Felipe e Guilherme - Amor em Londres - 20 - QUASE LÁ

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Homossexual
Contém 3638 palavras
Data: 18/09/2017 22:30:52
Última revisão: 24/01/2025 23:15:04

Guilherme havia finalmente recebido alta do hospital. Após uma longa e séria conversa com seus pais e Felipe, agora seu esposo, decidiu que não continuaria o tratamento. A decisão, embora dolorosa, tinha um objetivo claro: aproveitar os últimos dias de sua vida ao lado das pessoas que mais amava.

Para alguns, sua escolha parecia uma desistência; para outros, um ato de coragem. Felipe, por sua vez, decidiu ficar ao lado de Guilherme, mesmo ciente do peso das consequências.

Naquela manhã ensolarada, o quarto de Guilherme estava inundado por uma luz quente que atravessava as cortinas semiabertas. O cheiro de café fresco preenchia o ar, enquanto Tchubirubas, se deitava preguiçosamente aos pés da cama, abanando o rabo.

Felipe entrou no quarto equilibrando uma bandeja cuidadosamente preparada. Ele tinha um sorriso no rosto, mas seu olhar denunciava preocupação.

— Bom dia, dorminhoco — disse Felipe, colocando a bandeja sobre o suporte ao lado da cama.

— Bom dia — respondeu Guilherme, esboçando um sorriso. — Já estava acordado, sabia?

— Eu sei. Por isso vim logo. — Felipe ajustou a bandeja, a puxando para perto de Guilherme. — Hoje o Alfred caprichou no café da manhã.

— Eu vou sentir falta disso... — murmurou Guilherme, segurando a xícara com as mãos trêmulas.

Felipe franziu o cenho e, com um tom firme, respondeu:

— A gente já combinou que esse não é um tema para o café da manhã.

— Tudo bem. — Guilherme tomou um gole do café, fechando os olhos por um instante para saborear. — E o seu projeto final do curso? Como está indo?

Felipe suspirou, se sentando na poltrona ao lado da cama.

— Entrego a redação esta semana.

— Sabia que eu já fiz essa redação? — perguntou Guilherme, arqueando as sobrancelhas.

— Sério? — Felipe parecia surpreso.

— Sim. Quando comecei, era só uma redação. Mas depois o George decidiu incluir entrevistas e uma apresentação. Tornou tudo mais complicado.

Felipe riu, mas logo seu rosto assumiu uma expressão preocupada.

— Não está sendo fácil... A apresentação vai ser a pior parte. Estou morrendo de medo, Gui. Preciso desse diploma.

Guilherme balançou a cabeça, sorrindo de maneira encorajadora.

— Qual é, você é casado com o dono dessa escola. Indiretamente, claro. Já imaginou você com o meu pai? — provocou, fazendo uma careta exagerada.

Felipe deu uma risada nervosa.

— Não. Nem brinca com isso. Quero conseguir porque batalhei por ele, não por favores.

— Tá bom, tá bom. Não está mais aqui quem falou. Mas, e aí, onde vamos comemorar depois que você passar?

— As meninas estão organizando uma festa à fantasia no apartamento da Nariko. Só para alguns amigos.

— Sério? Então preciso escolher uma fantasia! — disse Guilherme, animado. Felipe hesitou, desviando o olhar.

— Só que... nós não vamos.

— Por quê? — perguntou Guilherme, franzindo o cenho.

Felipe abaixou a cabeça, tentando escolher as palavras.

— Primeiro... você está doente... e... segundo... você precisa descansar.

— Qual é, Felipe. Estou bem. E não vai ser um monstro sugador de vitalidade que vai me impedir de ir a uma festa — disse Guilherme, com um sorriso desafiador.

— Gui... — Felipe começou, mas logo desistiu. Ele suspirou profundamente e murmurou. — Sorte sua que eu preciso terminar meu projeto. — Se aproximou para lhe dar um beijo rápido. — Se cuida, marido. Eu volto depois.

Assim que Felipe saiu do quarto, Guilherme olhou para Tchubirubas, que agora estava sentado, atento.

— Ninguém discute com um moribundo, né? — disse Guilherme, rindo baixinho e acariciando a cabeça do cachorro.

Tchubirubas latiu uma única vez e, como se pudesse falar, parecia responder:

— Já comi um moribundo uma vez. — E abanou o rabo alegremente.

