Boa noite leitores. Antes de tudo quero avisar que o conto Ação e Reação ainda não acabou, mas antes de finaliza-lo decidi escrever um novo conto, esse será mais curto, quero mostrar que nem tudo são flores e que nem todo passivo tem que sofrer. Por favor, espero que o conto não ofenda ninguém, mas voltando de uma das últimas viagens ele me veio na cabeça e decidi escreve-lo. O próximo capítulo só será postado após eu finalizar o meu outro conto. Não esqueci de vocês, mas é que estou viajando muito, principalmente ao exterior e estou finalizando o capítulo de Ação e Reação, pois não quero entregar serviço porco a vocês. Um abraço e bom restinho de domingo.
Dicas e críticas sempre são bem-vindas. Obrigado e boa leitura.
Coração Ferido... – Capítulo I
- Anda veado, rebola esse cuzão no meu cassete, safada...bichinha – ordenava João alucinado fazendo carretas de tesão, enquanto eu gemia de dor e chorava em silêncio com a cara afundada no travesseiro por causa das estocadas violentas que ele me dava. Seu tesão e êxtase era tanto que ele nem se preocupou no meu bem-estar, mas por que ele se preocuparia, eu era um mero objeto sexual em suas mãos, estava ali apenas como um cu e uma boca, dois buracos para satisfaze-lo.
A dor era tanta, eu estava acostumado com o pênis do João, inclusive com um pouco mais de força, mas dessa vez ele estava forçando, me machucando mesmo. Não era sexo, transa...
- Puta, é para isso que você serve – ele puxou meu cabelo e me fez encara-lo, pela primeira vez estava com medo dele, seus olhos raivosos pareciam ver o meu medo, seu nariz próximo ao meu rosto farejavam meu desespero. Quando enfim soltou meus cabelos voltou a me estocar, eu já não reagia, reagir era pior – seu lugar é no chão, seu veado imundo, você só serve para satisfazer homens como eu, só serve para ser usado e esculachado por macho...vagabunda.... – Ele mal acabou de dizer isso e senti seu pau inchar e seu corpo tremer, um calor no meu anus me deu a certeza que ele gozou. Cansado da foda ele relaxou seu corpo em cima do meu, coisa que antes eu gostava agora era repugnante, sujo, eu me sentia sujo.
João rolou para o lado ficando de joelhos, eu estava imóvel. Ele deu um tapa forte na minha bunda e ainda passou a cabeça do seu pênis em minha bunda para limpar o excesso de esperma. Eu não consegui encara-lo, mas pelo espelho vi que havia sangue junto com o esperma e ainda vi ele olhar com deboche para isso como se fosse um prêmio, uma vitória.
- Te sangrei bicha... – disse ele no meu ouvido, meu corpo todo doía - Anda veado, vou tomar banho para ir encontrar a Valentina – ele levantou da cama e foi em direção ao banheiro, mas antes se virou e me encarou – nunca mais pense em me enfrentar seu merda, não tente ser forte, pois ambos sabemos que não é – ele riu e fechou a porta, ouvi ele abrindo o chuveiro logo depois. Sentei na cama e me encolhi, chorei, chorei com vontade.
Eu tinha sido estuprado, o simples fato de não querer chupa-lo há meia hora atrás para atender uma ligação do meu pai que pela terceira vez estava me ligando e que provavelmente era importante fez ele perder a cabeça, me esbofetear me jogar na cama forçar o sexo comigo que pedi, implorei para ele parar, mas ele não parou e ainda debochou de mim, simples assim, era a vontade dele contra a minha, a força dele contra a minha, mas o único culpado disso tudo era eu.
Até meia hora atrás o cara que entrou no banheiro todo cheio de si e que agora está cantando no chuveiro todo faceiro por ter gozado gostoso e ter tido a foda tão tensa que queria comigo era o meu centro de tudo, o motivo de eu levantar da cama todas as manhãs animado e ir para faculdade ansioso toda noite, mas agora ele mostrou que é mais um filho da puta que só quer gozar, usar e depois jogar fora, um egocêntrico que só pensa no umbigo dele e em suas necessidades.
Bastou eu dizer não uma única vez para ele me agredir, uma única vez em que eu não fui sua puta obediente, seu veadinho prestativo, uma única vez e ele me bateu, não foi como das outras vezes em que ele me dava tapas fortes, das outras vezes era tesão, dessa vez eu vi a raiva em seu olhar, a raiva de contradizer ele e não obedecer uma ordem sua, não pensou duas vezes em levantar a mão para mim.
