Derley estava secretamente impressionado com a extravagancia do local onde ficava o escritório dos irmãos Quinlan. O layout era moderno e vibrante, com piso laminado e uma grande área de plano aberto.
Mas eles conseguiram manter um profissionalismo tradicional – havia uma grande recepção que levava ao elevador e um corredor repleto de obras de arte por onde Derley já estava arrastando a mala atrás de si.
Por mais que estivesse desesperado para passar mais tempo com Adam, Derley sabia que precisaria resistir a seus encantos. Ele estava se sentindo envolvido e vulnerável. Claramente, Adam não estava à procura de um relacionamento sério. E Derley certamente não estava em busca de uma transa casual.
Deixando Dylan com sua ligação, eles caminharam, passando pela recepção e seguindo pelo corredor em direção ao elevador. Derley podia sentir o olhar de Adam sobre ele. Isso mexeu mais com ele do que gostaria de admitir.
— Apesar de você me dar um fora, me magoando profundamente — disse Adam.
—, o convite para jantar ainda está de pé. Eu adoraria te mostrar Manhattan. Suponho que você não conheça ninguém nesta cidade velha e solitária.
— Não, Sr. Quinlan. Ao contrário de você, que provavelmente tem o telefone de cada herdeiro elegível do estado. Tenho certeza de que você pode convidar um dos seus debutantes ricos para jantar hoje à noite e me deixar preparar a minha apresentação para o seu diretor financeiro. Adam sorriu.
— Ah, mas os herdeiros não me fascinam tanto quanto você. Derley abafou a alegria que sentiu com o elogio.
— Não consigo entender o que tem de tão fascinante em mim. Sou apenas um homem comum, vindo de Londres.
— Bem, seu sotaque britânico, para começar. É como o cruzamento entre um professor severo e um menino impertinente. E eu quero descobrir qual deles você realmente é.
— Posso lhe assegurar de que não sou nenhum dos dois. Adam riu carinhosamente.
— Você é um homem muito atraente, Sr. Carter. Ele não pôde deixar de sorrir.
— Obrigado. Derley apertou o botão para chamar o elevador, desesperado para saber o que mais Adam achava tão fascinante sobre ele, mas as portas se abriram de imediato, o que o irritou. Derley não queria deixá-lo. A atenção que ele estava dando a Derley era maravilhosa e o fazia sentir-se especial. Mas ele não poderia mudar de ideia sobre o jantar agora, poderia?
Isso seria como admitir a derrota – como se ele tivesse conseguido, com seu charme, conquistar sua atenção. E Derley nunca diria isso a ele.
Derley sabia qual era o jogo de Adam. Ele era o tipo de homem que o via como um desafio enquanto ele estava resistindo, mas que o deixaria assim que a diversão acabasse. Ele abriu a boca para se despedir, mas quando as portas do elevador se abriram totalmente, seu corpo ficou tenso com a visão do homem que estava caminhando para fora como um robô. Era um homem com aparência de árabe com mais de um metro e oitenta de altura que – apesar de ter a cabeça raspada – estava elegantemente vestido em um terno de grife. Seu belo rosto era Inexpressivo, mas havia uma característica que chamou a atenção de Derley e fez seu estômago revirar: a horrível cicatriz de queimadura que ia da bochecha até a mandíbula, parecendo dolorosa e recente.
Derley engoliu seu medo e automaticamente deu um passo para trás, desesperado para sair de seu caminho. O tempo pareceu parar quando o homem parou a sua frente ameaçadoramente. Havia algo assustador nele.
Algo terrível por trás dos olhos escuros.
— Você é o homen da Grafton Techs? Derley abriu a boca para tentar responder, mas Adam adiantou-se e empurrou o peito do homem.
— Tariq, que diabos você está fazendo aqui? Por que não está na cadeia? Tariq permaneceu relaxado. Um contraste gritante com a raiva súbita de Adam.
— Eles me liberaram para aguardar o julgamento em liberdade, Adam. Até então, sou um homem livre. Adam agarrou-o pela camisa.
— Você precisa ir embora agora. Se Dylan pegar você aqui, irá mata-lo. E se não o fizer, talvez eu mesmo faça.
— Não vou sair até recuperar o que você roubou de mim.
— Tariq voltou sua atenção para Derley.
— Você precisa saber que está prestes a fazer negócios com ladrões e mentirosos. Eles vão lhe prometer o céu e a terra, mas vão lhe dar o inferno. Como por exemplo... você. Você deveria ser meu. Foi minha ideia. O medo tomou conta de Derley, fazendo com que seus joelhos tremessem.
— O quê? Adam passou na frente dele e empurrou Tariq contra a parede.
