Olá pessoal. esse capítulo será bem mais longo. Espero que gostem, mas antes, gostaria de responder alguns comentários:
Sharon Martins - esse capítulo está bem mais longo, aproveite e desde já obrigado e pfv comente sua opinião sobre o capítulo, me ajuda muito. bjos :-*
VALTERSÓ - sua opinião é de grande peso e ver que você leu e comentou meu conto é muito legal. Realmente a traição do irmão Vinicius foi muito mais grave, mas será que é imperdoável? o Jonatan é um cara inteligente e nesse capítulo você vai entender o porquê de ele ter se referido ao Anderson como amigo e não namorado. Não tenha medo de que o Jonatan seja um trouxa, nem todos podem adivinhar que vão ser enganados, mas para tudo existe um por que. tenha uma boa leitura.
Funhouse - nesse capitulo tem a sequência e grandes reviravoltas. boa leitura e obrigado <3
Atheno - o irmão de Jonatan vai ter o que merece pois suas atitudes o levarão ao seu castigo. nesse capítulo há algumas mudanças temporais na história e portanto o Jota não vai reatar com Anderson, mas haverão reencontros fervorosos hahahah e quanto ao título você vai entender melhor nos próximos capítulos. Obrigado e ótima leitura.
Quando você está em um relacionamento uma traição é possível. Isso não é a pior das coisas. Você pode terminar e com o tempo arrumar outra pessoa e tentar ser feliz de novo. Mas, quando a traição é de uma pessoa tão próxima de você, de alguém da família, de um irmão? Você não pode simplesmente trocar de irmão e arrumar outro. Dói muito mais. Isso sim é uma traição.
Finalmente os fogos terminaram de explodir. O cheiro do vômito se misturava com o de pólvora e meu rosto estava molhado de lágrimas, vermelho e possivelmente inchado e aqueles dois malditos estavam ali. Me recompus e sai. Corri pelos corredores e desci as escadas tentando não fazer muito barulho. Fui até a cozinha e abri o freezer. Peguei a primeira garrafa que vi, um vinho italiano, safra 1992. Sai pela porta dos fundos e corri para bem longe dali.
Sim, eu queria encher a cara até perder a consciência. Eu queria morrer. Queria que todos morressem, que o mundo explodisse. Eu nunca tive uma relação muito boa com o meu irmão, mas pensar que ele pudesse fazer isso comigo era algo que jamais me passou pela mente. Peguei a rua principal que saia do meu bairro em direção ao centro da cidade. Esmeralda é uma cidadezinha pequena, mas bem organizada e bem movimentada. Para todo lado que se pudesse olhar tinham muitos enfeites natalinos, luzes, pisca-piscas, arvores enfeitadas, tudo muito lindo, mas para mim era tudo cinza e sem beleza. Nem lágrimas para chorar me restavam mais. Segui para o parque municipal que era um lugar maravilhoso para pensar. Como era um lugar enorme, sempre usavam para fazer a comemoração da virada e por isso tinha muitas pessoas por lá. O parque ficava em frente a uma lagoa enorme, tipo, bem grande. Era meio redonda e por isso posso dizer que ela tinha quase uns três quilômetros e meio de diâmetro. Era lindo. Me sentei no gramado em frente á lagoa num lugarzinho meio escondido, no meio de uns arbustos altos rodeados por algumas arvores onde era meio escurinho e comecei a beber. E bebi, bebi muito. Enchi a cara.
Acordei e o sol já preenchia todo o céu. Devia ser quase umas onze horas do dia. Minha garrafa de vinho maravilhosa havia sido roubada e meus tênis também, pois estava descalço. Ótimo, pensei.
Me levantei. Tudo doía e a ressaca estava horrível. Queria morrer, realmente morrer. Fui para casa e quando cheguei e me viram todos gritaram. Não sabiam se me batiam, brigavam comigo ou perguntavam se eu estava bem.
- o que aconteceu meu filho, o que houve? – era mamãe desesperada
Todo mundo, primos e tios, perguntavam mil coisas. Não conseguia processar nada.
- você viu o que o seu amiguinho fez com seu irmão? Ele quase matou o Vinicius. Você sabe de alguma coisa? – era meu pai, nervoso e irritado.
E de repente me lembrei de toda aquela nojeira. Novamente meu estomago colocou todo o maravilhoso vinho italiano para fora, ou o que restou dele.
- o quê? O Anderson bateu no Vinicius? – eu perguntei fingindo surpresa, com aquela voz de bêbado chato e com ressaca, e comecei a dar risada enquanto limpava o vômito da minha boca.
- Jonatan você está bêbado. – disse minha mãe me repreendendo.
