Já era quase quatro horas da tarde. E depois que eu e minha mãe reviramos o guarda roupa, enfim eu estava pronto. Estava com uma calça marrom, uma camisa de manga comprida azul, e um sapato da cor dourada. Eu estava com muito medo de estar estravagante. Ou passar a mensagem de que estava contente com a visita dele.
Eu estava terminando de arrumar meu cabelo. Meus pais haviam saído, minha mãe achou melhor deixarmos nos sozinhos, e meu pai já não gosta tanto de Pablo. Meu pai criou uma certa barreira entre ele e Pablo, os dois só se falavam por causa dos poucos negócios que os dois tinham juntos.
Ouço alguem bater na porta e meu coração dispara. Eu estava tão distraído me arrumando que nem vi que havia começado a chover e chovia muito forte.
Desci pra abrir a porta e lá estava ele. Pablo estava encharcado por causa da chuva.
— Meu deus Pablo! — Falei o puxando pra dentro de casa. — Você esta encharcado.
— Eu sei! — Ele falou rindo.
— E não ri, você pode pegar uma gripe.
— Nada.
— A cale a boca, eu vou pegar alguma coisa pra você vestir.
Por sorte Pablo usava o mesmo tamanho de roupa que eu. Fui até o quarto e voltei com as roupas.
— Aqui!
Ele começou a se despir na minha frente mesmo.
— O que está fazendo? — Perguntei surpreso.
— Eu estou me trocando.
— Mas no meio da sala? No fim do corredor tem um banheiro.
— Ah, não seja bobo, você esta com vergonha por que eu estou me trocando na sua frente?
— Não tenho problema nenhum com isso.
— Ótimo.
Ele tirou toda a roupa ficando só de cueca. Que visão, seu corpo malhado. Que homem perfeito eu pensei, foi difícil não agarrar ele ali mesmo.
Ele percebeu que eu não conseguia tirar os olhos do corpo dele e sorriu.
— Gosta do que vê? — Perguntou ele com uma voz sedutora.
— Na verdade não gosto. Agora se veste logo!
Ele se vestiu e sentou no sofá e eu sentei do lado dele.
— Então,o que você quer?
— Me desculpar!
— Pelo que? — Eu fiquei surpreso.
— Por uma coisa que eu fiz a um ano atrás, não tem um dia que eu não me arrependa, quero me desculpar pela forma que eu te tratei na minha casa, eu não queria falar nada daquilo, mas eu não conseguia achar uma forma de não machucar você. — Ele colocou as mãos na cabeça. — Eu sabia se você soubesse que eu não te amava, de alguma forma você ia me deixar, e superar. Mas eu não esperava que você fosse embora. — Eu me levantei confuso.
— Você está me dizendo que tudo que você falou é mentira?
— Exatamente isso, eu menti quando disse que não te amava, eu nunca contei uma mentira. E eu nunca pensei que você fosse acreditar em mim. — Eu estava atordoado. — Vítor, eu nunca deixei de amar você, mas eu tinha que manter você seguro, eu tinha que te proteger, mesmo que isso fosse te destruir.
— Você acabou comigo naquele dia, você tem noção? Eu fui embora, deixei meus pais, todo mundo.
— Eu sinto muito.
— O que você acha que esta fazendo brincando comigo dessa forma? Eu teria lutado por você, eu não pedi pra você me proteger. Eu teria ficado e lutado contra todos.
— Vítor olha fique calmo….
— Calmo é o caralho se você quer saber, você não sabe o quanto eu sofri com cada palavra sua!
— Me perdoa por favor!
— Eu quero que você saia da minha casa agora! — Eu fechei meus olhos não queria chorar eu não podia chorar!
— É o que você quer?
— Sim, é o que eu quero. — Ele veio e me pegou nos braços e me beijou. Eu correspondi o beijo dele colocando os braços por volta do seu pescoço. E então ele se afastou.
— Você diz que não quer, mas seu corpo fala outra coisa! — Eu lhe dei uma bofetada.
— Vai embora, agora eu te digo pra você nunca mais me procurar! — E ele se foi!
Não era exatamente oque eu queria que ele fizesse, não era minha intenção bater no rosto dele, eu perdi a cabeça!
Não pude segurar o choro, eu cai no sofá. Eu estava errado eu devia ter o perdoado, eu era um idiota no fim.
Abri a porta e sai na chuva com a esperança dele ainda estar lá fora. Mas foi em vão, ele tinha acabado de chegar na esquina.
— Pablo! — Eu gritei em vão. Cai no meio fio chorando. Tudo tinha sido em vão, ir embora por causa de uma mentira de Pablo só porque ele queria me proteger.
— Vítor? Meu Deus o que aconteceu? — Alguém estava falando comigo. Mas eu não ligava para a voz, eu nem queria saber quem era, eu só queria sumir outra vez. Eu ergui a cabeça e vi Robert. Logo toda a minha dor tinha ganhado um imunidade, logo toda a minha preocupação havia se desolvido quando olhei para seu rosto. Mas eu não parei de chorar. Eu me levantei e o abracei!
— Me ajuda. — Eu implorei!
