Disputa pelas bolas do jogador de futebol

Um conto erótico de Kherr
Categoria: Homossexual
Contém 10287 palavras
Data: 08/01/2018 16:28:31

Disputa pelas bolas do jogador de futebol

Era a quarta vez que o flagrava olhando para mim, embora estivéssemos distantes, em lados opostos do enorme terraço no topo do edifício. Toda vez que o surpreendia ele me devolvia um sorriso de quem tinha sido apanhado em pleno delito. Exceto nesta última quando, além do sorriso travesso, também ergueu um brinde à distância com a taça de vinho que tinha nas mãos. Um pouco tímido e, precavido com esse tipo de abordagem, retribuí cada uma das arremetidas dele com sorrisos que sentia estarem brotando da alma. Tinha me encantado com o tipão físico e aqueles olhos verdes cheios de perspectivas, quando ele apertou minha mão entre as dele ao recepcionar os dirigentes e jogadores do time na entrada do evento. Em cada um desses sorrisos eu pressentia a iminência de ser abordado. Acho que ele estava esperando a melhor chance para ser o mais assertivo possível, fazendo isso da forma mais discreta e gratificante. Parecia-me que ele não estava disposto a ouvir uma desculpa qualquer e, muito menos um não taxativo. Aos meus olhos isso o tornava ainda mais encantador. Um homem que sabe preparar o terreno onde vai pisar para não ser surpreendido pela afobação. Tudo podia não passar de imaginação minha. Estava numa fase particularmente carente e já tinha cometido esse equívoco outras vezes, por isso, resolvi que era melhor não me aventurar. Se minha intuição estivesse certa, mais hora menos hora, ele chegaria a mim. Era só administrar essa ansiedade que se apoderara dos meus pensamentos. Ademais eu tinha outras coisas com que me preocupar naquele momento.

A ideia da minha empresa, onde eu tinha sido o mais jovem diretor a ser recentemente promovido, de patrocinar o time de futebol, tinha sido minha sugestão para lançar o nosso nome na mídia nacional, numa estratégia de marketing visando dar mais visibilidade aos nossos produtos. O evento era para celebrar essa parceria. Dele participavam a cúpula da minha empresa, os dirigentes e jogadores do time de futebol e, outros seletos convidados que se encarregariam de fazer o evento ser notícia de destaque em todas as mídias no dia seguinte. Precisei me valer de toda minha capacidade argumentativa para convencer o vice-presidente para a América Latina e um grupo de conselheiros da multinacional americana a embarcarem na minha sugestão. Torciam o nariz para o futebol brasileiro que pouco conheciam, e do qual só sabiam dos lances pouco favorecedores, como o recente escândalo de corrupção dos dirigentes da confederação, das trajetórias duvidosas dos jogadores que atuavam no exterior e, do simples fato de sua cultura não se identificar com o esporte. Embora meu interesse pelo futebol fosse nulo, quando não repulsivo, era o esporte pelo qual mais retorno obteríamos no curto prazo. Tudo se resumiria a contratos e dinheiro. Eventos como os de hoje seriam poucos e, para essas ocasiões, não custava fazer um esforço para digerir a presença dos diretores do time de futebol quase todos descendentes de imigrantes do Oriente Médio, acompanhados de suas opulentas esposas matronas, mais enfeitadas com penduricalhos espalhafatosos e vestidos cintilantes do que uma árvore de Natal; assim como a maioria daqueles jogadores oriundos das favelas e enriquecidos pelo esporte, cujo único talento se restringia a fazer alguns dribles e, reunir comparsas e prostitutas em festas nababescas onde imperava a imoralidade e o pagode.

- Tudo tem seu preço. - disse um dos conselheiros da multinacional, onde eu trabalhava, que veio dos Estados Unidos para o evento. Resumindo o sentimento que imperava com maior ou menor intensidade nos demais.

Para o evento haviam sido convidados cerca de quatrocentas pessoas que se acomodavam confortavelmente no terraço do vigésimo andar de um hotel. O restaurante do terraço com vista panorâmica servia de apoio para a recepção. Concebido com uma decoração sofisticada espalhada entre um jardim que ocupava toda a cobertura do edifício. E, o que estava ajudando a coroar a festa era o céu límpido onde fulguravam as estrelas entre uma lua cheia e, uma temperatura agradável gerada pela brisa que soprava leve naquelas alturas, amenizando o calor dentro dos ternos que nos víamos obrigados a usar.

Embora o Mario fosse o capitão do time e sua fama rodasse o mundo, a minha ignorância futebolística nunca atentou para sua performance. Ao contrário da maioria dos jogadores de futebol, suas origens estavam embasadas numa família de classe média formada por imigrantes italianos e espanhóis, as suas habilidades haviam sido lapidadas numa escolinha de futebol desde a infância em paralelo com os estudos regulares e, seu estilo de vida nada tinha de ostensivo e carnavalesco. O talento fizera dele um astro e um líder que se destacava entre os demais. Aquele homem, que estava me sendo apresentado hoje, pela primeira vez, no auge dos seus trinta e um anos, com um físico trabalhado por horas de treinamento e uma perspicácia que fugia ao comum, tinha todos os atributos com os quais eu sonhava. E, algo me dizia, que eu não lhe tinha passado despercebido.

Quase todos os jogadores estavam acompanhados. Alguns pelas respectivas esposas, loiras platinadas que estavam vivendo seu momento de glória; outros por alguma acompanhante recrutada às pressas em agências de modelos ou classificados de jornal que, pelo cachê polpudo, ainda fariam o metiê do final da noitada. Dentre os poucos desacompanhados estava o Mario. Acabaram formando um grupinho que circundava uma mesa num dos cantos do terraço onde a conversa acontecia em meio a risadas constantes.

Principal encarregado de ciceronear os convidados, eu circulava por todos os cantos. Ora entabulava uma conversa despretensiosa aqui, ora ria de uma piada contada por um grupo acolá e, ora ainda, dava instruções ao pessoal do hotel e atendia aos pedidos de entrevista de jornais, revistas especializadas e jornalistas televisivos. Longe de ser um divertimento, eu estava cumprindo uma extensa jornada extra de trabalho. Mas, a presença do Mario e seus olhares arrebatadores, estavam tornando esta tarefa mais interessante. Quase não senti as quatro horas passarem. Depois desse tempo, algumas pessoas começavam a se retirar. Passava um pouco da uma e meia da madrugada quando ele se aproximou.

- Dando duro até tarde! – exclamou, aproximando-se de mim enquanto eu instruía um de meus funcionários sobre a despedida dos convidados. Trazia duas taças de vinho branco nas mãos e me estendeu uma delas. – Um brinde! – emendou.

- Um brinde ao sucesso desta parceria! – respondi.

- Não é a essa parceria que eu quero brindar. – revidou, me encarando ao perceber que eu não tinha entendido suas intenções. – Quero brindar a você e, a uma parceria que envolva apenas nós dois. – acrescentou, fazendo com que eu quase me engasgasse durante o gole de vinho.

- Desculpe! Um brinde a você e a sua ousadia! – retruquei, num sorriso charmoso.

- As coisas belas e difíceis só que alcança com ousadia, não acha?

- Vejo que você é bom nas cantadas. Mas, não desperdice sua ousadia, não sou nem belo e nem difícil. – retorqui.

- Então você não deve ter espelho em casa, e desconhece sua capacidade de ignorar um pedinte insistente. Fez como se não visse meus sorrisos para você. – argumentou.

- Está sendo injusto comigo! Retribuí a cada um deles. – devolvi, sentindo que nossa conversa ia durar muito.

- Está bem, concordo! Talvez eu estivesse pensando numa retribuição mais calorosa. Não custa sonhar, não é? – o joguinho de sedução dele estava só começando.

- Estou trabalhando! Não posso ficar monopolizando a atenção de um único convidado. Vai contra o protocolo! Mesmo que eu estivesse a fim disso. – devolvi provocador.

- E, você queria? – perguntou, esperando a resposta com um olhar traquinas.

- Você acaba de me classificar como difícil, uma resposta direta iria derrubar esse conceito. – respondi, entrando no joguinho dele.

- Hummm! Acho que acabo de ter a resposta que esperava. Você acaba de me tornar um homem esperançoso e feliz! – retorquiu. Rimos terminando o vinho que estava em nossas taças.

