Pois é, pra alegria (ou tristeza) de vocês eu ainda estou vivo kkk
Peço desculpas pela demora, por conta da minha faculdade e do meu tratamento não tenho tanto tempo pra escrever.
Eu havia terminado esse capítulo semana passada, mas achei melhor deixar pra postar hoje dia 09 de fevereiro como um pedido de desculpas pra vocês.
O motivo de ter escolhido essa data eu deixei no final do capítulo. Não vou responder os comentários dessa vez porque estou com um problema pra acessar o capítulo anterior, mas respondo os dele e os desse no próximo capítulo. Boa leitura pra vocês.
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Havia acabado de chegar na fazenda 'Nossa Senhora das Dores' juntamente com o Jonas, fazenda essa que se encontra na zona rural de Assaré e que pertencia a família de minha madrinha. Ela seria velada lá e enterrada no cemitério da cidade, era essa sua vontade.
A fazenda estava repleta de pessoas. Minha madrinha, por ser uma pessoa tão amável, tinha muitos amigos.
Ao entrarmos no casarão da fazenda me deparo com um caixão no centro da sala, uma grande coroa de flores pendurada em uma cruz que estava atrás do caixão, e dentro dele estava ela. Estava com o rosto sereno, vestia um vestido azul claro que ela amava exibir, em suas mãos maltratadas pelo tempo estava um porta retrato com uma foto minha, ao meu lado estava meu irmão, do outro lado estava Jonas e atrás de mim estava Douglas. Todos sorridentes, aquela foto havia sido tirada em seu aniversário três meses antes do acidente e um pedido que ela fez foi que quando morresse gostaria de ser enterrada com aquela foto, para que mesmo após a morte pudesse olhar por nós.
Lembrar de seu sorriso maroto, de sua voz suave e de sua forma de agir me enchia de felicidade! Mas ao lembrar que eu nunca mais veria seu sorriso, nem ouviria sua voz me despertou para a realidade. Ela estava morta! Eu havia perdido ela.
Caí de joelhos no meio da sala diante daquele caixão, estava com um olhar vazio, meu peito estava apertado não conseguia chorar, depois da morte de Branndon eu havia obtido um bloqueio, não conseguia chorar em público.
Todos da sala me olhavam, aqueles que me reconheceram me olhavam com pena, já os demais me olhavam confusos. Senti uma mão em meu ombro, quando olhei para cima vi um rapaz um pouco bronzeado, cabelos pretos com um topete, olhos verde-esmeralda com olheiras, era bem forte e usava uma camisa auto-ajustável. Era de fato um rapaz bonito.
-Kyle é você?
Eu: Sim, sou eu! Mas quem é você?
- Não está me reconhecendo? Sou eu Douglas.
Eu: Ah, olá Douglas, desculpe é que já faz muito tempo. Ah e meus pêsames pela sua perda.
Douglas: Tudo bem e obrigado, mas sei que você está sofrendo tanto quanto eu, ela o tinha como um filho.
Eu: E eu tinha ela como uma segunda mãe.
Douglas: Podemos ir até o segundo andar? Preciso te dar uma coisa.
Estranhei um pouco mas decidi subir com ele, entramos em um quarto grande e Douglas fechou a porta assim que eu passei pela mesma.
Eu: Então, o que precisa me dar?
Douglas vai em direção à sua mala e de dentro dela tira uma caixa e me entrega, ele pede para que eu a abra e assim o faço. Ao verificar o conteúdo da caixa encontro o box de edição de colecionador limitada da Divina Comédia de Dante Alighieri. Meus olhos brilharam ao ver tamanha beleza, eu amava a Divina Comédia porém nunca havia conseguido a edição limitada de colecionador. Olhei para Douglas e disse.
Eu: É realmente uma linda coleção, mas porque está me mostrando isso?
Douglas: Acho que você não entendeu, isso é seu!
Eu: Como assim meu? Porque está me dando isso? Não somos amigos nem nada.
Douglas: Não fui eu quem comprou, foi ela. Ela falava todos os dias que ia te fazer uma surpresa em seu aniversário, que você amava esses livros e passava horas contando a ela sobre a jornada de um homem que tenta salvar a alma de sua amada. Ela sorria sempre que falava nisso. Então é justo que fique com você.
Eu não conseguia acreditar que ela havia feito isso, ela sempre dizia que ia me dar de presente mas eu sempre a fazia mudar de idéia, mesmo sendo de família com condições eu nunca gostei que os outros gastassem dinheiro comigo.
Eu: Obrigado Douglas, vou guardar com muito carinho. Aliás gostaria de te fazer um pedido.
Douglas: Qual?
