Pai – A gente vai conversar agora mesmo rapaz.
Ele diz ao Alexandre.
Eu – Pai! O que o senhor quer falar com ele?
Digo meio receoso.
Pai – Não se preocupe bebê, só quero conhecê-lo.
Diz serio.
Pai – Então Alexandre, você é o que? Amigo? Vizinho? Namorado?
Xande – Eu sou o namorado!
Diz firme.
Pai – Mas você acabou de dizer que era vizinho e não namorado. Por acaso você tem vergonha do meu filho?
Xande – O que?! Não, de forma alguma! Eu amo o Lucas. Ele é tudo pra mim! O motivo de não ter dito que eu sou namorado dele e porque pensei que o senhor não sabia sobre nós. E que talvez não fosse reagir bem a noticia...
Pai – Por que eu não reagiria bem?
Xande – Não são todos os pais que reagem bem... O meu pai por exemplo, reagiu da pior forma.
Ele fala já mais entristecido.
Pai – Sinto muito se seu pai reagiu assim, mas não sou como ele. Se meu Lucas estiver feliz, eu estou satisfeito. Mas só porque eu aceito, não quer dizer que eu o quero com qualquer um.
Eu – Pai! Pelo amor de Deus!
Xande – O objetivo da minha vida é fazer ele feliz, senhor!
Pai – Ótimo! Agora me fale mais sobre você.
Eu – Isso não é uma entrevista de emprego, pai!
Pai – Não é mesmo, é uma coisa muito mais importante! Eu estou confiando o meu filho a esse rapaz!
Eu – Eu não sou uma donzela indefesa.
Pai – Uma donzela não, mas indefeso... Olha você aí todo quebrado!
Eu – Isso é diferente. Eles eram dois!
Xande – Mesmo que fosse apenas um... Você não é de brigar com ninguém.
Pai – Nunca foi!
Eu – Vocês se juntaram pra falar mal de mim, foi?
Pai – Não estamos falando mal, só queremos que você fique em segurança.
Xande – Exatamente!
Pai – Alexandre, o que diabos você estava fazendo que não tava junto com ele quando isso aconteceu?
Eu – Ele tava ocupado pai. Não foi culpa dele!
Pai – É assim que você cuida dele?!
Diz bravo.
Xande – Não Sr. Douglas, não é... Eu tava no psicólogo. O senhor não sabe o quanto eu me arrependo por ter deixado ele sozinho. Não sabe o quanto me dói ver ele assim todo machucado.
Diz com os olhos marejados novamente.
Eu – Xande não fica assim. Pai para!
Pai – Fico feliz em ver que se preocupa tanto assim com meu filho.
Xande – Sr. Douglas, eu amo seu filho mais do que amo a mim mesmo. Só eu sei como o Luke me faz feliz. Vou fazer tudo o estiver ao meu alcance pra manter-lo feliz e nunca desapontá-lo.
Pai – Assim espero.
Diz estendendo a mão ao Xande, que retribui o aperto de mão e logo meu pai o puxa pra um abraço.
Xande – Eu passei?
Diz Xande brincando.
Pai – Passou, mas não isso não quer dizer que eu não vá ficar de olho em você!
Xande – Não vou decepcionar o senhor!
Diz firme.
Pai – Bom... Você não precisa me chamar de senhor, agora que é da família, me chame de pai.
Xande – É serio?
Diz olhando pra mim.
Xande - Tá bom, pai.
Ele diz sorrindo.
Pai – Como você tem problemas com seu pai de verdade, se precisar conversar ou tiver algum problema com você ou com o Lucas, você pode me procurar a qualquer momento.
Xande – Obrigado senhor.
Pai – Como?
Xande – Digo, obrigado pai. Seu apoio significa muito pra mim. Pra nos, não é Luke?
Eu – Sim. Muito obrigado de verdade pai. Se soubesse que o senhor seria tão legal a respeito, já teria lhe contado antes.
Pai – Bebê, agora que já esta acompanhado, vou embora. Tenho que resolver umas coisas na empresa, mas amanha eu volto pra ver você.
Eu – Tudo bem pai. Foi muito bom ver você!
Pai – Descansa.
Diz beijando minha testa.
Eu – Tchau.
Pai – E você, cuida bem dele!
Diz apertando a mão dele.
Xande – Pode deixar, pai.
Diz sorrindo.
Pai - E lembre-se, eu vou ficar de olho.
E meu pai vai embora.
Eu – Conquistou o sogrão, hein?
Xande – Ufa! Por um momento pensei que ele não fosse gostar de mim.
Eu – Não tem como não gostar de você!
Xande – Seu pai é muito gente fina. Queria eu que meu pai pensasse como ele.
Eu – Não vamos falar no Seu Arthur. Não quero você triste.
Xande – Ok... Eu posso dizer que gosto mais do seu pai Douglas do que seu pai Henrique?
Eu riu.
Eu – Só não deixa o pai Henrique te ouvi.
Xande – Tô brincando, os dois são maravilhosos.
Eu – São sim...
Xande – Vou preparar alguma coisa pra você comer e já volto.
...
Ele volta ao meu quarto com uma bandeja.
Xande – Dona Elena já tinha deixado pronto. Só tive que esquentar novamente.
Eu – Você não vai almoçar?
Xande – Só depois que você acabar. Onde tão teus remédios?
Eu – Tão ai nessa primeira gaveta da cômoda.
Ele vai até lá.
Xande – O que é isso aqui?
Ele diz tirando um pacote da gaveta.
