Gostaria de agradecer às pessoas que acompanharam as partes anteriores e em especial as pessoas que comentaram. Não sei se mereço mas os comentários de vocês me motivaram a continuar escrevendo. Muito obrigado. <3 :)
Parte IV — Um Ponto Final
NARRADO POR LANCE
Eu costumava amar O Festival de Fim do Inverno mas agora o odiava como nunca achei que odiaria. O trânsito de pessoas era muito intenso mesmo em horários avançados. Isso dificultava bastante meus encontros secretos com Kyle. Eu o vi pela última vez há três noites e já sentia uma dor imensa em meu peito. Algo que em bom português poderia ser definido como saudade.
O Festival de Fim de Inverno era um dos eventos mais esperados do ano. Marcava o final do inverno rigoroso e também era o maior evento cultural dos reinos mais próximos. O Rei costumava contratar cantores e, se as pessoas tivessem sorte, até um circo estaria lá na cidade. Muitas pessoas de reinos distantes vinham prestigiar esse evento. E este ano não parecia ser diferente. Homens andavam de um lado para o outro cuidando da iluminação e da montagem da estrutura onde os artistas se apresentariam.
Eu havia falado para Kyle que eu estaria no festival. Não que pudéssemos fazer alguma coisa. Mas o fato de estarmos um perto do outro era o suficiente por enquanto. Cheguei cedo enquanto a praça ainda não estava ainda tão cheia. Os músicos ainda estavam afinando seus instrumentos. Avistei ele de longe e abri um leve sorriso e ele fez o mesmo. Meu pai subiu ao palco e começou um discurso sobre como o fim do inverno e o começo da primavera significava um novo começo. Não pude evitar de revirar meus olhos. Felizmente o discurso acaba e os músicos começam a cantar.
“Pois nasci nunca vi Amor
e ouço d' el sempre falar.
Pero sei que me quer matar
Mas rogarei a mia senhor
Que me mostr' aquel matador
Ou que m'ampare del melhor.”
Os acordes são tocados em um ritmo lento e eu não sou capaz de parar de olhar para Kyle. Quando a música acaba percebo que ele some em meio a multidão e quando percebo ele está perto de mim. Ele segura minhas mãos e por um instante fico com medo deste ato público. Mas então me lembro que todos estão de olhos fixos no espetáculo e, mesmo que não estivessem, dificilmente daria para distinguir algo no meio daquela multidão. O toque de sua pele na minha é elétrico. Faz com que os pelos do meu corpo ficassem arrepiados. Tive que lutar contra a vontade e puxá-lo para um beijo ali mesmo.
Perdi o tempo de quanto tempo tinha ficado de mãos dadas mas percebi que já estava tarde quando os músicos começaram a se retirar e a multidão começou a se dissipar, fazendo com que nós tivéssemos que separar nossas mãos. Olhei para ele um instante. Podia sentir, em seus olhos, a vontade que ele tinha de prolongar o nosso tempo juntos. Eu o entendi. Também queria ficar mais tempo. Mas sabia que já estava tarde e eu já começava a me perguntar quanto tempo levaria para que meu pai decidisse mandar seus soldados para me arrastarem de volta pro castelo. Me despedi de Kyle com um olhar e fui caminhando pelas ruas até chegar ao castelo.
O Castelo onde eu morava era uma extravagância tanto por dentro quanto por fora. Tinha vários hectares e mostrava tão espaçoso que os números para defini-lo eram grandes. Quando eu era criança gostava de explorar o castelo. Já tinha um mapa bem definido do castelo gravado na mente. Eu me sentia livre nessas explorações agora sinto como se o castelo me sufocasse matando qualquer sensação de liberdade que eu pudesse ter. Meu quarto ficava exatamente alguns metros acima do Grande Salão Real que era o lugar onde meu pai tomava decisões políticas, escutava pedidos de alguns comerciantes importantes da região e dava alguns decretos. Agora o Grande Salão estava vazio e a trono do rei também. Estremeci ao pensar que algum dia eu me sentaria ali. Minhas mãos passaram pelo trono e percebi que o veludo que o revestia tornava-o mais confortável. Não resisti ao impulso e me senti no trono. Dalí tinha uma visão incrível do salão como se cada do ponto estivesse exposto àquele lugar.