Os 15 minutos em que João ficou no banho foram tempo suficiente para mim pensar e decidir o que fazer. Pensei muito, lembrei de tudo o que passei com ele e decidi que não dava mais, já estava pensando essa possibilidade há alguns meses, mas hoje foi o fim. Aguentei muita coisa dele.
Conheci João há quase dois anos atrás quando comecei a cursar engenharia civil, foi um pouco depois de eu ser transferido de Caxias do Sul para Belo Horizonte por causa do meu trabalho. Lembro que cheguei atrasado para o primeiro dia de aula e João todo solicito me ajudou, foi um dos primeiros colegas com quem conversei e no início ele era legal, charmoso, mas marrento e mandão. De todos os colegas de sala João era o que tinha mais presença, o que mais chamava atenção, era alegre, brincalhão, um cara de 30 anos, 1,84m, 98 kg, branco, cabelos e olhos pretos, barbudo e peludo na medida certa, estilo bolachão, não era sarado, mas por causa da prática do boxe tinha um corpo mais trabalhado, mas ainda assim era um cara grande e sua descendência árabe mostrava isso. Me encantou logo de cara.
Não nos tornamos amigos íntimos, eu acabei me apaixonando por ele, tão cliché... o gay que se apaixona pelo colega de sala. Éramos de grupinhos diferentes, mas sempre convivemos bem na medida do possível, eu tentava disfarçar minha atração por ele, mas ele parecia notar e então alguns meses depois começou a troca de olhares, os sorrisos e então ele chegou com um papo de que sabia o que eu curtia rola e então fez a proposta para mim, de ser meu “macho”. Eu o idiota apaixonado pensando que seria a melhor coisa que me aconteceria aceitei. Lembro que fui feliz aquela noite para casa, mal sabia eu que seria o pior fase da minha vida.
E então, tudo mudou, ele mudou, passou a me tratar como seu objeto, me fez usar calcinha, coisa que nunca fiz e uso obrigado apesar de abominar, começou a usar adjetivos femininos comigo, isso odiei de cara, mas relevei, relevei muitas coisas pois pensava que ele era diferente, que seu jeito de me amar era aquele e que para um cara de 24 anos, 1,78m , 93 kg, branco de cabelos e olhos castanho claro, pelos na medida certa, mas mais cheio no peito e barriga era mais do que eu merecia, o pior de tudo é que eu deixei isso me influenciar, achei que eu era o problema e hoje vejo que não, eu não sou o problema, o problema é o João.
Depois da nossa primeira transa João começou a me tratar mal na faculdade, chegou a muitas vezes me ofender atraindo olhares de reprovação dos colegas e risinhos de alguns, muitos ainda estranharam. Lembro que quando fui tirar satisfação ele me disse que era por que ele tinha que manter a imagem dele, para todos os efeitos ele era hétero e eu gay, que era para não levantar suspeitas. Isso me quebrou por dentro, mas relevei, acabei me confortando demais, me deixei levar pela baixa autoestima e me lasquei.
Tudo piorou na semana passada quando por acaso em uma conversa que peguei dele com um dos colegas da sala descobri que ele era noivo há mais ou menos 8 meses de uma amiga nossa da faculdade. Me senti traído, a pior pessoa do mundo, ele me enganava e enganava a Valentina, uma menina doce e simpática que era do meu grupo de amigos e que não precisava passar por isso. Fiquei 2 dias sem atende-lo e ele fez de conta que eu não existia.
Mas a cereja do bolo foi sábado quando por acaso quando fui almoçar com um amigo encontrei eles dois no shopping como um verdadeiro casalzinho apaixonado e feliz. Não fiquei com raiva dela, mas fiquei com raiva dele, de mim, eu precisava por um ponto final nisso, eu não queria enganar ninguém, nem ser enganado, fiquei tanto tempo preso a ele que esqueci de mim mesmo.
- Está pensando no que veado...na surra de pica que levou – sou tirado dos meus pensamentos por ele que está só de toalha parado em minha frente. Encaro ele, ele me encara e por um momento ele parece se preocupar.
- Você nunca se importou comigo ou me amou, não é? – Ele me olhou surpreso e depois começou a rir, minha resposta estava dada.
- Que conversa é essa? – Ele ficou incomodado.
- Responde? – Exigi.
- Você ficou louco – debochou ele - eu não te amo, veados como você não merecem amor, só servem para ser usados por homens como eu, eu sou macho, hétero, nessa altura você já sabe mesmo que eu sou noivo, você é um passatempo, só isso... – ele se calou quando me levantei, eu não precisava ouvir mais nada.
