O proibido 4: Meu íntimo!

Um conto erótico de Lipe Proibido
Categoria: Homossexual
Contém 7618 palavras
Data: 27/05/2017 23:53:03
Última revisão: 28/05/2017 00:00:56

Sabendo que o “menos é mais”, percebi meu exagero ao detalhar as cenas, sendo assim as falas serão mais breves e os diálogos mais concisos, para que você não se canse nem se perca na leitura. Deixo a cargo da sua imaginação muitos desses momentos.

Estou me recuperando bem, continuem se deliciando com a história!

Luz a todos!

Grazy ❤,muito obrigado, prometo que os lerei!

Geomateus, sim o amor fluiu!

Continuação...

— Ah, não! Que é isso?

— Seria uma forma de selar nosso compromisso! Mas...

Seu olhar era de insatisfação

— Não precisa me mostrar. Dê para quem lhe mereça!

— Não posso! Abra-o!

Ele o abriu e percebi se tratar de um colar com um pingente mais lindo que já vi. Não pude conter as lágrimas.

— Porra, assim você me mata! Ficou igualzinha a letra dele!

— Nem eu acreditei quando a vi!

Meu irmão falecido tinha uma tatoo escrita com sua caligrafia na perna dele

—“Minha família, meu tudo”! Own, Edu!

— Tá vendo?! É seu, com todo meu amor!

Ele enxuga minhas lágrimas e o abraço. Aquilo tinha sido um golpe baixo, porém conquistou meu coração.

— Oh, meu irmão! Quantas saudades de ti!

— Shishi, calma! Desculpe-me ter despertado essa dor!

— Muito, muito obrigado, meu lindo! Esse é o melhor presente da minha vida!

— Ele vai estar pertinho do seu coração!

Ele me falava aquilo, em meio a um abraço, enquanto eu olhava para o pingente ainda sem acreditar.

— Edu, promete sempre estar comigo mesmo que como amigo?

— Hahaha, se não posso ser seu namorado, seu amigo também não quero ser. Aceito ser seu amante, seu ansiolítico ou antidepressivo!

— Por que você não foi assim desde que e te conheci, porra!? A vida nos surpreende mesmo!

Alisei seu rosto e o beijei, foi calmo e cheio de ternura.

— Me leva para casa, por favor!

— Mas já? Tome pelo menos café!

— Preciso dormir para depois processar todas essas informações!

— Foi a melhor noite da minha vida! Acredite, não é clichê!

— Eu acredito, sim! O amo muito, viu?!

Vestimo-nos e o esperei comer alguma coisa. Fiquei na sacada sentindo a brisa e admirando o pingente.

— Ahh, Lipe, faltou alguma coisa! Espere!

— Nessa gaveta não, talvez nessa! Ah, sim, encontrei! Dê-me o pingente, só um minuto! Prontinho! O colar está pronto! Quer que o coloque?

— Sim, por favor!

Eu podia sentir cada letrinha do colar em meus dedos.

— Você está cheiroso!

— Só se for a sexo! Rsrs!

— Você usa o mesmo perfume até hoje! Tá vendo, sempre se lembrará de mim!

— Segundo melhor presente que você me deu!

— Chega de conversa, vamos?

— Acho que não vou àquela festa mais tarde, me perdoe!

— Não tem problema, eu também estou cansado para caralho!

— Agora vamos! Preciso da minha cama!

Seguro em sua mão e o levo em direção à porta do quarto, na sala a diarista já estava arrumando. Ela se espanta com a minha presença.

— Bom dia, Cilene!

— Coisa boa ver o senhor, seu Philip! Tá bonzinho?

— Estou sim, curtindo as férias!

— Vê se bota juízo nesse menino! Só vive cheio de namor...ops, desculpe e não está mais aqui quem falou, tchauzinho!

— Cilene, espera! Não vai! Precisa pedir desculpa não!

Edu ficou sem graça e coçou a cabeça, mas eu sabia como era a peça.

— Muitos namorados, hein, senhor Eduardo!

— Agora eu quero só você. Teu jeito todo especial de ser!

Ele cantarolou para mim e saímos rindo da situação. Aí dele se der sermão na Cilene, quem mandou ser tão galinha. Preciso do número dela para ontem.

Passamos pela portaria e como havia duas cancelas, aguardamos a liberação.

— Noite boa, hein, seu Edu!

— Boa noite, lindinho!

— Edu, você vai deixa-lo me chamar de lindinho?

— Mas como assim? Se você é mesmo! Blz, Marcão!

Ele agiu como se nada tivesse acontecido. Mas aquilo não ficaria assim, de maneira alguma.

— Eu não sou seu parente, seu amigo e nada seu, portanto não lhe dou o direito dessa intimidade. Que seja a última vez!

— Senhor, me desculpa de verdade! Porque nenhum namorado dele nunca se importou!

— Os homens acham que as “bichinhas” são objetos que se podem usar e abusar, mas somos seres humanos. Você queria que o porteiro chamasse sua filha de lindinha? Não. Por isso, nunca mais faça isso a não ser que lhe deem abertura. Passe bem. Vamos, Edu.

— Mais uma vez me desculpe, isso não vai se repetir!

— Valeu, Marcão! Até mais!

Eu ainda ia discutir com Edu sobre aquilo, passei o caminho em silencio e não o segurei apertado. Em 15 minutos estávamos na porta do meu prédio.

— Você não está chateado por causa do marcão, né?

— Não, sua falta de atitude me deixou puto, como se me igualasse a todos seus casinhos, porra!

— Own, gente! Meu lindo, nem parece ser aquele desapegado de coisas pequenas!

— Você só está piorando as coisas! Sabe o que acontece, o estereótipo sobre mim é diferente do que põe sobre você, pressupõe você ser o ativo e eu o passivo, logo, “menininha”. É isso que muitas mulheres passam sabia. Por isso homem não pode ser feminista, mesmo que sejam gays, os privilégios por nascer homem vão desde o pênis que carrega nos meios das pernas até o estereótipo heteronormativo de se comportar, se vestir , falar etc. Ai chega, cansei!

— Nooossa, vi um militante na minha frente, aí eu me apaixono ainda mais! Desculpe-me, vai!

Ele me puxa e sento numa de suas pernas, dá-me um cheiro no pescoço e o aliso no rosto ao beijá-lo. Despedimos-nos e o segui com o olhar até sumir na avenida.

— Bom dia, seu Jair!

— Bom dia, seu Philip!

— Por mais porteiros como o senhor, meu querido!