A luz da manhã continuava a iluminar o quarto, e o som distante de risos e passos pela casa indicava que, apesar de tudo, a vida continuava.

Nariko e Kaity estavam sobrecarregadas com os últimos trabalhos da escola. Nariko, além disso, pesquisava cursos de fotografia em universidades de Londres, ansiosa para dar um passo adiante na sua carreira. Já Kaity, sentia um aperto no peito de saudade da família e amigos em sua cidade natal.

O quarto de Nariko era pequeno, mas acolhedor, com pôsteres de bandas japonesas nas paredes e uma câmera fotográfica sobre a escrivaninha. Kaity, sentada na beira da cama, segurava dois vestidos nas mãos.

— Vou usar um desses aqui — disse Kaity, mostrando os vestidos para a amiga.

— Hum. — Nariko inclinou a cabeça, avaliando com cuidado. — O azul, com certeza. Ele ilumina seus olhos. Kaity suspirou, colocando os vestidos sobre a cama.

— Me sinto tão culpada, sabia?

Nariko estranhou a reação da amiga, mas acabou entendendo.

— Por causa do Guilherme?

Kaity andou até a janela, balançando a cabeça afirmativamente.

— Sim. É tão difícil falar de morte, ainda mais quando se trata de alguém que a gente conhece e ama.

Nariko levantou e colocou a mão no ombro da amiga, com um olhar compreensivo.

— Eu te entendo.

— Conversei com meus pais... e decidi ficar mais um tempo aqui em Londres. — Kaity hesitou antes de continuar. — Queria perguntar se...

— Se o quê? — incentivou Nariko.

— Se posso ficar um tempo no seu apartamento? — perguntou Kaity, baixando os olhos.

Nariko abriu um sorriso caloroso e puxou a amiga para um abraço apertado.

— Claro que pode. Vou adorar ter você por aqui.

— Quero estar aqui quando o Guilherme... — Kaity respirou fundo, tentando conter as lágrimas.

— Eu sei, querida — respondeu Nariko suavemente. — Vamos estar juntas para dar apoio ao Felipe e à família do Gui.

Enquanto isso, no apartamento de Dylan, a situação era completamente diferente. O lugar estava um caos: latas de cerveja espalhadas pelo chão, pratos sujos empilhados na pia e uma pilha de roupas jogada no sofá. Felipe chegou para ajudá-lo com a apresentação, mas mal acreditou no que viu.

— Pode entrar — disse Dylan, com a voz arrastada, do outro lado da sala.

Felipe olhou em volta ao dar o primeiro passo para dentro.

— Dylan? O que aconteceu aqui? Um furacão passou por este lugar?

Dylan deu uma risada amarga.

— Um furacão chamado Kaity.

— Você estava bebendo? Numa quarta-feira? — Felipe começou a recolher as garrafas espalhadas, as jogando no lixo. — Sério?

— É a única forma de esquecer — murmurou Dylan, esfregando os olhos.

Felipe cruzou os braços, encarando o amigo.

— Esquecer? Esquecer? Qual é, Dylan! A Kaity tá aqui, saudável. Você errou, pisou feio na bola, mas ela te ama. E você sabe disso. Agora, para de se lamentar, vire homem e vá atrás dela! — disse Felipe, dando um tapa de leve na cabeça de Dylan.

— Uau. — Dylan levou a mão ao rosto, surpreso. — O que foi isso?

— Isso foi o peso de alguém que está vendo o marido morrer em menos de um mês. — Felipe suspirou, sentando no sofá e logo se levantando ao encontrar uma garrafa ali. — Preciso de você, cara. Não posso fazer isso sozinho.

Dylan assentiu, parecendo envergonhado.

— Preciso mesmo me recompor. Você é meu melhor amigo nesta cidade maldita... e eu preciso estar aqui por você.

Felipe tirou um papel do bolso e o entregou.

— Então começa me ajudando com o discurso da apresentação.

Enquanto isso, em outra parte de Londres, Paris estava ocupada planejando sua loja online. A sala do apartamento era espaçosa, mas simples, com pilhas de roupas e acessórios espalhados pelo chão. A campainha tocou, interrompendo seu trabalho.

— Droga — murmurou Paris, largando o bloco de notas e indo até a porta.

Ao abrir, deu de cara com Philys, sua mãe, que exibia uma expressão de desaprovação.

— Mãe? O que você está fazendo aqui? — perguntou Paris, surpresa.

