1. HISTÓRIAS
"Um anjo vai morrer, coberta de branco, olhos fechados, e esperando por uma vida melhor, desta vez, vai desaparecer à noite, direto para o fim da linha" - Ed Sheeran
Peguei meu copo de café em uma cafeteria perto de minha casa, a qual eu costumava ir. Entrei no meu carro e segui rumo a cena do crime com meu mau humor matinal. Eu juro que adoraria entender como as pessoas conseguem acordar antes das 10 horas da manhã sorrindo. Também queria entender que assassino que se preze resolve matar as pessoas antes das 10 horas da manhã, eu achava muito cedo até para cometer um crime.
Ao chegar no local pude observar a mesma cena de sempre, os curiosos tentavam adentrar a cena a todo custo para tirar fotos e bisbilhotar, enquanto os policiais faziam de tudo para afastá-los. Terminei de tomar meu café e segui caminho a vítima.
- Detetive Lucas, Polícia de New York- disse estendendo meu distintivo aos policiais que já estavam na cena - eu quero toda essa área isolada, ninguém entra e muito menos sai.
Segui em direção ao corpo jogado no chão, já era o quarto corpo encontrado em menos de uma semana, mas dessa vez tinha uma coisa diferente, a vítima era uma mulher loira, diferente das outras três primeiras vezes, onde todas as vítimas eram ruivas.
- Cadê a merda do meu novo Detetive ajudante? - esbravejei fazendo com que todos parassem tudo e ficassem me olhando em silêncio.
- Estou aqui senhor – disse uma voz saindo dentre os peritos atrás de mim – Detetive Daniel, mas todos me chamam de Dan.
- Eu não sou todo mundo – disse já irritado sem ao menos me dar o trabalho de olhar para trás - eu quero que você abra um chamado de Serial Killer a solta, já é o 4º caso essa semana, estamos tratando de um assassino em série.
- Tudo bem senhor, mas assassinos em série não seguem um padrão? Pelo que estudei do caso ele costumava matar mulheres ruivas e agora...
- Você quer trabalhar no meu lugar Detetive Carlos? - disse virando para trás para olhá-lo e descobrindo o quanto ele era bonito, ele tinha cerca de 1,80 de altura, com seus olhos castanhos, barba feita, cabelos negros e um porte físico bem forte por conta de sua profissão.
- Daniel, meu nome é Daniel – ele disse olhando em meus olhos.
- Então Daniel... - disse tentando encontrar as palavras, porém estava totalmente hipnotizado por aqueles olhos – o fato do assassino mudar os padrões dele quer dizer que ele está inseguro, que estamos chegando cada vez mais perto dele.
Daniel fez o chamado por seu celular e começou a rodear o corpo da vítima, ela estava deitada no chão de uma das ruas mais movimentadas do Brooklyn, vestindo uma roupa que outrora foi branco, porém agora se via apenas o vermelho do sangue, coberta de rosas brancas por cima de todo seu corpo, e com um X cortado em sua testa, como em todos os outros crimes.
Antes que ele pudesse falar qualquer coisa, a cena do crime começou a ser rodeada por diversos carros pretos nos quais foram saindo agentes.
- FBI, comandante Rick – disse o comandante da operação se dirigindo em minha direção - esse caso agora é meu, eu não quero mas ninguém da polícia de New York aqui.
- Filho de uma puta – esbravejei em voz alta
- Estava com saudades amorzinho? - disse Rick passando a mão no meu rosto
Antes que ele pudesse completar a ação, eu torci sua mão e o joguei na parede de uma maneira que ele não conseguisse mais se mover.
- Vejo que você continua selvagem não é mesmo? - ele disse em tom de deboche
- Sem paciência também - Daniel falou chamando a atenção de Rick.
- Cala a boca – Falei olhando em direção a Daniel.
- Quem é esse – Rick perguntou mudando seu semblante para um mais sério - já arrumou um novo brinquedinho? Pensei que iríamos apenas dar um tempo
- Nós terminamos Rick, terminamos.
- Não, nós demos um tempo, era apenas um tempo.
- Vocês são namorados? - Daniel perguntou
- Cala a boca – eu e Rick gritamos ao mesmo tempo e ficamos nos encarando durante alguns segundos.
- Eu disse que não ia embora – ele disse abaixando a cabeça
- Sim, você disse, a 3 anos atrás, você levou 3 anos! - disse começando a subir minha voz – e eu fiquei aqui por 3 anos apenas recebendo mensagens de textos em que você dizia que já ia voltar! E agora depois de 3 anos você aparece como se nada tivesse acontecido?
- Desculpa – ele disse com os olhos lacrimejados.
- Faça bom proveito desse caso – disse virando as costas e indo em direção a viatura.
Entrei na viatura e fiquei esperando que Daniel percebe-se que ele deveria estar nela junto comigo para que eu pudesse dar a partida e voltar a delegacia, todavia, demorou um pouquinho para que ele percebesse isso e entrasse no banco do carona e nós principeássemos caminho a delegacia em total silêncio.
- Você não vai perguntar? - disse o encarando e encostando o carro em frente a delegacia
- Não é da minha conta.
- Não, não é mesmo – disse com toda sinceridade – mas você vai escutar as pessoas comentando e é melhor que eu te explique logo.
- Você sabe que não precisa né? - ele disse me olhando de uma maneira carinhosa.
- Nós fomos namorados, durante 8 anos – disse sentindo as lágrimas querendo chegar – íamos nos casar, até que um belo dia ele chega em casa bêbado, e diz que beijou outra pessoa em um bar. Eu até tentei ignorar, eu juro que tentei, eu o amava muito, a ponto de perdoa qualquer coisa que ele tivesse feito, mas eu não conseguia por mais que eu tentasse, mesmo sendo só um beijo, é uma traição, entende? Então ele foi chamado para entrar na FBI e terminou comigo, no começo eu até que sofri muito, mas hoje vejo que isso foi a melhor coisa que me aconteceu.
- E você ficou com mais alguém desde então? - disse ele curioso
- Não - falei encostando minha cabeça no volante do carro e sentindo Daniel passando a mão no meu cabelo de maneira carinhosa – eu sou um completo idiota até para isso.
- Eu te garanto que ele foi quem saiu perdendo – Daniel disse encostando sua cabeça em meu ombro.