— Obrigado, sempre pronto para servir a todos os moradores

— E eu agradeço e tenha um bom dia de trabalho! Deixa-me ir porque hoje não me levanto nem para comer

— Vá lá!

Aquele sim me olhava com respeito e merecia ser bem tratado. Gente, minha pernas tremiam e minha cabeça pesava, sono e ressaca se misturavam. Entrei no elevador e me escorei no corrimão. Lembro-me de ver estrelinhas e acordei com um cheiro forte de álcool no meu nariz.

— Ai, minha cabeça!

— Como você se chama? Onde você mora?

— Philip e moro no 10º andar! Muito obrigado por me ajudarem! Tem alguma coisa doce aí na sua bolsa? Mulher leva de um tudo dentro dessas maravilhas, eu amo!

A mulher e o homem riram da minha direta. Ela abriu a bolsa e retirou um sanduiche natural. Meus olhos brilharam.

— Tome Philip, meu lanche agora é seu! Prazer, meu nome é Mônica e esse é o Paulo meu irmão! Moro no 5º andar, segunda porta à esquerda.

— Você teve um episódio de hipoglicemia, deu sorte de não estar na rua!

— Valeu pelo lanche e foi um prazer conhece-los! Depois marco um café com bolo de maçã, especialidade da vovó!

— Será um prazer, tenha um bom dia!

— Quer que eu te acompanhe até a porta!?

— Melhor, Paulinho! O espero no carro!

Antes de pensar em dizer não, ela já havia saído do elevador, ele me segurou braço no meu ombro. Senti seu cheiro, confesso que gostei. Olhei para cima e ele sorria.

— Eu falei que não precisava!

— Imagina! Não é problema nenhum fazer isso! É dever!

— Você tem um jeito de médico!

— Quase lá! Estou no internato!

— Que legal! Já tem história para contar do bêbado do elevador e o álcool salvador! Hahahaha

— Hahaha, você é divertido, Philip!

— Pode me chamar de Lipe! E sua timidez é fofa! Está vermelho!

Ele se assustou com meu jeito, e olhou sua visão se voltou para o controle do elevador.

— Não vou ataca-lo, prometo! Hahahaha

— Que isso! Tá tudo bem!

— Sei! Você ficou todo desconfortável! Mas você é lindo mesmo!

— Prontinho, chegamos!

Ele me soltou e fiquei de frente, estendeu as mãos. Eu obviamente não apertei, o abracei forte, e como sou baixinho, deu para sentir um proibido feliz na minha barriga. Ele retribui meio sem jeito. Muito fofa aquela timidez.

— Obrigado, novamente!

— Agradeça tomando mais cuidado da próxima vez!

— E aceitando um convite seu, digo, de vocês para jantar! Gostei do sanduiche natural!

Pisquei para ele e acenei, ele coçava a cabeça e olhava ora para baixo ora para mim. Entrei em casa já interessado em saber mais sobre aquele tímido estudante do 6º ano de medicina.

— Cadê o povo dessa casa?

— Bom dia, você logo cedo comendo besteira, Lipe?!

— Vozinha, isso é um sanduiche natural, beijo vou dormir. Depois conto tudo.

— Ei, e esse colar...! Ah, esse moleque vai definhar de tão magro!

Entrei no quarto devagar, com certeza meu tio estaria dormindo. Ele já havia se acordado para urinar porque a luz do banheiro estava acesa. Começo a me despir.

— Lipe, é você? Nem vi quando saiu! Que hora é?

— Shiiii, volte a dormir, é cedinho!

— Então vem se deitar, o tio faz cafuné!

— Só terminar o banho e vou!

Ele estava lindo de lado com aquelas costas e aquela bunda linda para mim. Meu proibido deu logo sinal de vida. Após um banho de gato, subo na cama o chamando.

— Tio, se afaste um pouco!

—Huuum!

— Tio, preciso me deitar!

Finalmente ele abre espaço, vou até ele e o abraço. O que eu sentia por ele era muito tesão, que só aumentava pelo fato dele não me querer. Encosto minha cabeça no seu ombro e acaricio seu peito com pelinhos ralos, enquanto ele faz cafuné em mim. Se eu tentasse algo mais extremo, correria risco de ser desprezado, melhor seria ter pouco que não ter nada.

— Você está tão cheiroso a bebê!

— Perfume da Johnson, só para dormir!

— Huuum...

Dormi por horas, acordei com algo pressionando a minha cueca, a perna e o proibido me pressionando. Eu devagar tentei sair, mas ele me prendia.

— Tio, quero sair, o senhor está me apertando!

— Huuum...fica mais um pouco!

— Tio, seu proibido está quase rasgando a minha cueca!

Ele atentou para o fato e se afastou incrédulo no que tinha acontecido, puxou o lençol e começou a rir coçando a cabeça.

— Nossa, até dormindo ele é perigoso!

— Sei, sei bem de quem é o perigo aqui!

Joguei um travesseiro nele e, ao tentar correr, ele puxa meu braço e caio na cama.

— Não tio, cosquinha não, por favor!

— Aha, você vai ver...!

— Ah, para, tio, hahahaha, vou me mijar na roupa, hahaha

Ele não parou quando minhas lágrimas corriam pelos olhos.

— Aín, tio, está doendo minhas costelas, aff!

— Peguei pesado, né?!

— Sim, olhe só ficou vermelho!

— Desculpa, meu lindo! Deixa o tio dá beijinho que passa!

— E esse colar, gostei!

— Não te lembra nada?

— Não! Deveria?

— A caligrafia do Flavinho!

— Caraca! É mesmo, daquela tatoo! Porra bateu saudades das nossas saídas, inclusive numa dessas que ele a tatuou.

— E minha mãe ficou puta!

— Nossa, não gostou mesmo! Conto sim, mas antes vou tomar banho!

— Eu vou primeiro!

Consegui correr e me tranquei no banheiro.

— Vamos tomar banho juntos ?!

— No, thank you! Já passamos dessa fase!

— Ah, é! Você bem é doido para ver o tio pelado!

— De que adianta se não terei o que quero!

— Olhe que sou seu tio, moleque!

— E eu já estou bem crescidinho!

Nossa, saiu sem querer aquilo. Um minuto de silêncio.

— Como é, Philip! Você tá querendo dizer que manja na minha?

— Porra, tio! Não sou de ferro, né?!

— Abra a porta e vamos conversar, agora! Olho no olho!

— Não, depois do banho conversamos!

— Beto, beto, meu filho! O Gabriel quer falar contigo!

Sorte a minha o filho dele ter ligado àquela hora.