Philys entrou sem ser convidada, analisando o ambiente com desdém.

— Vim lhe buscar.

— Buscar? — Paris cruzou os braços. — Do que você está falando?

— Você já provou seu ponto. Brincou de casinha com este rapaz. Agora, vamos.

— A senhora está louca. Não vou a lugar nenhum — respondeu Paris, irritada.

Philys deu uma risada seca, olhando ao redor.

— Olhe para esta espelunca. Sem empregados, sem conforto. É isso que você chama de vida?

Paris respirou fundo, tentando manter a calma.

— Eu não preciso de empregados para ser feliz, mãe. Por que a senhora não consegue entender isso?

— Paris, você sabe que isso pode ser um adeus, não sabe? — Philys disse, com a voz carregada de ironia.

— Eu já disse adeus a vocês há muito tempo. Não posso ficar ao lado de dois racistas. Não sou assim — retrucou Paris, firme.

Philys ajeitou a bolsa no ombro e lançou um último olhar gelado.

— Ótimo. Segunda-feira, nossos advogados vão entrar em contato.

— Advogados? Vão fazer o quê? Se divorciar de mim? — Paris zombou.

— Quase isso. Você vai abrir mão da sua herança. Vamos ver até quando esse seu dinheiro dura. E mande lembranças ao seu namorado. — Philys saiu, batendo a porta.

Paris, ainda atordoada, sentou no sofá, segurando a cabeça com as mãos.

— O que foi isso?

A escola de intercâmbio estava em ebulição. Naquela segunda-feira chuvosa, os alunos corriam contra o tempo para finalizar suas apresentações. Felipe, como sempre, parecia prestes a transformar uma manhã tranquila em um caos.

O quarto de Guilherme e Felipe estava mal iluminado, a chuva batia na janela e o despertador no celular vibrava em silêncio sobre a mesa de cabeceira.

— Felipe? — chamou Guilherme, acordando e olhando para o celular. — Felipe, acorda!

— O quê? — resmungou Felipe, enfiando a cabeça debaixo do travesseiro.

— Você está atrasado.

Felipe levantou num pulo, os olhos arregalados.

— Como assim? Não é possível! — pegou o celular de Guilherme, verificando o horário. Depois pegou o próprio celular. — Droga, não carregou! A tomada não tava conectada. Eu tenho quinze minutos pra chegar!

Ele começou a trocar de roupa apressado, tropeçando em um par de sapatos no chão.

— Te amo! — disse rapidamente, dando um beijo apressado em Guilherme antes de sair correndo porta afora.

Poucos segundos depois, Tchubirubas entrou no quarto, abanando o rabo e pulando na cama.

— Se morar sozinho com o Felipe, você tá lascado — respondeu Guilherme, rindo e bagunçando o pelo do cão. — Pobre cachorro.

Do lado de fora, Felipe corria pelas escadas. A chuva não dava trégua, mas ele conseguiu pegar um táxi a tempo.

Na escola, Nariko e Kaity estavam reunidas no corredor, ambas segurando suas anotações e tentando controlar o nervosismo.

— Vai dar tudo certo, né? — perguntou Nariko, olhando para o relógio de parede.

— Vai sim. A gente vai arrasar... eu acho. — Kaity ajeitou o cabelo e olhou para Nariko. — Eu tô bem? Pode ser sincera.

Nariko deu um sorriso de incentivo.

— Você sabe que eles vão avaliar o conteúdo, não a aparência, né?

— Sei lá, tô confusa.

Nesse momento, Felipe passou correndo por elas, encharcado e visivelmente desesperado.

— Perdi? Eu perdi a apresentação? — perguntou ele, voltando apressado. Kaity riu.

— Ainda não começou. A chuva atrasou a programação.

Felipe suspirou aliviado e desabou no chão, ainda ofegante.

— Obrigado, Deus.

Nariko e Kaity trocaram olhares cúmplices e começaram a rir.

— Só você mesmo, Felipe.

— Vamos pra biblioteca — sugeriu Nariko. — Eles vão anunciar a ordem das apresentações.

Enquanto isso, em outro canto da cidade, John e Wallace ainda estavam na cama. O apartamento era pequeno, mas aconchegante, com fotos do casal espalhadas pelas prateleiras.

— Quem será a esta hora? — perguntou John, ao ouvir a campainha tocar.

— Eu vejo quem é. — Wallace se levantou, ajeitando o roupão antes de abrir a porta.

