Olhei para o céu e vi algumas nuvens carregadas cobrirem os raios de sol daquela tarde, parecia que iria chover forte, dito e certo, logo a chuva caia com força na rua. Eu observava aquela tempestade pela varanda do meu Apartamento e sentia pena das pessoas que passavam correndo por ali se molhando inteirinhas.
Fui tirado dos meus devaneios quando o telefone tocou e o porteiro anunciava que o rapaz que iria conhecer o apê tinha chegado. Confirmei alguns dados com ele e liberei a entrada, alguns poucos minutos se passaram e logo ouvi a companhia tocar, fui em direção à porta e quando a abri havia um menino encharcado na minha frente.
Ele voltou seu olhar para mim e aqueles olhos verdes pareciam ter me hipnotizado por alguma fração de tempo. Não conseguia parar de olhá-lo, ele era tão branco e sua pele parecia ser tão macia que eu desejei toca-lá naquele instante, por sua condição momentânea sua roupa desenhava com perfeição cada detalhe do seu corpo, ele era bem encorpado e suas pernas... nossa, pareciam terem sido esculpidas junto com o seu quadril largo. Ele transpirava uma sensação boa de ingenuidade e isso fez minha mente viajar na hora ao imaginar como seria gostoso possuí-lo e tirar-lhe todo aquele ar angelical, e ao mesmo tempo protegê-lo de qualquer coisa que pudesse o atingir. Eu realmente o analisei de cima a baixo, seu cabelo loiro ouro ainda estava molhado e pingando um pouco, mas ele não poderia estar melhor. Ele de fato era um anjo, um anjo molhado.
Me dei conta do quanto eu o observava quando ele me olhou não mais com admiração e sim, com vergonha. Eu queria dizer alguma coisa, mas nada de bom se formulava em minha. “Caralho, que porra é essa?” porque eu me sentia tão nervoso assim?
-Parece que a chuva te pegou de jeito, heim.
Eu quase me matei por ter dito aquilo, qualquer outra coisa que eu falasse teria sido melhor que aquilo. “Porra Hugo, como tu é idiota cara”, minha mente me alertou. Ele me olhou sem graça e eu notando isso tentei ao máximo contornar a situação.
Eu não imaginava que aquilo aconteceria comigo, eu estava afim de arrumar um novo colega para dividir os custos do apartamento em que vivia e isso sempre foi muito tranquilo para mim, afinal não era minha primeira vez, sempre com os outros caras com quem já dividi o apê mantínhamos uma relação de irmandade, mas o último cara com quem dividi era um puta pé no saco. Totalmente avesso do quê procurava como pessoal ideal para conviver. Então, quando eu consegui por ele para fora fiz alguns anúncios na internet e marquei uma visita com um rapaz recém chegado a cidade e apenas sabia que seu nome era Rafael.
Eu não imaginava que Rafael seria aquele menino que estava sentando na minha frente, fazendo meus olhos ficarem fixos nele como se ele fosse um ímã.
Eu não sei explicar para vocês, mas ele era como uma página em branco ansiando para ser escrito, ele me transmitia paz. Eu sei que parece loucura.
O sorriso dele era tão fácil, seus olhos brilhavam e a vida dele parecia ser maravilhosa, ele tinha uma energia tão boa que eu não queria deixá-lo ir embora nunca mais. Quando ele disse que moraria comigo uma alegria interna vibrou em mim, tanto que eu logo me ofereci para ajudá-lo a se instalar, logo eu que sou tão preguiçoso quando o quesito é mudança.
Ele foi embora e eu fiquei ali, ansioso para o dia seguinte chegar logo e eu poder vê-lo novamente e trazê-lo para perto de mim.
De noite deitado em minha cama um frio percorreu o meu corpo, eu estava tão agitado com tudo aquilo que tinha esquecido que todos aqueles sentimentos -ou seja lá o que fossem- estavam sendo nutridos por um homem. “Tu tá doido meu irmão? Tá querendo matar sua velha do coração?”, se ela se quer souber disso imagina como ela vai reagir? Ela já passou por tantas coisas Hugo, você não pode e nem tem o direito de dar esse desgosto a ela.
Ela vive te falando como sonha em te ver casado, feliz e com filhos. Você tem que focar nisso meu chapa!