— Já está treinando? — alguém falou, me espantando.
Olhei em volta e percebi que se tratava do meu pai, Lancelott III, envolta de trajes de dormir. Não era comum vê-lo daquele jeito. Era tão estranho que beirava o engraçado. Dei um sorriso e respondi:
— Receito que isso ainda vai demorar.
— Na verdade vai ser mais rápido do que você imagina. Estou cansado. Você deve assumir meu lugar em breve. E precisará de uma rainha ao seu lado. Já arrumei um casamento pra você com a filha de Garibald. Será bom para você e para o reino essa união. Você terá uma bela esposa e nós nos aliaremos a um poderoso reino da região.
Eu fiquei chocado. Com assim “arrumei um casamento pra você”? Eu já tinha me acostumado com o fato do Rei parecer sempre me controlar. Mas isso? Isso era demais!
— Não posso me casar com ela. Já tenho outra pessoa — eu falo com o tom de voz levemente alterado.
— Não perguntei se você podia. Eu estou mandando — ele decretou com a voz firme.
— Não! Não! Não! — Eu gritei, determinado.
— Você vai se casar sim se casar com a filha de Garibald. Você não tem opção. Se você insistir nisso eu faço questão de destruir a vida da família dessa menina pela qual você diz que se apaixonou.
Eu estava chocado. Isso era absurdamente errado. Eu estava sendo forçado a me casar com uma pessoa que sequer eu tinha visto. E o pior de tudo: eu não a amava. Eu amava Kyle. O ódio toma conta de mim e eu tenho que me controlar para não começar a chorar. Inconsequentemente eu disparo:
— Quem disse que se trata de uma mulher? Pode se tratar muito bem de um home... — antes que eu pudesse falar um tapa é direcionado a minha face. O impacto faz com que eu dê dois passo pra trás, cambaleando, e caia no chão.
— Nunca mais repita isso. Bem que sua mãe falava que você era diferente dos outros meninos e tentou me convencer de que eu deveria aceitá-lo. Sua mãe tinha um bom coração. Poderia ver um assassino na frente dela e ela teria misericórdia do desgraçado. — Ele faz uma pausa, caminha até mim, e com sua mão ergue meu rosto para que eu possa olhá-lo enquanto ele fala. Ele prossegue — Eu jamais permitiria uma coisa dessas. Eu jamais permitiria que uma bichinha insolente como você destrua a dinastia com essa pouca vergonha. Você irá se casar sim. E se você insistir nisso e descubro quem é esse homem e esquartejo-lhe e dou os pedaços para os cães comerem.
Ele sai do Salão e a única coisa que eu consigo fazer é correr para o meu quarto. Eu não acreditava no que estava acontecendo. Depois que parecia que eu tinha encontrado o amor da minha vida meu pai vem com essa. Suas palavras ecoam em minha mente e doem mais do que o tapa que ele me deu. Não consigo segurar as lágrimas quentes que correm pelo meu rosto. Eu sabia que meu pai não desistiria daquela ideia então a única coisa que me restava era aceitar a derrota para que Kyle não fosse ferido. Eu iria me casar com uma pessoa que eu não amava para salvar a pessoa que eu amava. Não era justo. Abri a janela do meu quarto e o vento entrou com força em meu quarto.
O meu quarto era o segundo mais alto de todo reino e só perdia para o quarto real que ficava logo acima do meu. Incrivelmente a altura não me assustava. De certa forma me trazia certo alívio e isso era algo que eu não conseguia explicar. Mas naquele dia eu nem o vento e a visão do meu quarto poderia me acalmar. Talvez um vinho me acalmasse. Precisava ficar bêbado para esquecer momentaneamente da merda que minha vida se tornaria.
