Já havia se passado varios dias, não havia acontecido nada. E era véspera de ano novo.
Como sempre minha família como uma tradição estranha, faz uma festa de ano novo, eu não estava nem um pouco feliz, Robert não estava na cidade, ele foi para casa dos pais dele, nossa situação não é uma das melhores depois dele dizer que vai embora. Marta ia passar o ano novo com os pais do Edy, Carlos e Beto não iriam aparecer, e Pablo chegaria aqui em poucos minutos.
— Seja bem vindo Pablo. — Falou minha mãe atendendo a porta. Bom, ele chegou.
— Olá tia.
Eu desci os degraus da escada, desanimado.
— Eai Vitor! — Eu sorri pra ele, mas aquele sorriso era forçado.
— Oi!
— Trouxemos esse champanhe para vocês!
— Me dá aqui! — Peguei da mão de Pablo e abri. — Uuuh Ano novo. — Eu brinquei e virei a garrafa.
— Você sabe que não devia beber assim! — Eu olhei pra cara dele.
— Cala a boca! — E sai da sala.
Não acreditava que em poucas horas o ano acabaria, Pablo e sua noiva na sala, mamãe e papai também. E eu trancado no quarto. Odiando todas as pessoas daquela sala, claro tirando meus pais.
Eu liguei varias vezes pra Marta, e mandei muitas mensagens para Robert, eu estava mantendo contato com eles, mesmo longe.
— Posso entrar? — Pablo estava na porta do meu quarto.
— Claro que não! — Ele entrou do mesmo jeito. Se sentou na cama comigo. Olhei pra ele, estava mudado, parecia cansado agora, as olheiras fundas, a barba para fazer, o cabelo desarrumado. Mas mesmo assim ele continuava lindo, mais másculo.
— O que foi com você em? Antes era tão preocupado com a aparência!
— Digamos que não tenho motivos mais pra isso.
— Ah! — Eu passei a mão pelo seu cabelo, era tão bom sentir ele, seu rosto estava quente.
Eu encostei minha cabeça no ombro dele. Não sabia como reagir perto dele, um erro. Eu sou trouxa, e isso nunca vai mudar.
— O que aconteceu com nós? — Eu perguntei pra mim mesmo mas sei que ele escutou.
— Nos perdemos, mas a culpa foi minha, eu não devia ter desistido de nós dois! — Sua voz caiu dramaticamente.
— Não se preocupe com isso mais. — Eu me levantei e ele também. — Vai, Katarina deve estar sentido sua falta! — Ele me colocou contra a parede e passou a mão pelo meu rosto.
— Eu sinto sua falta Vítor, falta do seu cheiro. — Ele cheirou meu pescoço. — Falta da sua pele. — Sua mão foi deslizando pelo meu braço. — Falta dos seus lábios. — Ele me beijou. Eu não reagi apenas fiquei parado.
Alguém bateu na porta mas Pablo não me soltou.
— Pablo a Katarina está te esperando na sala! — Pablo soltou um suspiro e disse algo muito baixo, mesmo estando colado em mim, não consegui escutar.
— Só um minuto tia, Vítor está me mostrando uma música! — Eu ri silênciosamente.
— Ok queridos, não demorem.
Pablo voltou a me beijar, mas agora foi correspondido por mim, ele segurava minha cabeça com a mão. Fomos parar na cama.
°°°
— Você ainda é o mesmo fogoso de sempre! — Falou Pablo amarrando o sapato e rindo.
Eu olhei pra ele, eu estava só com o lençol cobrindo minha nudez.
— E você ainda não me esqueceu! — Ele olhou para dentro dos meus olhos.
— Não posso te esquecer! — Ele me deu um leve beijo e saiu do quarto.
Eu cai na cama imaginando o que tínhamos acabado de fazer, era incrível o quanto ele me deixava louco. Eu tive que tomar um banho, porque eu estava suado e todo melado.
Ao sair do banheiro me deparo com a seguinte cena: Katarina com seu longo vestido roxo, de pernas cruzadas, sentada na minha cama. Hoje seus cabelos estavam ondulados, os cachos loiros deixaram ela mais nova. A única joia que ele usava era uma longa gargantilha com um pingente de cobra, os olhos da cobra eram vermelhos vivos, rubis.
— Você não cansa de ser tão extravagante não? — Fingi nem ligar pra ela ali.
— E você não cansa de ser tão viado? — Eu olhei para ele e dei um sorriso cínico.
— Ora ora, vejo que esqueceu os bons modos!
— Assim como você perdeu a sua vergonha!
— Do que esta falando?
— Eu sei que você estava se esfregando com Pablo aqui, você geme feito uma puta!
Minha cara caiu, mas eu mantive a postura.
— Veio aqui me ofender?
— Não, vim pra te alertar! — Eu esperava oque aquela cobra tinha para me dizer. — Você é bonito, é gentil, educado, eu sei que pode arrumar qualquer outro homem, quero que você deixe de ver Pablo.
Ela se levantou, por um momento eu fiquei com medo.