Uma hora depois eu terminava de dar as últimas instruções à minha equipe para o encerramento do evento. A totalidade dos convidados já tinha ido embora, e só restavam alguns grupinhos de retardatários que se distraíam em conversas animadas esquecendo-se do tempo e do que acontecia a sua volta. Os funcionários do hotel, capitaneados por uma moça muito esguia em seu tailleur azul marinho, tratavam de desmontar as mesas que tinham servido para o jantar, enquanto o pessoal da limpeza se preparava para deixar aquele local pronto para outras demandas. O Mario ainda continuava lá. Estava só, o grupo dele já havia deixado o local. Tinha caminhado até o parapeito e olhava despretensiosamente para o céu e para o movimento das ruas lá embaixo, que também ia entrando no ritmo lento da madrugada.

- Missão cumprida! – exclamou, me alcançando, quando eu havia me encaminhado para o hall dos elevadores me preparando para ir para casa.

- Sem dúvida. Foi um longo dia que começou antes das seis da manhã. – respondi, antevendo que ele não se dera ao trabalho de ficar ali esperando por mim sem uma intenção oculta.

- É cedo ainda! – observou.

- Depende do ponto de vista. Está quase amanhecendo, para quem dormiu é cedo, e para aqueles que não, é tarde. – retruquei.

- Um mero jogo de palavras, diante do que tenho a propor. – revidou. – O piano bar certamente ainda está aberto. Gostaria que você ficasse mais um pouco para fazer companhia a esse lobo solitário num drinque, o que me diz? – emendou.

- Lobos a luz do luar, e há essa hora, podem ser bastante perigosos. – observei, em tom de brincadeira.

- Especialmente os solitários! – retorquiu.

O piano bar também estava quase vazio. Três casais praticamente escondidos nas mesas ao longo de uma parede de madeira ebanizada, conversavam abraçados nos sofás de couro. Um grupo de senhores de meia idade bebericava e conversava discretamente ao redor de uma mesa defronte dos janelões onde se avistava parte do skyline da cidade. Uma senhora e uma moça, que podia ser sua filha pela semelhança dos traços físicos, estavam noutra mesa diante de seus coquetéis servidos em taças ornadas tropicalmente. O Mario me levou até a mesa mais afastada que encontrou, próximo dos janelões e ligeiramente escondida atrás de um conjunto de três vasos donde emergiam uma dracena, um jade com suas flores verde azuladas e uma licuala cujas folhas lembravam um origami. O senhor que estava ao saxofone entoava ‘Take Five’ enquanto um baterista cabeludo e um mulato ao piano acompanhavam os acordes. Eu ri enquanto terminávamos de nos ajeitar nas poltronas, e eu desfazia o nó da minha gravata. Um garotão muito bonito e malhado se aproximou para pegar nossos pedidos. Veio me encarando satisfeito enquanto se aproximava da mesa e, acho que pelo fato de eu estar rindo, ele abriu seu sorriso largo e se dirigiu diretamente a mim. Um franzido de contrariedade surgiu na testa do Mario e ele se apressou a me perguntar se um uísque com soda estava bom para mim. Diante da minha concordância ele se dirigiu ao rapaz com a intensão de vê-lo longe dali o mais depressa possível.

- Fiz algo de engraçado? – questionou, assim que o garotão se foi.

- Você tem mesmo a sutileza de um jogador de futebol! – observei.

- Por que diz isso? Devo tomar como um elogio ou uma reprimenda? – perguntou.

- Pela maneira como escolheu a mesa. – respondi. – E pelo modo como espantou o atendente. – completei.

- Não gostou da mesa? Achei que a vista ia te agradar e ficar longe do burburinho seria mais tranquilo para nossa conversa. – justificou-se. – E, quanto ao garotão. Bem! Ele não precisava mostrar todos aqueles dentes para te atender, não acha? – tive que me controlar para não rir mais alto.

- Burburinho? O bar está quase vazio! – respondi. – O garotão estava sendo gentil. – acrescentei.

- Confesso! Queria estar o mais, a sós, possível com você. E o garotão está de olho em você, na minha cara. Isso é demais! Concorrência logo de cara! – resmungou.

- Bravinho você, hein?

- Estou cuidando dos meus interesses. – revidou. – Ou você gosta do tipo filhote desmamado? – inquiriu desafiador.

- Quem sabe? Filhotes precisam de muito carinho! – zombei, provocador.

- Vou deixar você tirar uma com a minha cara, só porque não consigo tirar os olhos de você desde que te vi. – confessou. – E, carinho eu também preciso. – aditou num muxoxo, colocando sua mão sobre a minha que estava apoiada no braço da poltrona.

O papo dele era encantador e envolvente. Tinha conteúdo, era engraçado e curioso. Jogou sua lábia e seu charme sobre mim por mais de duas horas, sem que eu visse o tempo passar. Os músicos acabavam de dar os últimos acordes de ‘Round Midnight’ e desejar uma boa noite. Só estávamos o Mario e eu no bar vazio.

- Vou pedir um quarto na recepção. Quero acordar ao seu lado amanhã de manhã. – sentenciou ele, com uma convicção espantosa.

- Não! Está mesmo na hora de dizermos ‘boa noite’, ou melhor, ‘bom dia’ uma vez que aquele clarão ali no horizonte é o sol se erguendo. – respondi.

- Já sei, vou levar um toco, é isso? – questionou.

- Para onde foi toda aquela convicção de quando me fez o convite? Não, não é nada disso. Eu estou realmente exausto, precisando dos braços de Morfeu mais do que tudo. E, espero sinceramente, que você não deixe de me telefonar por causa disso. – respondi, desejando realmente continuar me encontrando com ele.

- Fique nos meus braços. Esse tal de Morfeu já virou pó, enquanto os meus estão aqui. – brincou, me abraçando e me puxando para junto dele. – Prometo que não vai se arrepender! – emendou, com um sorriso safado.

- Meu lema é: Nunca se deixe arrastar para a cama no primeiro encontro. Não foi você mesmo que disse que eu era difícil? – zombei.

- Achei que você iria abrir uma exceção para mim. – resmungou contrariado.

- E, como fica a minha reputação depois? – retruquei.

Ao nos abraçarmos, quando o manobrista trouxe o meu carro, ele me deu um beijo demorado e úmido, sem se importar com o olhar surpreso e indiscreto do manobrista.

No restante da madrugada e por todo o dia seguinte não consegui tirá-lo da minha cabeça. Vira e mexe seu rosto anguloso e másculo pairava entre os meus pensamentos. O sorriso contido que fazia o canto da boca puxar um pouco mais para um lado do que para o outro. A covinha do queixo que quase desaparecia nessas ocasiões. As sobrancelhas grossas que pareciam querer se juntar quando ele esboçava uma expressão de indignação. Os tufinhos de pelos sobre as falanges dos dedos que acentuavam o aspecto viril e potente daquelas mãos vigorosas. As coxas muito grossas e fortes, sempre muito abertas e apartadas, que moldavam a calça quando ele caminhava ou as movia quando sentado. Todos esses detalhes tinham ficado impressos na minha memória apesar do pouco tempo em que estive com ele. Além da energia que parecia formar um halo ao redor dele, o Mario conseguiu me deixar profundamente impressionado. A vontade de estar com ele novamente crescia dentro de mim. Meu celular tocou pouco depois do meio-dia, e eu mal consegui disfarçar a euforia que estava sentindo quando reconheci a voz dele.

- Oi! Dormiu bem? – dava para perceber que ele sorria e sua voz vinha carregada de ansiedade.

- Oi! Como uma pedra. – respondi. – Bom ouvir sua voz. – acrescentei, na tentativa de fazê-lo saber que aquela ligação significava muito para mim.

- Pois eu não posso dizer o mesmo. Você não me deixou dormir, sabia?

- Eu? Que culpa eu tenho se você tem insônia? – provoquei.

- O teu perfume e o sabor dos teus lábios não me deixaram pegar no sono. Fora a pressão que está atormentando minha virilha, desde que se recusou a aceitar meu convite. – respondeu. Alegrou-me saber que ele continuava dando em cima de mim.

- Você já deveria estar acostumado! Na sua profissão a recompensa só vem depois de muita dor, ou estou enganado? – retruquei.

- Ah! Mas é muito diferente. Lá a recompensa depende unicamente do meu esforço e dos colegas. Já com você, meu esforço parece que não está conseguindo muita coisa. – revidou.

- Deixa de choramingar! Se eu tivesse aceitado seu convite seria como tirar doce de criança. – ele riu.

