo com isso tudo?
Xande – Enquanto eu estiver com você, vou está bem!
Ele diz forçando um sorriso.
Eu – Eu to falando serio, Xande!
Xande – Eu também, ué?
Eu – Não! Quando eu te pergunto alguma coisa sobre esse assunto, você sempre responde “Com tanto que estejamos bem, tá ótimo pra mim” ou algo do tipo. É quase automático.
Xande – Mas é verdade. Se nos estivermos bem, eu estou bem.
Eu – Eu fico preocupado contigo Xande. Se tiver alguma coisa que queira dizer, diga! Desabafa!
Xande – Não tem nada a dizer que você já não saiba, Luke.
Eu – Você precisa desabafar! Vai te fazer bem... Desde o acontecido, você tem ficado muito quieto. Não fala nada sobre o assunto. Eu não sei o que fazer pra te animar!
Ele fecha os olhos.
Xande – Não gosto de falar dos meus problemas com qualquer um! Você sabe disso.
Eu – Uau! A gente tá junto a mais de um ano e eu ainda sou qualquer um... Legal!
Ele se senta rapidamente.
Xande – Não, não! Eu não quis dizer isso! Você não é qualquer um. Você é a pessoa mais importante do mundo pra mim, mas...
Eu – Mas? Mas o que, Xande?
Xande – Mas não me sinto a vontade falando sobre meus problemas, já te disse isso. Principalmente quando se trata do meu pai.
Eu – Alexandre, desde o dia que começamos a namorar, seus problemas passaram a ser nossos problemas. Xande, tudo o que eu sei que te faz sofrer, me faz sofrer também! Deixa eu tentar te ajudar!
Xande – Como? Como desabafar vai mudar alguma coisa? O que você quer que eu diga?! Que eu estou sofrendo? Que eu estou decepcionado? Eu estou, beleza!? Eu estou! Meu pai, o cara que deveria me amar incondicionalmente, tem nojo de mim porque eu amo outro homem! Mesmo ele tendo me largado pra “buscar a felicidade” dele, ele me condena por buscar a minha!
Eu – Só quero que se abra comigo. Você não tem que passar por isso sozinho!
Xande – Você quer o real motivo de eu não querer falar sobre isso com você?
Eu – Claro que eu quero!
Xande – Porque eu tenho medo, Luke!
Eu – Medo? Medo de que?!
Pergunto confuso.
Xande – Luke, eu te conheço! Conheço muito bem pra saber que se você me vê sofrendo por causa disso, em algum ponto, você vai querer terminar comigo, pensando que ficando longe de mim, meu pai e eu vamos nos aproximar e eu vou ficar feliz novamente, mas eu não vou! Eu não quero me aproximar dele se no processo eu tiver que abrir mão de você!
Ele segura minhas mãos.
Xande - Quando eu digo “Com tanto que estejamos bem, tá ótimo pra mim”, não estou dizendo por dizer, é a verdade!
Eu – Você acha mesmo que eu terminaria com você?
Xande – Olha nos meus olhos e me diz que se você me visse triste e miserável chorando pelos cantos, sabendo que meu pai não aprova nossa relação, você não tentaria terminar comigo, pensando que seria pro meu bem?
Eu - ...
Parece mesmo uma coisa que eu faria.
Xande – Fala Luke!
Permaneço calado.
Xande – Tá vendo? Escuta, você, nosso amor é mais importante pra mim do que tudo isso. Eu posso tá chateado agora, mas vai passar. Eu não preciso conversar ou chorar sobre isso, só preciso de você ao meu lado. Só isso!
Ele me dar um selinho.
Xande – Entendeu?
Eu – Entendi...
Ele volta a se deitar.
Eu – Eu não vou terminar com você Xande, eu prometo!
Xande – Fico mais tranqüilo sabendo disso.
Fico fazendo cafuné na sua cabeça enquanto ele continua assistindo o desenho dos gigantes dele.
Depois de algum tempo, deixo ele na sala e fui lavar as louças sujas do almoço.
Eu – “… I watch you let it fall, and get emotional. We racing past, we are free at last. I'm beggin', please, don't play. NO MOOOOOOOOOOOOOOOOOORE…”
Escuto as gargalhadas atrás de mim.
Eu – Que susto Alexandre!
Xande – Eu já tava morrendo de saudade dessa voz desafinada cantando pela casa.
Diz rindo.
Eu – Eu sei que isso é inveja do meu talento.
Xande – É, se isso faz bem pro seu ego, continue pensando assim.
Eu – Cretino!
Ele me abraça.
Xande – Você não precisa limpar nada, amor. Deixa que eu faço isso depois.
Eu – Eu quero. Não tem problema. É você quem sempre cozinha, nada mais justo que eu limpar depois.
Xande – Você é meu convidado Luke.
Eu – Não, eu sou seu namorado e eu como aqui quase todos os dias. Minha sogra deve pensar que não tem comida na minha casa.
Xande – Que nada, ela te adora.
Ele diz sorrindo.
Eu – Eu também adoro ela. Todos dizem que sogras são o capeta na terra, mas a minha é um amor.
Xande – Puxou ao filho!
Eu – Convencido!
Ele beija meu pescoço.