— Deixe-o em paz, porra. Ele não quer falar com você. Você precisa cair fora daqui antes que eu o jogue, de preferência, do alto do telhado. Adam manteve Tariq no lugar enquanto pressionava o botão do elevador, que tinha descido. Tariq lutou contra ele e apelou para Derley.
— Preciso te contar algo. É importante. Por favor!
— Não fale com ele, Tariq!
— Solte-me, Adam! Adam chamou a recepcionista.
— Chame a segurança!
— Já os chamei, Sr. Quinlan. Tariq conseguiu soltar-se do aperto de Adam e, de repente, estava sobre Derley.
— Ouça! Os irmãos Quinlan não prestam! Derley afastou-se. Esse cara parecia perigoso
– como se pudesse explodir em seu rosto como uma bomba de gasolina. Derley se encolheu quando Adam deu um soco nele. — Fique longe dele, Tariq. Deixe-o em paz.
Neste momento, o elevador abriu e dois seguranças uniformizados saíram de dentro e agarraram Tariq, arrastando-o numa luta de volta para dentro do elevador. Como demônios que arrastam uma alma para o inferno.
— Não deixem que ele entre aqui novamente
— Adam falou, arrumando o terno. Derley viu Tariq ser agredido no elevador. Ele percebeu que seu coração estava batendo freneticamente no peito. Este tipo de comoção jamais aconteceria na Grafton Techs. De repente, sentiu-se sem chão.
As portas do elevador se fecharam e a atmosfera aterrorizante sufocou Derley. O que diabos tinha acontecido? E como aquele cara sabia sobre a Grafton Techs? A mente de Derley ficou confusa. Mas, quando Adam virou-se para ele e abriu um sorriso terno, ele sentiu-se confortado. Ele retribuiu o sorriso, sentindo-se aliviado por poder, finalmente, baixar a guarda – mesmo sabendo que estava lutando uma batalha perdida no que se tratava de Adam Quinlan. Sim, ele tinha a palavra problema estampada em sua testa, mas havia algo decente nele também. Ele era o tipo de homem que faria qualquer coisa para protegê-lo. Derley sempre estaria seguro em sua companhia. Ele apoiou a mão no ombro de Derley, despertando arrepios em seu corpo.
— Você está bem, Sr. Carter?
— Acho que sim. Sim.
— Sinto muito por isso. Ele percebeu que estava tremendo.
— Quem era ele? Como ele sabia sobre a empresa ou quem eu era?
— Deixe-me explicar tudo... durante o jantar? Derley balançou a cabeça e sorriu cinicamente. — Não acho que estarei seguro com você. Adam riu gentilmente.
— Eu entendo, mas prometo que... A atenção de Adam foi subitamente desviada para a raiva furiosa de seu irmão quando a recepcionista o informou sobre o intruso.
— Que porra é essa?! — Dylan gritou.
— Tariq Shard estava aqui? Onde ele está agora? Vou matá-lo! Adam estremeceu ao lado de Derley.
— É melhor eu ir. Dylan está prestes a explodir. Derley assentiu com força, decepcionado por Adam preteri-lo em favor do irmão. Mas é claro que ele faria isso.
— Posso te ver mais tarde? — Ele perguntou. Derley estava desesperado para saber quem era Tariq Shard, mas sabia que jantar com Adam seria um erro.
— Você sabe onde estou, Sr. Quinlan. Vejo você amanhã na reunião com o diretor de finanças. — Claro, tudo bem. Até amanhã. Adam estendeu a mão e tocou seu ombro mais uma vez, e qualquer autocontrole que Derley poderia ter virou fumaça com seu toque ardente. Ele cortou o contato visual e andou a passos largos para acalmar seu irmão. E então, Derley pegou sua mala e chamou o elevador novamente, esperando que, desta vez, não corresse perigo. Enquanto esperava, ele ouviu Dylan gritar que Tariq Shard não conseguiria acabar com isso e ele ficou intrigado para saber o que estava acontecendo. Como Tariq poderia ter descoberto quem ele era e o que ele quis dizer com aquele papo de que ele tinha sido ideia dele? Será que ele deveria investigar isso mais a fundo? Mas, por outro lado, talvez fosse melhor não se envolver, fazer apenas o que o chefe pediu e voltar para a segurança do seu pequeno apartamento em Londres e para o seu trabalho livre de dramas. Quando as portas do elevador se fecharam atrás dele, Derley esperava que Tariq Shard – seja lá quem ele fosse – tivesse sido escoltado para longe do edifício. Estar em Nova York já era bastante estressante. Não precisava de um desentendimento com um homem que, aparentemente, deveria estar atrás das grades.