Me levantei atordoado, minha mente estava num conflito enorme com o meu coração, fui em direção a cozinha e tomei um copo de água e na volta passei pelo quarto que Rafael iria ocupar, foi inevitável não dar um pequeno sorriso.
Minha vida não foi muito fácil, tudo que tenho hoje é resultado de muito esforço. Vivi desde muito novo a falta de uma figura paterna, não que isso me deixou abalado, mas deixou a minha mãe. Eu via o quanto era difícil para ela ter que manter sozinha uma família de três filhos, às vezes a ouvia chorar e aquilo acabava comigo, eu tinha que ajudá-la de alguma forma. Assumi então uma posição de homem e sofri essa amadurecimento precoce porque era necessário, ajudei ela a cuidar dos meus irmãos e por volta dos 15 anos eu já trabalhava e ajudava com as despesas da casa. Minha mãe me dizia para deixar isso de lado, afinal ela era a adulta, mas eu sabia que se eu parasse tudo pioraria. Acabei com algumas marcas doloridas da vida, mas levei adiante como qualquer homem líder de família faria. Depois de um tempo de muita luta finalmente as coisas pareciam estar mudando, minha mãe conseguiu um emprego melhor, nos mudamos eu tinha passado na Universidade e conseguido um emprego ótimo.
Agora a preocupação era menor e com isso eu passei a focar mais em meus estudos, porém volta e meia ela me dizia que eu deveria encontrar uma mulher que cuidasse de mim, eu apenas sorria para ela e dizia que encontraria mais cedo ou mais tarde, mas talvez aquilo nunca fosse acontecer.
Os dias com Rafael estavam sendo muito bons, ele tinha uma alegria contagiante, a tempos não me sentia tão bem, e nossa, a tempos eu não comia tão bem ele cozinhava muito. Em poucos dias já tínhamos saído, feitos compras, cozinhado em casa... era como se ele tivesse trazido vida aquele lugar. Não era mais o meu apartamento, era nosso.
Pensar nisso era bom e angustiante ao mesmo tempo, porque eu não podia vê-lo daquela forma, para falar a verdade eu ainda não sabia de quê forma eu enxergava o Rafael, mas de uma coisa eu tinha certeza: era totalmente diferente da forma em que eu via os outros caras que já moraram comigo e mais diferente ainda das meninas com que já fiquei.
Decidi levá-lo para conhecer um pouco a cidade e apresentar ele aos meus amigos. Quando contei a ele a novidade ele me olhou feito criança e quase pulou no meu colo de tão feliz que estava, por um momento eu também fiquei muito contente por tê-lo deixado assim, mas quem diria que um começo de noite alegre iria terminar de uma forma tão estranha. Na balada ele estava totalmente desinibido e ele podia não perceber , mas tantos caras estavam comendo ele com os olhos que aquilo estava me deixando muito incomodado, minha vontade era de chegar em todos eles e estarrar o verbo “Porra, respeita ele parceiro”. Mas quando vi que o tarado do Fernando estava se esfregando nele, passando as mãos no corpo dele... velho, meu sangue ferveu. Eu tinha que sair dali e tinha que levar o Rafa comigo.
Quando chegamos em casa ele mal se comunicava comigo e aquilo só estava piorando as coisas, eu assumo que nunca tive muito tato para me expressar e muito menos quando estava irritado.
Entrei no quarto dele procurando uma explicação e ele me enfrentou furioso.
Eu nunca tinha visto ele daquele jeito, nem parecia aquele garoto doce que eu conhecia. Ele me enfrentou dizendo que eu tinha estragado o lance dele com o Fernando, mal ele sabia o tipo de galinha que Fernando era.
Não me perguntem, eu não sei o que me deu, mas uma coragem repentina passou por mim e quando vi eu tinha o tomado em meus braços e finalmente estava o beijando. MEU DEUS. Que beijo maravilhoso! Era como se o mundo tivesse parado e eu fosse infinito ao lado dele, sua boca era macia e tinha um encaixe perfeito na minha. Mas aí eu me acovardei.
É complicado, me lembrei automaticamente de toda minha infância e adolescência, de todos os sacrifícios que passei com minha família e a imagem da minha mãe veio como um tiro em minha mente. Eu fugi dele, e sabia das consequências.
