Era quarta-feira,meu dia favorito,em algumas quartas os alunos são levados para um excursão em uma fazenda. Foi a melhor coisa que o diretor Fred já fez pelos alunos até hoje.
— Eu não quero baderna naquele ônibus,se um de vocês se machucarem todos voltaram e as excursões serão canceladas. — Todo mundo olhou para o Bart,ele era um garoto gordinho que sempre arrumava um Jeito de se machucar,ele era algum tipo de imã de acidentes. — Estão me entendendo?
— Sim diretor Fred!
Essa escola parecia um exército. Gabriella não veio com a gente,ela ia sair da cidade por alguns dias,oque me deixou triste porque ela é minha única amiga,e sempre ficamos no mesmo quarto.
A excursão dura três dias,voltamos só na sexta,e isso era legal,eu adoro a natureza,uma pena que eu já estou no último ano da escola.
O ônibus não ia muito lotado,dos quarenta alunos só foram trinta,um numero médio. Pra minha desgraça o grupo de Felipe e ele estavam antre os trinta,e estavam fazendo confusão como sempre,como podem ser tão infantis?
Minha relação com Felipe havia mudado,ele não olhava para mim,mas eu não parava de olhar para ele,eu estava começando a me acostumar com o seu bloqueio. De certa forma isso foi muito bom,tudo acabou antes de começar.
A viagem até a fazenda durou seis horas,a casa que os alunos ficavam era um enorme casarão,com muitos quartos,era todo de madeira mas bem chique. Mas dessa vez eu estava sozinho sem Gabriella. Eu queria ligar para ela e xinga-lá.
— Ai Iwe está sozinho? — Zombou Gustavo.
-É Ewe,e pra você é Ewerton. — Os amigos dele começaram a tirar sarro com a cara dele,Felipe olhou para mim e sorriu e eu olhei para ele e revirei os olhos.
— Escutem alunos, amanhã de manhã vamos fazer uma caminhada para o lado leste da fazenda,vamos coletar matérias primas,vamos dividir a turma em equipes,como vocês então em trinta vamos divirir as equipes com dez membros em cada equipe,amanhã eu pego os nomes de vocês. — Falou o professor Juliano,ele era o professor mais gato da escola, ele tem olhos verdes e é malhado. Ele era um ótimo professor.
Levei minha mala para um dos quartos,cada quarto tinha um número,o meu era o 26 e era o último quarto da casa afastado de todos,alguém sabia que eu era um solitário e me colocou no melhor quarto.
Eu estava cansado depois da viagem então me deitei na cama e fiquei olhando para o teto,meu celular vibra.
• Espero que esteja se divertindo,porque aqui está um tédio_ Gabriella.
• Não está muito bom,seria melhor se você estivesse aqui.
•Eu sei… _ Gabriella.
Alguém estava batendo na porta.
— Eu posso ficar aqui? Os outros quartos estão ocupados. — Felipe estava parado na frente da minha porta.
— Claro,que não.
— Você sabe que não pode me impedir de ficar aqui.
— Faça oque quiser. — Voltei minha atenção para meu celular.
— Obrigado. — Ele colocou a mala dele na outra cama, ele estava sem camisa quando eu olhei para ele,sua barriga tão bem desenhada,um Deus grego,seu peitoral era bem definido. Minha boca encheu de água.
Ele percebeu que eu estava olhando para ele e passou a mão na barriga,ele era tão irritante e tão provocante ao mesmo tempo. Ele sorriu e vestiu a camisa cobrindo a coisa mais linda que eu já vi na vida. Ele saiu em seguida.
Eu estava tão envergonhado com isso. Me levantei e percebi que eu estava exitado,era a primeira vez que eu fiquei excitado vendo outro homem, não que eu não gostasse de homens só que nunca vi um pelado nem nada disso.
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As noites naquele lugar eram muito belas,era bom ver as estrelas,o barulho calmo sem aquele estresse do dia a dia,nem aqueles barulhos de carros. Todos estavam jantando,era muito chato estar com eles,mas eu já estava acostumado,e o assunto da noite era namoros.
— Você tem namorado Ewerton? — Perguntou Kamily. Todos sabiam que eu era gay,eu mesmo gritei na cara de todo mundo. Todos olharam para mim quando ela fez a pergunta,Felipe me olhava curioso.
— Não,eu não tenho. — Falei calmo.
— Claro. — Kamily começou a rir.
— Mas você pensa em ter não é? Eu acho tão fofo os namoros homossexuais. — Perguntou Julia. Ela era uma menina sonhadora. Todos riram até eu,ninguém ali era contra a sexualidade de ninguém,entre aspas. Mas ninguém ligava,éramos uma família de quarenta pessoas,desde a infância todos se conhecem.
— Não,não é algo que eu anseio.
— Quem vai querer você? — Perguntou Gustavo com deboche,ele era um garoto muito chato sempre caçava briga com todos.
— Eu acho que qualquer um. — Ivan falou, eu olhei para ele. — Afinal você é muito gato. — Eu corei.
— Hmm. — Todos estavam tirando sarro. Felipe não estava com uma cara muito boa.
— Valeu Ivan.
— Você ainda é virgem Ewerton?
— Vocês então deixando o garoto constrangido. — Falou Felipe.
— Não se preocupe Felipe sou acostumado,e Sim Rebecca eu ainda sou virgem. — Eu me levantei da mesa e fui para fora.
Fiquei sentado embaixo do carvalho,eu estava um pouco irritado com tudo,não gostava de que as pessoas se intrometessem na minha vida,mas também não fiz nada para pará-los.
