Quando acordo, Xande está deitado na minha cama comigo.
Eu – Xande? tá fazendo o que aqui?
Pergunto confuso.
Xande – Eu liguei pra você algumas vezes, você não atendeu. Vim ver como você estava.
Eu – Como tá a cabeça? Melhorou?
Xande – Na verdade, eu nem tava sentindo nada. Só queria ficar sozinho um pouco. Pensar...
Eu – Pensar em que? Se for sobre aquilo que eu disse sobre contar pro seu pai sobre nós, esquece!
Xande – É sobre aquilo, é sobre tudo, na verdade.
Eu – Tudo o que?
Pergunto assustado.
Xande – Tudo. Você, eu, nosso namoro, meu pai...
Pronto, ele vai terminar comigo e vai embora do estado.
Xande – Me perdoa Luke. Por hoje, Por esse ultimo mês...
Eu – Ta tudo bem amor, você tem passado por muita coisa.
Xande – Não Luke! Não tá tudo bem! Hoje... As coisas que eu fiz hoje...
Eu – Você não fez nada de mais amor!
Digo segurando suas mãos.
Xande – Nada demais? Eu fui um babaca contigo Luke! Quando discutimos no carro, eu quase... Eu fiquei com tanta raiva... Eu quis bater em você!
Ele diz com os olhos marejados.
Eu – mas não...
Xande – Deixa eu terminar, por favor!
Diz me interrompendo.
Xande – Eu deixei o Yago passar protetor solar em mim, porque sabia que isso te deixaria com raiva! Eu fiz isso de propósito Luke! Que tipo de namorado faz isso?
Eu – Xande...
Xande – Me diz Luke, você ainda acha isso nada demais? Você não se incomodou nem um pouco?
Eu – Eu... Claro que me incomodou, mas... Tem o Junior, você morre de ciúmes dele, a gente briga muito por causa disso ciúmes. Inclusive hoje mesmo já brigamos.
Xande – Lucas! Eu quis te magoar de propósito, entende isso! Desde que começamos a namorar isso nunca havia acontecido. Eu nunca tinha ficado bravo com você desse jeito.
Eu – Eu passei dos limites falando aquilo sobre seu pai.
Xande – Não! Eu que estou errado. Foi eu que passei dos limites. Eu to tão desesperado pra ter a aprovação do meu pai, que estou negligenciando de você.
Eu – Não acho que seja desespero, você apenas quer recuperar o tempo perdido. Foram 8 anos sentido a falta dele na sua vida. Agora que ele reapareceu você não quer perder a oportunidade.
Xande – Não vale à pena recuperar o tempo perdido com ele, se eu perder você no processo.
Eu – Mas você não vai. Eu não vou a lugar algum Xande!
Xande – Você está incomodado Luke. Se não estivesse, não teríamos a discussão que tivemos hoje.
Eu – Sei la... Eu acho que tenho ciúmes dele.
Xande – Não precisa ter ciúmes. A forma a qual eu amo vocês dois é diferente. Ele é meu pai, meu sangue. É muito importante ter ele na minha vida, mas você... Você é o homem que eu amo. É você que eu quero ao meu lado até eu morrer.
Eu – Eu sei que são formas de amor diferentes. Não me refiro a isso, quero dizer... É bem egoísta o que vou dizer, mas no tempo que vocês passam juntos, seja nessa viagem que vai fazer ou pelo telefone mesmo, eu me sinto excluído. É uma parte importante da sua vida da qual eu não faço parte.
Xande – Eu entendo. Por isso te pedi esse tempo sozinho pra pensar e eu decidi abrir o jogo com ele. Contar que sou gay. Contar que estamos juntos e que amo você.
Eu – Você não precisa fazer isso. Já disse que vou ficar de fora do relacionamento de vocês. Eu vou que aprender que você não é minha propriedade, que você tem uma vida mesmo quando não estou perto de você.
Xande – Eu tenho a vida que você me deu Luke. Eu não sou perfeito, to muito longe disso, mas melhorei muito desde que te conheci. Eu me sinto bem nos teus braços, quando algo de bom você é a primeira pessoa pra quem eu quero contar. Se algo ruim acontecer, sei que posso contar contigo... Mas eu não passo a mesma segurança a você.
Eu – Claro que passa amor.
Xande – Não Luke, só de você pensar que eu posso ir embora, já prova que eu não te paço essa segurança.
Eu – Você não precisa sair do armário pro seu pai pra me provar isso. Eu acredito em você.
Xande – Eu quero fazer isso Luke! Eu preciso. Assim ele também vai ficar sabendo que eu nunca vou morar com ele e vai parar de insistir.