Pego uma taça de vinho e sento em uma cadeira de frente para a janela. Tento reavaliar minhas opções. Casar com a filha de um rei de uma terra vizinha ou deixar que Kyle morresse. A segunda opção revirou meu estômago. Não valeria a pena viver sabendo que o corpo que Kyle estaria espalhado pela cidade. O corpo do homem que eu amo. Por outro lado a ideia de me casar com alguém que eu não amava soava brutal. Não tão brutal quanto ver Kyle morto mas ainda assim brutal. Se eu recusasse a me casar meu pai descobriria que o homem com que eu tenho caso é Kyle. Talvez usasse até tortura. Eu já tinha visto homens que tinham sido fieis a vida toda a outro rei traí-lo ao revelar informações confidenciais de outro reino. Tudo isso a base da tortura. Minha cabeça estava a mil. Eu não conseguia pensar direito. Ideias passavam por minha cabeça mas a maioria era surreal ou não fazia sentido. Aproximei-me da janela e olhei para baixo. Senti a brisa no meu rosto e olhei para a cidade. Subi no suporte da janela. Aquela seria a última vez que eu veria aquela cidade.
NARRADO POR KYLE
A notícia se espalhou rapidamente. Todos no reino comentavam como o herdeiro do trono havia se matado. O reino perdeu seu príncipe mas eu perdi o amor da minha vida e isso fazia com que meu peito doesse insistentemente. A notícia era que Lance havia se jogado da janela do seu quarto e antes ateou fogo no seu corpo e se jogou. Eu não me conformava com isso. Lance jamais exibiu sinais de que fosse capaz de se matar. E isso me incomodava bastante porque me levava a pensar em outra possibilidade: assassinato. Mas quem seria capaz de fazer aquilo? Lance era um ótimo príncipe, era popular e gentil. Seria o melhor rei dos últimos tempos e não fazia sentido que o matassem. Acho que, no fundo, eu só queria ter alguém para culpar e para encher de porrada.
O funeral foi público e o povo estava bastante comovido. Muitas pessoas choravam e eu também não conseguia parar de chorar. O caixão era roxo, a cor preferida de Lance. Eu não conseguia mais aceitar que eu nunca mais veria seu sorriso e nem seu rosto, já que o caixão estava fechado porque, segundo algumas pessoas, seu rosto estava totalmente desfigurado e ele foi reconhecido por partes de sua roupa que não haviam sido totalmente consumidas pelo fogo. As roupas reais. Lance as odiava.
Tive vontade de gritar porque não era justo. Todas as pessoas que eu amava morriam. Era como se eu atraísse morte para as pessoas que eu gostava. Não conseguia parar de me sentir culpado. Logo meus pensamentos foram interrompidos pelo pai de Lance, o rei.
— Parece que você gostava muito de Lancelott. — sua voz pareceu sugestiva.
— Todo reino está de luto. Ele seria um ótimo rei — eu falei, tentando parecer indiferente.
— Sim, ele era muito gentil com as pessoas. Acho que herdou isso da mãe e eu não aprovava isso. Um rei tem que ter uma atitude firme para manter seu reino. Gentileza não mantém o reino, o medo que devemos impor para os plebeus que o mantém.
— Com todo respeito, não acho que era necessariamente que isso era um defeito.
Ele arqueou as sobrancelhas e me fitou como se estivesse me analisando e escolhendo suas próximas palavras.
— Cabia a mim decidir isso. Mas eu nunca consegui manipular Lance. Ele era uma pessoa muito difícil. Vivia dizendo que era “livre” para fazer suas próprias escolhas. Dá pra acreditar? Antes de morrer ele me revelou algo. Um segredo. Você é uma das últimas pessoas com quem ele falou. Ele comentou com você?
— Não — respondi de forma objetiva. Eu realmente não sabia de que segredo ele estava falando. O que Lance teria falado? Será se tinha falado sobre os encontros que nós fazíamos? Não fazia sentido ele ter falado isso. Ele conhecia muito bem o pai e jamais falaria isso pra ele. Ou falaria?
— Eu tenho que descobrir com quem meu filho estava envolvido e quando eu descobrir eu vou acabar com essa pessoa e com todas as pessoas que não colaborarem com o que sabem ou ficarem no meu caminho.
Eu não estava acreditando naquilo. Ele estava mesmo me ameaçando no funeral do filho dele? Agora eu entendia mais ainda a raiva que Lance sentia dele. Quase estremeci ao olhar os olhos frios daquele homem mas mantive a postura firme e me despedi fazendo uma reverência rápida e forçada.
Pensar na morte de Lance machucava, mas eu não conseguia pensar em nada além disso. Nunca pensei em matar ninguém mas se eu encontrasse a pessoa que tinha feito isso com Lance eu lhe daria uma morte lenda e dolorosa, apesar de eu duvidar que a pessoa sentiria a mesma dor que eu sinto agora.