— Olha onde Pablo veio se colocar, em uma favela, mal gosto o dele, sua família finge mas não tem educação nenhuma!
— Eu não vou admitir que você fale dos meus pais! — Ela apenas ria debochadamente. — Se esta incomodada, a porta da rua e serventia da casa querida!
Ela se dirigiu a porta, mas antes ela parou.
— Escute oque eu digo garotinho, não sou sua inimiga mas se eu me tornar você ira se arrepender, então deixa Pablo e seja feliz, ou continue com ele e sofra. — Ela saiu. Um frio invadiu meu corpo. Odeio ela do fundo da minha alma.
Eu me troquei e desci sorridente, ela não ia acabar com minha noite, na verdade eu vou acabar com a noite dela.
— Boa noite queridos! — Eu me sentei perto de Pablo mesmo havendo espaço em outro sofá!
— Nossa filho assim você vai sufocar seu primo.
— A mamãe eu estava com saudade dele! — Eu abracei Pablo. A reação de Katarina não foi a melhor. Eu sorri. — Que pulseira linda! — Eu vi uma pulseira no braço de Pablo, deslizei a mão em seu braço e ele se arrepiou todo.
— Querida Katarina, quer me ajudar na cozinha? — Perguntou minha mãe a Katarina.
— Eu? Eu n... — Minha mãe puxou Katarina da sala.
— Vamos querida, vamos!
Quando ficamos a sós, Pablo me abraçou, eu me levantei.
— O que aconteceu?
— Não toque em mim! — Eu cruzei os braços.
— Qual o seu problema? Até agora a pouco você estava se esfregando em mim.
— Por favor, você é muito tolo mesmo, só você não percebeu que eu estava provocando Katarina.
— A então era isso? — Ele se levantou. — Estava me usando como divertimento?
— Sim!
— Eu não acho! — Ele me agarrou e me beijou, sua língua invadiu minha boca, eu puxei seu cabelo. Estávamos loucos nós beijando na sala, se alguém nós pegar.
— Vítor. — Alguém falou atrás de mim. Ferrou. — O que vocês acham que estão fazendo?
— Calma pai, não faça escândalo.
Meu pai estava com uma expressão de choque e raiva. Ele nos empurrou para fora da casa.
— Vocês se pegando quando sua noiva estava em outro cômodo da casa Pablo, e você Vítor não tem vergonha na cara?
— Calma tio, não é culpa do Vítor, fui eu quem o agarrou! — Pablo não demonstrava nenhum ressentimento ele estava calmo.
— Não é só sua culpa, eu conheço o meu filho, ele deve ter dado motivos para isso!
Eu não acreditava que me pai, meu próprio pai iria me culpar por tudo.
— Eu não...
— Você fique quieto Vitor! — Ameaçou meu pai. — E você Pablo eu sugiro que fique longe do meu filho, você já faz muito mal a ele. — Pablo estava tenso eu podia perceber mas não disse nada. — Eu não quero mais isso aqui na minha casa, se você quer fazer viadagem faça lá fora respeite a minha casa! — Eu senti um desepero crescendo dentro de mim, meu pai estava me julgando?
Ele entrou para dentro, eu me sentei no banco que ficava na varanda. Estava perdido nos meus pensamentos, meu pai que sempre me apoio agora me julgava.
— Eu sinto muito Vitor! — Pablo se sentou perto de mim.
— Não se preocupe! — Mantive minha cabeça abaixada.
— Você está chorando não é? Eu te conheço muito bem!
Eu estava chorando mesmo nunca fui forte. Ele me abraçou não sei se foi a coisa certa. Encostei minha cabeça no ombro dele, chorei desesperadamente, mas do lado dele eu me sentia bem.
— Tudo vai ficar bem, você vai ver!
°°°
Já era 23:40 daqui vinte minutos o ano iria enfim acabar. Estávamos todos na sala.
— Então oque acharam do ano? — Foi minha mãe quem perguntou.
— Foi um ótimo ano!
— Que ótimo nada, foi um ano horrível.
— Não diga isso Roger.
— Papai tem razão.
— Posso falar com você filho?
— Claro pai. — Fomos para a cozinha.
— Eu preciso que me perdoe, eu não queria te magoar, só fiquei preocupado com aquele garoto te iludindo e você deixando.
— Não se preocupe com isso, o senhor só estava preocupado.
— Isso mesmo! — Ele beijou minha testa e saiu.
Quando eu entrei estavam todos rindo de alguma coisa.
— Estamos tão felizes. — Disse Katarina. — Nosso casamento está tão próximo. — Minha mãe olhou para mim cautelosa.
— Que bom querida.
— Sim senhora Taís, logo eu vou entrar pra família.
Meu sangue ferveu, eu estava com tanta raiva que virei toda a taça de vinho em Katarina que se levantou do sofá chocada.
— Você não vai se casar com Pablo. — Falei. — Nem que eu tenha que matar você Katarina, mas você não vai se casar com Pablo. — Sai pela porta e a bati. Sentia por ter acabado com a noite dos meus pais. Mas agora eu estava certo do que ia fazer, vou tranformar a vida dessa mulher em um inferno.