Chama Negra 6

Um conto erótico de JM..
Categoria: Homossexual
Contém 894 palavras
Data: 23/04/2017 21:36:14

O crepúsculo podia ser visto ao longe, no lugar onde o sol acabara de se pôr. Restava ainda o pouco da claridade deixada pelo sol que acabava de se pôr por completo. James caminhava pra fora da cabana para juntar-se às duas mulheres que já começavam a posicionar as lamparinas em uma circunferência perfeita. Não, hoje não teria fogueira, a luz que veriam essa noite seria especial, seria mais pura, mais limpa. Sentaram dentro do círculo e posicionaram-se junto ao seu tambor, cada uma das mulheres com o seu tambor à frente. Acenaram para que James entrasse no círculo e permanecesse sentado com as pernas cruzadas em posição de meditação. Assim o fez.

Começaram bater de forma suave os tambores, em um ritmo lento porém em sintonia, foram aumentando o som como as batidas do coração de um animal grande, sim, como as batidas do coração de um cavalo, a música era formada pelo som do ar e as batidas recíprocas de Annie e Nice. As lamparinas ganharam luz com chamas escuras, com chamas negras de um azul violeta tão escuro como se fossem negras. Os olhos de James foram ficando cada vez mais pesados, ao ponto dele tombar pra seu dorso à frente e apagar.

James aterrissou em um lugar desconhecido, nunca tinha estado em nenhum lugar sem que fosse a floresta da ilha. Mas esse lugar era diferente, não continha a beleza natural de sua casa onde vivera todo esse tempo. James estava num lugar onde havia casas, não como a sua, essas eram como ele já havia visto nos pensamentos de sua mãe certa vez, uma das lembranças que por vezes ela compartilhava com ele, para que não fosse ignorante por completo. Casas de material duro, assim como o chão que agora ele sentia abaixo de seus pés. Ele via inúmeras pessoas passeando, homens e mulheres de mãos dadas e crianças, torres altas de todos os tamanhos, sim, era daqui que havia saído o grande navio que atracou em sua casa.

James continuou caminhando e uma coruja pousou em seu ombro, permaneceu ali até que voou em sua frente, em um voo baixo, o que ele entendeu por sinal que devia segui-la. Ela pousou numa janela de uma casa com uns três andares. James entendeu o aviso, havia algo ali no qual ele deveria ver. James entrou na casa, haviam pessoas, mas ninguém notava sua presença, ele viu um grande quadro acima de uma reconfortante lareira que crepitava um fogo quase a se extinguir. James não pode deixar de repara o quanto se parecia com o homem representado no quadro. Essa é a casa de meu pai. Pensou assim que mirou os olhos do homem no quadro.

Subiu as escadas procurando o lugar em que a coruja sentara na janela. Era a única porta trancada em que refletia uma luz de dentro por baixo da porta. No instante em que ficou de frente para a porta, ela se abriu sem que ele precisasse tocar, ele sentia a presença de seu pai no vento, no ar, na luz, no calor que a lareira trazia à casa.

O quarto estava cheio de móveis de uma aparência linda aos olhos de James, não eram como os de sua cabana, esses eram perfeitamente medidos e entalhados como que feitos por magia, não traziam traços rústicos como os que ele convivia, mas sim traços lustrosos e perfeitos.

Numa grande mesa no centro do aposento James viu manuscritos e mapas. Folhou alguns e eles continham desenhos de fadas, de duendes e, um em especial, era esse. – Não resta dúvida que era isso que meu pai buscava quando foi à ilha. – Sussurrou James para si mesmo.

O pergaminho continha o desenho de uma fada, mas essa maior, tinha uma aparência muito mais agressiva e em seu pescoço continha um colar que na imagem tinha um brilho retratado de forma esplendorosa. James sabia o que queria dizer; poder, era isso que meu pai queria. E agora 16 anos depois, mais cavalheiros se aventuravam pra buscar o que meu pai e seus homens haviam fracassado em trazer.

James olhou uma última vez a imagem e saiu. Enquanto saia da casa, as imagens começaram a se tornar embaçadas e o cenário foi mudando pouco a pouco e, antes que ele se adaptasse a mudança, o novo cenário já estava montado. Era a ilha a 16 anos antes, o navio chegando sua mãe e suas tias e como elas conheceram seu pai. Sim, também viu o fim trágico que a ilha deu a cada um dos homens.

Agora James se conhecia, sabia cada detalhe de sua origem. Sentiu o ar em volta de si ficando mais rápido, sentiu os pés flutuando e se entregou ao ar como um pássaro de asas abertas que confia no poder de suas asas. A força do ar impulsionou James pra cima e então o jogou pra baixo, tão forte quanto se ele tivesse se jogado num penhasco e se chocado numa rocha. Sentiu baque quebrando cada um de seus ossos. Imobilizado no chão olhando pro céu viu algo brilhante pousando sobre ele. Essa luz o tocou e ele se iluminou por inteiro e começou a flutuar novamente, como da outra vez, sem vontade própria, mas dessa vez foi impulsionado em velocidade da luz pra um lugar da ilha que não teve tempo de distinguir o caminho.

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