Eu simplesmente me recusava a acreditar que Lance faria aqui consigo mesmo e precisava culpar alguém. Até mesmo cheguei a me culpar por permitir que aquilo chegasse a este ponto mas, na maioria das vezes, chegava sempre a conclusão de que o assassino de Lance tinha sido seu pai. Mas por quê? O que Lance ganharia com aquilo? Eu sabia que ele era um monstro mas será se sua monstruosidade chegava ao ponto de matar o próprio filho?
Analisei a possibilidade e, se minha hipótese estivesse certa, o rei matou Lance após ele ter descoberto sobre o caso que eu tinha com o príncipe. Mas se o rei tivesse descoberto mesmo isso eu não estaria pensando agora pois minha cabeça já estaria separada do corpo por uma lâmina. Como se lesse meus pensamentos, o velho Edgar comentou:
— Você anda muito pensativo ultimamente, meu rapaz — ele deu um suspiro profundo e continuou: — Espero que não esteja pensando em fazer nenhuma bobagem. Eu sei como você gostava daquele rapaz e, se eu estiver certo, você deve estar pensando que o rei deve ser culpado, mas você sabe que foi suicídio.
Olhei fundo nos olhos de Edgar e percebi que nem ele acreditava naquela mentira. Ninguém no reino acreditava mas preferiam ficar calados a sentir a ira de um rei tirano.
— Você realmente acredita nisso?
Não houve resposta. Ele sabia quando deveria ficar calado. Ficamos por alguns instantes calados mas o silêncio logo foi substituindo por um estrondo e quando dei por mim, percebi que a pequena casa estava rodeada de fogo que se alastrou rapidamente. Por um instante fui levado de volta ao passado. O fogo. A destruição. Parecia que tudo se repetiria. O Rei Lancelott III tirou tudo de mim e agora resolveu tirar minha vida. Eu não senti medo como da primeira vez mas ainda havia um medo em mim e eu sabia que se devia ao fato de que Edgar morreria comigo. Por minha causa.
— Eu sabia que isso aconteceria — ele falou e correu pela casa como se procurasse algo. Encontrou um pedaço de papel e me deu. Eu fiquei sem entender até que ele me deu o papel e abriu um compartimento secreto no chão.
Edgar pegou uma chave e abriu o compartimento subterrâneo, revelando um túnel. Eu naturalmente perguntaria como e quando ele construiu aquele túnel mas o incêndio não permitia que eu perdesse tempo fazendo perguntas. Entro no túnel e espero por Edgar mas ele não aparece. Volto para buscá-lo e percebo que o compartimento está fechado. Começo a gritar seu nome de forma desesperada e consigo escutar sua voz com dificuldade.
— Chegou a minha hora, Kyle.
— Do que você está falando? Vamos fugir logo. — Eu berro tentando abrir o compartimento mas está pesado. Só pode ser aberto do lado de dentro.
— Estou velho, Kyle, não tenho esposa ou família e você é o mais perto que eu cheguei de ter um filho. Por isso estou fazendo isso. Para salvar você.
— Que besteira! Você mesmo disse que eu sou como seu filho. Como você espera que seu filho te deixe para morrer?
— Você não entende, Kyle. O rei jamais deixaria você escapar com vida. Eles precisam de um corpo para acharem que você está morto.
— De qualquer forma você não acha que eles vão pensar estranho encontrar só um corpo? Abra logo isso e vamos fugir logo — eu gritei enquanto usava todas as minhas forças para abrir a porta.
— Eu cuidei disso também, nós últimos dias não saí de casa e divulguei a notícia que sairia para caçar e não sabia quando voltaria.
Então me dei conta do que estava acontecendo. Edgar havia se dado conta do perigo desde o início e, por isso, já estava preparado para aquela eventualidade. Tudo fazia sentido agora. Ele tentou me avisar e agora morreria por minha causa.
— Não posso viver sabendo que você morreu por minha causa — falei, chorando golpeando inutilmente a porta.