- todos vocês estão bêbados, de ressaca e fendendo a cachaça. Qual o problema de eu estar bêbado e fedendo a cachaça? – gritei
- você sabe o que aconteceu? Você viu seu irmão? O desgraçado do seu amigo bateu nele como um covarde. -gritou papai de volta. O resto da família meio que começou a assistir a briga familiar. Alguns tios tentavam apaziguar a situação.
Eu ri de novo.
- ele que contou isso? O Vinicius disse que o Anderson bateu nele?
Eles ficaram me olhando como se não entendessem nada.
- aaah vão se foder todo mundo!
Sai e deixei todos lá. Meu pai vinha atrás de mim me xingando, mas minha mãe e alguns tios pararam ele e me deixaram seguir.
Ao chegar no meu quarto, a desagradável surpresa: Vinicius espatifado na minha cama com aquela cara de sínico. Maldito desgraçado, pensei.
- sai do meu quarto agora se não eu vou te dar outra surra e ai eu quero ver em quem você vai colocar a culpa. – disse tentando manter a tranquilidade na voz. Na real estava muito bêbado para brigar.
Ele sorriu. Sempre aquele maldito sorriso.
- e ai como você vai explicar o motivo? Vai dizer que foi por que seu ‘’amiguinho” – ele fez aspas com os dedos – que na verdade é seu namoradinho te meteu um chifre?
- com o meu irmão. Posso até me ferrar, mas você também se ferra.
Ele olhou para mim e ficou quito, me encarando.
-aliás... foi por isso né? Que inventou essa história de que ele bateu em você?...para não dizer a verdade. – e então eu ri dessa vez – mas a verdade é que você também é um viadinho Vinicius. A única diferença entre nós dois é que eu tenho caráter.
Ele se levantou da cama e veio furioso em minha direção. Chegou bem perto, me encarando no olho. Cheguei a sentir a respiração dele.
- nossa. Sua cara tá horrível – dei risada – talvez agora as pessoas consigam saber diferen...
- eu te odeio! – ele cuspiu aquelas palavras do nada. Eram secas e dolorosas. Mantive a pose, mas aquilo cortou meu coração. Ele me empurrou de leve e ia caminhando em direção á porta, mas antes, o segurei pelo braço e o encarei.
- eu não sei o que eu te fiz de mau, mas toda essa sua raiva por mim só vai te fazer mal. O mundo dá voltas e ninguém colhe flores quando só soube plantar espinhos.
- seu idiota!– ele disse em tom sarcástico e rindo, como se eu estivesse blefando com a cara dele e com um puxão libertou o braço das minhas mãos e saiu do quarto a passos largos.
Eu fechei a porta do quarto, me joguei na minha cama e apaguei. Sonhei com gemidos, uma porta entreaberta e um irmão que tinha brasas de fogo nos olhos ficando com meu namorado. E ele sorria para mim.
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10 ANOS DEPOIS, 18 DE DEZEMBRO DE 2016, FORTALEZA, CEARÁ.
O despertador toca 06h30min da manhã. Eu odeio acordar cedo. Assim como um zumbi baleado, levanto me arrastando da cama e vou até o banheiro escovar os dentes. Cabelos e barba bagunçados, quase dormindo em pé quando tropeço em alguma coisa e me estabaco no chão do banheiro.
- MAS QUE MERDA TADEU! – gritei
Uma calça e uma cueca embolados e jogados no chão. O pior nem começa ai. A tampa do vaso aberta e toda mijada, pia molhada, chão molhado (será que era água mesmo?)
- MAS QUE PORRA SEU FILHO DA PUTA, QUANTAS VEZES EU JÁ FALEI PRA VOCÊ NÃO DEIXAR SUAS ROUPAS ESPALHADAS POR AI? – Disse entrando na cozinha e jogando a roupa suja na cara dele.
- AIII PRA QUE TODA ESSA VIOLÊNCIA? – reclamou ele – eu tô atrasado, tô quase engolindo esse café. Tenho prova hoje, não tenho tempo pra ficar organizando o banheiro.
- você é um folgado, e ainda por cima um nojento. Eu já disse pra você não mijar na tampa do vaso. Vai tomar no cu, você não consegue acertar um buraco daquele tamanho?
Ele deu risada.
- NÃO RI SEU VIADO!
- o viado aqui é você Jota! – disse rindo de novo
- eu mereço meu deus! Olha... eu já disse, pelo menos o banheiro cara. Tava tudo molhado. Eu escorreguei e cai, se é que eu escorrei na água mesmo... esse seu pinto furado, deve mijar até no teto.
- aah, não vem reclamar que caiu em cima do meu mijo. Você chupa aquele pinto murcho do Paulo, e se você não sabe, nós homens, mijamos por lá!