- Estou vendo que você é osso duro de roer. – declarou. – Então vamos à luta outra vez. Como hoje é sexta-feira, e eu não tenho treino e nem jogo neste final de semana, o que me diz de darmos uma esticada até meu sítio na serra? Posso te pegar no final do expediente ou na sua casa, como você preferir. – dava para perceber a tensão e a cautela de predador em suas palavras.

- Estou com outros planos para o fim de semana. Talvez um jantar ou um cineminha coubessem mais nos meus planos. – de repente, senti uma insegurança que racionalmente sabia ser ridícula, mas não consegui evita-la.

- Quero ficar a sós com você! E, parece que você se esqueceu de quem eu sou. Se apareço num cinema ou num restaurante, não teremos um segundo de privacidade. Logo estarei cercado de pessoas querendo fazer selfies, pedir autógrafos, fora os paparazzi de plantão prontos para me enquadrar em suas lentes e distribuírem nosso encontro por toda a mídia. Estou até vendo. ‘Amigo misterioso flagrado em jantar a dois com centroavante não é reconhecido no meio esportivo’, será a manchete do dia seguinte. – argumentou.

- Tenho que concordar com você. A última coisa que eu quero é ver a minha cara espalhada por aí. – ponderei.

- Isso significa que você aceita ir ao sítio comigo! – exclamou, certo de ter me convencido.

- Não foi isso que eu disse. Apenas concordei que não seria prudente nos expormos. Faço um jantar aqui em casa para você, o que acha? – tentei, como forma de compensação.

- Você é mesmo uma figurinha difícil! Qual é a diferença de eu ir até a sua casa e você vir na minha? – mal ele havia concluído seu questionamento, eu já tinha a resposta na mente. A diferença é que um predador no seu território costuma ser mais letal que em terreno alheio. Meu temor estava se tornando irracional e eu não sabia por quê. Ou melhor, sabia. Até como um meio de defesa e sobrevivência, somos pródigos em recordar os fatos do passado. E, no meu passado ingênuo, eu já tive a experiência de ser levado para a toca da raposa. As consequências disso agora pululavam, na minha mente, mais vívidas do que nunca.

- Um jantar é bem diferente de um final de semana inteiro. – respondi, pois não sabia o que dizer. O que eu tinha certeza era que ele estava a fim de me enrabar e, subitamente, isso me apavorava.

- Não vou aceitar esse argumento. Passo na sua casa as oito e não tem desculpa. – sentenciou decidido.

- OK! – concordei, à revelia do bom senso e, ante a incapacidade de formular uma negativa. Ao mesmo tempo em que queria estar com ele sabia exatamente qual eram as intenções imediatas dele. O que eu não sabia, era se estava pronto para isso.

Nos tempos da faculdade eu havia atraído a atenção de dois colegas com estilos semelhantes ao do Mario. Machos massudos, com a libido à flor da pele, sedentos pelo desejo de satisfazer seus instintos sexuais. Aliás, desde a adolescência, quando meu corpo passou pela reviravolta hormonal típica da idade e me transformou num homem muito desejado, porém sem aquela agressividade máscula, era esse tipo de homem que eu atraía, além de um batalhão de mulheres que nada despertavam em mim. Com um deles perdi minha virgindade. Era meu colega de turma e, valendo-se do pretexto de estudarmos juntos para uma prova particularmente difícil, me levou para sua casa quando os pais não estavam. Eu me sentia atraído por ele fazia tempo. Gostava do seu jeito protetor e carinhoso, da maneira intrépida como conseguia o que queria, do calor do seu corpo quando se aproximava de mim. Quando dei por mim, entre um texto de macroeconomia e outro de administração da produção, eu estava debaixo dele ganindo feito uma cadela no cio com a pica dele rasgando meu cuzinho apertado. Entre a dor e o prazer eu flutuava na mais completa felicidade, enquanto meu cabaço tingia minhas coxas e os lençóis com meu sangue virginal. O passar do tempo nos fez ver que tudo se resumia a uma atração física, que tínhamos mais diferenças do que afinidades e, tudo que experimentamos na intimidade de uma alcova, ficou apenas na lembrança. Com o outro, um estudante que estava dois anos adiante, cujo físico parrudo era quase uma cópia fiel do Mario, eu cheguei a provar mais do que apenas o sexo, nós namoramos por três anos e alguns meses. Era particularmente a atitude dele que não me saía da cabeça agora. A maneira como ele me arrastou para um final de semana na casa de praia da família dele, supostamente com uma porção de amigos que tínhamos em comum. No entanto, na primeira noite, eu me vi sozinho com ele em casa. E, naquela noite, eu descobri o quão delicioso e suculento podia ser um cacetão tão grosso quanto uma embalagem de desodorante, bem como quão devastador esse mesmo caralhão podia se mostrar quanto o macho que o carregava entre as coxas dava plena liberdade a sua lascívia. Durante todo o tempo que namoramos nunca concluímos uma transa sem que eu vertesse um filete rutilante das minhas pregas dilaceradas, reforçando nele a supremacia e virilidade da qual ele tanto se gabava. Aquilo aliado a minhas carícias obedientes e dóceis lhe proporcionavam uma satisfação ímpar. Todas essas memórias ressuscitaram com o convite do Mario. Instintivamente eu sabia que algo assim estava para se repetir. Eu queria ter isso tudo outra vez, mas também queria algo mais desta vez. Eu queria construir uma relação de amor e cumplicidade. Racionalmente eu sabia que para conseguir uma paixão precisava me lançar de corpo e alma nessa empreitada. Mas, a maneira afoita com a qual o Mario estava partindo para cima de mim estava me assustando um pouco.

Eu havia me mudado da casa dos meus pais praticamente ao mesmo tempo em que tinha sido promovido a diretor de marketing na multinacional em que trabalhava. Achei que faltando pouco para completar trinta anos de idade era hora de conquistar minha independência, embora financeiramente eu já não dependesse de ninguém havia algum tempo. Tinha encontrado uma casa assobradada recém-reformada numa rua discreta e charmosa num bairro estritamente residencial. O jovem casal que tinha conduzido a reforma havia subitamente se mudado para outro país, mesmo antes de chegar a ocupa-la. O projeto havia sido tão bem elaborado e o gosto em cada detalhe era tão semelhante ao meu que parecia que a casa tinha sido reformada para mim. Instalei-me nela com o Thor, meu pastor alemão, e o Charlie, meu buldogue inglês. Todo aquele espaço fez a alegria deles, ao passo que eu logo me ressenti da falta de alguém para ocupa-lo comigo. Aquela sensação de enormidade vazia nada mais era do que o reflexo do que meu coração sentia.

O Mario apareceu bem antes do horário marcado. Eu estava separando algumas roupas para o fim de semana e as colocando na mala quando ouvi o carro dele entrando no acesso à garagem. A ansiedade se revelava em cada gesto e palavras dele. Sem a menor cerimônia, e como se nos conhecêssemos desde há muito, ele me apertou num abraço demorado e íntimo enquanto sua boca chupava meus lábios num beijo sensual. A cara dele tinha a expressão de ‘quero te foder’, embora ele tentasse não demonstrar. Fiquei excitado só de constatar isso. Tudo ia valer a pena se aquele fosse se tornar o meu homem, pensei com meus botões. Afinal, ele tinha tudo com o que eu vinha sonhando.

O sítio era na verdade uma fazendola incrustada em plena serra da Bocaina num município paulista a pouco mais de três horas de São Paulo. Faltava pouco para a meia-noite quando o casal de caseiros de meia idade nos recepcionou com uma alegria singela, típica das pessoas nascidas e criadas em lugares pequenos e essencialmente rurais. Para minha surpresa, não foram eles os únicos a esperar a nossa chegada. Na sala principal da casa havia mais dois casais e três amigos do time de futebol do Mario bebericando e se divertindo numa conversa muito animada. Depois que o Mario fez as apresentações eu me tornei o centro das atenções. Algo péssimo e desgastante para a minha timidez. Eles todos pareciam se conhecer há muito tempo, e eu me questionava de que maneira o Mario havia falado com eles sobre mim.

- Então esse é o Eduardinho? De Eduardinho você não tem nada! Quando o Mario falou de você pensamos que fosse um rapazola e não um homão deste tamanho. – disse um daqueles três amigos dele, chamado Rodrigo, quando me cumprimentou com um abraço que sacudiu todo meu corpo. – Você tem o que, um metro e noventa? – arriscou, com um sorriso curioso. Os outros me encararam esperando a resposta.