— Já vou, mãe! Depois vamos conversar seriamente sobre isso, Philip!

Quando escutei a porta do quarto bater, liguei a banheira e peguei meu celular. Havia duas mensagens de 2 horas atrás.

“ — Boa tarde, meu lindo! Dormiu, bem? Passei para dizer que se quiser, ainda está de pé a social”

Liguei na hora para ele.

— Alô! Du, onde você está, que barulho é esse?

— Oi, lindo, só um minuto! “ desligue esse telefone”!

— Já está atracado com alguém, seu Edu? Não perde tempo, hein?!

— Não é nada disso, só os caras aqui querendo que eu curta a festa, mas está chata sem ti!

— Huuum, sei! Daqui a uma hora chego aí! Vou de táxi e me espere na porta, mando mensagem! Beijo, vou me vestir!

— Beijo, venha lindo!

— Eu já sou lindo, bebê! Tchau!

Confesso a minha felicidade por me ter demonstrado saudades, coisa que jamais falaria até pouco tempo. Tomei um banho rápido e abri o guarda roupa. Tive uma ideia

— Vozinha, queria usar um daqueles broches maravilhosos da senhora nesse meu blazer!

— Ah, filho! Pega lá no quarto, tá no canto esquerdo da parte de cima, naquele porta joias.

— Tá certo, obrigado!

Entrei no quarto peguei uma cadeira porque aquela closet dela era muito alto.

— Mas que tanta caixa ela guarda aqui! Que lindo, álbuns de família!

Peguei aquela caixa e fui revirar. Um momento nostálgico: fotos do sítio, das viagens, da pracinha, dos meus pais jovens, os primos, os que já foram para o outro plano: — Hahahaha, Noooossa, o flavinho todo melado de lama! Cara, você era muito palhaço!!! — falei sozinho. Peguei a outra caixa e encontrei o broche maravilhoso que usaria e terminei de me vestir. Passo pela sala e o meu avô fala

— Vai sair novamente, meu neto! Nem o vi desde ontem!

— Sou muito solicitado, vozinho! Bye bye, se não me atraso!

— E a nossa conversa, rapaz!

— Tio, fica para depois! Beijo!

Meu avô sem entender e ele sem gostar da resposta. Tomei um táxi e cheguei à porta do condomínio. — Caramba, se isso aqui por fora já é lindo, imagine por dentro! —. Disse meu nome na portaria, mas o porteiro avisou que não estava na lista.

— Oi, como assim?! Não acredito nisso!

— Porra, Edu, já fui barrado na portaria! Anda logo!

— Ah, meu lindo, me esqueci de falar para o Caio confirmar sua presença! Agora mesmo!

— Confirmado, Senhor Philip! Boa festa!

— Obrigado! Bom trabalho!

Entrei todo feliz e impressionado com o luxo, mas fazendo a linha “sou acostumado com tudo isso”. O elevador já dava acesso direto ao apartamento, assim que a porta se abriu, algumas pessoas me olharam, respirei fundo e dei o primeiro passo. — Boa noite! Boa noite, como vai? Olá, boa noite! — Cumprimentei algumas pessoas, mas nada dos meninos aparecerem, à medida que eu caminhava pelo apartamento, impressionava os detalhes, os quadros, esculturas e as combinações de tonalidades das paredes e os móveis.

— Na minha festa ninguém fica sem copo na mão!

— Oh, me desculpe! Prazer Philip!

— Satisfação em conhecê-lo!

Ele piscou para mim, minhas pernas tremiam. Eu não imaginaria nunca chegar perto dele, tampouco receber uma piscada e um beijo na mão.

— Melhor não chamar a atenção ou amanhã estarei como o outro da história, me desculpa a franqueza!

— Relaxa, você está na minha casa!

— A mídia também!

— Divirta-se!

Sorri e levantei a taça de champanhe que ele me deu, ele se despediu e saiu. Saí e direção à varanda e vejo os meninos numa turminha.

— Lipe, meu amigo! Deixe-me apresentar o pessoal! Laura, Andreia, Augusto, Cássio, Tomas, mas pode chama-lo de Tom e o Edu você conhece até de mais!

Todos riram e me cumprimentaram

— Boa Noite, pessoal! E obrigado por expor minha intimidade, Caio! Rsrs

— Oi, meu lindo! Huuum, muito cheiroso!

— Du, para! Vai me constranger na frente das pessoas!

— Nem vem! Aqui todos são de boa! Ei, pessoal, estou tentando convencê-lo de ser meu namorado e ter vários amores!

— Uhuhu, mais um para a galera do poliamor! Vai, Lipe, dê uma chance ao Edu, ele não parou de falar em você!

Andreia disse na lata e me deixou envergonhado. Ele só coçou a cabeça e me beijou na bochecha. O Cássio fez coração com o dedo e a Laura gesto de “ so cute” com as mãos. Apesar de eu estar sendo o centro da atenção, foram muito receptivos e me deixou desconstraido.

— O que mais ele falou sobre mim? Agora vamos conhecer o Edu!

Todos riram e aplaudiram

— Com cenas picantes, por favor!

— Lipe, o Edu é brocha?! Fale a verdade!

Cada um que falasse uma coisa. O Edu sorria sem graça.

— Então, vamos começar...

— Ah, para! Não vai contar nossa intimidade!

— Claro que não, bobo! Só os preliminares! Hahahahahah!

— Gracinha, já deu!

— Bom gente, como a pessoa está aqui, não poderei falar, mas vamos marcar uma pizza e saberão com requinte de detalhes! Brincadeira! Revê-lo está sendo uma experiência maravilhosa!

Andreia: — Verdade que já namoraram?

Eu: — Well, não foi bem um namoro, nos curtíamos sempre que dava!

Tom: — Biiiiiiiip! Menos 1 ponto para o Edu!

Cássio: — Como essa coisa feia te conquistou? Mais um ponto porque você é gatxinho!

Edu: — Pega leve, Kaká!

Tom: E “ó” o Cara! Até parece que se apega fácil!

Laura: — Pessoal, já deu né? Vamos falar de outra coisa melhor

Andreia: — Ela sempre estraga prazer!

Cássio: — Vamos falar de coisa, boa! Vamos falar da Iogurteira mais vendida do Brasil

Não pude conter a risada quando o Cássio imita a mulher da propagando da Top Term. A Laura fez uma cara feia, mas também riu.

Eu: — Vocês são muito divertidos! Mas eu e o Edu não somos namorados!Rsrsrs!

Edu: — Ainda, ainda! Que bom que gostou deles! Vamos conhecer a casa!

