Não fiquei decepcionado quando ele entrou sem qualquer pacote na mão porque, mesmo não levando a sério aquele delírio, ainda pensava na história das alianças. Então, elas poderiam estar em seu bolso. Ele me beijou muito apaixonadamente e, no final, brincou com o polegar em meu lábio inferior.
- Minha criança... Como eu gosto de ti.
Ele nunca tinha me chamado de “minha criança”. “Garoto” sim, mas não “criança”. Meus modos não são infantis; sou quase imberbe, mas isso também não me dá uma aparência infantil. Também tenho – ou tinha, porque ele havia me mandado tirar, meses antes – poucos pelos no corpo. Sou magro; a musculatura é quase imperceptível. Mas nada disso justificaria me associar a uma criança. “Garoto” cabia, porque ele era meu pai, porque nossa diferença de idade é de vinte anos... Mas, “criança”?
- Tu emburrado assim fica mais criança – disse, como se eu tivesse falado o que apenas havia pensado.
Levou-me para o quarto. Deu-me outro beijo. Meu pau duro roçava em sua calça jeans; arranhava um pouco. Ele tirou a camisa. O perfume leve de seu suor chegou até mim; fraco, mas viril. Os pelos negros sob as axilas. Os mamilos largos do peito também largo. Parecia estar querendo uma fodazinha antes de me dar o presente. Melhor ainda.
Sentou-se na cama. As pernas afastadas, como habitual. Eu estava ansioso pelo presente, mas sabia esperar. Desamarrei um sapato; depois, o outro. Tirei suas meias. Massageei um pouco um pé, enquanto ele estendia o torso, apoiado nos braços sobre o lençol. Beijei o outro pé, carinhosamente. Retornei ao anterior e repeti. Lambi, com carinho; devoção. Subi por suas calças e deitei sobre ele.
- E meu presente? – perguntei, baixinho. – Não trouxe?
- Trouxe.
Sorriu. Mandou que eu abrisse sua calça. Desafivelei o cinto. Liberei o botão; puxei o zíper. Afastei as abas e o movimento do ar me trouxe o aroma que vinha de seus pelos, de seu membro, do saco. Papai me observava, ainda estirado, mantendo a cabeça erguida. Viu quando franzi as sobrancelhas, com o rosto próximo à genitália à minha frente.
Prossegui. Encostei o nariz no membro, que parecia crescer muito lentamente – ou, talvez, apenas movimentar-se, acomodando-se à liberdade da calça aberta, ou reagindo à alteração da temperatura. Estava sem cuecas, o que não era comum: apenas em casa ele ficava assim; jamais quando ia ao trabalho.
Soergueu os quadris, apoiando-se nos cotovelos, e pude puxar suas calças. Deixei-a ali ao lado, retornando ao que investigava. Aproximei novamente as narinas. Percorri vagarosamente o corpo de seu cacete. Ele me acompanhava com muita atenção. Trocamos olhares. Seu rosto estava sério, mas amável. Dei um beijo em seu membro, inspirando profundamente. Olhei novamente para ele.
- Tu não conhece. Está parecendo um bichinho diante de uma comida que não conhece.
Baixei os olhos e cheirei novamente.
- Prova - sugeriu.
Passei a língua timidamente. A pica estava levemente salgada.
- Não fica com medo.
Passei de novo, ainda cauteloso, mas agora com um contato maior da língua em sua pele. Era salgado, um pouco acre. Tentei reconhecer; puxar da memória alguma referência. Parecia familiar, mas muito vagamente. Olhei outra vez para ele, interrogativo. Apenas sorriu.
- Você nunca teve medo do pau do teu pai.
Avancei um pouco mais, incentivado por ele. Encostei a face, de leve; estava um pouco melado, quase escorregadio, levemente viscoso. Abocanhei a cabeça, que já havia surgido do prepúcio. Avancei a boca, contornei a pele com a língua; o sabor me tomava. Minhas narinas se impregnaram. Olhei novamente para ele.
- Trouxe pra ti, garoto – e sorriu, muito lindamente.
- Pai...
- Não fica com medo. Não pensa. Só curte.
