SANGUE RUIM – Décima primeira parte
O que mais chama a atenção nas gueixas, é a beleza de seus gestos e seu modo de falar. Cada movimento delas é estudado para ser estético e parecer delicado. Espontaneidade não é uma característica de uma maiko, como são chamadas as gueixas no Japão. O tempo todo percebe-se que elas praticam um treinamento intenso para moldar o andar, o modo de sentar, a postura, o jeito de segurar um copo, tudo. O simples gesto de servir um refrigerante é um desafio, que nas mãos de uma maiko vira um pequeno espetáculo. As atuais garrafas de um litro e meio ou dois, pesadas e desajeitadas, são seguradas com firmeza mas aparente delicadeza por uma maiko treinada sobre um dos braços, com o bocal apoiado entre os dedos. O processo para encher um copo de refrigerante transforma-se numa simples, mas engenhosa, coreografia com as mãos. Um dos talentos de uma gueixa é transformar o trivial em arte.
Foi isso que o mulato percebeu em Cho-Cho, a espadachim que o feriu em combate, mas tratou do seu ferimento. Depois de fazê-lo gozar divinamente, com uma atitude bem serena, Odilon esqueceu-se de que ela era uma mulher perigosa.
Ainda não tinha certeza de que ela quisera satisfazê-lo sexualmente, ou se satisfez a própria fome sexual. O fato é que a nipônica, depois, passou a agir de forma tão sensível e gentil com ele, que o rapaz ficou maravilhado. Perguntou-lhe o que significava seu nome em japonês, e ela disse que era Borboleta. Fazia sentido. Ela era tão suave!
Quis saber se ela era uma espécie de prostituta. Ela explicou-lhe que prostitutas, no Japão, são mulheres que fazem sexo em troca de dinheiro. Ela tivera um marido, e ele era rico. Ela não precisaria se prostituir.
Mas a conversa desandou para o momento em que se conheceram. Ele queria saber o que aconteceu à sua chinesinha, Xia-Yan. Ela mostrou o vídeo que fizera com o celular do mulato. O sujeito ficou triste, quando a viu beijando o cara que veio numa viatura policial. A gueixa esclareceu:
- Eu salvei a tua vida. Se tivesse atendido ao chamado da concubina, ela ou o cúmplice teria te matado.
- Acha?
- Claro. Eles devem ter planejado tudo. Você seria o que chamam de “bode expiatório”.
Ele esteve um tempo pensativo. Depois disse:
- Preciso enviar este vídeo para uma amiga minha. Você me ajuda a fazer isso? Não sei lidar com essas geringonças. – Disse, se referindo ao celular.
Pouco depois, ele ligava para a advogada. Contou-lhe o que lhe havia acontecido, suprimindo a parte onde tinha sido ferido pela nipônica. Disse que ela ficasse atenta, pois iria lhe mandar uma prova em imagens. Pediu que ela ajeitasse sua situação com o delegado, já que ele lhe estava esclarecendo um crime. Já não estava mais apaixonado pela chinesinha. Agora, tinha ódio dela.
Pouco mais tarde, a advogada ligou para ele. Disse que o delegado queria falar consigo. Deveriam se encontrar na casa de Boa Viagem. Tinha pedido para o cara perdoar-lhe a agressão, lá no restaurante chinês. Quando desligou, a japonesa perguntou:
- Mais uma amante tua?
Ele demorou um pouco a responder. Depois, o fez:
- Sim. É advogada, e esteve me ajudando. Eu tenho que ir. Desculpe-me.
- Está bem. Mas retiro o que te disse antes: não te quero mais como amante. Basta-me ter sido traída pelo meu marido.
- Eu entendo. Porém, queria te fazer uma proposta: pode me vender aquele restaurante? Pagarei bem...
Ela pensou um pouco. Depois, respondeu:
- De fato, com a morte do meu consorte, passo a ser dona de tudo que era dele. Aquele restaurante não me interessa. Volto para o Japão. Antes, o passo para o teu nome. Mas não precisa me pagar.
- Eu agradeço, mas não seria justo me aproveitar de ti. Portanto, dê-me um preço.
