TLK - Distopia VII

Um conto erótico de Bryan
Categoria: Homossexual
Contém 1925 palavras
Data: 04/09/2017 15:02:34
Última revisão: 04/09/2017 16:33:03

A ponte do navio era grande e espaçosa, uma cadeira para o capitão e outras cinco para outros responsáveis de locomover todo o navio. Depois do espanto de Brad ao me encontrar na balada, ele rapidamente me prendeu enquanto seu colega escoltava a frente. Nenhum dos dois verificou meu esconderijo para saber se mais alguém continuava escondido. Assim, tolos como eram, não perceberam que deixavam Aaron escapar.

Minha desculpa foi que havia levantado para caminhar por causa de insônia e acabara me perdendo no colossal navio. Apesar de ambos os soldados não duvidarem do que falei, mesmo assim eles me escoltaram até a ponte, comando central do navio.

Para minha surpresa, a ponte era a parte mais moderna da embarcação. Não havia nada de vintage ou antigo, inclusive, as tecnologias presentes pareciam estar, no mínimo, dez anos mais avançado.

Ao entrar na ponte, o capitão me encarou surpreso. Pelo canto dos olhos, pude ver um dos sonares mostrarem quatro pontos brancos.

–Sr. Scardino?– Disse o capitão com uma voz de decepção– O que fazia fora da sua cabine?

Com um aceno de mão, ele dispensou os dois soldados que ainda permaneciam na sala. Pigarrei e comecei a explicar minha pequena história. Insônia, caminhada, perdido. O capitão, esperto como era, parecia não ter acreditado em toda a história. Mas para não causar problemas, permaneceu calado.

–Sr. Capitão– Murmurou uma mulher vestida com o uniforme da marinha, sentada ao lado do radar– Mensagens de aviso ignoradas.

O capitão acenou para eu sair. Com passos lentos, me aproximei da porta, ávido por escutar mais conversas da ponte.

–Contato com Águia. Informe ocorrido. Manobra evasiva; 30º estibordo, motores em potência máxima. Velocidade?

Saí da sala. Do lado de fora, o sol começava a despontar no oeste, uma embarcação pesqueira, aparentemente abandonada surgia no horizonte junto com os primeiros raios do amanhecer. Com uma guinada, precisei me segurar nas paredes enquanto o curso do navio era desviado. Desci as escadas do convés parcial no exato momento que o céu era rasgado por uma luz branca.

Ignorei a maldita luz e voltei a caminhar em direção a minha... Espera, o capitão não tinha me mandado de volta para a cabine. Mesmo assim, entrei no navio e desci para o terceiro andar. Caminhei até o C27 e entrei. Como imaginei, Aaron estava sentado na minha cama, esperando por mim.

Ao me ver entrar, ele pulou de pé. Não havia sorrisos no rosto de nenhum de nós dois.

–Quem é você?– Perguntei tão rude quanto pude. Aaron abriu a boca e fechou duas vezes. Medindo suas palavras, ele me respondeu.

–Faz menos de vinte e quatro horas que embarcou. Não sou terrorista, como pensa.

–Seria difícil um islâmico ter me beijado– Respondi seco. O islamismo era totalmente contra homossexualidade. Imagina se um extremista desobedeceria ainda mais essa regra– Acho que não temos muito o que conversar. Dr. Tess está esperando por mim.

–Serei o responsável por te guiar até ela.

–Ótimo– Murmurei.

–Esperarei do lado de fora.

Aaron saiu da minha cabine. Tirei a minha calça do pijama e a blusa preta que estava vestindo. Troquei por uma calça jeans e uma camiseta branca, do lado de fora da porta escutei Aaron tossir.

Suspirei e me sentei na cama. Droga, o que estava acontecendo comigo? Esse era o cruzeiro que todos queriam uma passagem. E agora, navegando para as águas nordestinas, eu não conseguia me imaginar aproveitando a primeira parada do cruzeiro. O plano era desembarcarmos e ficarmos uma semana num resort. Nunca fui normal, porque pensei que conseguiria ser normal nessa viagem?

Me levantei, jogando todos esses pensamentos para longe. Aaron estava encostado na parede do corredor, como um segurança monitorando minha porta. Ao sair, começamos a caminhar. Ficamos em silêncio depois da nossa pequena discussão. Ambos escondíamos as coisas e não éramos nada um do outro para cobrar transparência.