— Eu te amo, filho. Nunca se esqueça disso. Nada disso é sua culpa. Você me deu algo que jamais achei que teria. Você me deu uma família. Obrigado por iss.... — antes que ele pudesse completar um grande estrondo calou sua voz. A voz que nunca mais me daria conselhos. A voz que muita vezes me consolou. A voz que, por muitos anos, me chamou de filho. A voz que foi silenciada pelos escombros que deveriam me matar. A voz do homem que supriu minha necessidade de ter um pai.
EPÍLOGO
DOIS MESES DEPOIS
NARRADO POR LION
Eu estava entediado. Eu tinha trabalhado o dia todo e algumas pessoas ainda entravam no bar para lhe pedir que eu fizesse alguns drinks. Passava muito tempo naquele emprego, mas eu não tinha do que reclamar. O salário era o suficiente para se manter e proporcionar, em algumas ocasiões raras, algumas regalias.
— Se você quiser pode ir para casa, Lion — o dono do bar sugeriu mas eu levantei as mãos em sinal de negação. O dono do bar não entendia o porquê de eu passar tanto tempo no bar. Chegava a ficar várias horas além do combinado e não cobrava nada por isso.
Varri o bar com os olhos e baixei a cabeça em sinal de frustração. “Já se passaram mais de dois meses”, eu pensava, mas tentava me controlar e ficar mais paciente. Mas cada vez ficava mais difícil me manter esperançoso e paciente diante das circunstâncias atuais.
Estava recolhendo alguns copos sujos e estava pronto para fechar o bar quando ele apareceu. Estava bem diferente. Parecia triste e desnorteado e sua barba crescera consideravelmente mas não era o suficiente para que eu não pudesse reconhecê-lo. Fiquei nervoso e me virei para os copos dando as costas para o balcão.
— Uma dose, por favor — sua voz também estava diferente. Continuava grave mas tinha algo diferente. Estava mais baixa. Não virei imediatamente porque eu estava nervoso demais. Não sabia como seria sua reação. Esperei por bastante tempo e já estava perdendo as esperanças e ele apareceu quando eu não esperava.
— Você conhece o dono desse bar? — ele perguntou.
— Conheço sim, o nome dele é Ernest — falei, tomando coragem para me virar para ele. Quando seus olhos encontraram os meus pude perceber instantaneamente seu choque.
— Lance... — seus olhos se arregalaram e ele mal conseguiu falar as outras palavras — como isso é possível?
— Lion — eu o censurei — Meu nome é Lion.
— Desculpe, você é muito parecido com um conhecido meu. Tão parecido que eu diria que vocês são gêmeos.
Eu dei um pequeno sorriso, olhei ao redor e percebi que só Kyle estava no bar e respondi:
— Não uso esse nome há algum tempo — eu falo e toco sua face e o surpreendo beijando-o.
Inicialmente ele ficou travado como se não acreditasse ainda mas retribuiu o beijo de forma intensa em seguida. Nos afastamos um pouco e olhei de novo para sua cara e como se um imã nos puxasse nos beijamos novamente, desta vez de forma mais calma.
— Mas como isso é possível? Eu vi seu caixão. Vi o reino todo chorar por sua morte.
— Eu sabia que meu pai não permitiria nosso romance. Então eu tive que montar um plano. Não foi nada ortodoxo, eu admito. Mas eu estava cansado do meu pai me controlando e amava você demais para que eu permitisse que ele me afastasse de você. Tive a ideia de forjar minha morte. Usei um corpo de um cadáver indigente que se aproximava das minhas características corporais e o atirei do andar do meu quarto.
— Mas falaram que tinha queimaduras pelo seu corpo. Achei que você tivesse sido assassinado.
— Eu tive que fazer aquilo pra que não reconhecessem que aquele rosto não era o meu. Eu entreguei um papel para o senhor Edgar para que você me encontrasse neste bar. Ele me prometeu que entregaria pra você quando julgasse que seria seguro para você me visitar. Ele me ajudou bastante. Edgar gostava muito de você e queria te ver feliz.
— Ele sabia disso tudo? — ele perguntou e eu confirmei.
— Eu demorei para vir para cá porque tinha medo que alguém me entregasse para o rei. Ele não me explicou nada sobre o que tinha no endereço. Se eu soubesse que você estava aqui eu já teria chegado. Você não tem ideia do quanto eu sofri quando soube que você tinha morrido.
