Arthur Ribeiro.
- Escuta aqui eu não sei o que você e Maurício estão aprontando mas coisa boa não é e se eu descobrir não vai sobrar nenhum dos dois pra contar história ta me ouvindo.
- Não é nada disso que você está pensando.- Fernando diz assustado.
- Nunca é não é mesmo.
- Olha eu não quero nada com ele nós somos só amigos.
- é bom que seja mesmo- digo entre dentes.
Não sei como tomei coragem mas quando vi o Fernando no banheiro do restaurante em que iria me encontrar com Emilly perdi toda a razão, posso ser tímido, mas já não estou mais aguentando essa amizade e esses segredinhos entre os dois.
Saio do banheiro e Emilly está sentada mexendo em seu celular.
- Viado, pela sua cara a conversa não foi das melhores.
- Digamos que fui curto e direto.- digo ao me sentar.
- Tá agora deixa a bicha da Calvin Klein de lado e me conta tudo.
- Tudo o que?- pergunta me fazendo de desentendido.
- Tudo né?
Começo a contar toda a história de como Maurício e eu nos aproximamos, a entrevista, a sua visita a minha casa, e Miguel.
- Como assim uma criança- ela fala alto não se importando com as outras pessoas.
- Xiu, fala baixo. Ainda quase ninguém sabe.
- Não vejo a hora de conhecer o meu sobrinho.- ela diz animada.
- Sobrinho?
- Sim, somos irmãos lembra? Só que famílias separadas.
- Irmãospara sempre.- dizemos juntos e seguramos nossas mãos.
- E me diz ele tem o pau grande?
- Emilly!- a repreendo
- Que foi? Só perguntei, se não quiser responder não responde.
- É claro que não vou responder.
Nossos pedido chegam, pedi um macarrão com molho branco e vegetais enquanto Emilly escolheu nada mais nada menos que uma lasanha de frango e quatro queijos no capricho.
Começamos a comer mas sinto uma mão tocar meu ombro direito.
- Almoçando e nem me convidou Arthur?
- Ai meu Deus- Emilly fica de boca aberta.
- Emilly esse é Maurício, Maurício essa é Emilly.- digo apresentando-os.
- Prazer Emilly, posso me sentar?
- É claro?- ela diz.
Maurício se senta ao em outra cadeira da mesa quadrada, ele me beija e nesse instante morro de vergonha.
- Tá já chega.- diz Emilly.
Não demora muito e o pedido de Maurício chega e almoçamos os três juntos, eles se dão muito bem o que não é de se estranhar já que todos amam o jeito Emilly de ser.
- Então a gente se fala, vamos marcar de ir ao cinema essa semana.
- Se tudo ocorrer bem vamos sim.- digo.
No estacionamento Emilly entra em seu Veloster vermelho e Maurício e eu em um que nem sei dizer o nome.
Nos beijamos por um bom tempo no carro, sinto sua mão ir até minha bunda e sinto que o clima esquenta quando coloco minha mão em seu volume e o sinto rígido sob sua calça.
- Acho melhor pararmos por aqui.- Maurício diz.
- Também acho.
Nos beijamos mais um pouco e voltamos para a Miller.
- Vou te deixar na porta, preciso dar uma saída.
- Como assim uma saída?- pergunto quando ele estaciona na frente do prédio.
- Não é nada demais, em meia hora estou de volta.
- E por acaso isso envolve o Fernando?- digo enciumado.
- Não, não envolve o Fernando.- ele diz e me beija.- E você fica muito lindo com ciúmes sabia?
- Não me provoque.- dou um ultimo beijo.
Desço do carro e ele segue entra volta à pista novamente, sabe Deus pra onde está indo.
Quando entro no saguão sinto a energia positiva que tomou o lugar recentemente, desde as mudanças que foram feitas a produtividade da Miller subiram, tanto da publicidade quanto dos hospitais.
- Bom dia senhor Arthur.- diz uma das colaboradoras que passa por ali.
- Bom dia, e bom trabalho.- respondo.
Subo até o 25º, e começo o meu trabalho, o telefone como sempre não para. E sempre que atendo é alguém querendo marcar alguma reunião de negócios, ou alguém querendo urgente uma reunião de negócios.
Quando os telefones param de tocar aproveito para ir até a copa passar o café do senhor exigente, aproveito também e faço um lista de coisas que faltam no andar. Quando o café está pronto o coloco na garrafa e deixo sobre a pequena mesa ali, volto para o meu local de trabalho e quando sento em meu lugar o telefone toca.