Subimos até o deque do navio, depois o contornamos e entramos uma pequena porta vigiada por dois soldados. Atravessamos um corredor estreito e uma segunda porta. Por fim, me via numa ampla sala dividida um quarto dela por uma parede de vidro.

–Blindado– Comentou Aaron, guiando-me para a porta de entrada– Tire sua roupa.

–Oi?

Inclinei minha cabeça com uma expressão de “está tirando com a minha cara?”. Ele riu e mostrou um pequeno banheiro exterior ao laboratório. Entrei sozinho no banheiro, tirei minha roupa e vesti uma roupa igual daqueles pacientes hospitalares.

–Depois de atravessar a entrada do laboratório– Continuou Aaron depois que sai do banheiro. Ele me direcionava para um par de portas duplas no canto extremo do laboratório– Haverá uma descontaminação com raios ultravioletas e um gás. Só então as portas internas abrirão.

Concordei com um menear de cabeça apesar de ser muita informação para eu processar. O soldado pressionou um botão vermelho na lateral das portas duplas, que abriram de imediato. Assim que entrei, elas se fecharam. Praticamente estava preso num pequeno cubículo cheio de lâmpadas nas paredes e outra porta dupla no final.

Assim que as portas se fecharam, as luzes ultravioletas foram ligadas. Simultaneamente começava a ser jorrado um gás do teto. Meus olhos arderam enquanto o gás invadia cada espaço do meu corpo. Depois de exatos dez segundos, as luzes desligaram, o gás parou e as portas duplas se abriram. Infelizmente, eu ainda não estava no laboratório. Era uma sala um pouco maior que o cubículo de entrada. Num pequeno suporte de parede, peças de roupas brancas amontoavam-se junto com jalecos.

Tirei aquele roupão hospitalar que usava e vesti a calça e camiseta branca. Por fim coloquei o jaleco e calcei no pé dois saquinhos esterilizados. Do outro lado da saleta, ficava um par de portas de vidro que dava para o laboratório.

Finalmente entrei no laboratório. Por uma parede de vidro, pude ver Aaron acenando para mim. Voltei-me para a Dra. Tess Lirian. Ela olhava concentrada para um microscópio.

–Traga-me a placa com leucócitos– Mordi meus lábios, pelo canto dos olhos podia ver Aaron observando cada passo através da parede de vidro blindado.

Olhei para o laboratório e caminhei para a mini-geladeira embaixo de uma centrífuga. Abri e peguei uma das cinco placas de microscópio empilhados com o nome “leucócitos”. Entreguei rapidamente para Dra. Tess. Ela pegou um medidor e separou um pouco dos leucócitos. Observou uma última vez o microscópio e injetou na placa os glóbulos. Balançando a cabeça, ela voltou-se cansada para mim. Meu primeiro pensando foi que tinha errado alguma coisa. Mas, com um sorriso torto, ela tirou a placa debaixo do microscópio e jogou num incinerador do outro lado do laboratório.

–Pegue a cepa 157 da centrífuga, na mesa de frente para a parede de vidro há espécimes de rato. Alimente-os enquanto preparo uma vacina com a cepa 157.

E assim foi o meu dia, alimentando os ratos brancos de laboratório, observando os efeitos da vacina que a doutora aplicava, descartando cepas e ratos mortos... Saímos do laboratório às seis da tarde, exaustos.

Depois do meu “trabalho não remunerado”, tomei um banho e voltei para a cabine. Saí apenas para jantar, momento que esbarrei com Brad. Com um olhar malicioso, ele me puxou para o deque lateral do navio.

–Em três dias haverá um jantar de gala– Sussurrou ao pé do meu ouvido– Não quer ir comigo? Poderíamos conversar sobre seu dia... Sei lá, coisas que casais fazem.

Não consegui me controlar e ri alto. Brad enfureceu e me empurrou contra a beirada do navio, seus lábios se aproximavam do meu ouvido mais uma vez. O mar estendia-se escuro metros abaixo do navio. Duas amigas que olhavam o oceano noturno, encararam Brad.

–Pensei que sentisse o mesmo que eu sinto por você...– Ele murmurou irritado.

