Olá "conteiros". Vamos caminhar para o desenvolvimento desse universo. Após algumas inspirações a violência foi incorporada a nível de overdose Hahahaha. Mas lembrem-se, Prega pode ser traiçoeira.
Capítulo 8 - O lado ruim… ou não.
“Consegue perceber o quão prazerosa a violência é para o ser humano? Vamos, se esforce um pouco, relembre das sensações desencadeadas pela experiência. Somos atraídos por essa sinfonia de prazeres, nosso coração dispara, os músculos enrijecem e um coquetel hormonal circula pelos nossos vasos. Não tente fingir que não, não podemos negar a nossa própria natureza.
Não importa qual lado você defende, sobre qual ideologia você reproduz… nós matamos, e temos o prazer em tal ato. Isso nos faz sentir grandes, imponentes, mais fortes do que realmente somos e acima de tudo, mais poderosos. Se a violência leva ao poder ou o poder possibilita a violência, disso eu não sei… talvez eu não queria saber.
Neste momento o sangue quente de Miguel escorrendo entre os meus dedos alimentam o prazer pela vingança.
O sol ainda não havia desaparecido, faixas amarelas e alaranjadas de luz ainda se espalham pelas ruas, o vento quente de nada adianta para amenizar o calor. Por mais que a lufadas de ar sejam fortes em certos momentos as gotas de suor persistem em escorrer pelo peito e costas de quem se aventure á aquele dia de sol.
A fina poeira, quase imperceptível, suspensa no ar e quando em contato com a boca provoca um gosto de infância… estranho não é? Mas é a pura verdade. Mesmo neste dia de calor infernal algumas crianças ainda se aventuravam em correr e saltitar pelas ruas ensolaradas, enquanto os adultos e velhos que não estavam ocupado com seus trabalhos se recolhiam a uma boa sombra.
-Tho… Thommas… por favor - a voz quase inaudível de Miguel interrompe o pequeno momento de paz que minha mente encontra.
Talvez ele tentasse apelar para a minha bondade e quem sabe evitar a sua provável sentença de morte, mas o som da sua voz me causava repulsa e desencadeou um turbilhão de riva.
-Eu não queri… - mais uma vez o homem tenta me acalmar porém eu aperto mais os dedos diminuindo ainda mais as suas chances de respirar.
Miguel começa a se debater com o pouco de força que lhe restou após ser espancado, suas mãos tentam afastar os meus dedos de sua garganta.
-Pare, agora. - Madame Sara grita do alto da escada em um brado potente e autoritário. - você não tem o direito de tirar a vida desse homem.
Nesse momento os meus dedos afrouxaram o aperto, não pela ordem de Sara mas pelo choque em saber que ela, por um momento, pensou em deixar aquele homem viver.
-Ele matou Elias… - a pausa veio afim de evitar as lágrimas, virando meu rosto para Miguel meus dedos começam a se contrair novamente -Por acaso ele teve o direito de decidir?
O homem começa a tentar pedir por misericórdia com pequenos grunhidos enquanto suas lágrimas insistiam em cair sobre seu rosto. Porque ele deveria ter uma chance de viver ou um segundo para se arrepender se para Elias não foi ofertado a mesma misericórdia.
-Como autoridade máxima desta vila eu ordeno que você solte este homem agora. - disse Sara com um tom de voz diminuto, teatral e prejudicado pela angústia de saber da morte do amigo.
Talvez eu devesse ter considerado em revelar aquela informação com um pouco mais de calma e consideração. Elias não era importante apenas para mim, na verdade em comparação com os outros habitantes eu nem era o mais próximo.
Despertando daquele frenesi agora percebo o quão machucado o rosto de Miguel se encontrava, além de uma coloração arroxeada ao redor do lábios e olhos arregalados. Quando solto e deixo cair no chão, o homem se prostra e começa a tossir insistentemente, e em pequenos intervalos ele inspira de maneira desesperada como se sentisse saudades do oxigênio.
Me viro para ver a Madame que ainda jazia em pé nas escadas com os olhos lacrimejados. Diferente do que eu pensava ela se encontrava imponente, equilibrada e decidida. Mesmo sendo tão dramática e agindo de forma tão teatral no decorrer dos seus dias, aquela mulher sempre demonstrava força no piores momentos.