Eu – Não sei. Abre aí e ver.
Ele abre.
Xande – São suas coisas. Seu celular, relógio, dinheiro...
Eu – Serio? Eles não levaram nada.
Xande – Que tipo de assalto é esse em que os ladrões não levam nada?
Eu – Sei lá, mas graças a Deus não levaram a grana das contas da minha mãe. Já estava preocupado.
Xande – Olha se ta tudo aqui.
Ele me entrega o pacote.
Eu – Hm... Ta tudo aqui sim... Droga.
Xande – Que foi?
Eu – A tela do meu cel quebrou. Devo ter caído por cima dele. Deixa eu ver se ta ligando ainda.
Ligo o telefone e estava normal, só tinha um trincado horrível. E eu que tinha tanto cuidado com ele.
Depois que o telefone inicia, começam a chegar as mensagens. Junior, Luiza, Iran...
E chega um SMS.
“Espero que tenha entendido recado e fique longe do meu filho”.
Eu – Agora o que o cara diz fez sentido...
Xande – O que você ta falando?
Eu – Quando os caras me abordaram, um deles disse algo tipo “Finalmente te pegamos sozinho”, mas eu entendi como se finalmente ele tivesse encontrado alguém só. Mas não era isso. Eles queriam mesmo me pegar... E não era um assalto.
Xande – Como assim Luke? O que você ta dizendo.
Eu – Foi seu pai. Foi Seu Arthur que encomendou essa surra em mim.
Xande – O QUE?! Não, não... Não pode ser... Ele não... Ele não seria capaz de fazer uma coisa dessas!
Diz gaguejando.
Eu – Olha.
Entrego o celular a ele.
Xande – Eu não tô acreditando!
Ele pega o próprio celular e começa a ligar.
Eu – O que você vai fazer, Xande?
Xande – Eu preciso falar com ele Luke.
Ele sai do meu quarto
#Narrado por Alexandre#
Eu – Você mandou espancar meu namorado?
Digo assim que ele atende.
Arthur – Oi meu filho.
Eu – Me responde!
Digo alterado.
Arthur – Eu não sei do que esta falando.
Eu – Pai, eu vi a mensagem que você mandou pra ele. “Espero que tenha entendido recado e fique longe do meu filho”, tá lembrado agora? Eu vou denunciar você!
Arthur – Não estou dizendo que tenho algo a ver com isso, mas você me denunciar baseado em que? Numa mensagem de texto?
Eu – E a que recado você se referia na mensagem?
Arthur – Entenda como quiser! Eu fui ai conversar com ele, esse pode ter sido o recado.
Eu – E você acha que alguém vai acreditar nisso?
Arthur – Eu não estava nem na cidade quando aconteceu Alexandre. E como acredito que você não tenha contato com os agressores, não tem como me incriminar de nada.
Ele diz irônico.
Arthur – A única coisa que eu fiz foi conversar com aquele aproveitador.
Eu – Não chama ele assim!
Arthur – Conversar com alguém não é crime, não gostar de alguém também não.
Eu – Como o senhor pode ser tão ruim assim? Eu me arrependo tanto de ter me reaproximado de você!
Grito.
Arthur – Você está com raiva agora, meu filho, mas no futuro irá me agradecer. Como pai, eu quero o melhor pro meu filho.
Eu – Então entenda que o Lucas é o melhor pra mim!
Arthur – Você vai ficar longe desse rapaz querendo ou não Alexandre! Não me desafie ou...
Eu – Ou o que?!
Digo o interrompendo.
Arthur – A ultima vez que nos falamos, você me disse que a única forma de separá-los seria te matando... E bem, você é meu filho... Eu nunca faria isso com você... COM VOCÊ!
Eu – Não se atreva a encostar um dedo nele! Eu mato você antes disso, eu mato você, me ouviu!
Arthur – Me escuta você moleque! Eu não tenho filho viado! Você nunca vai se casar com esse desgraçado. Eu não admito isso! Não queira pagar pra ver Alexandre. A ordem dessa vez foi só dar um susto, mas elas podem mudar facilmente.
Eu – Eu te odeio Arthur! ODEIO!
Arthur – Mas eu amo você, meu filho. Por isso faço essas coisas!
Eu – Não faça! Só esqueça que eu existo.
Desligo.
Sinto meus olhos arderem.
Eu nunca fui um cara chorão, mas o tanto que já chorei esse ultimo ano... Se eu contar ninguém acredita!
Volto ao quarto do Luke cheio de vergonha. Minha vontade era enfiar a cara no chão igual aqueles avestruzes de desenho animado.
Luke – Como foi, amor?
Eu – Ele admitiu... Foi ele mesmo.
Luke – Nem sei o que te dizer, Xande.
Eu – Não tem o que dizer Luke. Ele nunca vai aceitar nosso namoro.
Luke – A gente não precisa da aprovação dele.
Eu – Ele mandou te espancar Luke. Tenho medo que tente fazer algo a você de novo. Eu acho melhor...
Luke – Se essa frase acabar com “melhor a gente terminar”, pode parar agora! A gente não vai terminar e não vamos deixar seu pai nos intimidar! Entendeu!?
Eu – Luke, mas...
Luke – Mas nada! Nós vamos dar um jeito nisso, juntos!
Continua.
paiper trovao, Greader, BDSP, Ivyy SB, Hobbynho, Guigo , magus, wyth, VALTERSÓ, Martines, SafadinhoGostosoo, Ru/Ruanito, #Guh muito obrigado pelos comentários. Grande abraço. Ate a próxima.