- Quase. Um e oitenta e oito para ser exato. – respondi, numa voz que teimava em não querer sair.

- Eu falei Eduardinho, porque ele é o caçulinha daqui. Vai fazer vinte e nove, daqui a algumas semanas. – brincou o Mario.

- É, só se for por isso mesmo, pois com um corpão desses não dá para imaginar um Eduardinho! – exclamou uma mulher, Clarisse que estava abraçada ao marido, Samuel, e que, subitamente, me devorou com um olhar aquilino enquanto dava um safanão na esposa em tom de gozação.

A conversa entrou madrugada adentro, ora mais acalorada e apimentada, ora mais tranquila e cheia de revelações do passado, o que me permitiu conhecer um pouco mais sobre o Mario. Superado o meu acanhamento inicial, pude perceber que se tratava de um pessoal muito legal, e que tinha uma amizade profunda e sincera com o Mario. Atribuí essa facilidade em construir amizades ao jeito expansivo e extrovertido dele. Aos poucos cada um foi se recolhendo. A casa tinha muitos quartos, mas os três colegas de time dividiram a mesma suíte, enquanto cada casal se ajeitou noutras. O caseiro havia deixado minha bagagem no quarto do Mario, o que me deixou bastante embaraçado, pois certamente ele havia dado essa ordem, e o caseiro devia ter tirado suas conclusões a partir daí. Teria isso acontecido outras vezes? Quem sabe ele já tinha trazido outros caras para dormir com ele, e o caseiro já estava acostumado a esse comportamento e, por isso, tinha deixado minhas coisas lá. Minha imaginação trabalhava alucinadamente.

- O que foi? Está pensando no que? – perguntou, quando fechou a porta atrás de si.

- Nada! – respondi titubeante.

- Hummm! Não é o que parece. – revidou.

- Estou um pouco cansado, eu acho. Tive uma semana daquelas. É aqui que vou dormir? – perguntei, sem encará-lo. Ele riu e veio abraçar minha cintura.

- Então é isso! Bem! Eu acho que você não é mais virgem para ficar tão acanhado diante de mim. – disse, beijando minha nuca. – Acho que não vou deixar você dormir, pelo menos é essa a minha intenção. O que te faz fugir tanto assim das minhas investidas? – questionou.

- Não, claro que não! – respondi, procurando evidenciar que não era nenhum virgenzinho assustado. – Não estou fugindo de você, que ideia! – exclamei, embora ele, certamente, estava sentindo como meu corpo tremia em seus braços.

- Eu quero você! – disse ele, girando meu corpo e me encarando cheio de cobiça e desejo.

Um beijo demorado, úmido e sôfrego aconteceu entre nós. Embora o tesão estivesse consumindo todo o meu corpo, eu consegui relaxar e me entregar aquele beijo.

- Viu como é fácil! Pode conferir, não está faltando nenhum pedaço desse seu corpão delicioso. – continuou, zoando comigo.

- Engraçadinho! Vai caçoando, vai. – censurei-o, embora tenha me deliciado com esse beijo.

- Vem cá, vem! – exclamou, pegando minha mão e me conduzindo até a cama.

Ele me despiu aos poucos, insinuando os dedos glutões entre os botões da minha camisa. Abriu-os lentamente, antes de abrir a camisa e vislumbrar meu peito liso, onde apenas os mamilos estavam com os biquinhos rijos e salientes. Com as costas do dedo médio e indicador, ele acariciou suavemente os mamilos. Aquilo me deixou ainda mais excitado.

- Lindos! Macios e promissores. – sussurrou. Provocante, tomou um em suas mãos, apertando-o e me encarando.

Meu pau estava duro dentro da calça. Ele beijou o mamilo que estava em sua mão, lambeu-o e depois o chupou com intensidade. Todo contorno do peitinho ficou saliente, ele voltou a encará-lo antes de recoloca-lo na boca e dar uma mordida firme, ligeiramente dolorida. Gemi, comprimindo as mãos sobre os ombros dele. As mãos dele passeavam pelas minhas costas e me traziam para mais junto dele. Aquela boca chupando e mordendo meu peitinho começou a desviar meu tesão para o cuzinho. Eu conseguia sentir o safado se contorcendo, se intumescendo e ficando molhado como a vagina de uma fêmea no cio. O Mario apalpou minhas nádegas, amassando-as arrebatadamente. Quando já não se contentava em tê-las em suas mãos através da calça, desabotoou e abriu o zíper da minha calça, arriando-a junto com a cueca. Meu pau enrijecido denunciava meu tesão com aleivosia descarada. Percebi o prazer que isso lhe causou. Dava-lhe a certeza de que sua arremetida estava mexendo com meu desejo. Antes de tocar a pele dos meus glúteos ele me beijou. Não era mais um beijo cauteloso fazendo sondagem, era um beijo carnal e voluptuoso. Um beijo que, em seu sabor úmido e quente, transmitia todo o tesão que ele estava sentindo por se apossar tão soberbamente da minha intimidade. As mãos dele eram mais que habilidosas, eram impudicas e indecorosas, consumistas e safadas.

- Que bundão! Fiquei tarado por essa bunda desde o primeiro instante que te vi. – confessou ele. Enquanto eu arfava acalorado pelo desejo.

- É toda sua! – murmurei, quase gemendo.

Segurei seu rosto entre as mãos e o beijei. Ele meteu a língua na minha boca e procurava me lamber. Eu suguei sua língua para que ele conhecesse essa minha habilidade, e procurasse senti-la em outra parte de seu corpo, tão irrequieta pelo tesão quanto aquela língua deliciosa. Ele se aproveitou de estarmos com as bocas coladas para enfiar um dedo no meu cu. O gemido foi silenciado por aquele beijo devasso. Pouco depois, eu já estava deitado, as pernas ligeiramente abertas, ele apartando minhas nádegas, enfiando compassada e torturantemente o dedo no meu cuzinho fazendo movimentos circulares com o intuito de lacear as pregas apertadas. De tempos em tempos, ele interrompia as dedadas e, com a ponta da língua, lambia o buraquinho arrepiado, me levando à loucura. Eu gania como um depravado que já não raciocina com a mente ponderada, mas com o cu imbuído de puro tesão. Por conta disso, quando ele esfregou a jeba colossal nos meus lábios, eu a coloquei na boca e passei a chupá-la intensa e insaciavelmente. Com o rosto quase mergulhado naquele chumaço de pentelhos, era impossível não notar o tamanho do sacão que pendia pesadamente diante do meu olhar. Ele abrigava um par de culhões do tamanho de ovos de galinha, algo tão imenso que eu jamais pude imaginar que existisse. Tomei-os em minha mão, fazendo-o soltar um urro abafado e, os massageei entre meus dedos hábeis e macios. As bolas se moviam dentro do saco, deslizando de um lado para o outro, livres, pesadas, consistentes. Eu soube no mesmo instante o quão fértil aquelas bolas faziam aquele macho e, sonhei com o momento de engolir o esperma morno que elas fabricavam. A pica terminou de endurecer estimulada pelo sugar dos meus lábios e pelas lambidas da minha língua afoita. O cheiro másculo e intrépido de sua rola volatilizava-se ao redor do meu rosto. Agarrei-me ao seu tronco e tornei a beijá-lo.

- Entra em mim! – implorei, num gemido sussurrado.

Ele se deitou sobre mim, abriu minhas pernas e se encaixou entre elas, dobrou meus joelhos expondo meu cuzinho. Algumas pinceladas impacientes com aquela verga tesa dentro do meu rego, só para encontrar a entrada do meu cu, antecederam a penetração firme e obstinada. Fazia anos que meu cuzinho não recebia uma rola. Minha ansiedade, e o incitamento daquele caralhão, haviam travado e cerrado as pregas tão intensamente que só me restou absorver aquela dor visceral com um gemido. Parecia que toda a energia daquele macho pulsava nas minhas entranhas, bruta e concupiscente. O rosto dele exprimia o deleite de todo seu empenho para chegar àquela situação, me enrabando despudoradamente com a total anuência e reciprocidade de minha parte. Ele sentia o sangue pulsando em suas veias, enquanto continuava metendo e atolando a pica na minha abertura exígua. Aquele avanço progressivo extraía de mim ora gemidos e ora ganidos de acordo com o ímpeto cruento que ele imprimia às estocadas. Eu me entregava libertinamente enquanto trazia o tronco dele sobre mim e o cobria carinhosamente com beijos acalorados. Formávamos um ser único e embrenhado, se contorcendo em prazeres que se espalhavam por nossos corpos. O vaivém contínuo daquela rola bombando meu cuzinho fazia meu corpo tremer num êxtase entorpecido, e todo o afeto que eu sentia por ele desde o primeiro encontro, estava se transformando em amor. Reprimi meu desejo de balbuciar meu sentimento, achando que era cedo para fazer juras daquela intensidade, por isso tomei seu rosto entre as mãos e o beijei, tão sentimental e carinhosamente, que ele teve um espasmo na virilha e começou a gozar jatos de porra tépida que simplesmente invadiam minhas entranhas como se fossem me fertilizar com sua paixão. Quase simultaneamente, senti que estava gozando. Meu pau lambuzava meu ventre e meu cuzinho se projetava como se não quisesse parar de chuchar aquele cacetão entalado nele. Em seguida, um torpor lânguido se apossou de nossos corpos e continuamos engatados, apenas me virei de lado, permitindo que ele metesse o cacete no meu cuzinho enquanto me abraçava.