Ao abrir, ficou surpreso ao ver uma menina de doze anos, com cabelos escuros e mochila nas costas.

— Jenny? O que você está fazendo aqui?

— Não posso mais visitar meu pai? — respondeu Jenny, entrando e jogando a mochila no sofá.

John apareceu na sala, ainda sem camisa.

— Quem é? — perguntou, beijando a nuca de Wallace.

Jenny cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha.

— Vocês poderiam vestir uma roupa? Sou uma criança de doze anos. Não pega bem.

— Ela tem razão — disse John, já voltando para o quarto.

Wallace o seguiu rapidamente.

— Eu posso explicar.

— Ela é sua filha? — perguntou John, enquanto vestia a camiseta.

— Sim. Eu a tive com a primeira garota com quem transei.

John parou, surpreso.

— Quantos anos você tinha?

— Quatorze.

John piscou, tentando processar a informação.

— Nossa... eu... bom, meu chefe tá me chamando. Preciso ir. — ele beijou Wallace e saiu apressado.

De volta à escola, Felipe estava na sala de entrevistas. O corredor parecia maior do que o normal enquanto ele aguardava ser chamado. Quando finalmente entrou, entregou sua redação ao professor.

— Sabe como funciona? — perguntou o professor, ajustando os óculos.

— Tenho uma ideia.

— Ótimo. Quero que faça sua apresentação.

Felipe respirou fundo, se levantou e começou a falar. Ele falou sobre sua experiência em Londres, o encontro com Guilherme e a difícil batalha que os dois enfrentavam. Apesar do peso emocional, conseguiu arrancar algumas risadas do professor.

No fim, o professor sorriu e apertou a mão de Felipe.

— Sua nota estará no mural amanhã. Pode chamar o próximo aluno.

Felipe deixou a sala aliviado e esbarrou em John no corredor. Decidiram tomar um café no refeitório e conversaram sobre as dificuldades que enfrentavam.

— Ele tem uma filha, cara. Eu não sei o que fazer — desabafou John.

— Você o ama? — perguntou Felipe.

— Sim. Cada dia mais.

— Então a filha dele não vai ser um problema.

— Falar é fácil. — John riu, sem acreditar.

— Só se você complicar.

— Quem diria... pedindo conselhos a você. — John deu um sorriso de canto.

— O casamento muda a gente — brincou Felipe. — Mas, sério, aproveite seu relacionamento. A filha é dele, não sua.

— Obrigado. — agradeceu, antes de tomar um gole do chá. — Acho que eu precisava ouvir isso. — John suspirou, aliviado.

Guilherme queria esquecer sua doença, ainda que por algumas horas. Para isso, decidiu focar em algo mais leve: a festa de Nariko. Ele contratou um profissional para criar uma fantasia especial para o evento. No ateliê de Ben, as ideias começavam a surgir.

— Temos essas opções — disse Ben, mostrando alguns esboços em sua prancheta.

— Não, não... nenhuma delas. — Guilherme balançou a cabeça, impaciente.

— Certo, você tem algo em mente? — perguntou Ben, cruzando os braços.

— Quero algo relacionado a super-heróis — respondeu Guilherme, com um brilho nos olhos. — É assim que vejo meu marido. Ben riu suavemente.

— Você é casado? — perguntou o estilista.

— Hum-hum. — Guilherme levantou a mão, exibindo a aliança prateada.

— Tão jovem — comentou Ben, desconcertado. Guilherme sorriu.

— Também queria algo que combinasse com a minha cadeira de rodas. — orientou.

Ben arregalou os olhos, um sorriso surgindo em seu rosto.

— Já estou começando a ter uma ideia.

— Me conta — insistiu Guilherme, curioso.

— Confie em mim. — pediu o estilista, esboçando algo no papel.

Enquanto isso, na escola, Nariko e Kaity conversavam animadamente no corredor, segurando pastas e anotações. Felipe apareceu logo depois, com um copo de café na mão e um ar satisfeito.

— Hum, ainda deu tempo de tomar café — brincou Kaity, arqueando as sobrancelhas.

— Cortesia do John. — explicou Felipe, erguendo o copo e sorrindo.

— Vocês estão muito amigos ultimamente — comentou Nariko, desconfiada.

— E estamos — admitiu Felipe, soltando um riso sem graça. — Sabe, o John é legal, afinal de contas.

