Hoje passei por um bairro onde morei quando era criança, me vieram inúmeras recordações da época em que eu era apenas um garotinho.
Parei o carro e me vi correndo entre dezenas de crianças enquanto o Rick gritava de ciúmes por eu ter amigos e ele não gostar de nenhum deles rs.
Pega, pique esconde e taco, as meninas que insistiam em salada de fruta para beijar os meninos mais bonitinhos e o Raul levando todo mundo no braço por que não era e nem tinha paciência com os meninos riquinhos cheios de trê lê lê. O garoto maior que se chamava Daniel, tinha uns quatorze anos na época, era lindo, alto, cabelos lisos e repartidos ao meio, corpo atlético e as pernas escuras com tantos pêlos encobrindo a pele.
Nunca me atrevi a olhar em direção a ele, mas confesso que era meu sonho poder encostar a minha perna na dele só pra roçar meu cambitinho naquelas pernas lindas e musculosas, do menino que era aspirante a jogador de futebol.
Certa vez numa de nossas brincadeiras de pique esconde, já era bem tarde quase beirando a noite, a rua era iluminada e quase não se tinha movimentação de veículos, uma rua pacata e bastante amigável, a vizinhança sentava na calçada a frente das residências e lá se ouvia as mais estranhas, engraçadas, intrigantes ou tristes histórias.
Eu corri para me esconder atrás do portão de uma casa que não havia mais moradores, escuto passos e alguém invadindo meu esconderijo.
- Nossa garoto que susto você me deu.
Era o príncipe jogador que acabará de se assustar com o monstrinho mirradinho atrás do portão "eu".
- Me desculpe Daniel, vou procurar outro esconderijo.
- Não precisa ir garoto, mas como sabe meu nome?
- Daniel, todos sabem seu nome aqui.
"Já fui ofensivo e agressivo com ele rs"
- E qual o seu nome garoto bravinho?
- Fabiano, mas as pessoas me chamam de Binho!
Ele podia me chamar de qualquer coisa que eu ia urinar de tesão.
- Binho né? Já ouvi falar de você, você é o garotinho afeminado né? Os meninos me falaram de você já.
- Afeminado seu cu garoto, vai te catar moleque idiota!
- Binho e Daniel atrás do portão pegos kkk
Era o garoto nos encontrando em nosso esconderijo.
- Imbecil por sua causa nos pegaram, sua franga tagarela.
- Moleque imbecil é você, franga é seu futuro seu idiota.
Peguei ranço daquele garoto aquele dia, mas ainda o achava o máximo e bastante atraente.
Quando fui me esconder novamente, percebi que ele estava me seguindo, fui atrás do portão, ele foi, fui atrás das roseiras da Dona Joaquina, ele atrás, fui na garagem do seu Mário e ele também.
- Tá me seguindo agora garoto?
- Não, você quem está me seguindo, ta querendo alguma coisa né?
- Sai fora menino, vou pra lá!
Corri atrás de um baú de caminhão que estava encostado num canto mais afastado da rua.
Ele me seguiu até o lugar e lá me fez a seguinte pergunta:
- Você gosta de meninos ou de meninas?
- Meninas
- É mesmo, e se eu te pegar de jeito você não vai gostar? Meu pau ta durinho já, quer sentir?
- Não, não quero! (Mentira, já estava até escorrendo água da boca de vontade)
Ele segurou e puxou meu braço direito e eu fingindo que não queria "querendo" e o puxava de volta.
- Deixa de ser chato Fabiano, só uma pegadinha vá, vai, pega, olha como ele está.
- Daniel, não dá pra ver nada e eu não vou pegar coisa nenhuma, sai daqui se não eu vou gritar (mentira, não ia nada, era charminho meu).
Ele me segurou novamente pelo braço e me puxou pela cintura, aí sim eu senti o pinto dele pulsando e cutucando minha barriga.
Peguei no cacete dele e senti o bicho entre minhas mãos, ele suspirou bem próximo a minha boca e eu pude sentir o hálito dele, cheirava gostoso, fiquei hipnotizado por aquele menino. Ele chegou perto do meu ouvido e me disse:
- Não conte a ninguém, isso será um segredo nosso.
Me tascou um beijo cheio de baba enquanto eu alisava o cacete dele.
Aquele dia eu percebi que não importava tanto o status social ou o gênero, tinham tantas meninas lindas, ricas e atraentes que se matavam por um "oi" ou "olhar" dele e eu, o monstrinho tagarela acabei ganhando o beijo e peguei no membro daquele que muitas delas sonhavam algum dia poder ter, e o mais estranho de tudo é que foi ele quem quis.
Hoje ele é bancário, fingi que não se lembra de mim, mas eu sei que lembra muito bem!
Quando aquela história chegou no ouvido do Raul, é isso mesmo, o próprio Daniel contou para os outros meninos.
O Raul também quis ficar comigo e eu acho que já contei sobre esse episódio aqui rs. O Raul foi o primeiro menino que eu masturbei e fiz gozar na minha mão, mas, com nossos doze para treze anos a porra era quase um melzinho que saia do pinto kkk.
Depois disso a minha mãe comprou a casa em que moro até hoje e vivemos felizes para sempre rs.
Me perdi no tempo e hoje não vejo essas coisas, brincadeiras de rua, nada disso, amigos partilhando de um pacote de biscoito hipopó ou trakinas rs, a gente fazia tudo isso e era feliz.
Quando se está sozinho, essas são sempre as nossas maiores amigas ou inimigas, as nossas lembranças e recordações.