Robert me levou para dentro de casa.
— Por que raios você estava lá fora nessa chuva? — Robert estava me repreendendo.
— Eu estava lá por que… — Eu não conseguia falar, estava tremendo de frio. — Eu preciso trocar de roupa.
— Tudo bem!
Subi até meu quarto e ele me acompanhou!
— Será que pode me esperar aqui enquanto eu tomo banho?
— Sim, claro.
Eu fui pro banheiro, quanto fechei a porta eu pude enfim chorar em paz. Eu me olhei no espelho meus olhos estavam vermelhos já. Fui para o box e tomei o banho que lavou minha alma. Fiquei lá até a água quente acabar, vesti meu roupão e sai.
Me deparo com Robert deitado na minha cama, ele estava com os olhos fechados. Devo ter demorado muito tempo no banho. Me troquei e desci.
Eu tinha que arrumar a casa pra festa de hoje a noite. Então ou eu ficava me lamentando, ou eu achava algo pra me manter ocupado, e a primeira opção parecia horrível de ser escolhida agora.
Quando terminei de arrumar tudo, a chuva já tinha passado. Então subi para acordar Robert!
— Eii belo adormecido hora de acordar. — Ele levantou assustado!
— Me desculpe eu devo ter pegado no sono! — Eu ria da cara de espanto que ele fez!
— Não se preocupe!
— Que horas são?
— Hmm. — Peguei o celular. — 18h33!
Ele me olhou espantado.
— Mas já? Eu tenho que ir Vítor!
— Mas você vai vir não é? Pra festa!
— Claro, talvez eu chegue um pouco tarde mas eu venho. Será que posso trazer um amigo meu?
Eu não sei por que fiquei com ciúmes!
— Seu amigo ou namorado? Você sabe que se ele for seu namorado você…
— Não, não ele vai se casar, é só um amigo mesmo.
— Claro, pode trazer. Eu vou adorar conhecê-lo!
Ele me abraçou e saiu. Eu fiquei feliz por ele estar ali. Seu perfume pairava no ar. Eu me deitei na cama e seu cheiro ficou no meu lençol.
°°°
Eu só acordei aquela noite por que minha mãe quase derrubou a porta do meu quarto eu tenho um sono pesado.
— Pega isso,coloca ali, não Vítor ali. Acho que aqui é melhor. Não lá é melhor!
— Mãe chega! — Eu estava segurando um vaso de rosas que minha mãe comprou. Coloquei na sala na mesa de vidro!
— Isso, ficou perfeito! — Eu revirei os olhos.
Se eu não tivesse ajudado minha mãe ela teria colocado balões de festas em toda a casa. Mas as luzes ela pelo menos acertou. A mesa impecávelmente arrumada e a geladeira não tinha nada além de cerveja!
— Seus amigos chegaram! — Falou minha mãe. Eu corri pra sala.
— Marta! — Eu quase derrubei ela.
— Feliz natal meu viado mais adorável!
— Ei. — Eu dei um tapinha nela.
Edy também estava lá!
— Edy! — Eu o abracei ele me ergueu no colo. Éramos muito amigos mesmo ele tendo roubado minha melhor amiga.
— Sua piranha ou você solta meu namorado ou eu vou te levar lá fora e te surar! — Falou Marta brincando.
— Tá vaca! — Era assim que nos tratamos quando estamos felizes.
— Karol seja bem vinda! — Eu também a abraçei.
— Feliz natal,é até legal seu cafofo.
— Obrigado peranha!
— Que? — Ela ficou seria.
— Desculpa.
— Kkkkkkkkk tô brincando seu gay.
Nós rimos mas a pessoa que eu esperava ainda não tinha chegado.Robert.
— Ei está esperando alguém? — Perguntou Marta.
— Sim o Robert!
— Então você e ele.
— Amigos! — Falei.
— Mas de qualquer forma ele é um bom rapaz!
— Esta falando igual a minha mãe! — Ela fez uma careta!
— Ei amor por que você não vai ali comigo! — Falou Edy abraçando Marta pot trás. Ela deu um beijo de língua nele.
— Ai acho que vou vomitar! — Eu deixei os dois ,eles riram.
Estavam todos lá, meus tios distantes, meus primos e Brenda minha prima. Eu a odeio.
— Vítor! — Gritou ela.
— Oi Brenda.
— Você mudou está tão lindo pena que é viado! — Ela me olhou de cima a baixo.
— É.
— Essa festa está muito brega sabe lá na Alemanha fazemos festas incríveis!
— É então por que não ficou por lá mesmo querida? — Eu sai e deixei ela com cara de sonsa.
Eu cumprimentava todos com um sorriso educado mas na verdade queria meter uma panela na cara deles.
E então Robert chegou, ao ver ele meu sorriso foi de orelha a orelha. Fui até ele abrindo os braços!
— Robert! — Ele também me ergueu do chão.
— Você não pesa nada!
— Ha ha
— Vem eu vou apresentar meu amigo.
Ele me pegou pelo braço!
— Quero te apresentar o Vítor! — Quando eu vi quem era o amigo do Robert meu sorriso desapareceu na mesma hora.
CONTINUA...