Ele agora me tratava apenas como um colega, aquele brilho no olhar que ele tinha ao falar comigo estava diminuindo gradativamente, era como se eu estivesse o perdendo, e eu não estava fazendo nada para deter aquilo. Eu sabia que aquilo aconteceria e quando eu vi que ele estava seguindo com a vida dele algo dentro de mim se corroía. “Que desgraça, porque comigo as coisas tem que ser sempre tão difíceis?”
Aquele sábado ele estava super eufórico, daquele jeito Rafa de ser que tanto me encantava, nosso convivência estava melhor, eu já sabia de quase tudo de sua vida e ele o necessário da minha. Só uma coisa me incomodava, ele parecia estar se firmando com um amigo dele da Faculdade, eu não o conhecia pessoalmente e também não desejava.
Ele saiu dizendo que jantaria com o tal do Thiago e que voltaria mais tarde, tentei relaxar aquela noite mas volta e meia meu pensamento viaja e imaginava como estaria sendo aquele jantar. Será que Thiago faria alguma coisa com Rafa? Será que ele tentaria? Me lembrei que Rafa me disse ser virgem, caralho aquilo atiçava qualquer um, eu não julgaria Thiago se ele tentasse algo, eu faria o mesmo. Logo me odiei por ter pensado aquilo.
Não demorou muito e ele chegou e para minha surpresa, acompanhado do Thiago, não pude ouvir muito bem o que se passava no quarto dele mas ouvi nitidamente gemidos de homem naquele quarto. Não acredito, será mesmo que Thiago estava... não, Rafa não faria isso. Faria?
Segui para cozinha afim de beber água e ouvi a porta do quarto dele se abrir, sua cara foi cômica ao me ver, pena que eu não estava no clima para sorrir. Um tempo chato pairou no ar e assim que Thiago saiu do nosso apartamento eu não aguentei e coloquei Rafa contra a parede.
Em um dado momento a discussão se exaltou e como sempre, por culpa minha. “Cala a porra da boca Hugo, tu só fala merda”. Vi algumas lágrimas cairem do rosto do meu pequeno anjo e aquilo cortou o meu coração, a muito tempo não sentia aquilo por alguém. Eu me sentia um completo idiota e só queria naquele momento cuidar dele.
Sentia que eu estava perto de perdê-lo por completo e aquilo deu um aperto no meu coração. Eu precisava dele perto de mim, precisava dele comigo, ele era ultimamente o motivo do meu riso e da minha alegria. Ele era o culpado por eu me sentir em casa, algo que eu não sentia a tempos.
-Qual é o seu problema?
Ouvi aquelas palavras de sua boca enquanto ele secava algumas lágrimas insistentes que caiam de seus olhos verdes, de todas as sensações que eu desejava causar nele, aquela não estava na lista. Assim que ouvi aquilo eu o olhei fixamente e o tomei em meus braços, abracei ele com toda a minha força. Eu não sabia o que falar, meu coração parecia pular dentro do meu peito e se eu fosse mesmo ter que o perder para outro, que então eu pelo menos tivesse algo para recordar dele.
Continua...
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Mais um capítulo leitores. Espero que tenham gostado, e até o próximo!
Como sempre: MUITO OBRIGADO por acompanhar, agradeço muito por lerem e votarem.
Nayarah: Fato Nay, Hugo é muito turrão. Mas com o capítulo de hoje deu pra entender um pouco mais da mente do nosso Brutamonte.
Sharon Martins: Rafael é safadinho e Thiago muito mais. Kkkkk
VALTERSÓ: Eu adoro seus comentários. Muito obrigado por acompanhar querido.
Guardian: Eu me DELEITO lendo seus Feedback’s. Muito obrigado pelos elogios e espero que tenha gostado desse capítulo. Obrigado por acompanhar.
KayoBS: kkkkkk. Se eu também fosse o Rafa já tinha partido pra cima do Hugo a MUITO tempo.
HowlingWolf: Muito obrigado por acompanhar querido.
Oldack: Muito obrigado por acompanhar querido.
Arrow: Realmente Hugo deve estar com ciúmes. Muito obrigado por acompanhar querido.
NikolasV: Muito obrigado por acompanhar querido.
Beijos,
Little Boy.