Kevin chegou ao bar e pediu duas tequilas. Estava de costas para Melissa, que se encontrava a certa distância. Ao se virar, avistou-a aos beijos com um verdadeiro “boy magia”: um loiro de braços sarados e corpo definido, com uma camisa justa que deixava pouco à imaginação.
Melissa, de frente para Kevin, o viu e acenou ainda abraçada ao rapaz, fazendo um gesto com as mãos como quem dizia: “Depois te conto todo o babado!”
Ele riu, balançando a cabeça, e voltou à pista de dança com as duas tequilas nas mãos.
— Ué! Cadê o Ravel? — perguntou, olhando para os lados. Deu de ombros e virou a primeira dose, que desceu como fogo em sua garganta. — Ah, a noite ainda é uma criança! — disse, rindo, antes de virar a segunda dose, que havia trazido para Ravel.
Enquanto isso, no banheiro…
— Isso… vai… continua assim… — gemia o homem, encostado no box, com os olhos cerrados pelo prazer.
Ravel o satisfazia com intensidade. Quando o clímax veio, o homem segurou em seus cabelos e gemeu alto, enquanto alcançava o êxtase. Ravel o olhou com um sorriso provocante e... engoliu tudo.
— Delícia — disse ele, lambendo os lábios e ajeitando as roupas antes de sair do banheiro e voltar para a pista.
Ao retornar, dançava alegremente. A música o embalava, mas logo se lembrou de Kevin.
— Aff… onde se meteu esse imbecil dos infernos? — murmurou, revirando os olhos.
Antes que pudesse procurá-lo, Kevin o encontrou primeiro.
— Onde você estava, Ravel? Fui buscar bebidas pra gente e, quando voltei, você tinha sumido do nada!
— Ah, encontrei um gato ali e fui... resolver uns assuntos — respondeu ele com um sorriso malicioso. Os dois riram juntos.
— Podia ter avisado, né?
— Foi rapidinho! Pra compensar minha ausência, vou buscar duas vodcas pra gente — disse ele, já se afastando.
Ravel foi até o bar, tirou discretamente um saquinho com uma substância em pó do bolso e o despejou em um dos copos antes de voltar.
Enquanto isso, Kevin dançava descontraído até que seus olhos se fixaram em alguém. Um rapaz, sentado com amigos a uma mesa próxima. Seu coração acelerou ao reconhecer: Marlon.
Ravel voltou com os copos.
— Aqui, Kevin! Um brinde à felicidade que é a vida! — disse ele, entregando o copo adulterado.
— Um brinde! — respondeu Kevin, brindando e virando a dose sem hesitar.
"Isso mesmo, maldito… quero que hoje você passe toda a vergonha e humilhação do mundo." — pensou Ravel, observando Kevin beber.
— Nossa… isso aqui tá forte, hein — disse Kevin rindo, começando a cambalear, visivelmente alterado.
A boate tocava todos os tipos de música — do eletrônico ao sertanejo, do pop ao romântico. De repente, começou a tocar “Ain’t Your Mama” de Jennifer Lopez.
— Ah, eu adoro essa música! É uma das minhas favoritas! Sei a coreografia todinha! — exclamou Kevin animado.
— Vamos dançar, então! — chamou, puxando Ravel.
— Faz assim… você vai na frente que eu só vou ao banheiro rapidinho — respondeu Ravel, se soltando e indo para um canto da boate, de onde podia observar tudo.
Kevin, completamente alterado, dançava de forma intensa e alegre. As pessoas ao redor olhavam — não com deboche, mas com diversão. Era uma presença magnética na pista.
Ravel, ainda de longe, pegou o celular e começou a filmar. Seu sorriso inicial, porém, foi se desfazendo ao perceber que o plano não estava funcionando. Kevin estava sendo admirado, e não ridicularizado.
Enquanto isso, Marlon se levantou de sua mesa e chamou uma garota que o observava desde o início da noite. Ela aceitou na hora — ninguém resistia àquele “deus grego”. Marlon era dono de um corpo escultural: pele bronzeada, braços e pernas torneados, barriga tanquinho e um peitoral definido. Tinha o rosto de anjo e um olhar safado. Seus olhos castanhos-claro, lábios rosados e cavanhaque ralo completavam o visual irresistível. Com seu corte de cabelo social e topete perfeitamente penteado para trás, ele arrancava suspiros por onde passava.
Kevin dançava como se estivesse num palco, chamando a atenção de todos. Ravel continuava a filmar, até que Kevin, em meio a um giro da coreografia, tropeçou e esbarrou em alguém — justamente Marlon, que passava com a garota ao lado.
— Pow, velho! Não olha por onde anda, não?! — gritou Marlon, segurando Kevin pelo braço.
Kevin, tonto pelos efeitos da bebida e da droga, olhou para ele. A música ainda tocava alto, e em meio à batida, ele apenas respondeu:
— Ain’t Your Mama… no!
Eles se entreolharam, e o tempo pareceu parar por um segundo.
Fim do Capítulo 2