- VAI SE FODER TADEU!
- Você que está precisando. Aposto de essa chatice toda é falta de uma trepada. Se eu gostasse da fruta eu até te ajudaria, tu é meu amigão né... – disse dando dois tapinhas no meu ombro e saindo da cozinha.
- EU TENHO NAMORADO! – disse caminhando atrás dele
- aaah por favor né Jota, aquele Paulo é um frouxo. Não deve dar conta por que se desse, você seria mais de bem com a vida.
- você precisa arranjar um lugar pra você. Chega disso. Você está aqui há 1 ano e não muda cara, aliás, só tá
piorando.
- aah para Jota. Eu tô no penúltimo ano de medicina cara... tá tudo muito corrido, depois eu vejo isso. Estou indo, já tô meio atrasado. – disse pegando o material na mochila todo apressado e indo em direção à porta.
- se eu escorregar no seu mijo mais uma vez eu te despejo.
- eu prometo que vou tentar ser mais organizado. Tchau! - disse me dando um beijo no rosto.
- folgado!
O Tadeu é um grande e folgado amigo que mora comigo há 1 ano. Ele cursa medicina numa faculdade particular daqui de Fortaleza, qual ele ganhou uma bolsa pra estudar. Ele é muito estudioso, mas o que sobra em dedicação falta em organização e colaboração. Aceitei deixar ele morar comigo pra aliviar as despesas dele que eram muitas e estavam prejudicando nos estudos e também por que estava tendo problemas com os outros caras que estava morando. Aceitei e me arrependi amargamente. Cara folgado. Mas, ele é um bom amigo. Nunca foi um babaca comigo por causa da minha sexualidade. E ele é um moreno muito bonito.
Vim para fortaleza quando tinha 18 anos, fugindo de toda loucura familiar em tentar me converter á heterossexualidade depois que descobriram que eu era gay (o que vocês vão ver nos próximos capítulos), e também por que meu irmão é um grande babaca imbecil (como vocês já viram) que fazia questão de piorar as coisas. Vim pois tinha passado no curso de administração na universidade federal do Ceará e também por que amo Fortaleza e um segundo motivo: aqui tem uma escola de arte e fotografia onde eu queria muito estudar por que eu AMO fotografia. Com muito esforço e dedicação, conclui a faculdade e um tempo depois fiz o curso e comecei a trabalhar com fotografia nas horas vagas. Depois, consegui montar um estúdio de fotografia e meu negocio começou a render a ponto de eu ter conseguido expandir meu estúdio. Hoje, tenho três estúdios fotográficos e trabalhamos com totalmente tudo que envolva arte e principalmente fotos. Trabalho com algo que gosto e vivo bem.
Cheguei no trabalho e cumprimentei a todos. Tinha muita coisa pra fazer. Fotos para editar, catálogos para fazer, álbuns para produzir. Ainda bem que a equipe era grande. O dia seguiu e quando olhei no relógio já eram 18h15min. Poucas pessoas restavam na agência. Revisei alguns documentos e pedidos que haviam sido feitos no dia e encerrei. Fechei o estúdio e fui embora. Queria relaxar. Estava estressado e tenso.
Sexo. Queria sexo. Talvez o idiota do Tadeu estivesse certo. Só estava precisando de uma trepada.
Paulo tinha mandado algumas mensagens mais cedo, mas eu estava sem tempo. Decidi fazer uma surpresa. Dirigi alguns minutos até a casa dele, e como tinha a chave decidi ficar esperando por ele na cama, lá, lindo e pelado. Não fosse minha surpresa, escutei a porta da sala abrir e ouvi passos apressados e descompassados. Comecei a me masturbar ali. Tava com muito tesão. Os passos foram se aproximando, ele estava vindo para o quarto. De repente duas pessoas entraram. Estavam agarradas e quase peladas se beijando. Fiquei ali parado que nem uma estatua vendo o filho da puta beijando uma mulher. Ao me verem eles se assustaram, ela deu um grito.
- MEU DEUS QUE MERDA É ESSA, VOCÊ NÃO ME FALOU QUE SERIA A TRÊS!
Então, me dei conta. Estava lá pelado. Ela saiu brava xingando ele. E ele ficou lá, me olhando com cara de quem com certeza diria “não é o que você está pensando!”
Suspirei.
- AAAH VAI TOMAR NO CU SEU FILHO DA PUTA!
Me levantei e me vesti rápido.
-a-amor... não é isso que você está pensando!
- vai se foder Paulo...aah, aliás, não vai mais né. Eu estraguei sua festinha secreta? Seu babaca!