Eu: Queria te pedir pra colocar minha madrinha no mausoléu de minha família, mesmo ela não tendo o sobrenome Arraes ela era parte da família.
Douglas: Mas isso será possível? Não temos a permissão.
Eu: Douglas meu nome é Kyle Cristopher Arraes, sou neto de Joaquim Arraes e dou a autorização para colocar minha madrinha no mausoléu de minha família e se alguém reclamar pode mandar vir falar comigo.
Douglas: Obrigado Kyle, obrigado mesmo meu amigo.
Eu: Não confunda as coisas, eu não fiz por você fiz por ela, não somos amigos você deixou isso muito claro anos atrás.
Douglas: Eu sinto muito pelas coisas que falei naquele dia para você, você só era uma criança que queria fazer amigos. Me perdoe.
Eu: Claro que te perdoo, aliás tá perdoado a muito tempo. Mas isso não muda o fato de eu estar aqui hoje por ela, e não somos amigos. Nunca tivemos proximidade e não usarei esse momento triste para mudar isso, então se me der licença eu vou procurar o Jonas para guardarmos isso no carro.
Saí do quarto com os livros em mãos e desci as escadas em direção a cozinha e vejo Jonas conversando com sua mãe.
Cristina: E então? Fez o combinado?
Jonas: Sim mãe, estou ajudando o Kyle pra conquistar a confiança dele.
Cristina: Kyle? O que aconteceu com Ky? - perguntou ela debochada - Lembro que quando tentei te convencer a me ajudar nesse plano você ficou todo animadinho porque ia reencontrar seu priminho. Mas ontem do nada você me liga dizendo que não queria mais chegar perto dele nem nada e só está aqui hoje porque te convenci a dar continuidade com meu plano. O que mudou tão de repente Jonas?
Nessa hora pude perceber que Jonas ficou com um semblante sério no rosto. Eu estava escondido próximo ao armário que fica ao lado da porta da cozinha, eles não podiam me ver mas eu via e ouvia tudo perfeitamente.
Jonas: Não aconteceu nada mãe, simplesmente o meu primo não é a pessoa que eu imaginava ser e só estou te ajudando nessa porque não é justo que mais da metade de nossa fortuna esteja congelada por pirraça dele.
Então era isso que estava acontecendo, o retorno de Jonas dos Estados Unidos, seus sumiços, dia mudança repentina de opinião. Tudo isso não passava de um plano pra conseguir a herança de meu avô.
Notei que minha tia Cristina pareceu não engolir a desculpa de Jonas, ela o olhou séria e disse
Cristina: Não acredito em uma palavra que você disse, mas cedo ou tarde eu descubro o que você está escondendo e o porquê, agora chega de falarmos sobre isso. Hoje é um dia triste, com licença.
Tia Cristina saiu pela porta que dava acesso a sala de jantar, após ela sair finjo estar entrando na cozinha, Jonas se assusta um pouco mas disfarça.
Jonas: Onde você tava? Você sumiu e que livros são esses?
Eu: A minha madrinha havia comprado pra mim, mas não teve a chance de entregar. Vamos guardar lá no carro o dia vai ser longo e não quero acabar perdendo um deles.
Jonas: Certo, vamos.
Guardamos os livros no carro e voltamos para o casarão, algumas horas depois meus pais chegaram. Dei um abraço em meu pai e minha mãe me levou até um dos quartos, lá ela trancou a porta, se sentou na cama e deitou minha cabeça em seu colo e me deixou finalmente chorar, minha mãe já me conhecia e sabia o quanto doía conter as lágrimas, ela sempre fazia isso quando notava que eu estava triste.
O dia se passou com muita tristeza e a todo momento eu notava Douglas tentando se aproximar de mim, mas eu o afastava, no dia seguinte pela manhã minha madrinha foi colocada no mausoléu de minha família e após teve um almoço em homenagem a ela. Logo em seguida as pessoas começaram a voltar para suas respectivas cidades
Despedi-me de Douglas que estava com um garotinho de cinco anos de idade, ele me disse que era seu filho e que era pai solteiro, a noite que tivera com a mãe do garoto foi um erro, mas o menino não tinha culpa e ele o amava. Estranhei um pouco o fato dele me contar aquilo tudo, afinal eu só havia ido me despedir por questão de educação. Me despedi dele, ele perguntou se podia me abraçar mas eu rejeitei o abraço e lhe dei um aperto de mão.