Continuei o encarando, sem saber o que fazer ou pensar. Sua fisionomia me acalmava. Falou muito tranquilamente:
- Só curte, Mateus. Vai. Prova. Sente como é. Tu tá com teu pai; só nós dois aqui.
Eu hesitava, mais pelo inesperado do que por qualquer outra razão.
- Trouxe pra ti – e piscou um olho.
Baixei a cabeça e comecei a explorar aquele caralho, agora bem maior frente a mim, já se suspendendo pela excitação. Abocanhei; sem culpa nem medo, como ele ensinou. Deixei que a pele do membro repousasse o sabor em mim. Forcei mais a boca, para que me impregnasse. Papai começou a arfar.
Reacomodei-me, para poder explorar melhor o presente que havia me trazido. O caralho já pulsava. Fiz com que entrasse o mais fundo, desejando que alcançasse a garganta – o que sabia não ser possível pelo ângulo em que estava. Mas, ainda assim, insisti. Retrocedi, antes que engasgasse. Ele falou com dificuldade:
- Não pensa em mim; eu agüento. Pode ir devagar. Não perde tudo indo de uma vez só. Vai.
Aproximei-me novamente e dei uma, duas lambidas, seguindo sua orientação. Dediquei-me a percorrer toda a extensão com a língua, sem tirar o cacete da boca. Queria sentir todo aquele gosto. Não percebi que o torturava, até que seus pequenos espasmos me chamaram a atenção. Eu me afastei um pouco e o olhei. Com a interrupção, ergueu mais a cabeça e voltou-se novamente:
- Vai. Está bom. É diferente, mas está bom.
O gosto não era mais tão presente, mas ainda havia. Eu queria até o final. Ele como que urrava baixinho; tentava disfarçar que se contorcia pelo contato brando da minha boca.
Avancei sem tantas reservas, para me embriagar ainda com o pouco que restava. Queria sugar todo aquele sabor, todo aquele sugo que ele deixara depositado ali para mim. Queria agora todo o sabor que seu cacete tinha roubado da presa abatida, da mesma maneira como tantas vezes havia também me abatido. Tirei, beijei, encaixei o rosto sob a pica. Ali havia mais um pouco; forcei para absorver de toda a sua parte de baixo, até o encontro com o saco. Voltei a abocanhar novamente, me dando conta de que não explorara ainda o resto do que oferecia entre as pernas, onde devia ainda estar forte.
Era o gosto de um macho, um outro gosto de macho. Não o que eu conhecia ao lavá-lo tantas vezes após me penetrar. Era um outro. O que eu conhecia era o do caralho recoberto pelo sêmen que seu prazer depositara em outro macho; o que eu tinha agora ao meu dispor era o do caralho revestido pelo gosto da fêmea que o cobrira com o fruto do prazer dela, obtido na realização do prazer dele. Era o gozo e a lubrificação dela que agora pertencia a ele e que ele dava para mim.
Tinha me trazido com todo cuidado, para não desperdiçar. Horas depois, ao recolher suas roupas, eu encontraria a cueca amarfanhada no bolso de trás dos jeans: não quisera que o tecido de algodão pudesse absorver parte daquele suco que ele queria abundante. Quis guardar todo o possível, para que eu me fartasse ao provar. Quando percebi isso, me encantei com tanto mimo.
Lambi os culhões, ladeei junto às coxas, sondei os pentelhos – grossos, levemente úmidos, repletos do que eu tanto queria. Abusei deles, mastiguei-os; retornei à pica: majestosa, elevada, altiva. Papai estremecia. Era o pau do meu homem, aquele pau que eu adorava tanto e que tanto havia me fudido. E que ele me trouxera para que conhecesse o outro sabor do sexo; para estar comigo quando eu provasse; para que eu provasse por meio dele.
Meu pai arfava, às vezes dava sobressaltos, pequenos frêmitos, mas não pediu que eu parasse. Eu não mais via seu rosto: ele continuava apoiado nos cotovelos, com o tronco derramado sobre a cama, mas sua cabeça pendia para trás. Padecia sobre o lençol ao deixar que minha boca tocasse em sua alma, consentindo para que eu não tivesse medo. Sabia que com ele eu não tinha medo de nada.