Eu – Você sabe que ele pode não reagir bem, não é? Não são todos os pais que aceitam ter o filho namorando com outro homem.
Ele solta um longo suspiro.
Xande – Eu sei, eu sei. Mas é quem eu sou. Ele não vai poder mudar isso.
Eu – Eu fico preocupado contigo. Você vai ficar devastado se ele não aceitar numa boa!
Xande – Eu ainda vou ter você! Isso já basta pra mim.
Ele me abraça.
Eu – Não faz nada de cabeça quente. Melhor dar mais um tempo pra vocês se conhecerem. Daí se a oportunidade aparecer você fala... Pensa bastante antes de ir conversar com ele.
Xande – As oportunidades somos nós que fazemos. Já estar decidido!
Ele me beija.
Xande – Me desculpa Luke, por tudo. Eu nunca vou fazer se sentir assim novamente. Eu te prometo.
Não digo nada, só me aconchego em seu peitoral.
Continuamos deitados.
Eu – Você já falou com ele depois que chegou em casa?
Xande – Sim, ele me ligou de novo pra saber o que era tão urgente.
Eu – E o que disse?
Xande – Ah, inventei uma historia. Disse que estava querendo comprar um carro e como ele se liga muito nisso, pedi pra ele me indicar um modelo.
Eu – Ele acreditou nessa historia?
Xande – Acreditou. Disse até que vai me dar um de presente.
Eu – Legal...
Digo apenas isso.
Fico pensando se está na hora dele contar pro seu Arthur. Eu sei que foi eu que sugeri, mas já me arrependi. Não quero ser responsável por uma briga de pai, também não quero que ele me culpe depois.
Xande – Tá tudo bem amor?
Eu – Está sim querido. Só estou pensando.
Xande – Você não tá com raiva de mim? De verdade?
Eu – Não, a gente tá bem.
...
As semanas seguintes foram normais, nada de mais aconteceu. Quero dizer, teve as provas, que foram foda, mas fora isso foi só rotina. Xande falava com um pai pelo menos uma vez por dia e eu fazia o máximo de esforço pra não me incomodar com aquilo, assim como ele fazia quando Junior vinha falar comigo. Eu estava evitando falar com ele, quando ele se aproximava eu o cumprimentava, mas estendida a conversa.
Era sexta a tarde, tenho acabado de chegar da academia, assim que entro pego Xande conversando com meus pais.
Acho aquilo estranho. Eles se dão bem, mas nunca os vi conversando sem eu estar por perto.
Eu – Aconteceu alguma coisa gente?
Mãe – Não, meu bem. Por que?
Eu – Sei lá. Vocês conversando sozinhos com o Xande... Achei estranho. Estavam falando sobre o que?
Xande – Nada demais vida. E não é estranho, eu sempre converso com meus sogros.
Eu – É?
Pai – Claro Lukinhas, antes dele subir pro teu quarto, ele sempre vem falar com a gente.
Eu – Não sabia...
Xande – Você achou que eu já ia invadindo sem falar com ninguém? Eu tenho educação.
Ele diz sorrindo.
Xande – É porque lá em casa ele estar acostumado a entrar direto sem falar com ninguém.
Diz pros meus pais.
Eu – É porque sua mãe não ta em casa e a porta vive aberta. Eu vivo brigando com ele pra não deixar as portas destrancadas, mas é mesmo que nada.
Pai – Ele tem razão Alexandre. Se você deve se acostumar logo a deixar as portas sempre trancadas, na SUA casa pode esquecer. Nós conhecemos essa rua, mas não a outr...
Ele para de falar.
Outra rua? Mas a casa do Xande é nessa mesma rua. É exatamente aqui em frente! Não entendi.
Eu – Mas pai...
Xande – Luke, vamo subir! Eu preciso falar contigo.
Diz me interrompendo.
Mãe – Isso, podem subir. Eu preciso falar com seu pai mesmo.
Xande – Com licença.
Subimos.
Eu – O que você quer falar amor?
Xande – Meu pai ta vindo aqui amanha!
Eu – Fazer?
Xande – Vem passar o final de semana comigo e amanha mesmo vou pra ele sobre nós!
Continua.
Votem e comentem. A opinião de vocês é muito importante pra mim, é o que me dá motivação pra escrever! Provavelmente amanha, posto a parte seguinte.
wyth , Guigo, VALTERSÓ, Ru/Ruanito , Luuisiho , Suara, SafadinhoGostosoo, Martines muito obrigado pelos comentários meus queridos. Grande abraço a todos!
Já tem outro capitulo do meu outro conto publicado. Por favor, leiam e me deixem saber o que estão achando.
http://www.casadoscontos.com.br/perfil/230157