— As pessoas mudam, né? — disse Nariko, cutucando Kaity.

— Ah, não! — exclamou Kaity, revirando os olhos. — Felipe, me ajuda. A Nariko é do time Dylan.

— Eu também sou — respondeu Felipe, tomando um gole do café.

— Qual é, ele errou, mas está arrependido. Você vai deixar um cara tão bacana escapar assim? — questionou Nariko.

— Depois que ele morrer, né? — completou Felipe, com um humor sombrio.

— Credo, Felipe! Para de ser mórbido! — reclamou Kaity.

Felipe deu de ombros e mudou de assunto.

— Ah, Nariko, eu e o Guilherme vamos na festa.

— Que massa! — exclamou Nariko, animada. — Ainda não coloquei móveis no flat por causa da festa, mas é um lugar maravilhoso. E espaçoso. Não esqueçam, às 20h. E vai ter muito álcool.

— Pode deixar — garantiu Felipe.

O apartamento estava impecavelmente arrumado para a festa, com luzes coloridas e uma playlist animada no fundo. Nariko, vestida de gatinha sexy, organizava os últimos detalhes.

— Dylan! — chamou ela, enquanto ajustava as orelhinhas na cabeça.

Dylan, saindo do quarto vestido de Capitão América, olhou para ela.

— O que foi?

— Cadê o álcool? Os convidados vão chegar a qualquer momento.

— Já estão no camburão. Espero que dê tempo de gelar — respondeu ele, passando por ela.

Kaity entrou na sala carregando bandejas de salgadinhos. Vestida de Chapeuzinho Vermelho, deu apenas um aceno para Dylan.

— Oi pra você também — disse Dylan, revirando os olhos.

— Calma, Capitão, a noite tá só começando — provocou Nariko, piscando para ele.

Wong chegou logo em seguida, vestido de pirata, com uma caixa de bebidas nos braços. Ele olhou para Nariko e sorriu.

— Que gatinha.

— Obrigada — respondeu Nariko, o ajudando com as caixas. — Acho que isso vai dar até as outras gelarem.

Felipe entrou logo depois, vestido como Ciclope dos X-Men.

— Olá!

— É o encontro da Marvel? — brincou Dylan, apontando para ele.

Guilherme entrou em seguida, com sua cadeira de rodas motorizada, vestido como Professor Xavier.

— Alguém precisa controlar esses heróis — disse Guilherme, sorrindo.

Nariko correu até ele e o abraçou.

— Guilherme! Me leva até a mesa? — questionou a moça, sentando no colo dele.

— É pra já! — respondeu ele, guiando a cadeira de rodas com a amiga sentada no colo.

Paris chegou vestida como Britney Spears, com uma cobra falsa enrolada no pescoço.

— Olá, queridos. A rainha chegou!

— Adorei o look — disse Kaity, colocando os salgadinhos na mesa.

— O seu também não está ruim, mas podemos melhorar. Nariko, você tem uma tesoura?

— No quarto. Vem comigo.

Paris beijou o rosto de Guilherme e desapareceu com Nariko e Kaity pelo corredor. Felipe se abaixou ao lado de Guilherme.

— Tá confortável? Se quiser ir, é só avisar.

— Tô ótimo — garantiu Guilherme, se inclinando para beijar Felipe.

Os dois se perderam no momento, até serem interrompidos por John, que apareceu vestido de Mickey.

— Vão para um motel, seus dois.

Felipe e Guilherme riram, junto com Wong e Dylan.

— Você tá muito fofo de Mickey — disse Felipe de maneira irônica.

— Ironia não combina com você, sabia? — John cruzou os braços, mas estava realmente fofo, principalmente com as orelhas do roedor da Disney.

— O Wallace veio de Pato Donald? — Felipe caprichou no tom irônico.

Como que por mágica, Wallace entrou vestido de Pato Donald.

— Oi, pessoal!

Todos caíram na gargalhada.

Paris voltou para a sala, segurando Kaity pela mão.

— Senhoras e senhores! — anunciou, dramatizando cada palavra. — Com apenas uma tesoura, eu criei minha mais bela obra... apresento a vocês: Chapeuzinho Sexy!

Kaity apareceu com uma versão mais curta de sua fantasia. Dylan, Wallace e Wong soltaram um "uau" em uníssono.

— Gente, parem de encarar! — reclamou Kaity, corando.

— Você se acostuma — disse Nariko, rindo.

