— Prazer em conhece-lo! Sou Caio! Disse enquanto subia os olhos que acompanharam o zíper sendo fechado e voltando ao sorriso lhe ofertado.
—Que é isso, ele é meu. Mas, haja vista meu nome já ser conhecido por vc, acho correto supor que queres algo comigo estou certo?
—De certo modo, vc não é o monitor desse colégio?
—AH, entendi. Mas, se é sobre a monitoria, vc deve tratar lá na coordenação, ai eles te inscrevem e te explicam tudo, mas se quiser tirar alguma dúvida urgente, talvez eu possa saber.
—Quero me inscrever, mas apenas em filosofia, matéria que sou muito deficiente. Vou à coordenação e assim já garanto estar lá logo.
—Faça isso, e nos veremos lá. Agora tenho que voltar, mas qualquer coisa estou aí.
Caio, via Dinho saindo do banheiro com certa admiração, enquanto terminava o que fora fazer lá. Agora, na sala Dinho viu ao canto da sala seu amigo esmorecido e com ar triste, porém, a fim de respeitá-lo em seu espaço foi diretamente ao professor pedir a ementa das próximas aulas, para preparar-se para monitoria, e ao fazê-lo foi direto em direção à porta enquanto mirava Tom de longe, que sequer havia o percebido na sala pois vagava longe em seus pensamentos tristonhos, agora encaminhando-se para a sua sala que estava em festa, pela ausência do professor. Dinho, notando a ausência, retirou-se e foi para a biblioteca a fim de adiantar seus estudos e por tabela suas aulas.
Doutra banda, Tom, completamente desfocado da aula, seus olhos tinham perdido o encanto para a tristeza, de relance percebeu que ainda era o tema dos algozes “amigos” que zombavam dele descaradamente jogando-o para um poço de emoções deprimentes e sufocantes, ainda mais com o descaso do professor em relação àquela situação deplorável. Lutava contra si mesmo para não aparentar abatimento com aquilo, sendo superior a tudo isso. Mas, o golpe que recebera foi tão intenso que suas mãos esfriaram, seus olhos inundaram-se sem derramar uma sequer lagrima, a palidez denunciou sua aflição, seu coração parou ao ver que a voz que o acoitava era daquela sua não-paixão que mesmo sem conhece-lo unira-se contra ele sem se quer imaginar como aquilo era torturante para ele.
Ali a sala ficou sem ar, ali o mundo perdeu suas cores, ali findou-se a fé.
Prestes a ruir, desesperadamente saiu da sala e num ato de pânico trancou-se numa cabine do banheiro, onde permanecera durante todo o restante da aula, até que sua respiração começasse a retomar ao normal, suas pernas parassem de bambear e sua mente parasse de o martirizar, e aí num sopro de certa lucidez ele decidiu ligar para o seu grande mentor, que a essa hora trabalhava arduamente num pais africano com crises enormes, que não pode atende-lo. Sua mente paralisada, sem apoio algum, focou na imagem que presenciou, aqueles risos que voltavam para ele para o seu jeito de “nobrezinho”, pensava que seu jeito fosse de fato ridículo e tivesse de mudar para viver bem, que talvez ser descolado e novo, e não antigo, que afinal eles queriam que ele mudasse e por isso faziam daquilo sua diversão, até que se via como fantasioso e pensava em como podia ser a nós que Deus ama incondicionalmente, e no quanto queria acordar com aquilo tendo sido um sonho terrível; e por mais 20 min seu espirito ferido com sua inteligência servindo-lhe de carrasco permaneceu sentado até quando voltou a si ouvindo seu telefone tocar com um telefonema de seu estimado avô:
—Oi Tom, estava num voo e sequer percebi sua ligação, tudo bem? -perguntou mesmo sabendo que não era do feitio de seu neto ligar, principalmente quando ele trabalhava.
—Oi, vovô! Não é nada, só senti sua falta. Queria voltar a vê-lo.
O senhor Amadeus, de imediato percebera a voz entristecida de seu neto e que seu receio em se abrir, entristecera-se também, pois havia criado desde bebe aquele jovem e se orgulhava de ser não somente seu mentor, mas, a priori, seu confidente. E aquele receio de revelar sua aflição podia significar um abalo na ligação dos dois, algo que assim que deixou de poder leva-lo consigo em suas viagens temia acontecer cedo ou tarde.
—Oh meu querido, não importa a distância que há entre nós, estaremos sem...
— ...pre juntos! -completou Tom.
Então, mesmo não sabendo do que se tratava, tratou de acalmar seu neto e despediu-se da forma de sempre.
Nessa hora, lembrou Tom de que daqui a pouco teria de ir à casa de Dinho ajudar-lhe, e saiu agora calmo do banheiro dando de cara com Caio que o esperava em frente a porta.
—Oi – Falou Caio confiante.
—oi – respondeu tom, sem graça em sua fala.
— Você é o representante da turma, não é?
—Sou sim!
—Que bom, é que me disseram que você poderia me encaixar nas revisões da monitoria, e eu queria entrar.
—Claro, farei isso, só preciso do seu nome completo.
—Tá sério agora, kkkk, é Caio Damasceno Lopes.
—Tá, amanhã te entrego o horário das aulas. Tchau.
Caio notou a antipatia e apesar de confuso, por não ter sido isso que Tom lhe mostrara estava preste a responder, quando a cena que vira na porta o deixou quase sem fala...
—Vamos Tom – Disse Dinho que encarava Tom nos olhos.
—Vamos. Respondeu ele seriamente querendo sair logo dali.