Eu: — Ah, não! O dono pode não gostar!

Tom: — Tranquilo! Pode ir lá! Ele gosta que venham, olhem e depois comentem sobre a beleza do seu apê!

Eu:— Ah, entendi! Então, vamos!

Na sala de jantar o Edu me mostrava os detalhes das poltronas e da mesa seculares, bem como o lustre que reluzia em todo o ambiente.

— Amor, vou ao banheiro, rapidinho!

— Não saio daqui!

Mas não tinha como ficar parado, queria conhecer cada detalhe daquela casa, me deparo com uma porta fechada, giro a maçaneta e estava aberta. Assim que abro vejo uma biblioteca linda, luz da lua entrava pela janela, parecia imagem de filme. Eu me aproximo da janela e admiro a visão daquele mar.

— O lugar que mais gosto na casa!

Meu corpo tremeu ao escutar sua voz e viro-me rápido.

— Nossa! Não deveria ter entrado, a porta estava trancada!

— Para quê todo este nervosismo?! Não mordo! A porta só fica escorada para preservar os livros!

— É que...bem...

— Você fica ainda mais lindo com as bochechas rosadas!

— Obrigado! Já vou indo, meu namorado me espera!

Mesmo ele pedindo para esperar, tive que sair correndo dali, não tive uma sensação muito boa.

— Que foi, Lipe? Tá passando mal?

— Não, só me deu um aperto no coração de repente!

— Vou buscar um copo com água!

— Não, aqui não é nosso ambiente! Vamos embora!

— Calma, vamos nos despedir da galera!

De longe, ele me observava. Eu queria sair o mais rápido possível, me sentia sufocado.

Edu: — Galera, o lipe está meio mal! Vamos nessa!

Eu: — Desculpa, gente! Vamos marcar uma próxima! Tchau!

Laura: — Sim, gostei de ti, querido!

Cássio: — Você é gente boa, só tem que largar esse cara!

Tom: — Deixa o garoto, cara! Valeu, maninho!

Eu: — Obrigado pela receptividade!

Andreia: — Sua vibe é muito boa! Até a próxima!

Eles me abraçaram e eu só conseguia enxergar a porta da sala, nem foto para o aniversariante quis tirar. Assim que pedimos o elevador, ele se aproxima.

Ele: — É deselegante sair sem cumprimentar o anfitrião!

Edu: — Desculpa, ele está passando mal! Deixa-me apresentar! Esse é o Philip!

Ele: — Já nos conhecemos mais cedo!

Eu: — Infelizmente...

Edu: — Como?

Eu: — Infelizmente não posso ficar mais, estou me sentindo mal!

Quase cometi uma gafe, mas corrigi a tempo com aquela simpatia forçada que eu sabia fazer.

Ele: — Que pena! Fique bem!

Edu: — Muito obrigado, tudo estava maravilhoso!

Eu: — Sei...

Edu: Hã?

Eu: — Sei disso, suas festas sempre são comentadas!

Ele: — Que bom! Tenho que ir fazer sala para os demais! Um abraço!

Eu: — Não quero!

Edu: — Oi?

Eu: — Não quero mais tomar seu tempo! Vamos amor, minha cabeça está a mil!

No elevador já me senti mais livre, escorei-me nele e o abracei com as mãos na sua cintura.

— Você estava tão bem e de repente passou mal?

— Obrigado por vir comigo! Já estou melhor

— Vai entender...!

Ele tocou a ponta do meu nariz com o dedo e me cheirou no olho.

— Estou com tanta fome! Vamos comer no japonês!

— Não, vou te levar para um lugar!

— Lá vem com mistério!

— Não fique com raiva de mim!

— Depende da surpresa que terei!

— Vamos de taxi! Estou sem moto!

— Ok!

Já achei estranho quando o taxi pegou sentido Barra. Mas fiquei calado olhando a janela e pensando naquela sensação de medo que tive do anfitrião.

— Parece estar longe!

— Estou bem! Só imaginando para onde o senhor está me levando! Rsrsrs

E — Está bem! Tem alguma coisa acontecendo, mas se não quer me falar, tudo bem!

Olhei e lhe dei um selinho, o taxista tossiu, na certa para pararmos. Mas eu já tenho a resposta na ponta da língua.

— Espero que essa tosse não seja porque beijei meu namorado!

— Não, não é, senhor!

— Ah, sim! Porque se fosse, eu continuaria a beijá-lo, não estou transando no seu taxi, apenas demonstrando afeto igual aos casais heterossexuais que você transporta!

— Relaxa, amor!

— Desculpe-me se passei essa impressão! Cada um tem o livre arbítrio para escolher ser quem quiser!

— Correção, escolher ser não! Viver quem é!

— Isso mesmo!

Ele passou o braço sobre meus ombros e repousei minha cabeça no seu. Depois de um tempinho, chegamos a um edifício bonito, mas modesto se comparado ao que estávamos.

— Vamos!

— Huuum... gentleman! Obrigado!

— Quem mora aqui, Edu?

— Surpresa!

— Ah, você vai me colocar em sai justa!

— Relaxa, ninguém lhe morderá!

— Assim espero!

No elevador a apreensão só aumentava e minhas mãos tremem quando fico assim. Ele as segura e beija tentando me acalmar

— Bem, chegamos, mas se não quiser, não toco a campainha!

— Já estamos na tempestade, vamos lá!

“Blim,blom,blim,blom,blim”

— Para, Edu!

Quando a porta se abriu, não consigo acreditar.

— Meu filho, quantas saudades (beijo)! Mora pertinho, mas nunca vem visitar sua mãe!

— Oi, mãe! Muito trabalho, você sabe!

Ele me levou para visitar seus pais e nem me preparou.

— E você rapazinho, deve ser o Lipe! (cumprimento) O Edu só tem seu nome na boca, prazer Clarisse!

— Prazer, nome bonito dá saudosa Lispector!

— Sim, minha mãe era professora de literatura e a admirava! Vamos, entrem e fique a vontade!

— Filhão, venha dá um abraço no teu pai!

— Ô meu pai, queria tanto vê-lo em pé para me dar aquele abraço!

Não contive a emoção ao vê-lo se inclinar chorando para beijar o pai na cadeira de rodas.

Clarisse: — Um AVC há 7 meses o prendeu a esta cadeira, meu filho! Ele agora melhorou a dicção, mas ainda faz fisioterapia. Não tem equilíbrio porque mexeu com o labirinto dele, tem perda de memória e não controla a evacuação.

Eu: — Imagino o quão difícil é a adaptação à nova realidade!