- Está bem: quero que vá comigo para a China. Ficará à minha disposição por um ano. Depois, estará livre.
Ele pensou, pensou, depois respondeu:
- Eu gostaria muito. Você fode muito bem. Mas, passo. Não saberia viver num país de língua estrangeira, muito menos na China, onde o idioma é mais difícil.
- Compreendo. Então, nada feito. Adeus, Mulato San.
Quando chegou na casa de Boa Viagem, o delegado já o aguardava. Pediu-lhe:
- A arma. Logo. E devagar.
Assim que o mulato a entregou, levou um murro no rosto que o fez ser projetado à distância. Odilon sacudiu a cabeça e levou a mão ao local atingido. Viu a advogada perto do policial. Esta disse:
- Ele aceitou não te prender, em troca de sexo comigo. Mas não perdoou a porrada que levou de ti. Sinto muito.
O delegado estendeu a mão, e o mulato a aceitou, sendo ajudado a levantar-se. Depois, perguntou, sem rancor:
- Conseguiu encontrar teu irmão?
- Sim. Infelizmente, ele já estava morto. Prendemos a assassina, antes que ela se evadisse. A boa notícia é que fiquei feliz em ter elucidado o crime da chinesa. Jamais imaginei que ela tivesse tramado a morte do pai e do noivo, para ficar com seu cúmplice, o policial. Para isso, pretendiam te incriminar. Você teve sorte. Quem te ajudou?
A pergunta pegou o mulato de surpresa. Não queria envolver a japonesa no caso. Negou ter tido ajuda.
- Estou vendo que está ferido no ombro. Deve ter perdido sangue, e com certeza desmaiou. Não sou idiota, seu cretino. Mas, não precisa me dizer: eu já sei que o cara era casado na China. Então, deve ter sido a esposa dele a te ferir, não foi?
- Não sei do que está falando.
- Ok, não vou insistir. Já estamos atrás da japonesa. Soubemos que ela veio para o Brasil. Decerto, está hospedada por perto. Logo, iremos encontrá-la.
Um calafrio percorreu a espinha do mulato. Precisava avisar Cho-Cho. Desconversou:
- Pode-me dizer quem é o policial, cúmplice da filha do chinês?
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Quando o jovem detetive entrou na sala do delegado, este estava acompanhado de três policiais.
- Boa tarde, senhor. Vim o mais rápido que pude.
- Obrigado, detetive Gustavo. Estávamos te aguardando, para efetuar a prisão de um sujeito tinhoso, cúmplice de vários crimes.
- Mesmo, senhor? De quem se trata?
- Já saberá. Por enquanto, deponha sua arma e seu distintivo em cima da mesa, detetive.
- Não entendi, senhor...
- Entendeu muito bem. E tenho provas.
- Continuo sem entender, senhor...
- Então, é justo que te explique: eu fiquei cismado assim que você disse que havia recebido um telefonema anônimo, afirmando ter acontecido um crime no restaurante chinês. Mandei filtrar as chamadas recebidas na delegacia, e descobri que a mocinha havia ligado várias vezes para ti, no decorrer de um mês. Por que ela não ligou para o teu celular? Resposta: se o plano falhasse, te incriminaria. Agora, recebi a prova definitiva: um vídeo onde você aparece beijando a assassina, logo depois dela assassinar o noivo. Orientados pelo vídeo, recuperamos a arma que ela enterrou. Comparamos o número de registro da arma: ela pertenceu a você! Lembro-me que deu queixa de que a arma havia sumido, ano passado. Cheguei a pensar que havia um ladrão nesta divisão. Mas você havia pedido para a tua cúmplice guardar, não foi? Coincidentemente, a arma do mulato, que seria o bode expiatório de vocês, era da mesma marca e calibre. Muito cômodo.
- Está me acusando de ter planejado os crimes, senhor?
- Não. Estou te prendendo como possível mentor de vários assassinatos. Podem leva-lo.