O William ainda era uma das recordações que se mantinham vivas e se recusavam a irem embora.
Era difícil ficar sozinho, fazer as coisas sozinho e ter que reacostumar a ficar só, sem uma pessoa com quem compartilhar meus momentos. Eu já não estava mais tão ligado ao William, mas sua ausência ainda pesava em meus sentimentos e meu coração, vez ou outra me trazia aquela angústia e eu ficava desesperado em casa.
Nesse dia eu recebi um WhatsApp de número desconhecido e sem foto.
- Bom dia, tudo bem? Peguei seu número com a Raquel, já que você ainda não me passou, salva aí....Dinho
- Bom dia amigo, claro, já está salvo!
- Qual a boa de hoje Binho? Vamos beber alguma coisa, mas não vou arriscar ir na casa da Raquel não rs.
- Eu também não, depois daquela cena, vou em qualquer lugar, menos na cada dela kkkk, vamos em algum barzinho então Dinho?
- Blz!
Ele passou na minha casa e me pegou para tomar umas cervejas na casa dele. Eu ainda não tinha ido até lá e fiquei fascinado com a casa dele.
Era linda toda cheia de detalhes e bastante objetos decorativos, muito linda. Quadros e porta retratos do filho e ele, mas nenhum da ex mulher.
- Seu filho é lindo, deve ter uns dois anos a menos que o Igor.
- Ele tem cinco anos!
- Muito lindo ele Dinho, parabéns! Mas, por que acabou sua relação, seu casamento?
- Acabou por que acabou o amor, o respeito e a cumplicidade, ela fazia as coisas sem eu saber e eu acabei indo pelo mesmo caminho. Acho que no fim das contas a gente não se amava de verdade, era mais uma paixãozinha que foi sumindo com o tempo e convivência. Hoje ela só quer saber do dinheiro da pensão e mais nada.
- E você Binho? O que aconteceu pra levar o fim de sua relação?
- Não sei Dinho, sinceramente ainda me faço essa mesma pergunta. A gente era feliz na cama, na relação e além de tudo, éramos grandes amigos. Eu não sei o porquê ele mudou de uma hora para outra. Ele veio com uma conversinha pra cima de mim, mas não me convenceu nenhum pouco.
- E isso faz quanto tempo Binho?
- Tempo suficiente pra ele engravidar uma menina, ter um filho e só depois disso vir bater na minha porta para tentar se explicar e agora o menino já está com uns dois ou três meses.
- Que foda Binho, estamos no mesmo barco então rsrs.
- É Dinho, parece que estamos mesmo.
E nas horas mais incertas você descobre que ainda existem pessoas de coração bom.
O Dinho se mostrou um grande amigo, desses que você conversa dois minutos, mas parece que conhece a vida toda. Ele me ouvia, me dava conselhos e também se abria comigo me pedindo o mesmo, era uma troca e era muito bom aquilo.
Acabamos deixando a Raquel um pouco de lado e começamos a sair juntos, nos ver sempre manter contato quase que diariamente.
Estavamos no supermercado comprando coisas pra um jantar na minha casa e quando não, me deparo com o William a Giovana e o bebê (lindinho por sinal).
- Fala aê Binho, como você está? Olha filho, da oi para o Titio!
Ele disse aquilo enquanto balançava a mãozinha do filho.
- Bem, William e vocês? Tudo bem Giovana, já se recuperou bem? Que mocinho mais lindo esse!
- Puxou o paizão aqui né? Hahaha
- Tomara que tenha puxado apenas a beleza do pai, por que se puxar o carater também, aí tadinho desse menino.
A Giovana ficou me olhando como se não estivesse entendendo absolutamente nada.
E realmente ela não sabia de nada, o magrelo não tinha contado pra ela.
- Binho, o que você acha de levarmos esse vinh... Oi?
- Dinho esse é o William, a Giovana esposa dele e o filhinho deles. Gente esse é o Dinho!
- Oi, prazer Dinho!
A Giovana deu um beijo no rosto ( super educada) e o William apenas ergueu a cabeça e me olhou direto nos olhos. Eu senti um arrepiozinho no corpo e notei que ele ficou meio incomodado com a situação.
- O prazer é todo meu Giovana e William, o filho de vocês é muito lindo.
- Obrigado! Vamos então Giovana? Tchau...
E foram embora sem esperar a gente se despedir. Terminamos de comprar as coisas e fomos embora.
Eu estava de carona com o Dinho e vi que o William estava no estacionamento procurando alguém ou alguma coisa, ergui minha mão acenando e percebi que ele ficou olhando pra gente.
- Não foi um encontro muito legal né Fabiano?
- Foi muito estranho Dinho, muito estranho, mas deixa pra lá...vou ligar pros meninos e convidar a todos para uma reuniãozinha em casa, você topa?
- Pode ser Binho!
Chamei Raul, Iago, Rick, Jorge, Raquel, Lili e Vick, mas não puderam vir, o Renato e o Renan e o Luiz também.
Não foi nada daqueles churrascos que eram regados de bebidas e vexames, foi algo mais estilo reuniãozinha.
Só que quando o Dinho me deixou em casa e me ajudou a descarregar as compras e tal, ele foi embora dizendo que voltaria depois, só ia tomar um banho e se arrumar.
Mas ele não apareceu, não atendeu meus telefonemas e também não respondeu minhas mensagens.
Pensei que estivesse cansado e nem insisti muito naquele dia, deixei ele sossegado.