A vida profissional do Mario era bastante corrida, com exercícios e treinos diários no clube, viagens constantes, concentrações antes dos principais campeonatos entre outras demandas. Sobrava pouco tempo para a vida familiar e social. Eu, por meu turno, apesar da maior constância do meu trabalho, muitas vezes tinha que extrapolar o horário de trabalho, e também fazer algumas viagens. Dessa forma, nosso namoro era feito de encontros que precisavam ser combinados com antecedência e muita programação. Aliado a tudo isso, havia a questão do Mario quase não poder frequentar lugares públicos devido ao assédio incontrolável da mídia. Ser visto comigo, por duas ou três vezes, geraria uma onda de boatos e especulações que colocariam em risco sua carreira. Mas, eu estava tão apaixonado por ele, que só me importavam os momentos que passávamos juntos, e aprendi a contornar essas dificuldades em nome do nosso amor. Quando não ficávamos juntos na minha ou na casa dele, íamos para a fazenda dele ou a casa de praia dos meus pais. A paixão parecia florescer após esses breves, mas intensos, reencontros. A cada despedida eu ficava com aquela sensação de vazio não só na alma como no cuzinho. A primeira se ressentia da troca de carícias e, o último, daquele cacetão que me deixava todo esfolado e sensível por ao menos dois dias e, do néctar daqueles culhões gigantescos que parecia impregnar minhas carnes com seu cheiro másculo. No entanto, atribulado, cheio de obstáculos, legado a momentos e intenso, nosso amor parecia se consolidar, trazendo-me uma segurança e felicidade que jamais havia sentido antes.

O Mario me ligava invariavelmente todos os dias. Não havia um horário estabelecido. Algumas vezes eu me encontrava em reunião no trabalho, noutras assistindo um filme tarde da noite na insônia que a falta dele me fazia e, ainda, nas mais diversas situações do cotidiano.

- Ouvi voz de machos, quem está aí com você? – questionava ele, quando eu aproveitava um intervalo de alguma reunião ou afazer na empresa para retornar suas ligações.

- Você já deu uma olhada no relógio? Estou no meio do expediente. – respondia, ligeiramente lisonjeado com aquele ciúme infundado.

- Eu ficaria mais tranquilo se só ouvisse vozes femininas! – costumava exclamar, amenizando o tom da voz.

- Não tenho como escolher meus interlocutores. A maioria são homens, fazer o que? – eu retrucava. – Você sabe que não precisa se preocupar, só há uma pessoa com lugar cativo no meu coração, mesmo ela estando tão longe. Ademais, eu é que deveria me preocupar, afinal você está cercado de caras e os vê praticamente nus diariamente no vestiário. – argumentava.

- Esse bando de picas andando de um lado para o outro nos vestiários não me interessa. Só tenho olhos para essa bundinha que mal consigo foder como se deve. – revidava ele.

- Hummm! Qualquer hora dessas, quando um jogo for por aqui, preciso visitar esse vestiário. – provoquei.

- Vá se fiando nisso! Você que se atreva! – respondia zangado.

- Te amo tanto que fico contanto os segundos para ter você ao meu lado. Não preciso de mais nada para ser feliz. – devolvia eu, quase sussurrando, como fazia quando o elogiava depois de ele me umedecer todo.

- Acho bom! – dizia ele, contendo o sorriso que brotava em seus lábios toda vez que a certeza do meu amor o enchia de felicidade.

Cerca de um ano e pouco depois de estarmos namorando, a presença constante em nossas reuniões e festinhas de um carinha chamado Gilberto, que nos foi apresentado pela Clarisse, começou a me incomodar. Demorei a sacar que ele também era homossexual, embora logo tivesse percebido os olhares que lançava para o Mario.

- Não estou gostando de a Clarisse trazer sempre o Gilberto à tiracolo. Será que o Samuel não sente ciúme dessa proximidade toda da esposa com esse sujeito? – perguntei, certa noite quando o Mario e eu estávamos sozinhos no quarto da fazenda, e a casa estava cheia de hóspedes.

- Implicância sua. O Samuel não está nem aí. Mesmo porque, o Gilberto é gay. – respondeu o Mario.

- Você já o conhecia? – quis saber.

- Quem? O Gilberto? – questionou o Mario. Eu vi naquilo uma evasiva.

- De quem estamos falando? Claro que é desse sujeito! – exclamei, indignado.

- Eu já o tinha visto algumas vezes, nem lembro onde. – retorquiu ele.

- Pois não é o que parece! Ao menos ele se lembra muito bem de você. Não tira os olhos de cima de você. – afirmei.

- Nem tinha reparado.

- Não seja falso! Eu sei que você já percebeu aquele olhar faminto que ele lança para você. – revidei, começando a me irritar com a aparente indiferença que o Mario queria dar às minhas observações.

- Você não vai fazer uma cena de ciúmes, não é? A casa está cheia dos meus amigos e não é hora de você armar um barraco. – sentenciou ele, numa frieza que me fez perder as estribeiras.

- Eu nunca armei, nem nunca vou armar um barraco, como você diz. Não tive esse tipo de formação. O que me irrita é você mentir para mim quando eu sei que você já reparou que aquele sujeito está dando em cima de você na minha cara. – declarei, ciente do que estava dizendo.

- Chega! Você está procurando briga e, se não parar com esse assunto, vai acabar conseguindo uma. Eu estou a fim de te enrabar e, não de ficar dando asas aos seus delírios. – proclamou, fechando a cara e começando a me bolinar como se eu fosse uma puta a seu dispor.

- Pois vá procurar aonde dormir! Comigo é que não vai ser. Já que estou delirando, também não vou facilitar as coisas para você. – afirmei categórico.

- Bem que dizem que todo veado é problemático. Para que criar confusão? Na minha cabeça é tudo muito simples. Você é minha fêmea. Eu sou seu macho. Fodo seu rabo e, você me agradece fazendo carícias que eu tanto preciso. O que pode ser mais simples do que isso? – disse ele, esfregando o caralhão duro que tinha acabado de tirar da cueca nas minhas coxas.

- Como é que é? Pare imediatamente com isso! Você não vai foder nada essa noite, muito menos meu cuzinho. Vá procurar onde dormir! – ele tinha conseguido fazer um mero questionamento meu se transformar na maior briga que já tivemos.

Passei o dia seguinte sem falar com ele. Quando o peguei aos risos, ouvindo e rindo das piadas cretinas que o Gilberto contava, enquanto eu estava atarefado com as ordens na cozinha para fazermos do churrasco um momento de descontração, minha tolerância foi à zero. Felizmente, tínhamos ido à fazenda com o meu carro naquele final de semana. Arrumei minhas coisas e voltei para São Paulo chorando feito uma criança abandonada. Ele tinha conseguido me magoar como nunca antes.

Não nos falamos nas duas semanas seguintes. O time dele tinha uma partida agendada no Equador e outra na Colômbia poucos dias depois. Esperei ansioso por suas ligações, talvez com um pedido de desculpas, mas, ele não me ligou nenhuma vez da concentração como costumava fazer. Não tinha sido eu o responsável por aquela briga, por isso, também não liguei para ele.