— Ai está você. — Era Ivan,ele estava com uma voz divertida,ele saltitava vindo a minha direção,era o garoto mais feliz e bonito que eu já vi,mas do que Felipe, e ele sabia disso,e usava sua beleza ao seu favor.
— O que você quer? — Não olhei para ele.
— Nossa não seja grosso,estava entediado em ouvir seus amigos falando coisas fúteis.
— Eles não são meus amigos.
— Eu sei. — Ele se sentou perto de mim. Ele não era o tipo de garoto que se abalava com nada,parece que para ele não existe barreiras.
— Você não é daqui né?
— Não,eu nasci na França,mas fui criado na Romênia.
— Então você é francês?
— Exactement. — Ele riu. — Mesmo eu não tendo sotaque,eu estudei o português por muito tempo,sabia que eu ia vir para o Brasil a qualquer momento.
— Você fala como se tivesse saído fugido. — Sorri para ele.
— Não foi bem isso e foi.
— Como assim? Você me deixou confuso.
Ele só sorriu então eu percebi que estava fazendo perguntas demais.
— Desculpe!
— Não se preocupe,só é um pouco difícil sabe,meu pai tem muitos inimigos,ele é um homem muito poderoso, recebeu uma ameaça então me mandou para o Brasil de imediato. — Ele ficou calado por algum tempo. — Eu não sei o que aconteceu com o meu pai,ninguém me fala nada,e quando eu pergunto eles se calam. — Ivan estava chorando,não gostava dele mas eu não suportava ver ninguém chorando.
Abraçei ele,era a coisa certa a se fazer. Ele colocou a cabeça dele no meu ombro.
— Tudo vai ficar bem, você vai ver. — Falei. Ivan começou a cheirar o meu pescoço.
— Seu perfume é tão cheiroso,me agrada muito. — Ele lambeu meu pescoço e eu me arrepiei.
— O que você está fazendo? — Meus olhos estavam fechados.
— Apenas relaxe Ewerton deixe as coisas fluirem.
Ele me abraçou e continuou lambendo o meu pescoço e o mordia. Eu estava gostando daquilo. Seus lábios tocaram os meus,ele puxou meu cabelo parecia que ele queria me devorar.
— Ivan. — Falou uma voz cheia de autoridade atrás de nós. Eu levei um susto e bati minha cabeça na árvore. Ivan estava calmo,ele não parecia nem um pouco abalado. — Podemos conversar? — Perguntou Felipe.
— Charo. — Respondeu Ivan.
Os dois sumiram para a dentro da floresta,eu fiquei ali vendo os dois desaparecerem. Não era minha intenção beijar Ivan,na verdade foi ele que se aproveitou da situação e é isso que acontece quando você abaixa a guarda.
Os dois tinham vontado depois de algumas horas,ambos estavam sujos com folhas nos cabelos, não sei porque aquilo me incomodou,eles estavam abraçados e rindo. Parecia dois primos felizes. Eu subi para meu quarto,ninguém me olhou quando eu passei por eles.
Me deitei na cama e paguei meu celular.
— Garota preciso de contar umas coisas! — Eu mandei uma mensagem para a Gabi que respondeu de imediato. Contei tudo o que havia acontecido comigo e o Ivan,e a estranha mudança com ele e Felipe,eu tinha certeza que Felipe estava irritado com Ivan.
• Nossaaa,eu queria estar ai,eu ia descobrir tudo bem rápido.
• Eu sei que ia.
Não percebi Felipe me olhando da porta,ele estava me examinando. Voltei a atenção para o celular. Ele não estava mais lá,mas suas roupas estavam espalhadas pelo chão e a luz do banheiro estava acesa, um frio subiu pelo meu corpo. Eu não gostava de admitir mas eu gosto de Felipe, Ivan beija bem e é provocativo e sem escrupulos,mas eu não senti nada com o beijo dele eu nem me lembrava mais. Não era como o beijo de Felipe que até agora eu sentia seus lábios.
Ele saiu do banheiro enrolado em uma toalha, era uma cena do paraiso,aquele homem que só tinha uma toalha branca tapando sua nudez tão musculoso e sedutor. Tive que me controlar para não olhar para ele. Foquei no livro que eu estava lendo,um bom pretesto para não olhar para ele,mesmo depois dele ter tirado a toalha,não me atrevi a olhar.
Fui para o banheiro tomar banho,paguei minha roupa porque eu não quero que ele veja meu corpo esqueletico,seria humilhante. Ele estava deitado na cama dele.
Seu cheiro estava no banheiro o que me irritou muito, porque eu não queria mais sair de dentro dele. Quando sai do banheiro ele estava de pé segurando meu livro, me deixando irado.
— O que você acha que está fazendo?
— Vendo o livro,eu gosto muito desse livro,gosto do Jacob.
— Ah que legal,agora me devolve. — Fui para cima dele.
— Vem pegar baixinho. — Ele começou a rir,claro que ele era maior que eu,mas não muito.
— Eu estou falando serio Felipe! — Puxei um lado do livro e ele não o soltou. Ele apenas ria,e então a capa rasgou e eu cai no chão batendo as costas.
— Ewerton. — Ele veio para meu lado preocupado.
— Não chega perto de mim. — Me levantei e paguei meu livro.
— Você está bem? Eu sinto muito pelo livro, me desculpe.
— Você é um idiota, pior do que criança. — Falei irritado.
— Eu já pedi desculpa,pare de agir com tanta maturidade.
— É você podia aprender a ser maduro assim como eu,seu muleque. — Me deitei na cama. Ele se deitou na dele e não falou mais nada. Apaguei o abajur,Felipe tinha estragado a minha noite.