- não Jonatan, por favor...eu só...
- olha para. Não me procura tá.
Sai e deixei ele lá. Não me senti quebrado como já aconteceu inúmeras vezes. Não gostava mesmo dele. Mas porra, isso sempre acontecia comigo.
- eu nasci pra ser corno, só pode! – disse pra mim mesmo enquanto dirigia meu carro para casa.
Não bastasse isso, ao chegar ao meu lar doce lar, lá estava Tadeu e uma rapariga qualquer quase transando no sofá.
- aah vai pra puta que pariu, vão transar na casa do caralho. Sai da minha casa! – disse gritando para a garota.
- que isso Jota... não precisa falar assim! – respondeu ele.
- desculpa eu já tô indo! – disse a moça se vestindo e saindo do apartamento
- você tá louco cara, por que agiu assim? Precisava daquilo?
- vai para casa do caralho você também seu folgado de merda. Tá achando ruim? Vai atrás dela, aproveita e arruma outro lugar pra morar!
- por que tá falando assim? O que eu te fiz?
- cala a boca. Sempre é a mesma merda. Tudo sempre é a mesma coisa. Todo mundo faz a mesma coisa comigo.
Você é sempre igual e sempre faz as mesma coisas e mesmo eu brigando e falando mil vezes pra você não fazer isso, não fazer aquilo, você não está nem ai... tudo sempre é igual... eu acho que vai mudar mas nada nunca muda!
- o que aconteceu Jonatan?
Quando dei por mim, estava chorando rios de lágrimas. De alguma forma, mais uma traição despertou muitas lembranças amargas. A história sempre se repetia.
- o desgraçado do Paulo. Peguei ele me traindo.
- aquele filho da...
Ele foi interrompido quando meu celular tocou. Enxuguei as lagrimas. Era minha mãe.
- não vai atender? – perguntou ele.
Depois de uns segundos resolvi atender.
- oi filho.
- o que você quer?
- é que... eu queria que você...é...
- é... é...? é o que?
- é que quero saber se você não quer vir passar o final de ano com a gente. Natal e ano novo. É um convite filho.
Fiquei mudo por alguns segundos.
- alô? Filho? Tá ai?
- oi. Tô sim.
- e então?
- não sei. Acho que não.
- mas filho... é que...
Enquanto ela falava eu escutava. Lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos novamente.
- tudo bem. Eu vou! – Tadeu não tirava os olhos de mim. Parecia preocupado.
- ...e também, precisamos conversar! – disse ela
- eu já disse. Eu vou. Posso desligar?
- tudo bem filho. Fica com deus. Mas antes, tem uma pessoa que quer muito falar com você...
Antes que ela terminasse de falar, uma voz masculina bem conhecida assumiu a linha.
- olá irmãozinho... e aí, tudo bem? Já casou? Está muito feliz? Do jeito que você tem sorte com o amor hein – ele deu risada – tô com saudade. Ei tu lembra do Anderson?
Eu fiquei mudo. Gelado. Com raiva. Maldito. 10 anos não haviam apagado o mal que ele me fez.
- sabia – continuou ele – que ele está de...
- eu estou muito bem casado. Meu noivo vai comigo. Sabe, ele me faz muito feliz.
Ele se calou por alguns segundos.
- nossa, então quer dizer que conseguiu acertar dessa vez? - deu risada
- acertei muito bem acertado. Obrigado pela preocupação
- acho que ele vai gostar da surpresa, já falou que tem um irmão...
- já falei e ele sabe muito bem que tipo de pessoa você é. Eu só vou voltar para Esmeralda por que é necessário.
- aah falou de mim pra ele? Que bom. Acho que ele vai gostar do cunhadinho aqui. Muitos outros ex-namorados seu gostaram né?! – sua voz era sarcástica ao extremo.
- eu vou desligar. Tchau.
Mas antes que eu pudesse desligar ele ainda disse uma coisa.
- esse final de ano vai ser melhor do que o ultimo. Se prepara irmãozinho. - e antes que eu desligasse, escutei a maldita risadinha.
- droga! – suspirei e desmoronei no sofá, com a cabeça entre as mãos!
- o que houve? – perguntou Tadeu - algo sério na família?
Até tinha esquecido que ele estava ali. Todos aqueles problemas que haviam surgido do inferno tão de repente estavam me consumindo.
Fiquei alguns minutos em silencio e ele me observando.
- É ISSO! - Disse. Uma ideia havia relampejado na minha mente.
- E que história é essa de casamento e noivo? Você acabou de dizer que o imbecil do Paulo te chifrou.
Olhei pra ele sério.
- você é o meu noivo. E vai conhecer a minha família!
-O QUÊ?