Enlacei-o pela cintura enquanto mergulhava o caralho em minha boca e a completei. Quis sentir o volume, a maciez, antes de sugá-la. Os sons de papai aumentavam minha excitação. Tremia, se contraía, se entregava para que eu pudesse desfrutar do presente que engendrara para mim, que cultivara, que maturara pacientemente até finalmente obtê-lo e trazê-lo. Não me restringia; suportava os avanços da minha língua, da gana com que eu buscava na sua pele mais daquele caldo que já se esvaíra.
Comecei a mamar. Agora, queria seu leite. Sabia que os culhões estavam lotados, prontos para me encher a boca. Bastava o estímulo certo para que aquele homem jorrasse. Eu queria agora seu outro gosto, o mais espesso, o mais denso, o que tinha educado minhas entranhas.
Aumentei o ritmo. Ele abafou um gemido alto. Prossegui. Reacomodei-me para poder sugar melhor. Ele vinha; eu sentia que ele vinha e queria vir para mim. Eu aumentava e diminuía a pressão, bombeando mais tesão para aquele macho que se deixara imolar sobre a cama para me presentear com o que podia ter e eu não. Afastei da garganta, para não perder nada do novo velho sabor que finalmente se aproximava. E então ele veio abundante. Os jatos fortes se espalharam pela boca, a tomaram inteira, generosos, grossos, caudalosos.
Ele ainda tinha ligeiras convulsões; o peito subia e descia; seu nariz emitia o vigor da respiração ofegante, triunfante. Havia jogado todo o corpo sobre o colchão. Subi até ele, agora já alimentado. Não quis beijá-lo, para que ele pudesse tomar fôlego, mas pegou-me pela nuca e juntou nossos lábios. Sua língua não me penetrou; apenas roçou e ficou ali, quente, junto a mim.
Ele balbuciou alguma coisa. Eu sorri. Tinha sido a Wilka, “ela preparou pra ti, sem saber”. Foram quatro vezes, três tentativas para me produzir o presente. A primeira, confessou sem qualquer perturbação, fora para matar suas saudades.
- Essas três não foram ruins, não. Não precisava, mas foi longe de ser um sacrifício, viu? Mas ela é foguenta; é boa. Me fazia gozar, mesmo sem eu querer. E eu queria puro pra você. Sem a gala. Só consegui hoje. Por isso, tua espera tão longa.
Ele me abraçava forte e me aninhava no calor dos pelos do seu peito.
– Mas não é pra tu gostar. É pra conhecer. Queria que tu provasse; saber como é. Te falei que vou te fazer um homem. Do teu jeito. Pelo pau do teu pai – pausou. – Não quero perder meu viadinho.
- Não vai perder.
- Nem quero perder esse teu pau virgem, intocado. Quero ele sempre assim, eternamente assim, do jeito que tu quer ele.
Sorriu.
– Bonito. Teu pau é bonito.
- Não é como o teu – sussurrei.
- Que bom que não. Mas é bonito. E é uma gracinha, durinho assim.
- Há um tempão... Mas não gosto quando você fala dele desse jeito.
- Mas é. É uma gracinha; todo empinadinho; alegrinho pra te fazer tomar rola.
Eu devolvi o sorriso. Ele tentou encaixar o dedo em mim; a posição não permitia. Mas não dispensou os carinhos. Ficou ali, rodeando.
- Ela gostou tanto assim, pai?
- Não viu como me molhou? Que que tu acha?
- Então, vai querer mais.
- Mas não vai ter - pausou. – Não tem perigo. Ela sabe que não é sério. Também não quer nada sério.
- Vai sentir falta. Vai querer mais.
- Vai sentir falta da minha pica, mas não de mim. Não te preocupa. Ela sabe que foi só brincadeira. Teu pai não é um cafajeste.
- Ela deve dar para outros também. Deve ser uma puta.
- Mateus.
- Desculpa, pai. Foi mal. Nada a ver.
Ele se virou para pegar um cigarro. O movimento inesperado me fez agarrar em seu tórax, como se sem ele eu fosse cair, mesmo estando deitado, apoiado no colchão. Ele riu. Eu ri também.