–Claro que sinto– Menti, o olhar castanho de Brad me engolia com força– Nunca fui convidado por alguém, fiquei nervoso. Não sabia como agradecer.

Brad aliviou a expressão do rosto.

–Tenho certeza que posso arranjar um jeito de você me agradecer mais tarde.

Meu corpo gelou. Da última vez ele descobrira minha maior fraqueza e quase me penetrou. Como eu ficaria novamente sozinho com ele no quarto? Como esqueceria do beijinho estúpido mandado por ele antes de me abandonar no quarto? A cada encontro nosso, era uma nova rodada do jogo que fazíamos. E, infelizmente, eu estava em desvantagem.

–Não quero companhia essa noite– Cortei a conversa, afastando o corpo dele para longe de mim. A borda do navio, até então tão próxima de mim, se afastava enquanto eu caminhava novamente para o interior do navio.

Antes que pudesse ser alcançado por Brad, comecei a correr. Entrei na minha cabine e me tranquei dentro de lá até o amanhecer.

Meus dias passaram calmos. Acordava, observava o nascer do sol pela vigia do navio, me vestia e ia para sozinho até o laboratório. Aaron já estava lá, vigiando através da parede de vidro a Dra. Tess Lirian. Eu tirava minha roupa, vestia o roupão de hospital, passava pela descontaminação, vestia as roupas imaculadamente brancas e o jaleco. Passava meu dia trabalhando e aprendendo com Tess, como ela insistia para ser chamada. Depois, tirava minhas roupas brancas, vestia o roupão e segurando as roupas recém tiradas, eu passava pela descontaminação. Fora do laboratório, eu entrava no banheiro lateral, tirava o roupão e vestia minhas roupas normais e entregava para Aaron incinerar as roupas brancas que tinha usado no decorrer do dia. Depois disso, jantava, tomava banho e ia dormir.

Dia após dia fiz isso, até chegar no dia do jantar de gala. Tanto Dra. Tess Lirian quanto eu largamos as pesquisas mais cedo naquele dia e, antes mesmo do pôr do sol, voltamos para nossas cabines.

Eu caminhava para um dos banheiros quando uma voz desconhecida me chamou. Era um dos poucos soldados autorizados a caminhar entre os passageiros.

–Sr. Scardino– Gritou do início do corredor. Ele corria apressado em minha direção– Por favor, o comandante e o capitão concordaram em reacomodá-lo numa nova cabine– Inclinei a cabeça e sorri torto para o soldado de cabeça raspada– Por favor, prepare suas coisas para mostra-lo sua nova cabine.

Voltei para o quarto, claramente irritado e decepcionado pelo meu banho ter sido interrompido. Juntei rapidamente minhas roupas dentro da mala e saí da cabine C27 com um último olhar pela vigia. As primeiras estrelas começavam a brilhar.

Comecei a caminhar pelo corredor, cada passageiro que tinha pelo caminho, me encarava. Era como se eu estivesse sendo expulso do navio. Segui o soldado até o segundo andar, muito menor que o terceiro andar. Viramos um corredor e paramos em frente a uma cabine.

–A3.

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Não sei se consegui explicar bem todos os processos de Christian para entrar no laboratório da Dr. Tess. Passo 1: Ficar nú e colocar uma roupa hospitalar. Passo 2: Entrar por portas duplas numa pequena câmara de descontaminação entre o laboratório e o exterior. Passo 3: Tirar a roupa hospitalar e colocar calças e camisetas brancas previamente esterilizadas, assim como um jaleco(a roupa hospitalar acabada de usar deve ser incinerada). Para sair do laboratório, são os mesmos passos só que ao contrário.

Quando Christian estava na ponte ele viu algo importante o suficiente para mudar a trajetória do navio, além de uma luz branca que ele viu cruzando o céu. São pequenas dicas que deixo pelo caminho.

Queria agradecer muito a quem comenta, em especial ao guilwinsk que comentou pela primeira vez se não me engano! Seu comentário foi muito importante para mim já que estou tendo um baixo retorno sobre o que os leitores estão achando.

Até o próximo capítulo!

Com amor,

B.

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Comentários

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Gostei da sua história, primeira vez que estou lendo.

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