Quando voltou da Colômbia, depois do time dele ter vencido as duas partidas da Copa Libertadores da América e, ele ter sido aclamado como o goleador das duas partidas, ele me apareceu com um presente e flores, na mesma noite em que tinha regressado de viagem. Eu tinha andado acabrunhado naquelas duas semanas, com receio de perder meu grande amor por uma bobagem. Estava tão envolvido e com tanto medo de perdê-lo que, dias depois da briga, tinha me convencido de que estava sendo ciumento demais e, que as minhas suspeitas eram uma bobagem da minha cabeça. Nunca estive tão apaixonado antes e, a hipótese de me ver sem ele, pareceu-me como se minha vida fosse deixar de existir se o perdesse. Aquele olhar de cachorro sem dono, aquelas pegadas que faziam meu corpo todo tremer e, seus beijos devassos, foram suficientes para que ele conseguisse meu perdão.

- Senti sua falta! – sussurrou ele, enfiando a mãozona na minha bunda e agarrando minhas nádegas através da calça.

- Eu também! – gemi, quando ele me trouxe para junto de si e meteu a língua na minha boca.

Ele me despiu ali, na cozinha mesmo, onde eu tinha vindo para abrir um vinho e pegar as taças. Ele me ergueu e me sentou sobre a bancada da ilha da cozinha, sobre o mármore frio, que fez meu cuzinho se fechar. Ele livrou-se das roupas enquanto eu o beijava ardendo de saudades daquela boca devoradora. Era impressão minha, ou a pegada dele estava mais bruta, mais voraz? Onde ele pegava no meu corpo liso e branquinho, ficava uma marca de sua avidez. Os peitinhos ficaram marcados pelos dentes que ele cravara sem dó na minha pele. As coxas e braços tinham vergões avermelhados dos dedos poderosos com os quais me amassava. O pescoço estava coberto de chupões que amanhã se transformariam em manchas arroxeadas. As nádegas estavam arranhadas por suas unhas, que ele afundava na carne tenra e firme.

- Mama o cacete do teu macho, sua putinha desobediente! – grunhiu ele, pincelando a jeba babona na minha cara. Eu obedeci.

O cheiro da virilha dele tinha o poder de me entorpecer. Quando vinha acompanhado daquele melzinho salgado de sabor ácido, me fazia ceder a todo e qualquer dos seus caprichos. O safado sabia disso e, estava disposto a me usar como se usa a prostituta para quem se lançou alguns trocados. Comecei a lamber e chupar a verga que ele metia na minha boca, fazendo-a descer até a garganta enquanto segurava minha cabeça contra o chumaço de pentelhos. Senti meu pau endurecendo e meu cuzinho piscando de tesão. Engoli até a última gota de porra que ele ejaculou na minha garganta, submisso e agrilhoado à sua vontade. Antes de parar, encarei-o com um olhar doce e saudoso, beijei a cabeçorra da rola e disse que o amava.

- Não me canso de admirar esse cuzinho lindo, totalmente lisinho, cheio de preguinhas rosadas e frágeis, encravado no fundo dessa bundona tesuda. – gemeu ele, lambendo e mordiscando minhas nádegas e pregas.

Eu gemia de tesão. Aquelas duas semanas sem ele tinham deixado meu corpo numa carência ímpar. Por isso, quando senti seu dedo dele me penetrar, comecei a tremer e gozei deliciosamente. A tara e maestria com a qual ele tinha penetrado aquele dedo devasso em mim me fizeram agradecê-lo, retribuindo em beijos e carícias todo o prazer que ele havia me feito sentir até aquele momento.

- Você é uma delícia! Esse cuzinho quente e apertadinho, esses mamilos ingurgitados e durinhos, não dá vontade de parar de chupar e morder.

Ele voltou a me erguer e me sentar sobre o balcão. Apoiei-me na superfície gelada enquanto ele abria minhas pernas e lambia meu cuzinho. Empinei a bunda encarando seu olhar tarado. Ele deu alguns tapas, com força, sobre minha rosquinha lambuzada com sua saliva.

- Está gostando, minha putinha tesuda?

- Aaaiiihh Mario! Aaaiiihh! – gani, ardendo de desejo.

Na primeira estocada, mais da metade daquele caralhão se enterrou no meu cu. Eu gritei. A expressão de dor no meu rosto deixou-o com mais tesão, e ele meteu cada vez com mais força e mais profundamente, fazendo o sacão bater contra minhas nádegas. Eu procurava empurrá-lo para trás, espalmando a mão sobre seu ventre peludo, para que as estocadas não me atingissem com tanta brutalidade.

- Estava com saudades do teu macho, não é? Para te comer e te deixar todo esfoladinho, apagar esse fogo que arde aí dentro. – grunhiu ele, bombando desenfreadamente meu buraquinho apertado.

Para me torturar, ele tirava e recolocava o pauzão, fazendo a cabeçorra passar pelos esfíncteres travados e disseminando a dor que isso me causava até o fundo das minhas entranhas. Enquanto me encarava com aqueles olhos safados, encostava o cacetão dele na portinha do meu cu, que já estava bem mais vermelho do que quando ele meteu sua jeba pela primeira vez naquela noite, fez pressão e enfiou tudo, mais uma vez, num movimento único, lento e firme, conquistando novamente meu rabinho. Soltei outro gritinho enquanto ele me penetrava e, ao senti-lo outra vez por inteiro dentro de mim, suspirei e puxei seu tronco de encontro ao meu.

- Te amo, meu macho gostoso! – balbuciei, entre a dor e o prazer.

Ao acordar na manhã seguinte ao lado dele, ronronando feito um gato, com a pica em riste e aqueles culhões drenados, pois tudo que havia neles estava encharcando meu cuzinho, tínhamos feito as pazes. Foi como se as desavenças de dias atrás, e toda aquela zanga, nunca tivessem existido.

Porém, a calmaria não durou mais do que três meses. Do nada, o Mario me veio com uma bomba. Eu já tinha aprendido a reconhecer aquelas investidas cheias de rodeios, aqueles presentes fora de hora, aqueles choramingos de que não conseguia viver sem mim. Tudo isso vinha antecedendo alguma novidade da qual ele sabia que eu não ia gostar.

- Sabe. O pessoal lá do clube está me pressionando. Estão me cobrando um casamento, uma mulher e filhos, enfim, algo que demonstre que sou um ídolo da torcida. – ele tinha ensaiado bastante antes de começar o assunto. Tinha sido há pouco, o melhor amante que alguém poderia desejar, atencioso, amoroso, cuidadoso, dono de um tesão e de um desempenho de fazer inveja a qualquer ator pornográfico.

- Você não acha estranho eles só se incomodarem com isso agora. Afinal, quanto tempo ainda vai durar a sua carreira? Não existem muitos jogadores com mais de trinta e cinco anos em plena atividade, como você. Talvez daqui a três ou quatro anos, só vão pensar em você como técnico ao algo parecido, estou errado? – argumentei.

- Poxa! Você sabe mesmo como colocar alguém para baixo! – retrucou ele.

- Não é isso, amor. Você sabe melhor do que eu que a carreira de jogador de futebol não é eterna, que os craques visados pelos clubes têm pelo menos dez anos menos do que você. – justifiquei, pois não queria magoá-lo, apenas fazê-lo cair na real.

- Tenho que concordar. Mas, isso não invalida a preocupação deles. A imagem nessa carreira é tudo. Meus contratos dependem disso. – retorquiu ele.

- Se você chegou aonde chegou sem ter que provar que é macho, por que isso agora? Isso é que não entendo. – respondi.

- Deve ser o pessoal do marketing que está influenciando os dirigentes. O fato é que estão me cobrando uma posição. – revidou.

- Bem! E você, o que pensa disso? Para mim a única opinião que importa é a sua, pois é você que eu amo. – afirmei.

- Você sabe que eu te amo. Se eu aparecer na mídia ao lado de uma mulher, ou me casar, o clube fica feliz e tudo se acerta. Entre você e eu nada muda. – ele tomava cuidado ao proferir cada palavra e me encarava estudando minha reação para saber quando o momento exato de se calar chegasse.

- Você está cogitando entrar nessa? Armar um casamento com uma mulher e, talvez até arranjar alguns filhos, e quer que eu seja o outro, um caso paralelo? Não me diga isso, Mario, eu não vou suportar. – eu o encarei desafiadoramente.

- Seria só uma encenação. Nosso amor continua o mesmo. – balbuciou ele, sem toda aquela segurança com a qual tinha iniciado a conversa.