Logo, a campainha tocou e os primeiros convidados chegaram. A festa estava apenas começando.

A festa estava a todo vapor. O flat de Nariko parecia ter se transformado em um universo à parte, iluminado por luzes piscantes e recheado de música alta e risadas. Bebidas? De todos os tipos. Até gelatinas alcoólicas coloriam a mesa central, sendo devoradas entre goles de copos cheios. Até Guilherme, discretamente, pegou um copo enquanto Felipe estava distraído.

Com o álcool fluindo, o clima esquentou. Os casais começaram a se aproximar, a dança tomou conta da pista improvisada e os limites pareciam se diluir na música.

Paris, já visivelmente bêbada, se aproximou de Dylan, que olhava para Kaity dançando.

— Ela ainda tá com raiva de você? — perguntou Paris, com um sorriso preguiçoso.

Dylan suspirou, segurando uma cerveja quase vazia.

— Tá, e com razão. Eu sou um idiota. A Kaity é perfeita... ela nunca faz nada errado. Eu estraguei tudo.

Enquanto isso, Kaity girava sozinha na pista, seus passos desajeitados denunciando a quantidade de álcool que já havia consumido. Paris observou por um instante, então, com um sorriso travesso, foi até Kaity.

Sem aviso, Paris a beijou.

— Que porra é essa? — disse Dylan, rindo incrédulo.

Felipe, que tropeçava na sala com um copo na mão, parou ao ver a cena.

— Caralho. Elas estão se beijando!

— Em inglês, por favor — brincou Dylan, tentando se equilibrar.

Felipe balançou a cabeça dramaticamente.

— Não tem tradução pro que eu tô sentindo agora.

Kaity se afastou de Paris, ainda surpresa.

— Amiga, você tá louca?

Paris sorriu e deu de ombros.

— O Dylan disse que você é perfeita. Não seja babaca... vai ficar com o teu homem.

Kaity ficou vermelha. Antes que pudesse responder, Dylan se aproximou, hesitante.

— Desculpa — murmurou ele, olhando nos olhos dela. — Desculpa por ser um péssimo namorado. Quero melhorar e...

— Cala a boca. — Kaity o interrompeu e o puxou para um beijo apaixonado.

Guilherme, sentado em sua cadeira de rodas, observava a cena com os olhos semicerrados e um sorriso bobo.

— Eu amo o amor hétero. — disse o jovem.

Felipe tropeçou até ele, sentando em seu colo com um baque.

— Não é melhor que o nosso — sussurrou, antes de beijar Guilherme. — Me leva daqui, Xavier.

Nariko, com o braço apoiado na parede e a maquiagem borrada, gritou acima da música.

— Eu amo vocês, seus idiotas! — E, sem pensar duas vezes, abraçou os amigos que estavam por perto.

Paris revirou os olhos, mas riu.

— Abraço em grupo... que cafona. — Mesmo assim, entrou no meio da roda.

Rindo, Guilherme e Felipe se juntaram ao abraço, enquanto Wong, desmaiado no sofá, murmurava algo incompreensível.

No canto mais reservado do flat, John levou Wallace para uma área afastada do tumulto. O Mickey e o Pato Donald pareciam uma cena saída de um desenho animado, mas havia uma seriedade no olhar de John.

— Desculpa por como agi mais cedo — disse John, esfregando a nuca. — Quero conhecer a Jenny. Ela faz parte da sua vida, né?

Wallace, mesmo bêbado, sorriu com ternura.

— Te amo. — E o beijou sem hesitar.

John respondeu ao beijo com igual intensidade, deslizando as mãos pela fantasia de Wallace.

— Vem cá, Pato Donald — disse ele, com um sorriso maroto, puxando Wallace para um colchão que tinham arrastado para o canto.

Wallace riu, levantando os braços para ajudar John a tirar sua fantasia. Antes de deitar, soltou um grasnar exagerado, imitando um pato.

O flat de Nariko estava vivo, pulsando com risadas, beijos e momentos que se tornariam memórias. A festa não era apenas sobre diversão. Era sobre reconexão, desculpas, celebração da amizade e, acima de tudo, amor em suas formas mais diversas.

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AINDA ACREDITO NO MILAGRE DA CURA DE GUILHERME. COMO A MÃE DE PARIS É PRECONCEITUOSA. ESPERO QUE MORRA E LEVE TODO DINHEIRO NO CAIXÃO.

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