Eu – Volta lá pros seus gigantes que eu vou continuar a cantar aqui e agora vai ser a musica do 50 tons de cinza.
Xande – Nãããão!
Eu – Vai, eu faço a parte do Zayn e você a da Taylor Swift.
Brinco.
Xande – Eu ter que recusar essa proposta de dueto.
Eu – Então volta pro sofá.
Xande – Já terminei todos os episódios... Por que você não esquece a louça, a cantoria, os gigantes e nós dois vamos lá pro meu quarto namorar um pouco, hein? Eu ainda tenho um tempo antes de ir pra terapia.
Diz apertando minha bunda.
Eu – Hm, fazer nosso próprio 50 tons?
Xande – É nerd, eu vou ser o cara de terno que fala muita merda e você a menina sonsa.
Vocês não fazem idéia do quanto ele odeia esse filme. Nós fomos assistir o primeiro no cinema e ele passou os 15 dias seguintes reclamando que o filme era um lixo. Até agora ele não viu o segundo... E nem quer!
Eu – Tá certo, vamo sim. Mas só depois que eu terminar aqui.
Xande – Então, eu vou tomar banho enquanto você terminar aí.
Eu – Tá certo, vai lá. Já que eu te alcanço.
Enquanto ele tava no banho, o celular dele, que estava no sofá, toca e vou atender.
Era um numero desconhecido, então penso ser Seu Arthur.
Eu – Alô.
- É o Alexandre?
Eu – Não. É um amigo dele, ele tá no banho. Quem fala?
Anderson - Ah, ok. Aqui é o Anderson, por favor, pede pra ele ligar pra mim, assim que possível.
Eu – Tudo bem. Eu digo sim.
Anderson – Obrigado.
Ele desliga.
Subo ao quarto dele e o pego pelado.
Xande – Finalmente!
Diz sorrindo e me puxando pra cama.
Eu – Amor, um tal de Anderson acabou de ligar e pediu pra você retornar assim que possível.
Xande – Ele disse o que era?
Falau preocupado.
Eu – Não. Só pediu pra você ligar.
Ele pareceu ficar irritado.
Pega o telefone e começa a ligar.
Xande – Anderson, é o Alexandre. Algum problema?
- ...
Xande – Faz o seguinte, me espera. Eu tô indo aí agora. Daqui a alguns minutos eu chego. Beleza?
-...
Xande – Valeu.
E desliga, vai até o guarda-roupa e começa a se vestir.
Eu – Aconteceu alguma coisa?
Xande – Vida, vou ter que dá uma saída agora e de lá vou pro analista. Mas prometo que te recompenso a noite. Não fica com raiva.
Eu – Fica tranqüilo.
Ele continua a se vestir rapidamente.
Eu – Xande, quem é Anderson?
Xande – É meu empreitei...ro.
Eu – Pra que você precisa de um empreiteiro?
Xande – É... Não. Na verdade, eu... Não é pra mim, exatamente...
Eu – E é pra quem?
Xande – É. É pra minha mãe!
Eu – Ela vai reformar alguma coisa aqui?
Xande – Vai! Isso mesmo! Ela reformar alguma coisa AQUI! Mas como ela tá trabalhando e não tem muito tempo livre pra falar com o empreiteiro, pediu pra eu resolver isso.
Eu – Hm... ta bem. Entendi.
Xande – Agora eu preciso ir mesmo, gatinho. Mas você pode ficar aqui, se quiser.
Eu – Não, eu vou pra casa. Tá quase na hora de ir pra academia mesmo.
Xande – Ok. Te vejo mais tarde.
Dou um selinho nele e vou pra casa.
Já na volta da academia, minha mãe pede pra eu ir pagar umas contas no banco pra ela. Como o banco fecha as cinco, tive que ir logo.
Vou caminhando e reclamando como de costume, num sol quente pra caralho e pra piorar eu treinei perna hoje. To me arrastando.
- Olha quem finalmente tá sozinho!
Diz um cara mal encarado ficando no meu caminho.
Eu – Eu conheço você?
Digo assustado, dando uns passos pra trás. Acabo esbarrando em outro cara que estava atrás de mim, que me imobiliza, segurando meus braços com força.
Penso: Pronto! Vou ser assaltado. Eu to com a grana das contas, puta que pariu!
Porra, mas de onde essas caras vieram? A rua tava vazia!
Eu – Ei, me solta! Socor...
Quando ameaço pedir por ajuda, recebo um soco no rosto com muita força.
Eu – Calma cara. Pode levar tudo, eu não vou reagir...
Levo mais um golpe no rosto...
Esse no rosto deve ter cortado minha boca, porque senti o gosto do sangue.
... E mais dois no estomago, que me fazem perder a voz por uns segundos.
O cara que estava de mim, me segurando pelos braços me soltou, eu caio no chão e os dois começam a me chutar violentamente.
Fico em posição fetal, tentando proteger minha barriga e meu rosto dos golpes, mas sem sucesso.
A única coisa que conseguia fazer era implorar pra que eles parassem de me bater, mas também sem sucesso.
Enquanto recebia os chutes, tudo o que vinha na minha cabeça eram meus pais, Xande e que esses caras iam me matar...
Continua.
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Grande abraço a todos e até a próxima!