Minha situação era deplorável. Com a cara inchada, estava com a bunda suja de esperma e sangue, mas mesmo assim me vesti pois eu só queria ir embora, ele em silêncio fez o mesmo, mas sempre me encarando, parecia preocupado, diria até apreensivo.
Acabei de me vestir, ele me encarava a todo momento, meu rosto já não estava tão vermelho, só estava inchado e minhas lágrimas já haviam cessado.
- Acabou... – disse a ele.
- Sim, só vou fechar a conta... – interrompi ele que achou que eu me referia se ele estava pronto.
- Você não entendeu, eu estou dizendo acabou... – minha postura séria fez ele pensar.
- O quê? – A ficha caiu, então sua feição mudou, com raiva veio para cima de mim me segurando pelo pescoço e me prensando contra a parede, me debati, mas não adiantou.
- Essa foi a última vez que eu transei contigo, ou melhor, que você me fudeu, nunca mais nós vamos ter esse tipo de envolvimento... – ele respirou fundo e eu também.
- Por que isso agora? – Ele perguntou sério.
- Eu cansei, preciso de alguém que me ame, me valorize...que me entenda, mas acima de tudo que me respeite, você me bater foi o cúmulo, não me deixar atender uma ligação que no mínimo era importante foi pior…acabou – algumas lágrimas caiam.
- Eu que digo quando acaba, está me entendendo – ele me fuzilou pelo olhar, seu rosto colado ao meu, sua feição fechada que a pouco me assustava não mais me fazia tremer.
- Não, eu digo que acabou.... – Ele me deu outra bofetada forte com o lado da mão me fazendo virar o rosto.
- Veado desgraçado, está botando as manguinhas de fora, você não entendeu que sou eu que mando no nosso lance... – ele me fuzilava com olhar.
- Que lance? Você só me fode, só me usa, por muito tempo eu curti, mas agora chega! -Exclamei com raiva.
- Você sempre soube que seria assim, que eu só transaria com você e mais nada, por que se cansou, não se faça de vítima, quando você sentou e rebolou no meu pinto a primeira vez sabia que seria assim – ele tentou argumentar, mas só piorou tudo.
– Não vou mais ceder aos seus caprichos, eu cansei – respirei fundo - vesti calcinha, nunca gostei disso, ser tratado com adjetivos femininos, eu deixei você fazer isso pois achava que era à sua maneira torta de me amar, mas não, use sua noiva... – ele ficou vermelho, muito vermelho e apertou mais meu pescoço.
- Ela não se sujeitaria a esse tipo de comportamento, é para isso que existe veados como você, para foder quando a esposa ou namorada não quiser e... – Interrompi ele com uma bofetada.
- Desgraçado – vociferei. Ele veio para cima de mim, com certeza se ele quisesse seria meu fim.
- Você merece ficar sozinho, não pior, vai passar a vida inteira indo em cinema e banheirão para conseguir sexo com homens que nem chegam aos meus pés – disse ele com convicção.
- Bom, o jeito será usar a mão então né – ele me olhou – ela me dá mais atenção e prazer do que você – ele me segurou pelo cabelo, não fraquejei.
- Vai fazer o que agora “amor”? Me estuprar de novo, ou dessa vez vai me matar antes, escolha, diga – encarei ele que apertava meu pescoço, mas a hora que falei de estupro ele soltou e se virou de costas passando a mão no cabelo. Dei graças a Deus, passei a mão em meu rosto que pela segunda vez tinha sentindo o peso de sua mão e tossi pegando folego.
- Você deve se achar muito né viadinho, mas não, você não é nada, você não passa de uma bicha gorda, patética que eu uso, fodo por pena está me entendendo, pena! – Berrou ele me fazendo rir.
- Você não é tudo isso, o problema é que eu descobri tarde demais...– ele cerrou o punho estralando os dedos.
- Vai se fuder, veste sua roupa e vamos embora, agora! – Disse ele tentando me intimidar me puxando pela mão.
- Não – me esquivei - contigo eu não vou – peguei minhas coisas enquanto ele observava calado e antes de sair ele se pronunciou.
- É uma puta mesmo, vai sair do motel feito uma, no meu carro você não entra – disse ele tentando me intimidar.
- No seu carro eu nunca mais vou entrar – podia ser loucura da minha parte, mas eu notei um certo desespero em seu olhar – não vou dizer adeus pois vou te ver na sala na segunda, mas nunca mais chegue perto de mim, nunca mais você vai tocar esse pau sujo em mim e não se preocupe, não direi nada do que tivemos, pelo contrário, vou esquecer – fechei a porta me encaminhei para a saída do motel preocupado pois pensava em como faria para evita-lo na faculdade.