- Eu ia passar vergonha se tivesse te levado na zona.
- Eu tinha medo disso, mas sabia que você não ia levar. Não tinha intimidade para isso.
- Mas agora temos intimidade de sobra.
- Vai querer me levar?
- Pra quê? Tu não ia conseguir. Tu não nasceu pra macho.
Acrescentou, baixinho:
- Nem quero que consiga. Não vai conseguir nunca; se depender de mim, nunca.
- Eu sei.
Reacomodou-se, de modo que ficássemos lado a lado.
- Estou precisando de um banho.
- Você se arriscou.
- Contigo? Te conheço, Mateus. Tu gostou porque está no meu cacete – soltou a fumaça. – Gostou, não gostou?
- É diferente.
- Gostou mais da parte do cacete, não foi? – e riu.
- Foi gostoso por causa disso.
- Nem pensa em te acostumar. Foi essa vez e só. Agora tu já conhece.
- Não sabia que era assim, tanto assim.
- Não é. Mas deixei ela doida pra você. Nem sempre é assim. Não fique com ideia errada. Ela tem muito fogo, mas mesmo assim o homem tem que saber fazer. Pra te trazer tanto, tive que saber fazer. Mas já está bom. Te dei, já. Não quero mais.
- Você deve fazer bem.
- Tu sabe que faço.
- Com mulher, quero dizer.
- Contigo também.
- Mas deve ser um tesão te ver.
- Tu me vê sempre. Vou instalar um espelho aqui para ver melhor.
- Ver você quando faz isso, eu quis dizer. Deve ser bonito você comendo uma mulher.
- Tão bonito como quando eu como você.
Esmagou o cigarro no cinzeiro e levantou-se. Caminhava até o banheiro.
- A mulher deve ficar doida. Eu iria ficar doido só de ver.
- É. Quem sabe um dia tu não vê? – ele disse, achando graça.
- Eu ia ficar com vergonha.
Ele riu novamente, e logo depois ouvi que abria o chuveiro.
- Mas deve ser um tesão de ver assim, em ação, tomando o corpo delas, chupando os peitos, acariciando a buceta como já deve ter feito mil vezes – disse, meio preguiçoso, me estirando no lençol.
Minha ereção havia baixado, mas retornava à toda. Ri ao olhar para ele, o “empinadinho”, como que fincado no meu corpo adora indolente – não por cansaço, mas por excitação.
Ouvi que a água do chuveiro cessou. A cortina do boxe não fez barulho; não se mexeu.
Ele estava parado, sob o portal. As pernas afastadas, ressaltando os culhões sob o membro ainda inchado. Olhou demoradamente para minha ereção e me encarou. Veio vagarosamente. Parecia perscrutar o entorno como um gato, mas sem tirar os olhos de mim. Agachou-se na borda da cama – uma perna dobrada, a outra apoiada no chão. Falou baixo, como se dividisse um segredo:
- Tu ia gostar mesmo disso, não?
Não respondi. Seus olhos faiscavam. Quase sorriu, mas não o fez.
- Se tivesse ficado de bruços, eu não veria – disse, dirigindo o olhar do meu pau a meu rosto.
Sua voz foi sóbria:
– Tu quer que eu veja.
Aproximou-se, subindo em meu corpo.
- Tu quer que eu saiba.
Eu respirava forte.
- Tu quer ver.
Seu rosto agora estava quase colado ao meu.
– Tu quer ver teu pai.
Não me mexi.
- Não é isso? – e sorriu, sem malícia.
Foi beijando meu pescoço, sentindo que eu me retesava.
- Tu quer ver o que teu pai faz com uma mulher e que tu não consegue fazer. O que teu homem faz e você nunca vai fazer. Mas quer ver fazer. Vai gozar por dentro só de ver, não é isso? Só de ver o talento do macho que tu tem e que tu não é. Não é isso, Mateus?
Seu caralho agora também estava duro. Empurrava meu saco; comprimia meu pau.
Levantou minhas pernas.
- Ía ajudar teu pai, garoto?
Arregalei os olhos. Meus lábios sopraram uma brisa quente, que ele sentiu.
- Mamar meu caralho pra ele poder deslizar gostoso na buceta? Tu ía, Mateus?