O homem no chão mal se aguentava para realizar um movimento que não fosse respirar, e mesmo assim praguejava em sussuros. Seu nariz ainda deixava escorrer uma insistente faixa de sangue que dificultava a respiração nasal, forçando-o a respirar pela boca. Mesmo com o meu despertar do mar de fúria ao qual eu me encontrava imerso a minha raiva pelas ações do homem ainda não havia desaparecido.
Com um movimento rápido e desajeitado Miguel tenta correr para fora da caa central em direção a rua. Neste momento eu o impeço segurando com uma seus cabelos com uma mão e com outra o seu braço atrás das costas.
-Você não vai escapar meu rapaz - disse Sara, me deixando surpreso - Não pense que eu acho coincidência você estar aqui.
Enquanto discorre o seu monólogo,, Sara desliza sobre os degraus e para em frente ao homem. Sua fala transpassa firmeza e ausência de medo.
-Porque esta aqui? - disse a Madame enquanto se firmava.
O homem nada disse, mas não por cansaço. Sua respiração havia voltado ao normal e a cada minuto o fluxo de sangue do seu nariz diminuia.
-Pois bem… César, traga-o para cima. - o comando de Sara ecoava firme, sem que deixasse dúvidas - Não desejo que ninguém mais escute.
-Acha mesmo que vai conseguir algo com isso, sua vadi… - Miguel neste momento foi interrompido por um tapa.
Aquele não foi um simples tapa, a força com que encontrara o rosto do homem fez com que o som fosse testemunha da intensidade. O rosto de Miguel se moveu e seus olhos se fecharam por reflexo.
-Vou cortar as suas mãos, velha estúp… - mais uma vez sua fala foi interrompida pelo tampa desferido em sentido oposto ao do primeiro.
-Diga apenas o necessário, posso fazer isso a noite inteira. - disse Sara encarando Miguel diretamente nos olhos.
Para a minha surpresa mais um tapa foi direcionado ao rosto do homem, movimento que me deixou surpreso. Violência gratuita não fazia o estilo comum da Madame, porém aquela situação fugia do comum.
-Eu não disse nada - reclamou o homem indignado com a dor que sentia em seu rosto.
-Então eu me enganei, desculpe. - respondeu Sara enquanto subia as escadas esperando ser acompanha.
Talvez seja apenas impressão mas aquilo soou engraçado, quem sabe.
O dia começava a ceder, os raios de sol se tornar escassos e aos poucos o calor ia se dissipando. Algumas casas se se antecipavam e acendiam as suas velas. a algazarra das crianças iam diminuindo aos poucos os adultos agora saiam de suas cadeiras em direção as ruas.
Os risos externos pareciam soar como ironia em contraste com os acontecimentos aos quais tínhamos ciência. Apenas como o movimento de um dedo Sara indica a cadeira onde Miguel deveria ser jogado, localizada no meio da sala do andar superior, no mesmo cômodo que dava para a varanda.
-Deveria ter enfiado o meu pau em você, antes de ser interrompido por essa velha. - disse o homem com um tom desafiador olhando diretamente para mim. -Você teria me chupado como uma boa vadia…
Miguel foi interrompido mais uma vez, só que por mim, um chute certeiro em seu estômago que o fez perder o fôlego.
-Já chega, - ordenou Sara. - Vamos fazer assim, eu pergunto e você responde o necessário, se fugir do assunto… bom, você não vai querer descobrir.
Aquelas palavras saíram mesmo da boca da Madame? O seu tom não deixava dúvidas da sua seriedade. Talvez estava interpretando uma personagem cruel. Não tinha como sabe, na verdade eu mal me lembrava qual era a sua verdadeira personalidade, se é que existia um só.
-Deixa eu adivinhar, você vai me matar? - desafiou.
-Qual o seu propósito aqui? - perguntou Sara, ainda com a arma apontada para o homem.
Sem responder, Miguel direciona seu olhar para mim enquanto desliza a sua mão até seu órgão, massageando por cima da calça com lentidão.
Rapidamente direciono meu olhar para outro foco, deixando transparecer incômodo.
Como um fantasma Sara rapidamente cruza a sala e se põe diante do homem, apontando a Colt para o centro de sua testa enquanto desfere um tapa certeiro.
-Me responda, qual o seu propósito aqui? - insistiu Sara.
O movimento da Madame foi tão silencioso e rápido que mal tive tempo expressar a minha felicidade pelos tapas que Miguel levava.