— Me desculpe, Kyle. Mas não tinha outro jeito. — eu falei, meio sem graça.
— Eu deveria te dar um castigo por me fazer sofrer deste jeito — ele falou e pude perceber uma cara safada.
— Que tipo de castigo? — eu falei, mordendo os lábios.
— Do tipo que fará você nunca mais me deixar — ele fala e me puxa para si novamente.
As peças de nossas roupas vão se reduzindo aos poucos enquanto nos beijamos e nem nos importamos que estamos em um bar e que alguém poderia chegar ali a qualquer momento mas a experiência trabalhando no bar me dizia que, naquele horário, era praticamente impossível que alguém chegasse. Beijei seu peitoral e fui descendo pelo seu corpo até chegar até seu membro que estava duro e já pulsava e babava incontrolavelmente. Passei a língua na cabeça do seu pau para saborear o líquido e ele gemeu de prazer. Comecei a mamar seu pau tentando colocar o máximo que pudia em minha boca e arrancava-lhe gemidos de prazer. Seus gemidos me excitavam ao ponto de fazer com que meu pau pulsasse também.
Com uma mão eu fazia movimentos de vai e vem em seu pau enquanto chupava seu pau e, com a outra mão, alisava sua perna. Não demorou muito até que ele enchesse minha boca com seu líquido quente, branco e viscoso. Bebi seu leite com satisfação e ele me puxou para um beijo.
— Agora você vai aprender a não deixar seu homem — ele me virou e comentou: — Nunca mais.
De costas, eu podia senti seu pau pulsando nas minhas nádegas. Ele mordeu suavemente meu ombro e eu gemi de tesão. Quando eu menos esperava ele meteu todo seu pau de uma vez em meu cuzinho. Quase gritei de dor, afinal não fazia sexo há algum tempo. Ele ficou um tempinho parado com toda sua pica em meu cuzinho enquanto chupava meu pescoço. Ele sabia como aquilo me excitava porque eu gemia gostoso quando assim ele o fazia.
Ele começou a se movimentar lentamente e nossos corpos estavam em perfeita sincronia. Como eu sentia saudade daquele homem! Eu gemia e coloquei minhas mãos na sua bunda e controlava as investidas do corpo de Kyle contra o meu. Eu piscava meu cu em seu pau e o tesão era muito grande. Eu sentia que estava prestes a gozar sem ao menos tocar no meu pau.
— Eu vou gozar — comentei entre gemidos e ele aumentou a velocidade das estocadas no meu cuzinho. O barulho do sexo selvagem era sexy. Nossos corpos colidiam violentamente e nosso suor se combinava. Não aguentei e gozei bastante. Um jato chegou a atingir um banco mas eu nem liguei pro fato de que eu teria que limpar logo. Eu ainda estava extasiado com Kyle. Enquanto eu gozava eu piscava mais ainda meu cuzinho o que fez Kyle gozar logo em seguida, enchendo meu buraquinho com sua porra.
— Promete que nunca mais vai me deixar — ele pede.
— Prometo.
Ficamos um tempo deitados sem se preocupar com o fato de que teríamos que limpar logo e arrumar a bagunça que tínhamos feito. Depois de um tempo conversando percebi algo e comentei:
— Onde você e o Edgar estão morando?
Sua expressão mudou rapidamente e pude perceber que ele estava triste e ele me contou que Edgar tinha se sacrificado por ele. Edgar era um homem bom e não merecia ter morrido daquele jeito. Fico revoltado. Não acredito que meu pai foi capaz de fazer isso. As lágrimas preenchem meu rosto e eu percebo como eu me importava com Edgar. Quando eu me encontrei com ele para falar sobre o plano que eu já tinha posto em prática ao forjar minha própria morte ele se mostrou preocupado mas disposto a ajudar. Eu estava com ódio. Raiva. Queria que meu pai pagasse pelo seus crimes. Eu queria fazê-lo pagar. Seria perigoso e agora que eu tinha tudo o que eu queria me senti um pouco hesitante. Mas eu queria justiça. Edgar e todas as pessoas que meu pai matou ou destruiu suas vidas merecem justiça. E é isso que eu vou fazer. Vou fazer meu pai pagar pelos seus crimes.