Meu corpo gelava e a excitação o aquecia.
- Ou ia chupar a buceta dela pra preparar pra mim? Não... Isso você não ia fazer, né, Mateus? Meu garoto não faz dessas coisas. Gosta de sentir o gosto dela, mas só se for no cacete do pai – beijou-me do nariz ao queixo. – Não é? Eu tirava o caralho de dentro dela pra você. Te dava e tu saboreava. Botava de novo, e depois te dava de novo. Não era isso que você pensava, Mateus?
- Eu... – não completei.
Ele encaixou a cabeça no meu cuzinho – a cabeça inteira, grossa, mas apenas a cabeça.
- Você deixava bem molhado, depois pegava com as duas mãos e colocava pra mim na buceta dela, não é isso?
Eu queria desviar do seu olhar. Dava medo todo aquele tesão – não o dele, mas o meu.
- Lambia meus culhões enquanto eu metia bem devagar. Ía preparando os culhões do macho pra ele produzir bastante porra, não é, Mateus?
Fez uma pausa. Entrou até o fim, aproveitando a suavidade do esperma que havia descarregado em mim.
- Não é, Mateus? – sussurrou em meu ouvido.
Eu concordei com a cabeça, mudo.
- Ía lamber meu saco enquanto eu fudia ela, não é? Ansioso, cheinho de fome, sabendo que eu ia te dar a porra pra beber quando ela viesse. Não é? – pausou. – Não é isso, Mateus?
- É, pai... – arreguei, baixinho.
- E onde eu ia botar a porra? Ía deixar para ela?
Não prosseguiu; os olhos cravados nos meus. As estocadas aumentaram; mais fortes, indo do fundo às bordinhas e retornando, indo e retornando. Esperou me encarando, até que respondi, com vergonha:
- Não. Pra mim.
Ele sorriu, agora me fudendo sem dó; nossos rostos ainda colados. Seu hálito me aquecia e eu queria que ele também entrasse em mim.
- Na boquinha ou na bundinha? Você pegava o caralho de novo com tuas duas mãos e mirava na tua boquinha, cuidadoso; recebia tudo. Ía gostar, né, Mateus? Ía gostar do leite do teu pai; ver teu pai tirar e deixar tu beber gostoso; ouvir teu pai gozar pra te alimentar.
- Fode, pai, me fode... – foi só o que consegui responder.
- Mas na bundinha também ia ser gostoso. Tu empinadinho, teu pau durinho, ansioso. Eu enterrando nela até tirar rápido e meter duma vez só em você e te molhar todo por dentro. Ía gostar, né, Mateus? Ela de lado e tu ficando com tudo do teu macho. Tu não reproduz; não faz filho. O ajudante perfeito... Eu meto nela e gozo em ti. Ía resolver meu problema. Então, pode ser o ajudante do teu pai, né, Mateus? Teu pai fode e tu fica com a porra dele, como tu gosta.
Seus olhos me invadiam.
- Não é, Mateus?
Eu engolia em seco e respirava forte. Ele metia.
- Ía ser o ajudante do teu homem. Eu fodo e tu olha; me ajuda, mira meu caralho, limpa meu suor, recebe minha porra pra eu poder gozar sem preocupação. Tu fica em volta, vendo teu macho trabalhando na mulher, esperando o que fazer, paciente, sabendo teu lugar. Teu lugar de ajudante, ansioso pra eu te dar alguma tarefa na minha foda. Andando em volta pra ver tudo, pra estar disponível na hora que eu te desse algum trabalho, não é, Mateus? Teu pagamento ia ser porra; nada mais do que justo pra você. Não é isso, Mateus?
A visão escureceu; senti como se meu corpo estivesse indo embora.
Quando a luz voltou, seu rosto estava um pouco mais afastado; o caralho imóvel, mas ainda grande, dentro de mim. Sua expressão era compenetrada. Seus olhos se movimentavam vagarosamente pelo meu rosto, parando aqui e ali.
- Tudo bem, garoto?
Aquiesci, ainda assustado pelo que ocorrera.
Seus olhos ainda percorriam meu rosto. Pareciam querer ter certeza do que eu respondera. Era como se analisasse cada poro da minha face.