Clarisse: — Ah, Lipe! Mas tenho esperança dele ao menos ficar de pé!

Edu: — Lipe, venha conhecer o Senhor Álvaro!

Eu: — Prazer, sou o philip, mas pode me chamar de Lipe!

Pai: — Então, você é o moleque que roubou o coração do meu garoto!

Ele me falou isso num sorriso tão lindo, os olhos dele se encheram de água.

Clarisse: — Não chore para não se engasgar!

Edu: — Calma pai!

Ele queria falar mais, porém começou a tossir. Eu o tentei acalmar com um abraço. O Edu me deu um copo d’água, e o ajudei a tomar um pouco.

Pai: — Desculpe, meu filho! Deem-me suas mãos!

Assim fizemos

Pai: — Sabe, Lipe, no começo foi difícil entender os gostos do meu filho, cheguei a ofendê-lo e a expulsá-lo de casa, a mulher me deixou pela minha intolerância!

Todos atentos, ele continuou:

Pai: — Perdi muitos momentos bons ao lado dele, destruí minha família e me viciei na mesa de jogo, sabe quem me salvou? Esse cara aí do teu lado! Quando todos viraram as costas para mim ele abriu os braços e me deu carinho, abrigo e o ombro para chorar.

Edu: — Papai, chega! Não se canse! Mãe, fale com ele!

Eu apenas o ouvia complacente, era como se essas palavras o tivessem libertando, sentia a força da sua mão na minha.

Mãe: — Querido, por favor! Você vai passar mal novamente!

Pai: — Estou bem! Ele pode ser meio imaturo, metido a pegador, mas tem um coração muito grande! Se ainda não deu, dê a chance de ele lhe fazer feliz, assim como ele nos faz! Amo-te, meu filho!

Eu: — Ô, seu Álvaro! Que palavras lindas! Agradeço pelo acolhimento! Esse moço aqui já me fez tantas surpresas desde ontem! Rssrsrsr! Tenha orgulho do seu filho, da sua esposa que tanto lhe ajuda, da sua família e, principalmente, de ti. Sim, pois teve a humildade de reconhecer o erro e consertá-lo a tempo!

Edu: — Ele não quer aceitar com medo de me fazer sofrer lá na frente!

Mãe: — Você é um menino de ouro, já percebi! Não se precipite mesmo, relacionamento tem que haver troca mútua, se não está preparado para entrar, não o faça!

Eu: — Sou aquele filho da liberdade, me amarrar soa estranho! Rsrsrs!

Pai: — Não quer colocar cabresto! Esse é dos meus! Hahahaha!

Edu: — Hahahah! Pai, só você mesmo! Amo vocês, meu pai, minha mãe e meu amor!

Eu: — Isso mesmo, seu Álvaro!

Ele nos deu um beijo e rimos juntos

Mãe: — Minha casa sempre estará de portas abertas! Venha nos visitar quando quiser!

Eu: — Será um prazer!

Edu: — Tem comida nessa casa, né! Minha barriga está roncando!

Mãe: — Vamos para a cozinha! A Lúcia preparou o seu prato preferido!

Edu: — Nhoque de batata-baroa ao molho branco com cream cheese! Valeu, mãe!

Eu: — Nunca provei! Mas deve ser bom porque o cheirinho está divino!

Mãe: — Você vai gostar! Mas se for da dieta, assim como nós, tem uma sopa de legumes e batata-baroa maravilhosa na geladeira!

Eu: — Eu! Imagine! Sou magro de ruim! Haha!

Pai: — Se eu pudesse sair dessa cadeira, ninguém me impediria de comer essa maravilha! Aff!

Mãe: — Não liga, Lipe! Até parece que o privo de comer! Por ele, comeria de 2 a 3 pratos, mas a digestão fica lenta devido ao pouco movimento, ordem da nutricionista não exagerar à noite!

Edu: — Só um pouquinho pode, né! Meu velho não vai ficar sem experimentar esse nhoque dos deuses!

Eu: — Desculpe, onde tem banheiro, por favor?

Edu: — No fim do corredor à esquerda!

Mãe: — À direita no começo do corredor, Lipe! No final é o quarto dele!

Eu: — Por que quer me levar ao seu quarto? Sei não, viu!

Edu: — Lá tem banheiro e uma cama maravilhosa!

Eu: — Edu, para! Seus pais...shiiii!

Mãe: — Não ligo! Ele é assim mesmo. Se quiserem dormir, fiquem à vontade!

Se fosse pela torcida dos pais dele, já estávamos casados e com filhos. Pude me sentir em casa, de verdade.

Eu: — Vou lá rapidinho!

No banheiro, me olho no espelho tentando entender o que estava acontecendo. Num dia me pede em namoro e no mesmo dia me traz para conhecer a família, sem eu ter aceitado o pedido, e eles me receberam muito bem, até fizeram jantar. Volto à cozinha.

Mãe: — Lipe, esse hematoma no seu braço?

Eu: — Onde?

Edu: — Aqui atrás!

Eu: — Ah, deve ter sido quando o cara me apertou na balada!

Mãe: — Nossa! Mas está tudo bem?

Eu: — Nem dói! Se você não tivesse falado, não veria tão cedo!

Pai: — Vamos deixar a conversa e comam logo!

Edu: — Já coloquei um pouco para você!

Pai: — Obrigado, filho!

Servimo-nos. A Clarisse apesar dos seus 55 anos, não aparentava pela jovialidade transparente no jeito de se vestir e se portar, além do rosto e pele muito bem cuidados, sem falar do cabelo. Os olhos eram cor de bel, bem clara. Ela era “branquela”, o filho puxou a ela, e também alta, devia ter 1,73 de altura. Usava um batom rosé nude e a maquiagem clarinha, mas era o vestido gelo um pouco abaixo do joelho e um scarpin nude de salto baixo, para não deixa-la uma girafa, que davam a elegância.

O seu Álvaro estava numa camisa polo azul marinho, um short de tecido e o detalhe era o mocassim, elegante e confortável. O cabelo dele parecia com o do Edu, penteados para o lado. Aparentava ser alto, mas estava magro em relação a sua altura, devido às sequelas do AVC o debilitaram.

Durante todo o jantar observava o cuidado e atenção dele com o pai, uma relação restaurada pelo amor. A mãe muito atenciosa, perguntou sobre minha família, estudo e sonhos futuros, mas de repente minha visão fica turva, as suas risadas parecem estourar meus tímpanos e não me lembro de mais nada. Acordei e aquele cheiro forte de perfume, pelo menos não era álcool.

