O tempo foi passando e minha amizade com Henrique foi se afirmando, e, aos poucos, nos tornamos grandes amigos. Ele sempre frequentava minha casa e vice-versa. Fazíamos muitas coisas juntos, ele me falava sobre seus relacionamentos e trocávamos conselhos.
Henrique vivia querendo saber mais sobre Caio, mas nunca tive coragem de contar as coisas que aconteceram, eu não queria que ele criasse uma imagem distorcida da realidade, e, ao mesmo tempo, não queria relembrar tudo que vivi com Caio, ainda era dolorido pra mim. Então sempre dava um jeito de me esquivar.
Nossa amizade chegou em um nível de confiança tão grande, que, em determinado ocasião, precisei viajar a negócios, e, coincidentemente, Henrique precisava ficar uns dias fora de seu apartamento para dedetização. As datas casaram, viajei em paz, com a certeza de que minha casa estaria em boas mãos.
Tempos depois, percebi uma leve mudança no comportamento do Henrique, ele que sempre foi solicito e cordial, passou a me dar pequenas ordens, me tratando com pouca hostilidade, como se fosse minha obrigação fazer as coisas por ele.
Dia desses, estávamos em casa, ele todo largado em um dos sofás da sala, e eu sentado em uma poltrona ao lado. Enquanto ele assistia a um jogo de futebol, eu lia um dos jornais da cidade.
__ Henrique, você viu o que aconteceu no Santander essa semana?
__ Cale a boca Carlos, to prestando atenção no jogo.
__ Nossa Henrique, descu...
__ Fique quieto, eu to prestando atenção no jogo, depois eu falo com você, vai lá pegar uma cerveja pra mim... e traga alguma coisa pra eu beliscar... assim me deixa em paz por um tempo.
Não sabia o que fazer, nem como reagir. Nunca ele havia falado comigo daquele jeito, ele parecia enfurecido, mas aquilo me deu um tesão lascado, fazia muito tempo que eu não obedecia alguém, era a oportunidade perfeita para demonstrar minha submissão.
Peguei uma bandeja, coloquei a cerveja, um pouco de amendoim em uma pote, fatiei um pedaço de salame e levei para Henrique.
__ Aqui esta Henrique.
__ Deixe aí na mesa de centro e se for ficar aqui, fique quieto.
Nem me arrisquei a responder, percebi um sorriso meio de canto de boca, mas tentei agir com naturalidade. Um tempo depois. “Acabou a cerveja”. Quando me levantei para ir buscar, fui surpreendido __ Ei, você ta esquecendo da bandeja, preste mais atenção.
Apenas abaixei minha cabeça, retirei a bandeja da mesa e levei outra cerveja para Henrique, dessa vez, segurei na sua frente e, assim que ele pegou fui para cozinha levar a bandeja. __ Pega um charuto pra mim.
Juro que não entendi como aquilo estava acontecendo, de uma hora para outra, o comportamento do meu amigo mudou, agora ele se parecia com Caio, e estava me deixando louco de tesão.
Uma cerveja, duas cervejas, três cervejas. Henrique já não esta mais completamente sóbrio. __ Por que você não assume logo que gosta de obedecer outro cara? Falou de forma irônica, enquanto dava risada.
__ Não sei do que você esta falando Henrique...
__ É cara, você ta a noite toda me buscando as coisas, trazendo na bandeja, enquanto eu to jogado no seu sofá.... na sua casa (risos).
Gelei. E agora? Como eu deveria reagir em uma situação como essas? Arriscar tudo? Fiquei uns minutos constrangido e em transe, de fato não sabia o que fazer.
__ Não precisa ficar com essa cara não, no meu antigo trabalho tinha um cara que adorava me obedecer, ele fazia de um tudo por mim, ante de apoio pros meus pés ele servia (risos).
__ Henrique, eu acho que você esta um pouco bêbado. É melhor você ir embora...
__ Ta certo, eu vou... mas ainda vamos voltar a falar sobre isso... Dizendo isso, Henrique saiu da minha casa.
Eu fui para o banheiro, e, novamente me acabei na punheta pensando naquele homem maravilhoso me usando como apoio para seus pés, me fodendo loucamente e me humilhando de todas as formas possíveis.
Passado esse episódio, nada mais aconteceu, sequer tocamos no assunto, era como se nada tivesse acontecido. Pouco tempo depois, Henrique passou a se relacionar com Lídia, uma empresaria que conhecemos uma reunião de negócios, não demorou muito para nossa amizade começar a esfriar e nossos encontros se tornarem cada vez menos frequentes.
Algum tempo depois, estava me arrumando para trabalhar, escutei um assovio vindo da sala da minha casa. Assustei, era um assovio conhecido, só poderia ser o Márcio, como se estivesse adivinhando minha confusão mental, logo disparou: __ Qualé viado, vai me deixar esperando? Temos muito que conversar (assovio, assovio).
Fiquei paralisado, não sabia o que fazer nem como agir, já estava quase pronto para o trabalho, todo de social, arrumado e perfumado, comecei a suar frio. __ Viado, viado, é melhor você aparecer antes que seja pior.
Em meio as gargalhadas, Marcio chegou no meu quarta sem que eu pudesse tomar qualquer atitude, apenas me limitei a encará-lo com admiração, ele estava maravilhoso, mais forte e mais marrento. __ Então professor, já tire essa roupa, fique de joelhos e venha comigo, precisamos acertar nossos ponteiros.