- Tu desmaiou, Mateus?
Eu sorri, sem jeito. Ele encostou os lábios nos meus e os manteve ali, quentes. A ponta da língua os percorreu devagar; molhada, calma.
- Tu desmaiou de tesão?
Seu rosto pareceu iluminar-se vagarosamente. O caralho acompanhou o ritmo, voltando a movimentar-se dentro de mim, sereno. Um sorriso gostoso foi se formando em seu rosto.
- Tu não agüentou o tesão, meu merdinha? – falou, baixinho, cúmplice.
Não me assustei com a palavra. Ela me fizera doer tanto antes; agora era outra. Ele começou a me beijar todo, enquanto retomava as caralhadas com vigor. “Meu merdinha..”, repetiu. Me dava beijos no rosto, no pescoço, nos ombros, nos cabelos. Era calmo, mas apaixonado, enquanto seu cacete não perdoava mais meu cuzinho. “Meu merdinha...”, sussurrava, doce. Gozamos juntos, coisa que era rara de ocorrer. Juntos e fortes.
Aquela fantasia nunca se concretizou. Ele a repetiria mais vezes, dando tempo entre uma e outra, para que se renovasse, sabendo do efeito que nos causaria. Ele me atiçava, no prazer sem dó de me amedrontar sabendo que me protegia do meu medo. Eu, todas as vezes, caía no mesmo jogo, e meus olhos pediam mais; todas as vezes pediam mais.
Com ele, eu não tinha medo das fantasias; nunca tive. Ele as vivia comigo, efetivando até algumas das mais intensas, e outras deixava para materializar no limiar da dúvida. Ele me fazia ver, ou eu o fazia ver, que são as fantasias que nos alimentam, mas só o fazem se não as temermos, não a escondermos, não a sufoquemos sem perceber. Só sem medo delas é que sabíamos separar o que é bom e o que não é, o que é prazer e o que é revés. O que é sexo e o que é morte. O que é amor e o que é fantasia.
O discernimento dessas fantasias, eu gostava que ficasse nas mãos de papai. Confiava cegamente nele, mas não era apenas isso. Ele me ensinara a ser capaz de identificar – e enfrentar – muito mais do que eu as minhas próprias. Eu sabia que, na mesma medida, era eu quem o fazia despertar as deles, igualmente recônditas, inconscientes.
Papai não tivera uma vida de grande pegador. Não tivera tantas mulheres assim: casara-se aos vinte anos e dizia não ter tido qualquer outra até a morte de mamãe. Mesmo em suas trepadas com gays, para as quais parecia ter canalizado o que talvez julgasse não caber no casamento, não tinha arriscado muito. Haviam sido pouco numerosas, fruto do acaso e de relacionamentos que se resumiram praticamente a um flerte sacana e uma esporrada no desconhecido, certamente sem nada de notável entre um momento e outro.
Então, vivíamos um movimento mútuo, recíproco, mas eu escolhia deixar nas mãos dele o comando desse movimento. Sabia que em grande parte das vezes, talvez até na maioria delas, era eu quem semeava as fantasias ou as fazia germinar. Minhas ereções, especialmente depois que me obrigara a conviver com a nudez, eram como sinais para outros caminhos. Mas eu me limitava, e queria que fosse assim, e estritamente assim, a segui-lo para onde fosse ou a aceitar quando decidia desviar.
Mas, ao tirar do limiar da dúvida uma dessas fantasias, ele me surpreendeu. Punha em risco a continuidade de tudo o que havíamos vivido até ali. Concretizá-la, ainda que intrinsecamente convivêssemos com ela pelo próprio grau de cumplicidade que tínhamos no sexo, tangenciava um limite perigoso – para nós dois.
Uma coisa era, num diálogo surdo, a mantermos onipresente em nosso dia-a-dia, em cada trepada, em cada metida, em cada gozada que ele me injetava e que eu guardava comigo. Mas outra coisa era trazer esta fantasia para o campo da realidade, para o universo do efetivamente possível, realizável, irremediável.
E ele o fez, não muito além de dois meses após aquela noite.
[continua na próxima parte, o epílogo]