Clarisse: — Graças a Deus! Lipe, está tudo bem?

Eu: — Está sim, não se preocupem! Deve ter sido hipoglicemia, igual a que tive hoje!

Edu: — Você não me contou que desmaiou!

Eu: — Está tudo bem! Relaxem! Só sinto um pouco de dor de cabeça!

Álvaro: — Você é alérgico a algum analgésico?

Eu: — Não que eu saiba!

Clarisse: — Vou buscar um comprimido!

Álvaro: — Qualquer coisa, estamos aqui! Durma aqui e amanhã, quando se sentir bem vai para casa! Boa noite!

Eu: — Muito obrigado pelo jantar e desculpe o incômodo!

Clarisse: — Não ouvi isso! Está aqui o remédio! Nem pense em dizer mais isso, você já é da família! Vamos deixa-los a sós! Fiquem aqui está noite, amanhã vai ter um café caprichado! Rssrsrsr!

Eu: — Vai me colocar mau costume!

Clarisse: — Se for para tê-los aqui, sim! Boa noite meu filho lindo!

Edu: — Boa noite mamãe e papai!

Eles nos deixaram no quarto dele, que por sinal tinha um colchão muito confortável. Sentado ao meu lado, ele acariciou meus cabelos.

— Tem certeza que está tudo bem?

— Sim, bobo! Seus pais são uns fofos!

— Puxei a eles! Hahaha!

— Sem graça! Sim, assim que a dor diminuir vou para casa!

— Quer que eu apague a luz?

— Sim, por favor! Mas nem vá pensando em otras cositas!

— Eu só estou pensando no seu bem-estar, amor! Posso ficar aqui do seu lado cuidando de ti!

— Sim, deita aqui!

— Nossa, tá quentinho mesmo!

— Vamos ficar em silêncio, sua voz aumenta 15 vezes no meu ouvido!

— Shshsh! Desculpa!

Enquanto ele acariciava meus cabelos, eu fazia carinho no braço dele. Não sei por quanto tempo dormi, me acordo com calafrios e espirrando.

— Amor, você está com febre alta!

— Deve ser um resfriado! Vou ao banheiro!

Voltei para a cama, me sentia fraco, uma sensação parecida quando eu estava com anemia. Mas não disse nada. Apenas me deitei e dormi. Acordei com minha mão em cima do seu proibido e massageando, ele já estava acordado curtindo a situação.

— Bom dia, meu lindo! Vamos namorar um pouquinho!

— Não, du! Aqui não!

— Olhe como você me acordou hoje! Só um pouquinho vai!

Não tive como resistir aquele homem. Ele me beija, enquanto eu continuo o masturbando, devagar desço por seu peito e acaricio o mamilo com minha língua, nessa hora ele coloca a mão atrás da cabeça. Continuo o caminho até chegar à cueca, retiro-a e o membro rígido salta imponente para fora.

— Você tem a melhor boquinha do mundo!

— Diz isso para todos, né?! Safadinho!

— Huuuum...isso...lambe a cabecinha!

— Ahh...slup...slup...! Assim?

— Isso...vai...coloque todinho na boca!

Pego um dedo e fico massageando perto do seu buraquinho e ao mesmo tempo, a língua percorre da glande até o escroto dele. Ele coloca a mãe na minha cabeça, e força em direção ao seu proibido.

— Vai, amor! Coloque todinho na boca....ahhh..issso...aaaassim meu bezerrinho!

— Huuumm...srgusrg....aaahh...srgursrg....

— Abra bem a boca para não se engasgar....ahhhh...issso...não para!

— Ahhh...fiquei sem ar!

Subi beijando seu abdome, seu pescoço e cheguei ao seu ouvido. Falei sussurrando.

— Deixa eu meter em você!

— É o quê?

— Nunca você me deixou! Estou louco de vontade!

A reação dele foi se levantar com aquele membro balançando e me deixou na cama “chupando o dedo”.

— Para quê isso tudo,Edu?

— Só não esperava você pedir isso, cara não acredito!

— Edu, não estou entendendo nada! Você quer ser sempre o ativo e eu o passivo, mas eu tenho desejo de meter, é difícil, mas tenho, porra!

— Amor, não é isso! Me perdoe! Só que faz tempo, muito tempo!

— Você vai gostar, vou devagar!

— Vamos deixar para fazer isso lá em casa! Vai que meus pais ouvem!

— Ah, não, Edu! Assim não dá! Vou para casa agora! Nem precisa me levar pego um táxi, que merda!

— Cara, você não vai me deixar assim não né?!

— Use suas mãos! Tem logo duas!

Me vesti depressa e sai para à sala, mas o cheirinho da comida me abriu o apetite.

— Bom dia, meu filho! Você deve ser o Lipe!

— E você a dona Lúcia! Prazer, seu Nhoque estava divino!

— Rsrsrs! Obrigado, mas não tinha nada de mais!

— E o temperinho do amor, não serve?! Hahaha

— Bom dia! Gosto de ver pessoas sorridentes a essa hora da manhã?

— Bom dia, Clarisse! Vim só comer um pedaço desse bolo de aipim e já estou indo!

— Ah, não! Você está melhor! Cadê o Edu? Sente-se e coma comigo!

— Muito obrigado, querida! Estou novinho em folha! O Edu está no banho! Não, ele vai ficar com vocês o dia todo hoje, ele me disse!

— Ah, que pena não ficar também!

— Tenho coisas a resolver! Muito obrigado! Pede desculpa ao seu Álvaro!

— Ele está na academia com a fisioterapeuta!

— Ah vou dar um passada lá! Beijo e quero comer mais dessas suas maravilhas, Lúcia!

— Só avisar quando vem e farei com muito gosto! Vá em paz, querido!

Entro no elevador e sinto um gosto de sangue na minha boca, devo ter mordido, quem mandou ir com tanta sede ao pote, digo, ao bolo de aipim. Saí na academia e de longe vejo o seu Álvaro deitado fazendo exercícios para não atrofiar a perna direita lesada pelo AVC.

— Bom dia, Lipe! Já estou na luta desde cedo com minha fisioterapeuta Dra...!

— Bom dia! Prazer, Philip! Coloque esse mocinho para malhar, quro vê-lo bem! Não vai dar, seu Álvaro, não funciono bem pela manhã hahahaha! Vou dormir mais em casa!

— Mas já vai? Meu filho aprontou algo, conheço bem quando um do casal sai cedo assim!

— Você conhece mesmo! Ele quer namorar comigo, mas não sabe ser casal, como pode?! Rssrsrsrsr! Beijo, até mais!