-Tem certeza que Thommas é seu filho? - questionou o homem agora encarando Sara. -Você é tão estranha e feia, e ele é tão meigo e gostoso. - completou o homem direcionando seu olhar novamente para mim.
Mais um golpe e Miguel ainda sentia o desconforto pelos tapas.
-Existem diversar maneira de se extrair a verdade de alguém, Sr. Miguel, - Sara se deslocava agora em direção a mesa principal da sala.
- Quem sabe o pequeno César pudesse me fazer falar, - agora o homem se levantava com lentidão em minha direção, não de forma violenta.
Sara estava observando a cena, porém nada disse. Os movimentos de Miguel eram esguios e sensuais. Senti um arrepio percorrer meu corpo. Porque ela não fazia nada?
O homem retirou sua camisa com um agilidade impecável revelando um peitoral definido com traços de sangue.
-Não se cansa de apanhar? - perguntei com voz sibilante, -Sente-se, agora.
O homem parecia não ouvir. Meu coração estava em disparada e minha respiração pouco acelerada. O ambiente apesar de bem iluminado apresentava uma coloração pouco avermelhada, talvez o resultado da decoração antiga misturada a iluminação.
-Venha César, eu sei que você deseja… você pode até me fuder, eu deixo, - completou o homem antes de dar um impulso com o restante de sua forças para cima de mim.
Meu corpo congelou quando eu o vi se aproximando. Miguel não tinha forças para um combate corpo a corpo e não estava armado, então porque estava tentando se aproximar?
Senti quando seus lábios encostaram no canto da minha boca, após tentar desviar. Seu corpo agora estava colado ao meu, sentia o calor emanando de seu tronco descoberto. Seu membro rígido encostava de forma insistente e com pequenos movimento em minha perna. Suas mãos se dividiam em duas tarefas, um acariciava meu membro e a outra explorava os meus glúteos.
-Vamos lá, eu sei que você quer, - sussurrava o homem face a face comigo.
Com um empurrão violente eu distancio Miguel. A investida de um soco faz o homem cambalear para mais perto da cadeira onde se encontrava antes. Agora desorientado a iniciativa de sentar foi tomada pelo próprio homem.
-Esse desgraçado é um louco, sangue frio e imprevisível, - disse enquanto contornava o homem sentado. -Mate-o, e ainda assim seria misericórdia.
-Que ideia original, como consegui pensar em uma opção tão complicada?, - praguejou Miguel em voz baixa.
Era a instabilidade em pessoa, em momentos seus olhos aparentavam ternura e afeto e em outros seus lábios proferem palavrões e provocações.
Durante toda aquela cena Sara apenas observara mas não com medo, com curiosidade. Vejo agora que na mão oposta a da arma ela portava uma pequena faca. E quando eu digo faca acho até um exagero. Estava mais para um abridor de cartas, na verdade nem isso. Sua lâmina era menor em tamanho comparado a um dedo mindinho. O cabo possuia uma base dilatada e estava entalhado com alguma escrita que não consegui visualizar.
-Toda vez que eu faço uma pergunta você não responde, - disse Sara encarando o homem enquanto caminha lentamente ao seu encontro. -Além disso, volta a sua atenção para o Thommas.
O sorriso da Madame se abria discretamente enquanto se aproxima. Com a felicidade de decifrar um enigma com rapidez.
-Ele te usa como distração, - continuava a falar enquanto olhava para mim, -O que você está escondendo? - questionou em direção ao homem.
Dava para ver que a tensão havia atingido o corpo de Miguel. Ele não estava mais resmungando, sorrindo ou tentando me seduzir. Seus olhos estavam focados na Madame a sua frente.
-Segure os braços dele para trás, ele não tem muitas forças… não vai demorar muito, - ordenou Sara.
Realmente o homem estava esgotado. O ultimo soco pareceu deixá-lo ainda mais indisposto. Me posicionei atrás do homem e imobilizei seus braços para trás, senti a relutância de seus músculos e por um momento achei que o mesmo estava tremendo.
-Qual o seu propósito aqui?
-Fazer o seu filho feliz, ele parece tão mal comido e…
Dessa vez o que interrompeu a fala de Miguel não foi um mero tapa. Sara havia cravado a pequena lâmina na perna do homem e o resultado foi um alto grito de dor. Os músculos de seus braço se contraiam em busca de uma saída com a pouca força que lhe restava. Antes mesmo que o barulho chamasse a atenção a Madame desferiu um tapa em seu rosto.