- Escritório do Sr. Miller, quem deseja?
Nada, nenhuma voz estérica de secretária pedido um agendamento de urgência, nem mesmo donos de empreses ligando pessoalmente. O que se houve é apenas uma respiração.
- Alô? Alguém?- digo mas não sou respondido.
Coloco o telefone novamente no gancho e volto a organizar a agenda do mês.
O telefone toca.
- Escritório do Sr. Miller, quem deseja?
Novamente nada apenas o som de respiração e isso se estendeu por várias e várias vezes.
Seja lá o que tiverem fazendo e a intenção for irritar, estão conseguindo. Tento me acalmar ou vou acabar perdendo a cabeça com a próxima ligação.
E o Maurício que sumiu, disse que seria apenas meia hora e já voltava e até agora nada, considerando que já se passaram 27 minutos do prazo. Nem termino de pensar e a porta do elevador se abre e o gato do meu chefe sai de dentro, sem o terno apenas com a camisa com as mangas dobradas até a metade do antebraço e com dois botões abertos deixando parte de seu peitoral a mostra.
- Gosta do que vê?- Ele pergunta.
- Nada do que eu veja todo dia.- Retruco.- Você demorou.
- Tive uns contratempos. Preciso que busque aqueles ternos na loja da Calvin Klein, - Calvin Klein, por incrível que pareça passei a odiar essa marca. Recalque? Não, apenas insegurança mesmo.- Já deixei um motorista da empresa te aguardando.- Acabei descobrindo que ser secretário do meu namorado tem la suas vantagens e também tem as desvantagens, como por exemplo trabalho fora da empresa.
- Claro, já deixei tudo organizado e tem café na cafeteira.
- Mas antes você merece uma coisa.- ele diz.
- O quê?- mal termino de perguntar e ganho um beijo.
- O melhor premio do mundo.- ele diz saindo em direção a porta de seu escritório.
- Convencido.
Pego meu celular, minha agenda e entro no elevador. No caminho até o térreo meu celular vibra e quando pego vejo que é uma mensagem do Dr. Carlos.
Dr. Carlos: Desculpe não responder antes, mas tenho boas notícias. Esteja aqui as 19:00.
Arthur: Obrigado Dr. estarei sim.
Receber essa mensagem me deixou mais aliviado, conheço o Dr. Carlos desde quando era criança, então confio muito nele. O difícil será manter a o clima de paz entre ele e Maurício, já que sei que ele não deixará eu ir sozinho.
Chego no térreo e no hall tem um dos motoristas me esperando, o sigo e entramos em um dos carros com a logomarca de empresa. No caminho conversamos um pouco e descubro que ele se chama Francisco e que não é apenas um motorista qualquer, e sim um faixa preta em jiu-jitsu, e que está muito feliz com a nova reforma no sistema da empresa, seu filho mais velho sonha ser um administrador de empresa e já está com todos os documentos prontos pra se candidatar as vagas de jovem aprendiz.
- Espero que de tudo certo para seu filho.- digo.
- Muito obrigado Sr. Arthur, e peço a Deus todos os dias para que o Sr. Miller seja abençoado cada vez mais, ele é casca grossa mas tem um bom coração.
- Sim ele tem mesmo.
Estacionamos na frente da loja da Calvin Klein e vejo um prédio de mais ou menos 5 andares, Francisco vem e abre a porta para que eu saia.
Quando entramos na loja somos imediatamente atendidos por uma recepcionista morena, alta magérrima e com traços delicados vestindo um terninho justo ao corpo e uma saia curtíssima, por incrível que pareça ela não parece vulgar.
- Sr. Arthur. Boa tarde, estávamos aguardando sua presença.
- Boa tarde.- respondo a moça.
- Me chamo Amanda, sou irmã mais nova da Jéssica a antiga de Maurício.
- Prazer em conhece-la, não sabia que ela tinha uma irmã, se bem que convivemos por pouco tempo.
- Ela me falou muito bem do Sr.
- Por favor, nada de Sr., Ok?
- Desculpe, mas é padrão da empresa.
- Tudo bem, eu vim buscar alguns ternos que Maurício encomendou.
- Me acompanhe por favor.
Entramos em no elevador e vamos direto para o último andar, quando chegamos vejo que o andar tem uma decoração bem mais requintada do que o restante da loja.