— Depois falo com ele! Volte logo, não demore!

— Tchau! Até mais!

Ele ligou para mim várias vezes, mas eu não atendi. Sabia deixar um homem desesperado e, mais agora, ia fazer tempestade em baldes d’água. Entrei em casa e minha vó estranhou minha cara.

— Agora não, vó, por favor!

— Bom dia, para você também! E não vem por suas frustrações em mim!

— Desculpa, vó! Estou muito cansado!

— Meu filho, vem que a vovó preparou um café da manhã bem gostoso! Tem até pão de queijo! Huuuum!

— Filho, você está quente! Vou pegar o termômetro!

— Não deve ser nada!

— Sente à mesa e se alimente, vou buscar o termômetro!

— Ah, vó, lembrei! Tenho que te mostrar o presente que o Edu me deu!

— Ah, sim! Quero ver! Aquele garoto é de família!

— Se é! Inclusive conheci os pais dele!

— Não acredito! Então ele quer algo sério! Volto rápido para me contar tudo!

— Ah, lipe,

Na cozinha uma mesa maravilhosa com muitas frutas, sucos e bolos. Nada melhor que casa de vó. Decido ligar para minha mãe.

— Oi, mãe! Tá podendo falar?

— Oi, filho! Só tenho plantão na quarta!

— Amor, nem me ligou ontem! Aconteceu algo?

— Mãe, acho que estou com anemia novamente! Desmaiei, estou sentindo dores de cabeça e tive febre.

— Ah, meu amor! Sente fadiga, falta de apetite?

— Não mamãe! Comi bastante e tenho disposição até para transar!

— Oh, Lipe! Não precisa me dizer isso! Rsrsrsrs

— Mas a senhora é medica, tem que saber!

— E também sua mãe! Então não preciso de detalhes! Faça exames para confirmar!

— Logo nas férias! Aff! O papai está bem?

— Está sim! Bebeu tanto nesse fim de semana! O centro das atenções, eu disse que você tem o jeito extrovertido dele!

— Ah, isso concordo! Vocês merecem e a quanto tempo não se divertiam assim?!

— Filho, mudando de assunto! Tem uma coisa que eu queria contar pessoalmente, mas não estou me contendo de ansiedade!

Vó: — Levante o braço!

Eu: — Mãe, a vó trouxe um termômetro para medir a temperatura!

Vó: — É sua mãe! O seu filho está muito magro!

Mãe: — Passe para ela amor!

Vó: — Oi, querida! Eu disse que Lipe está muito magro, suas comidas são tão ruins que o cotado nem consegue comer!

Mãe: — A senhora sempre de bom humor! Saudades também!

Vó: — Não é comédia, é realidade! Quando virão aqui? Para eu me preparar psicologicamente?

Eu: — Vó, não diga isso!

Mãe: — Eu estava pensando em passar o Natal Luz em Paris, mas ele insistiu em ficar com a mãezinha dele! Rsrsrs

Vó: — Eu os ensinei para dar valor ao pais, diferente da sua mãe!

Eu: — Chega, vocês duas sempre arrumam confusão, aff! Me dê o celular!

Vó: — Não, calma!

Mãe: — Esqueci de terminar, meus pais também iriam conosco e até vocês, mas seu filho não quis! Talvez não nos queira ver brigando pela mesma bolsa na Chanel ou às tapas na Champs-Élysées! Sogrinha amada! Amei falar contigo!

Vó: — Mande um beijo para o meu bebê! Linda!

Eu: — Mãe, ainda está aí?

Vó: — Acho que ela mordeu o próprio rabo! Hahahaha

Eu: — Vovó, pare com isso!

Mãe: — Filho, depois continuamos aquela conversa!

Eu: — Estou curioso para saber! Beijo, amo vocês!

Mãe: — Também e estamos mortos de saudades!

Vó: — Mas ele vai ficar aqui o mês todo com a vovó!

Eu: — Só posso 15 dias!

Mãe: — Um beijo no seu avô e na sua tia!

Eu: — Tio Beto está aqui também e o Guto também!

Vó: — Nossa! Casa cheia! Manda beijo a todos!

Minha mãe e vovó não eram, digamos, amigas. Elas sempre brigaram desde que meu pai teve que ir morar em Sampa devido à Residência de mamãe. Havia faísca sempre que conversavam, a distância era boa nesse caso. A vovó também a culpou pela morte do Flavinho, disse não ter dado a devida atenção a ele, só à medicina. Mas ela sempre foi uma mãe presente, na medida do possível, nos fez entender a importância da sua profissão. Não a culpo e nunca a culparei. Papai, no meio dessa guerra, tentou várias vezes a aproximação das duas; porém conseguiu apenas míseros 15 minutos de paz.

— Vó, faz um esforço por mim! Pelo menos no Natal não provoque a mamãe!

— Meu filho, ela não consegue me ouvir e ficar calada na minha própria casa! Se ela calasse aquela matraca dela!

— Hahahaha! Vó, quem começou dessa vez? Quem?

— Só falei que estava magro! Alguma mentira?

— Disse que a comida dela era ruim!

— Alguma mentira? Tá vendo! Sua mãe sempre começa!

— Só acho que perdem muito, brigando por pouco!

— Se ela soubesse dar valor a sogra que tem!

— Ah! Não vó! Por que não começa da senhora? Quantas vezes foi a São Paulo nos visitar?

— No aniversário do Flavinho que por culpar dela...

— Shiiii, nem mais uma palavra! Lembra que me prometeu não tocar mais nesse assunto!

Nesse momento ela começa a chorar se lembrando do meu irmão. A abracei e ela tirou o termômetro de mim.

— Ah, a saudade é tão grande! Você está com uma febrinha!

— Eu sei vovó! Não tem como não lembrá-lo, por isso o papai decidiu mudar de casa! Vá nos fazer uma visita, por favor!

— Lembrei da sua mamãe olhando o álbum de bebê dele, coisa mais fofinha de gorduchinho da vovó! Hahaha! Tivemos minutos de paz nesse dia...

— Ah, me conta!

— Sentei ao seu lado e ela me perguntou o porquê dela estar passando por aquilo! Ela que sempre lutou para salvar vidas e não estava lá para salvar seu filho!

— Ah, vó! Nunca me contou isso... (choro)

— Eu a abracei, meio sem jeito e disse que ela era uma mulher forte e iria superar isso.

— Que linda! E o que mais...

— Logo em seguida eu a disse que mães teriam que vigiar seus filhos e ver com quem andam! Não só se dedicar ao trabalho!

