Olhei para o céu e ele estava cinza, “mais um dia de chuva em SP” pensei, desde que tinha chegado na cidade todos os dias em algum horário sempre chovia.
Os pingos logo molharam meu rosto e eu me apressei a procurar pelo condomínio que tinha pesquisado para morar. Pelo anúncio era um apê novo com dois quartos, cozinha, banheiro e varanda, mas nada disso de fato me interessava, o que mais me chamou a atenção foi a localização: pertinho da faculdade que tinha passado.
Corri contra a chuva que agora caia forte e molhava sem pena todo o meu corpo, procurava algum lugar pra esperar a chuva passar, mas aquele bairro só possuía prédios e mais prédios “que merda, me arrumei à toa”.
Corri com mais pressa e assim que avistei um prédio branco com a faixada de vidro e mármore claro me aproximei tentado ler o nome, assim que constatei toquei o interfone com pressa querendo logo entrar e me livrar daquela chuva.
-Pois não. Uma voz grossa saía pelo interfone.
-Olá boa tarde, me chamo Rafael, eu tenho uma visita agora no apartamento 210, décimo segundo andar... com Hugo. Eu dizia afoito querendo entrar logo.
-Ok, vou interfonar.
Que maravilha, ele ainda vai interfonar para confirmar e eu aqui me molhando mais ainda. Que merda de chuva.
Logo a voz grossa grunhiu pelo interfone:
-Ok Sr.Rafael.
Ouvi o barulho do portão automático se abrindo e entrei correndo prédio à dentro, passei pela portaria e entrei no Hall Social, era bastante bonito e organizado, um espelho gigante me mostrava o quanto eu estava ensopado, minha camisa branca que já era apertada agora estava colada ao meu corpo e evidenciava com nitidez a definição que eu tinha por sempre estar me cuidando e fazendo atividades físicas, além do bico do meu peito estar super marcado; dei uma apertada neles morrendo de vergonha da situação.
Minha calça skinny já era apertada por si só e agora estava mais escura do quê o normal e desenhava com perfeição minha bunda que sempre foi um dos meus melhores atributos, passei minha mão pelo meu cabelo loiro e rosto tirando o excesso de água, e, agora um pouco mais “seco” chamei o elevador.
Assim que a porta se abriu e eu sai no meu andar procurei pelo número 210, caminhei um pouco e parando frente a porta toquei a campainha dando um longo suspiro.
A porta se abriu com pressa e eu levantei meu olhar para ver quem me recebia, um tremor passou pelo meu corpo e eu fiquei alguns instantes sem reação, eu fiquei hipnotizado olhando aquele homem que estava parado em minha frente. Era alto, muito alto, seus músculos me deixavam parecendo um menino mirrado ao lado dele, seu olhar escuro parecia penetrar minha alma e o seu rosto tinha uma feição de surpresa, assim como eu, parecia que ele tinha entrado no mesmo transe que eu estava ao olhá-lo. Seu rosto logo voltou ao normal sem expressar nenhuma feição e ele quebrou o gelo dizendo entre alguns sorrisos:
-A chuva te pegou de jeito heim!
-É.. Disse sem jeito secando meu calçado no tapete da porta.
-Rafael não é?
Ele levantou sua mão querendo apertar a minha e eu dando um meio sorriso apertei a mão dele confirmando -sim, sou eu-.
-Entra aí.
Entrei e logo dei de cara com um apartamento até arrumado, o que me surpreendeu, porque eu odeio bagunça. Não tenho TOC, mas minha vida toda fui criado com senso de limpeza e levo isso comigo por onde eu vou, é inevitável.
-Senta aí.
Disse ele se sentando no sofá da sala enquanto eu me ajeitei numa poltrona.
-Então Rafael, eu sou Hugo e como você já sabe eu to querendo um colega pra dividir esse apê, aluguel, água, luz e net. Como disse são dois quartos, sendo que o seu -caso tu queira- está vazio e tu se responsabiliza pelos móveis, o restante já está decorado por mim mesmo. Não tem segredo.
Ele falava tudo aquilo e eu apenas estava quieto ouvindo com atenção, seus olhos estavam fixos no meu, ele era tão firme, seila, eu queria sentar no colo dele e sentir toda aquela piroca que marcava em seu short dentro de mim. Aquilo nunca tinha acontecido, óbvio que eu já tinha desejado alguns homens, mas não naquela intensidade. Aquele homem tinha algo que despertava o meu tesão de uma forma alucinante.
Ele se levantou me chamando para conhecer os cômodos, fomos direto para onde seria o meu quarto e parado do lado dele pude sentir o cheiro do seu perfume, assim como o dono o cheiro era forte, marcante e amadeirado o que me deixou ainda mais interessado nele.
Por um segundo eu me adverti “que isso Rafael, tá louco? Se controle!”. Eu nunca tinha feito isso antes, eu estava mais interessado nele do quê em saber mais sobre o apê que eu possivelmente moraria, além do mais eu nem conhecia direito esse Hugo, nem sei se ele era gay, se era solteiro, ou se ele iria se querer corresponder as minhas safadezas.
-Eu adorei o apartamento Hugo e se pudesse me mudaria agora mesmo. Além de bem bonito e organizado ele fica pertinho da minha facul.
-Tu faz faculdade também?
-Vou começar esse ano! Disse empolgado.