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Odilon esteve na residência da japonesa, mas não a encontrou. Alguém do prédio onde ela morava confirmou que ela havia viajado. O mulato pegou um táxi e pediu para chegar rápido ao Aeroporto dos Guararapes. Ficava perto da sua residência de Boa viagem. Por sorte, encontrou-a tomando um suco numa lanchonete. Tinha as malas perto de si, significando que ainda iria despachá-las. Ela ficou surpresa em vê-lo. Ele disse, afobado:
- Não pode viajar agora. A polícia já sabe que você testemunhou o assassinato do teu marido. Talvez achem que você é a mandante do crime. Mas, o certo é que os policiais devem estar te esperando aqui.
Ela olhou em volta. Realmente, tinha mais policiais no local do que quando ela havia chegado ao Brasil. Acreditou no mulato.
- O que vou fazer? Como nipônica, me destaco entre as demais pessoas. Logo, me acharão.
- Tome. Trouxe um disfarce para ti. Comprei-te uma peruca masculina loira e um bigode da mesma cor. Corra ao sanitário e mude de aparência. Em seguida, fugimos daqui.
Pouco depois, ambos saiam do aeroporto sem ser incomodados. Ela deixou as bagagens lá, depois de retirar documentos e coisas de mais valor. Passaram por policiais, sem que ela fosse reconhecida. Procuravam uma mulher sozinha e ela estava acompanhada de um mulato. Já longe daquele local, ela perguntou:
- E agora? Não tenho para onde ir. E não tenho mais moedas nacionais...
- Tudo bem. Vamos para um motel. Conheço vários. Estaremos seguros.
- Você vai estar comigo? Não vai me abandonar à minha própria sorte? Meu marido faria isso...
- Não sou teu finado marido. – Foi a resposta seca dele.
Uma hora depois, ela dava-lhe um demorado banho, com cuidado para não molhar o ferimento do ombro dele. Seus movimentos suaves e estudados deixavam o mulato maravilhado. Ela propôs:
- Acho que chega. Sugiro irmos para a cama.
Quando lá chegaram, ele tentou mamar-lhe os seios. Ela recuou:
- Não, meu homem. Eu fiquei te devendo um favor. Deixe que te pague. Não precisa me acariciar. Quero te dar todo o prazer que merece.
Mas ele queria desfrutar daquele corpo de pele suave e de cor diferente, enquanto ela lhe trocava o curativo. Primeiro, lhe enfaixou o ombro. Depois, quando ele tentou mais uma vez sugar-lhe os seios, ela apertou-lhe um nervo do pescoço. Primeiro, ele ficou tenso, com o membro ereto. Depois, percebeu que não conseguia mover um músculo sequer do corpo. Ela o deitou com cuidado na cama. Lhe acariciou o pênis, até que este ficou duro. Em seguida, tocou-o suavemente com a língua, chupando-o lentamente, até que o caralho verteu porra. Mas não como uma ejaculação normal. O membro deixou escorrer o líquido de forma incessante, sem borbotões, como um fio de água que flui da fonte. Sugou todo o néctar, engolindo tudo, até que o secou totalmente. Depois se afastou. Voltou com um instrumento musical estranho para ele, que estava guardado em uma bolsa de viagem.
Em seguida, ela tirou toda a roupa devagar, como se seguisse um ritual. Depois, sentou-se suavemente sobre o ventre dele, com a bunda tocando em seu cacete duro. Começou a esfregar, sem pressa, a vulva raspadíssima na barriga do cara. A única coisa que Odilon sentia, porém, era o pau intumescido e o toque casual do ânus dela em seu caralho. Isso o deixava ansioso. Aí ela começou a tocar aquele estranho instrumento de quatro cordas, e a música parecia o deixar enfeitiçado. Ela acompanhou o ritmo com as ancas, massageando o pênis dele.
De repente, quando ele não esperava, ela meneou a bunda, encaixando-se profundamente na rola dele. O cara não sabia se estava-lhe fodendo a vulva ou o ânus. O fato é que sentiu um enorme tesão.
Não demorou muito a explodir de gozo dentro daquela cavidade.
FIM DA DÉCIMA PRIMEIRA PARTE.