- Eu jamais vou ser o outro! Nunca vou aceitar viver dos restos. Você é meu homem e eu o quero todinho para mim, pois eu estou todinho à sua disposição. Posso ser taxado de careta, de ultrapassado, de fora de moda, mas eu sou do tipo que amor só existe entre dois. Qualquer outro enfiado nessa relação, ou está sobrando, ou está querendo destruir essa relação. – expus, prevendo que uma avalanche de problemas estava prestes a me atingir.

- Tudo bem! Até concordo. Mas, hoje em dia as coisas são mais flexíveis. Astros do cinema, cantores, nós jogadores, vivemos para o público e, esse público quer ser bombardeado de notícias sobre nós. – argumentou ele.

- Trata-se de sua vida pessoal! Eu quero que o seu público se foda! Eu amo você! Não só na aparência e quando tudo vai bem, eu amo você mesmo que você não fosse esse craque ou esse cara bem sucedido. Eu te amo pelo que você é; um macho que conquistou meu coração e de quem eu quero cuidar pelo resto da minha vida. – revelei.

- Você é muito inflexível! Eu também te amo, mas preciso agir como agem todos os meus pares nesse campo. Vão me taxar de veado, de um cara que não faz sucesso com mulheres. Isso é péssimo para minha carreira. – devolveu ele.

- Eu inflexível? Eu espero por você por dias para poder tê-lo juntinho de mim. Não reclamo das suas viagens, do tempo que você está com seus companheiros de clube, dos períodos em que fica na concentração, não reclamo de nada. Eu fico te esperando com o coração cheio de alegria, fico te esperando com todas as carícias acumuladas, fico sonhando com você dentro de mim. Isso é ser inflexível?- questionei entristecido.

- Eu sei de tudo isso amor. Por isso é que eu digo que nada vai mudar entre nós. O fato de eu precisar aparecer com alguém a tiracolo não muda nada disso.

- Muda sim, Mario! Eu não vou me submeter a isso. Sou a mais passiva das pessoas. Você faz de mim o que quiser na cama e eu me submeto, por que você é o macho que eu idolatro, que eu amo. Mas, não me peça para ser uma nulidade como pessoa, me submetendo a ser aquele a quem você vai dar atenção quando sobrar algum tempo depois que você atendeu sua família de esposa e filhos. Isso nunca! – despejei, sentindo que meus olhos estavam começando a umedecer.

- Viu por que eu digo que você é inflexível. Você é radical nas suas posturas, tudo que não se enquadra nelas você não aceita. – disse ele.

- Todo cara 100% passivo como eu sonha com um macho feito você. O macho que dá conta tanto de uma mulher quanto de um cara, um macho ativo que sabe usar o que a natureza lhe deu para usufruir do prazer. Eu nunca me contentei com os ditos versáteis, aqueles que assumem a posição de macho quando estão diante de um passivinho submisso, mas que não hesitam em queimar a rosca quando diante de um macho 100% ativo e real como você. Homem macho para mim só tem um, aquele que dá e sente prazer fazendo uso exclusivo do pau que carrega entre as pernas. Você é assim. Foi por esse macho que eu me apaixonei. Foi um macho desses que veio dar em cima de mim, lembra-se?

- O Gilberto pensa bem diferente de você. Meteu no cu dele é macho! – afirmou ele.

- O que? Você conversou com aquele.....aquele, filho da puta, sobre esse assunto? Não acredito nisso! – a primeira lágrima desceu pelo meu rosto.

- Foi um comentário que surgiu nem sei bem como. Não falei com ele sobre isso! – respondeu ele ligeiro, pois sabia que tinha acabado de me magoar.

- O que está rolando entre você e aquele desgraçado, me diz? – minha voz quase não saía.

- Nada, ora essa! Eu já te disse que foi um comentário bobo que fiz com ele enquanto estava com a Clarisse e o Samuel. – justificou-se, arrependido de ter falado demais.

- Então junte-se a ele! É bem possível que ele sendo mais flexível, aceite ser seu amante, a filial do que você possa vir a oferecer. Eu não vou aceitar isso! – sugeri, levantando a voz enquanto chorava diante daquele homem a quem tinha dedicado o que de melhor havia em mim.

- Não diga bobagens! É você que eu amo. – devolveu ele.

- Não é o que parece! Não vou mais discutir com você. Faça o que quiser apenas me comunique quando devo sair da sua vida. – afastei-me dele para ir chorar na solidão do quarto onde tantas vezes tinha satisfeito aquele macho egoísta.

Ficamos sem nos ver por quase um mês. Pedi um tempo e ele não titubeou em aceitar. Instigado pela Clarisse o Gilberto atacou. Era a chance que precisava para dar em cima do Mario sem que eu estivesse por perto, vigilante e atento como um leão feroz. A mídia também começou a espalhar boatos e fotografias dele ao lado de uma morena, qualificada como modelo, mas que não passava de uma puta na minha visão enciumada. Eles foram flagrados aos beijos numa casa noturna no Rio de Janeiro depois de uma partida acontecida naquela cidade e, numa festa de aniversário de um dos colegas do time. Se ele esperou por uma reação de minha parte, ficou sem ela. Eu ignorei ambas as aparições e fofocas como se não me dissessem respeito.

- O Mario está muito abalado com seu sumiço! – revelou o Rodrigo, durante um almoço que havia combinado comigo pelo celular na tarde do dia anterior.

- Ele sabe onde me encontrar, se quiser. Até agora parece que ele achou pessoas mais interessantes para se divertir. – revidei.

- Ele disse que foi você quem pediu um tempo, ele só está cumprindo a parte dele no acordo. – acrescentou o Rodrigo.

- É verdade. Fui eu quem pediu um tempo. Mas, se ele me amasse não teria concordado e já teria me procurado, você não acha? – perguntei indignado.

- Você sabe como nós homens somos turrões, não queremos dar o braço a torcer. É isso que ele está fazendo, apesar de estar sentindo muito a sua falta. – revelou.

- Ele me fez uma proposta absurda! Nunca vou aceitar o papel que ele quer que eu assuma, o de amante. – afirmei.

- O mundo do futebol é um cenário, somos apenas os atores tendo que desempenhar um papel. – disse ele.

- Você então pensa como ele. Onde fica o amor que ele disse que sentia por mim? – perguntei.

- Não penso como ele, mas entendo o que ele está passando. Queria que você refletisse sobre isso. – ponderou.

- Não vou fazer isso Rodrigo! Não vou disputar migalhas. Ou tenho tudo ou não me interessa. Não quero um homem pela metade. – afirmei.

- Vá ao menos conversar com ele. Tentem se acertar! Vocês formam um casal tão lindo, e eu sei que se amam. – sugeriu ele.

- Você é muito especial Rodrigo! Sabe o quanto eu te adoro. Obrigado pelo que está fazendo. – agradeci.

- Eu também te adoro! Se o Mario não tivesse te encontrado primeiro, juro que você não me escapava. – disse, abrindo um sorriso travesso.

- Bobo!

Fiquei matutando sobre o que o Rodrigo disse por todo o sábado. Resolvi por meu orgulho de lado e procurar o Mario ao anoitecer. Como eu tinha a chave da casa dele resolvi ir até lá com um jantarzinho meio encaminhado que pretendia terminar na cozinha dele, enquanto tomávamos um vinho e nos acertávamos. Eram quase oito horas da noite quando o porteiro me deixou subir sem me anunciar. Ele já estava acostumado com as minhas aparições e tinha recebido ordens do Mario para me deixar entrar tanto na garagem quanto no apartamento quando bem eu quisesse. Entrei pela entrada de serviço, pois os pacotes que tinha no carro com o nosso jantar eram um pouco incômodos de transportar e a cozinha ficava mais próxima. O apartamento estava mergulhado na penumbra, apenas dois abajures estavam acessos na sala. Chamei por ele sem obter resposta, mesmo o porteiro tendo me informado de que ele estava em casa. Pensei que estivesse no banho e, antes de ir para a suíte dele, coloquei vinho em duas taças e fui até lá me encontrar com ele. No corredor que dava acesso às suítes ouvi vozes animadas e uns risinhos. A porta do quarto dele estava ligeiramente entreaberta e, como minhas mãos estavam ocupadas, meti o pé na abertura para empurrar a porta. Assim que pisei no quarto meu olhar se fixou numa cena que fez tudo ao meu redor girar. Por pouco não cai ali mesmo derrubando as taças e o vinho. O Gilberto estava nu sentado sobre as pernas abertas do Mario, rebolando sobre a benga dele cravada em seu cu. Só se via o sacão, com aquelas bolas gigantescas, do lado de fora. O Gilberto foi o primeiro anotar minha presença, soltou um grito quando se virou e me viu parado sob o batente. O Mario me encarou como se tivesse acabado de ver um fantasma. Empurrou o Gilberto para o lado derrubando-o sobre a cama e arrancando seu cacete do cu dele, antes de vir ao meu encalço.