-Desculpe pelo tapa, virou um hábito, - Sara provocou enquanto recuava alguns passos.
Meu rosto transmitia um semblante de espanto e temor pela cena a minha frente. Por mais que aquele momento não fosse o primeiro que revelasse sangue naquele dia infeliz, as gotas que se chocavam com o chão começavam a me dar náuseas.
-Não subestime esta pequena faca. Sua lâmina é pequena para não danificar artérias profunda mas é grande o suficiente para causar uma dor imensa. - discursava Sara com uma postura irreverente.
Por cima do ombro de Miguel eu consegui visualizar a escrita no cabo da pequena faca: ‘TRUE’. Aquele fato me dizia mais sobre a Madame do que eu pensava saber.
Ela sabia exatamente o que estava fazendo e com uma tranquilidade assustadora, o que desencadeou mais perguntas dentro de mim.
-Existe uma infinidade de locais onde eu posso introduzir essa lâmina Sr. Miguel, não me subestime.
-Eu tenho ideias interessantes de locais para se introduzir algo - respondeu o homem girando a cabeça e tentando me encontrar em seu campo de visão.
Sara agora se aproximou com uma leveza impressionante, pousou sua mão no cabo da faca e começou a girar lentamente. a atenção do homem foi deslocada do meu rosto, sua cabeça involuntariamente foi para trás enquanto seus gritos de dor se espalhava por todo o ambiente.
-Eu falo, eu falo, eu falo… - suplicava Miguel com a voz fraca de tanto gritar.
Mas a Madame não parou diante da rendição. Seus movimentos seguintes foram aterrorizante. Ela retirou a lâmina da perna do homem e em seguida cravou na perna oposta, girando a faca pelo cabo. O sangue pingava no chão e os gritos se intensificaram, porém cessavam com os fortes tapas que se seguiam. E assim decorreu o espantoso método da Madame. Ela revezava entre as duas pernas, sempre calando os gritos do homem com tapas, e quando necessário com mais de um.
Ela então retirou a pequena lâmina do último ferimento. Realmente, o sangue resultante dos ferimentos que caiam no chão não denunciava uma possível morte posterior. Mas a dor emanava do corpo de Miguel, era agonizante. Seus músculos agora tremiam de uma forma descontrolada, antes fizera força para soltar seus braços e agora não mais resistia.
Sara entregou a Colt, me fazendo soltar os braços do homem que caíram suspensos sem a menor resistência. A Madame segurou firme os cabelo de Miguel fazendo-o olhar para ela mesmo contra a sua vontade, aquele rosto havia se tornado um prelúdio para a dor.
Em um movimento rápido Sara avança com a lâmina em direção ao peito do homem, como se buscasse o seu coração. Ambos gritaram para que ele parasse.
Não foi necessário, um discreto barulho metálico irrompeu nossas vozes. A ponta afiada da lâmina havia encontrado o colar que o homem trazia no peito, aquele mesmo colar que eu havia visto na manhã daquele dia… antes de tudo aquilo.
-Qual o seu propósito aqui? - questionou a Madame.
Ninguém em sã consciência ou até fora dela se atreveria a não respondê-la. Eu não reconhecia mais aquela mulher, não de uma maneira ruim apenas que eu nunca tinha visto a mesma tomar atitudes tão duras e sem hesitação.
De certa forma a tristeza e raiva que eu sentia pela terrível morte de Elias, por ter sido ameaçado e traído por aquele homem alimentava a minha vontade de ver Miguel morto. Mas aquela cena desafiava os meus limites. Nunca antes eu havia presenciado tanta barbaridade, tanto sangue e choro.
Esse mundo, Praga, não era piedoso e explorava o pior dos seres. Quem sabe Sara não foi uma dessas pessoas a quem a realidade esculpiu na imagem da sobrevivência. Fazer o necessário para proteger a sí e aos que amam. Não existia o certo ou errado, bem ou mal. A cada momento alguém deve morrer.
A voz da Madame aumentava em intensidade e crueldade cada vez que repetia a pergunta. Os tapas investidos no rosto do homem deixava-o gradativamente sem forças até que ecoaram duas palavras, quase inaudíveis mas o suficiente para que Sara interrompesse as agressões: eu falo.”