-Ah calouro, sei bem como é esse sentimento de começar uma faculdade, relaxa que antes do semestre acabar você não vai mais estar com esse sorriso nos lábios.
Seu humor era azedo e ele tinha acabado de jogar um balde de água fria em mim.
-Espero que não seja como você diz. Rebati.
-Você vai ver que eu tenho razão, logo você acorda desse seu sonho de princesa e enxerga a vida real.
Ele disse aquilo me olhando em leves sorrisos. Princesa? Oi? Tá, eu agora não estava mais tão encantado por ele, sentia até uma pequena raiva.
-Obrigado pela motivação. Disse meio frio.
-Disponha!
Eu olhei para ele com uma cara interrogativa, que homem doido. Parece até sem tato, sem filtro, sem educação. Dispersei aqueles pensamentos e concordei que aquele apê seria uma boa escolha dentre as outras ofertas.
-Então, eu acho que vou ficar aqui mesmo. Além de ser perto da facul eu adorei ele.
Ele sorriu e parado na porta do meu futuro quarto ele me desejou boas vindas.
-Você se muda quando?
-Pretendo fazer isso amanhã mesmo, trazer minhas malas do hotel e sair pra comprar os moveis do meu quarto. Eu ainda tenho que me matricular na faculdade. Pus minhas mãos na cabeça me dando conta de como tinha tantas coisas pra fazer. -Vai dar tudo certo- afirmei.
Ele se aproximou de mim e pôs suas mãos em meus ombros -bem vindo a vida de gente grande-.
Sorri meu apático e me dirigi até a porta, ele logo passou por mim e ficou em minha frente.
-Já está indo? Perguntou ele.
-Já! Eu tenho muita coisa pra fazer e como já fechei contigo agora preciso me organizar.
-Não, eu sei. Só queria te passar algumas coisinhas do condomínio.
Ele me olhou novamente com aqueles olhos negros que combinavam perfeitamente com seu rosto branco e seu cabelo também negro. “Para Rafael, para!” -Bom, a piscina é liberada das 5h até as 20hr e convidados apenas dois por apê, academia livre também e no mesmo horário. Já aqui dentro de casa eu não tenho muitas regras, apenas que não traga um bando de gente pra cá, você tá vendo como o espaço não é tão grande e se for trazer alguém, avisa. Ok? Eu não sou bom com cozinha e vivo comendo fora, mas mando bem arrumando a casa.
-Eu to vendo, e adorei essa sua característica, eu amo organização. E sobre cozinhar eu posso fazer pra gente, além de saber eu adoro cozinhar, me relaxa.
-Que ótimo, assim economizamos em Restaurante e comidas por delivery.
-Verdade, mas terá dias que uma pizza vai nos salvar. Disse rindo.
-Ah, com certeza. Disse ele retribuindo outro sorriso.
-Então, até amanhã.
Ele abriu a porta e eu logo levantei minha mão para cumprimentá-lo, mas me surpreendi com um abraço.
Agora eu podia sentir de fato como ele era forte, seus braços estavam envoltos em mim e firmes. Senti mais de perto o seu perfume e aquilo me acendeu por dentro, era inevitável, aquele homem me deixava nervoso. Tinha que me controlar ou seria impossível conviver com ele.
Me soltei do seu abraço e sorri dizendo:
-Até amanhã!
-Me liga quando for trazer suas coisas, eu tô de férias do emprego e tenho carro, posso te ajudar.
-Nossa, eu vou aceitar sim. Muito obrigado, eu estava pensando como seria pra trazer minhas coisas.
-Relaxa, e depois podemos ir no shopping e vemos teus móveis.
-Não precisa se preocupar, não quero te ocupar tanto. Agradeço muito.
-Não vai me ocupar não, aproveita que eu to sendo generoso, heim.
Ele disse aquilo em um tom de aviso, parecia querer me avisar o quão bruto ele era e que aquilo era apenas alguns momentos não comuns que ele tinha.
-Tudo bem então. Amanhã eu te ligo, algo por volta das 10h. Até amanhã. Disse sorrindo.
-Até amanhã.
Ele sorriu brevemente e logo seu rosto estava sério novamente.
Sai do prédio e agora o céu estava parcialmente limpo e até com alguns raios de sol.
-Que tempo doido. Eu dizia andando. Peguei meu celular e logo disquei para o meu pai.
-Pai?
-Oi filho.
-Pai, eu encontrei. Finalmente. É um apartamento lindo e o melhor pertinho da faculdade.
-Que ótimo filho, eu já te disse o quanto eu e sua mãe estamos orgulhosos né?
-Obrigado pai, eu amo vocês. Agora vou desligar para organizar minha coisas. Liguei apenas pra avisar.
-Tchau meu filho, me liga de noite.
-Ligo sim pai. Tchau!
Olhei sorrindo para a tela do celular e o guardei sorrindo, eu estava amando sair da Bahia e estar agora em SP estudando na faculdade que sempre quis, todo meu esforço estava agora retornando pra mim, quem diria que um menino de 18 anos saindo de Salvador deixando família e amigos, estaria agora começando a vida em São Paulo. Uma euforia se espalhava pelo meu corpo e algo me dizia que minha vida iria mudar da água para o vinho e eu estava precisando disso.
Continua..
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Espero que gostem!
Beijos,
Little Boy.