- Esse é o andar exclusivo da loja.- diz Amanda.- Digamos que são poucos que pode subir até aqui.
- Ual.- é a unica coisa que consigo dizer.
- Eu sei, maneiro não é?
- Amanda,- uma mulher um pouco mais velha que ela, não tão velha chama sua atenção.- posso saber quem é esse, até onde eu sei não é qualquer um pode entrar aqui.- disse dando enfase ao qualquer um.
Vejo que Amanda se vira para ela e cruza os braços.
- Querida, esse é ninguém menos que Arthur Ribeiro futuro Miller, secretário, namorado e futuro marido de Maurício Miller.- A expressão da mulher muda.- O que será que a patroa achar quando souber que você não sabe quem é Arthur Ribeiro?
- Desculpe, eu não sabia.
- Pois agora sabe, deixa que dos meus clientes cuido eu.
Apenas observo enquanto a mulher sai de fininho para o fundo da loja.
- Ah, isso foi estranho. Gostei de você.- falo segurando o riso.- Quem é ela?
- Jaqueline, uma das vendedoras do mês, sonha que um ganhará o cargo de gerencia, mas apenas sonha.
- E por que ela teme tanto o Maurício?
- Digamos que sem a ajuda dele, minha chefe não teria condições de abrir essa franquia.
- E que é sua chefe?- pergunto.
- Ela. - sigo em direção ao seu olhar.- Charlotte.
Simplesmente a mulher mais linda que já vi na vida, caminha em minha direção, parece até uma modelo de passarela, morena, magra e com o corpo escultural de dar inveja.
- Filha, retoque o batom.- então ela é filha da chefe.- está craquelando.
- Tudo bem mãe.
- Arthur, que prazer em te-lo aqui. Como você e Maurício estão?
- Estamos bem, obrigado.
- Veio buscar os ternos não é mesmo?
- Sim, me acompanhe e você mocinha vá retocar esse batom.
- Tudo bem mãe, tchau Arthur. Nos vemos por aí.- ela diz e entra no elevador.
Vamos até um canto da loja e vejo uma arara com o nome de Maurício.
- Esses aqui são os que vão para o escritório.- ela me mostra meia duzia de ternos.- E esses aqui vão para o apartamento, mas esses nos mesmos entregamos.- mais meia duzia.
Ela retira os ternos da arara já encapados e me entrega.
- E esses dois aqui, são para você.- ela diz
- Para mim?
- Sim, e não se preocupe com as medidas, o próprio Calvin Richard Klein desenhou, e sua costureira quem os fez.
- Isso é sério?
- Sim.- ela responde.
- Obrigado.
- Não me agradeça, eu que te agradeço por estar mudando meu amigo, e para melhor.
Quando chego ao térreo da loja Francisco se prontifica a pegar os ternos e coloca-los com cuidado no banco de trás, depois de tudo arrumado, voltamos à sede da Miller, levo todos os ternos, inclusive os meus, para o pequeno closet do escritório e os guardo retirando os que estavam e mandando para a lavanderia, que de lá iriam para o apartamento.
Sento em minha cadeira exausto e checo os e-mails, e depois o whatsapp, vejo que tem uma mensagem de Dona Bárbara, quando abro é um vídeo com a legenda:
Aprendendo com o vovô desde cedo.
Meu menino está sentado no colo do Sr. Maurício com um estetoscópio no ouvido ouvindo os batimentos cardíacos de Steve.
- Para tudo o que estiver fazendo e vamos para o hospital.- Maurício diz saindo do elevador.
- Aconteceu algo.- fala assustado.
- Sim.- ele sorri.- O Rick acordou, já passou por uma bateria de exames e daqui a pouco vai começar a ser liberado as visitas.
- Que ótima noticia então vamos.- digo pegando o celular e a carteira.
Descemos direto para o estacionamento e lá entramos na carro percebo que tem algo de diferente no carro. Olho para trás e o que vejo me arranca um sorriso.
- Um acento.
- Sim, agora Miguel poderá andar segura com a gente.- diz Maurício me encarando.
- Você é o homem mais incrível do mundo.
- É eu sei.- ele diz
- Convencido.- lhe dou um beijo.- Agora vamos, não podemos perder tempo.
Maurício da a partida vamos o mais rápido possível até o hospital Miller em que Rick está internado.