— Vó, eu não acredito!

— Ela pediu para sair do quarto, me disse que não a respeitava nem no pior momento da vida dela!

— Ela teve razão! Falei sem pensar! Mas, eu sinto que ela poderia ter feito mais para impedir! Bom...deixa para lá! Meu coração dói sempre que falo no seu irmão!

— Olhe isso no meu pescoço!

Assim que a mostrei, seus olhos se arregalaram e pôs a mão na boca de surpresa.

— Nossa, meu filho! Nunca gostei de tatuagem, inclusive lembro o tanto de sermão que dei no seu irmão quando ele a fez, mas esse pingente é de uma delicadeza! Como você conseguiu fazer?

— Não foi eu! O Edu me deu de presente, seria pedido de namoro, mas não aceitei o pedido!

— Ainda não aceitou! Que está esperando seu bobo? Um rapaz educado, com certeza de boa família, com um futuro promissor! Se joga!

— Eita, como está moderninha! Hahaha! Liberdade é tão boa!

— Sim, e você vai ser aprisionado? Hahaha

— Ah, não é isso vó!

— Eu estou brincando, lipe! Sei que queres curtir, mas será que lá na frente não poderá se arrepender de não ter se dado a chance!

— Ah, vó! A vida é assim! Somos guiados pelas próprias escolhas e arcaremos com as consequências!

— Quando a escolha é errada tudo bem, mas se algo aí nesse coração diz que pode dar certo, siga-o! Pelo menos uma vez, pense com a cabeça de cima e não com a de baixo, querido!

— Vó-ó! Nunca imaginei sair isso da sua boca!

— Nem eu imaginaria que você tão inteligente e depois desse presente, ainda diz não ao rapaz! Ele gosta de você porra, a família dele também, se não você teria me dito o contrário! Ele é um gato, vai deixar as inimigas babando!

— Estou passado com seu linguajar moderno! Hahaha! E essa sal defesa arquitetada!

— Não o conheço bem, mas sentido de vó não falha! Agora tenho que ir ao mercado, quer ir comigo?

— Aff, vovó, será?Mas que ele é lindo, fofo e de família, sim, ele é! Cama, aí vou eu! Fuuuui.

— Tome essa remédio aqui para essa febre!

— Nos vemos mais tarde!

— Beijo

Do corredor escuto vozes, chego devagar e abro a porta do quarto do meu quarto de supetão.

Eu: — Ahan! Peguei vocês!

Guto: — PQP primo Hahahaha!

Tio: — Até parece que não curte uma ervinha! Cof...cof! Senta aqui no colo do tio Hahahaha!

Guto: — Boa! Sentir a pressão de subido do elevador do Betão! Hahaha!

Eu:— Aff, não sei para quê ainda dou atenção a vocês! Vou me deitar no quarto da vó!

Não acredito que eles estavam consumindo maconha dentro da casa da vó, e logo no quarto que durmo. Eu curto sim , às vezes, mas não dentro da casa dos outros, a não ser que esses outros também façam uso dela. Pela enésima vez o edu me liga e decido atender.

— Lipe, acho uma falta de respeito comigo e um comportamento infantil da sua parte!

— Você me negou sexo, não só negou como deu um salto quase mortal, me senti um vômito ou algo nojento e repulsivo!

— Porra, Lipe! Foi uma surpresa aquele seu pedido! Você tão sensível, não pensei...

— Nem termine com essa frase estereotipada!

— Desculpa, amor! Só não estava preparado, sei lá, não sinto vontade de ser passivo contigo! Pronto falei!

— Eu estou com febre, acabo de pegar meu irmão e meu tio fumando maconha no meu quarto e agora você me liga para falar isso?! Terminou?

— Não, não terminei! Você está parecendo àquelas crianças que não fazem o que querem. Se for para estar comigo ou conviver com qualquer pessoa, terá que se acostumar com as diferenças, e esperar também o tempo delas.

— Ah, Du! Por que mesmo quando faço merda você ainda se importa comigo? Igual da outra vez!

— A diferença entre o ficar e o amar está aí! Se a gente fica, é um momento, não preciso conhecer a pessoa a fundo, nem você queria se mostrar por completo para mim! Agora, você conheceu minha família, você me viu te elogiar, você me viu te pedir em namoro. Eu mostrei o verdadeiro Edu! Você me mostrou o seu jeito família, me mostrou sua sinceridade ao dizer que não está preparado para mim, tampouco aceitaria poliamor! E mais uma vez você quebrou o maior estereotipo que eu tinha! Vamos aprender juntos?

— Uaaaaa, me desculpa, por ser tão mimado, insensível, orgulhoso e fazer a linha “difícil, dificílimo”, é inacreditável vê o homem que você se tornou! Eu quero sim, aceito, concordo, aprovo! Eu te amo muito, meu branquelo! Queria você aqui cuidando de mim!

— Sério, cara! Porra, velho! Você aceita ser meu namorado?

— Sim, sim e sim! Vou gritar aqui da varanda: EDUAAAAAAARDO, EU ACEITOOOOOOO! Hahahaha!

— Eu te amo, meu lindo! Sim, faltou eu te perguntar que história foi essa de eu passar o dia com meus pais, tinha muitos clientes hoje, mas obrigado pela força. Fazia tempo que não tirava um tempinho para eles.

— Ahhh, hahahaha! Foi eu disse! Então virou uma boa saia justa!

— Sim, não aceito não como resposta! Hoje, vamos jantar todos jno La Fiorentina, se você não o conhece, vai se viciar naquela comida!

— Aquele dos pilares cheio de assinatura?! Eu amo o menu Italiano! Vamos sim!

— Ah, ele mesmo! Rsrsrs! Seus avós estão convidados! Já que seus pais não podem estar aqui!

— Você que pensa, vou te dar o número do meu pai e você fala com ele! Vai encarar o sogrão! Hahahaha! Rápido para dar tempo comprarem um voo!

— Será, amor? Em cima da hora?

— O útil ao agradável, nosso jantar oficial de namoro, minha mãe quer me contar algo pessoalmente e você os conhecerá!

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Comentários

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Fiquei preocupado com esse mau estar, espero que não seja grave. Que fofo esse casal, mas e depois, como fica essa ponte aérea?

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QUE DOENÇA LIPE TERÁ? JÁ SABIA QUE FELICIDADE NUNCA É COMPLETA MESMO NÉ? DROGA. QUE ÓDIO. E ESSE TIO E ESSE IRMÃO??? E ESSE TIO E LIPE? O QUE SENTEM UM PELO OUTRO?

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