Fui em direção a meus pais e me despedi deles, antes de irem minha mãe me deu um abraço e disse
Mãe: Sei que tem algo te incomodando e que você não quer falar a respeito, mas te dou um conselho meu filho: só vivemos uma vez, então não deixe que a raiva e a tristeza te privem da alegria e do amor. Eu tenho que ir meu filho, mas qualquer coisa é só me ligar você sabe que pode contar comigo pra qualquer coisa. Te amo.
Durante a volta passei o tempo todo pensando no que minha mãe disse e pensando na discussão que tive com o Cadu. Jonas me perguntou se poderia voltar para minha casa e eu disse que por enquanto queria ficar sozinho. Ele concordou e me deixou em uma praça próximo a minha casa. Após ele ir embora fiquei me perguntando como ele conseguia ser tão ipocrita e fingir tão bem se importar comigo. Decidi tirar aquilo da minha mente e pensei em ligar para o Cadu, só que nada dele atender. Decidi ir andando pra casa e ligar novamente, após alguns toques ouço um celular tocando, é quando dou de cara com Cadu dormindo, sentado na minha porta, aquela cena tava tão fofa e engraçada ao mesmo tempo. Me aproximei dele e o chamei, ele abriu os olhos com preguiça e quando me viu ele começou a chorar
Cadu: Eu tava me sentindo tão mal por não ter confiado em você, pelas coisas que eu te falei. Cheguei hoje pela manhã aqui, mas você não estava. Decidi esperar mas nada de você chegar, eu te ligava mas sequer chamava. Comecei a pensar que você não quisesse me ver mais, então decidi que não ia sair daqui até te encontrar e poder me desculpar com você e...
Eu: Cadu - o cortei - para de falar, nós dois erramos, Eu te amo - e o beijei, um beijo carregado de saudade, arrependimento, amor, desejo.
Após o beijo levo o Cadu pra dentro de casa, mandei ele tomar um banho que logo eu levaria uma roupa pra ele, o que obviamente eu não fiz.
Estava na cozinha preparando uns sanduíches pra ele comer quando ouço ele gritar meu nome, eu sabia o motivo mas me fiz de desentendido. Ele aparece na cozinha só de cueca e me pergunta porque eu não levei as roupas pra ele como havia dito que ia fazer.
Eu: Francamente eu não vejo motivos pra você querer uma roupa, está muito melhor assim. - Cadu era branco com alguns sinais em seu peito nas costas, tinha uma barriguinha definida e pernas grossas por conta do futebol, ele estava usando uma cueca box preta que escondia um volume imenso.
Quando ele percebeu que estava somente de cueca em minha frente ficou todo vermelho e correu pro banheiro, eu não consegui segurar o rosto diante da atitude dele e fui atrás dele. Ele havia se trancado no banheiro.
Eu: Cadu sai daí.
Cadu: Não, eu tô ridículo e você tava rindo de mim
Eu: Amor eu só tava rindo da sua atitude.
Cadu: Vai ser foder Kyle você já tinha planejado isso né
Eu: Para de besteira Cadu, eu sou seu namorado, não tem motivo pra essa vergonha toda, sai daí vai meu esquentadinho.
Ele abriu a porta, seu rosto ainda estava vermelho, o puxei pra um abraço e apertei sua bunda, ele ficou mais vermelho do que já estava e eu soltei um sorriso de lado.
Ele olhou pra mim e perguntou
Cadu: Você quer fazer?
Eu: Não, não tô no clima, minha madrinha foi enterrada hoje, sinto como se fosse um desrespeito com ela e além do mais tá na cara que você não tá pronto.
Cadu: Você notou?
Eu: Cadu até o carteiro do outro lado da cidade notou kk. Mas tudo bem meu esquentadinho. Quando estiver pronto.
Após essa nossa conversa nos deitamos no sofá para assistirmos um filme, escolhi Procurando Nemo, amava aquele filme. Cadu deitou sobre meu peito e comecei a mexer em seu cabelo, então senti uma pontada em minha cabeça como se fosse um alfinete, depois outra e outra até que pareciam milhares de alfinetes sendo enfiados no meu cérebro, levei minhas mãos à cabeça e comecei a gritar de dor, parecia que minha cabeça iria explodir, a dor só aumentava mais e mais. A essa altura eu já estava no chão com as mãos segurando minha cabeça, eu me debatia como um peixe fora da água, naquele momento eu só queria que aquele dor parasse. Até que de repente parou e tudo escureceu...
CONTINUA...
O motivo por eu ter escolhido essa data foi porque no dia 09 de fevereiro foi o meu primeiro dia como professor no colégio, ou seja, dia 09 de fevereiro foi o dia em que eu conheci o Cadu.
Um abraço a todos
Se alguém quiser entrar em contato comigo meu e-mail é esse: kylearraes@gmail.com