- Não coloque essas mãos imundas em mim! – gritei, quando ele tentou me segurar.

- Espera! Vamos conversar. Eu vou te explicar o que está acontecendo. – disse ele, confuso e passando desesperadamente as mãos na própria cabeça.

- O que você vai me explicar? Eu vi você dentro dele Mario! Eu vi isso aí dentro dele! Que explicação tem para isso? – berrei aos prantos, apontando para a benga amolecida dele.

- Eu não sabia que você viria. – balbuciou ele, não encontrando palavras para se justificar.

- Eu sei disso! Está mais do que comprovado que você não me esperava. Você está transando com esse sujeito, Mario? Há quanto tempo você está me traindo? Por que Mario, por quê? – meu choro fazia meu peito estremecer.

- A gente vai te explicar Eduardinho. Não é nada disso que você está pensando. – disse o Gilberto, enrolando-se num lençol.

- Cala essa boca! Eu não tenho nada para falar com você! Some da minha frente, ou não respondo por mim. – gritei, cerrando os punhos prestes a partir para cima daquela cara infame que me encarava como se houvesse uma justificativa para o que eu tinha presenciado.

- Você precisa se acalmar para conversarmos. – disse o Mario.

- Eu me acalmar? Tira esse merda da minha frente. – esbravejei, dando um murro nos braços dele que vinham tentar me tocar novamente.

- Você se fez de difícil, é nisso que deu. – disse o Gilberto. Meu punho atingiu seu rosto uma fração de segundos depois.

- Canalha desgraçado! Você estava dando em cima do meu homem na minha cara. Seu filho da puta, veado rameiro! – vociferei incontrolado, enquanto o Mario me segurava para que eu não atingisse a cara do Gilberto novamente.

- Me solta! Vou acabar com esse filho da puta! – minhas forças eram insuficientes para me desvencilhar do Mario. O Gilberto correu em direção às suas roupas espalhadas pelo chão, vestiu-as e, esquivando-se pela passagem estreita do corredor onde o Mario me continha, correu embora.

Eu estava na sala do cafezinho na empresa, seis meses depois, quando ouvi a notificação do Whatsapp de que uma nova mensagem havia entrado. Era da Clarisse, embora eu a tivesse deletado dos meus contatos, bem como quase todos que tinham alguma relação com o Mario. Eram quatro fotografias acompanhadas de um texto da sessão de TV e Famosos de um jornal de grande circulação no Estado. Elas mostravam a cerimonia de casamento do Mario com a tal modelo, cujo nome nunca me dei ao trabalho de saber. A imagem da tela do celular foi ficando cada vez mais borrada, eram as lágrimas que não consegui mais conter. Aquilo era definitivo, não haveria mais volta para nós dois. Aliás, nós dois já não existia havia quase meio ano, mas meu coração não tinha sido avisado disso. Ele ainda acalentava um sentimento que já não existia mais. Não percebi que estava sendo encoxado, nem que aquele ar morno que roçava minha nuca não vinha do ambiente ou de uma corrente de ar. Apenas quando precisei me apoiar no balcão sobre o qual ficavam as máquinas de café, pois aquela dor no meu peito estava me sufocando, é que percebi que alguém estava tão grudado atrás de mim que eu podia sentir seu calor. Virei-me sem forças, derrotado pelo que acabara de ler no texto do celular. Minha bunda estava tão encaixada na virilha do diretor financeiro da empresa, um ursão de quase dois metros, corpulento e massudo, cujo olhar brilhava quando se encontrava com o meu, que parecia ter sido talhada para aquele lugar.

- Ei, ei, ei. O que está acontecendo? – perguntou ele, com aquele seu forte sotaque americano que nem os dois anos no Brasil haviam conseguido melhorar. Com os dois polegares ele amparou as outras lágrimas que desciam pela minha face. Eu precisava dizer adeus ao Mario. Mergulhei meu rosto naquele peito sem conseguir responder. Ele me abraçou e deixou que eu chorasse.

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Comentários

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Esse conto é o provavelmente o meu conto favorito mais eu sinto que o final é meio incompleto e seria muito legal ter uma continuação com o Eduardo superando tudo que aconteceu.

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Olá Obelisco! Noto que toda vez que não dou um final feliz aos meus protagonistas os leitores ficam a pedir um complemento. Todos gostamos de finais felizes, por mais brega que isso possa parecer ao olhar de muitos, há uma necessidade de fazer o amor triunfar, e por isso entendo o seu questionamento. Esse sentimento de um final incompleto também já me perturbou, inclusive recentemente, após acompanhar uma série no streaming na qual nenhum dos personagens teve um final feliz, confesso que fiquei puto com o autor, mas sei que a estória é dele e não minha por mais que estivesse torcendo para alguns personagens terem um final menos turbulento e triste. Encaramos a vida de maneira diversa a depender do nosso estado de espírito, e talvez, na época em que escrevi esse conto, eu não estivesse num dos meus melhores momentos e acabei achando que o protagonista também não tinha o direito de tê-los. De qualquer forma, eu lhe sou grato pelo comentário e por curtir os meus contos, há muitos deles, a maioria, para dizer a verdade, com finais bem felizes. Abração, meu querido!

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Que conto maravilhoso! Acho que deveria ter uma continuação com a história do Eduardo e desse diretor ursão. Abraços!

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Nesse período de copa, voltei aqui pra reler este que foi o primeiro conto que li desse autor fantástico que tanto me fascina com suas histórias. Você é incrível Kherr, seus contos são definitivamente os melhores que já li, e eu li todos viu? hahaha. Sempre me animo quando vejo que postou um novo, inclusive, já estou ansioso pra quando abordar ciúmes e traição novamente. Parabéns!

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Obrigado bt_noit! Grato por curtir os meus contos. Abração!

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Amei que ele se impos

E melhor sofrer sozinho do q ver o amor da sua vida nos bracos de outra

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Concordo com tudo o que o danexcarter disse, esse é um dos seus melhores contos

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Esse é meu conto de conforto hahahaha, sempre que você fica um tempão sem postar contos eu volto nesse, sou viciado. Gosto de toda a história, a reviravolta, a traição do ativo me da muito tesao, poderia ter contado mais sobre essa parte... ele e gilberto ja vinham transando ha quanto tempo? eduardinho também poderia ter terminado com alguem :( Mas é definitivamente um conto perfeito, Kherr você é definitivamente o melhor autor desse site!

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O Mário é muito mau caráter... Ainda bem que o Eduardo não o perdoou... Queria uma continuação onde o Eduardo encontrasse um homem que realmente o fizesse feliz,para quem ele disse o único, não apenas por exigência do próprio Eduardo, mas por esse homem não encontrar sentido em ter outra pessoa além dele.

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muito bom kkk queria uma continuação ...

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Kherr, esse conto irá ter continuação?? Me corrói saber que o Eduardo ficou "sozinho"...

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Esse conto deveria ter uma continuação, ficou uma incógnita no final, acredito que com outro capítulo tudo se resolva. Apesar de ser bem cliché valeu a pena ler.

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MARIO MAIOR CANALHA DA FACE DA TERRA. MERECE A MORTE POR ISSO. NÃO PERDOO TRAIÇÃO NEM APÓS A MORTE. ESPERO QUE VC DÊ A VOLTA POR CIMA E ENCONTRE ALGUÉM Q TE FAÇA FELIZ.

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Por favor, se possível, envia o conto para mim: plutao underline fogo arroba y a h o o ponto c o m ponto b r

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Fiquei assustado quando o sie me deu página não encontrada, pensei que você tivesse deletado seu perfil. Medo

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Pois é Plutão, não sei onde foi parar. Pelo visto o site o tirou do ar. Estou sendo censurado. Já republiquei, mas não aparece,

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Cadê o conto do triângulo incestuoso entre o pai e os dois filhos?

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Gente adorei esse história, amo contos que tenha traição no meio kkkk

Por favor continue

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Quero continuação por favor Adoro história de traição

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Manooooo se precisa fazer uma continuação please, e o Eduardo tem que lidar muito no Mario, odeio esses caras que não tem culhao pra assumir oq realmente é !!!

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Muito bom cara mas quero um final bom hen aguardo a continuação

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