Reflexos de uma Vida – Capítulo 06
NO ESTABULO DA FAZENDA
Decido ir conhecer os outros ambientes da fazenda e vou para a área onde fica os cavalos, talvez guiado pela esperança de quem sabe encontrar Fernando por lá. Chegando lá percebo que não tinha ninguém além de mim e alguns cavalos.
Pietro: A vida nesse lugar é tão pacata, diferente daquela que vivia em São Paulo. Esse lugar me traz tantas lembranças, de quando ainda tinha os sonhos eram puros de quando ainda acreditava no amor, quando o Arthur ainda existia e dos seus momentos felizes nesse estabulo.
Fernando: Você é o Arthur?
Eu fico extático, sem saber como agir ou o que fazer naquele momento, Fernando me olhava com os olhos estufados e ansioso por uma resposta que não saiu da minha boca, na ânsia pela resposta ele me pega pelos ombros e começa a balançar-me gritando.
Fernando: ARTHUR É VOCÊ? Não pode ser, não me responde você é o Arthur? – Fernando estava fora de si, chorando sem parar e eu também desabei em lágrimas. Tentei ser forte, mas meu corpo não me respondeu quando me dei conta já estava entre seus braços em um choro descontrolado tanto dele quanto meu – Porque você sumiu? Arthur eu nunca te esqueci, eu te amo.
Pietro: Ah Fernando se você soubesse por tudo que passei nesses longos anos, toda a dor, ódio, tristeza que sinto.
Fernando: Ódio, como ódio? Eu fiz algo pra você naquele dia, se eu fiz algo que te fez mal me fala Arthur. Fui te procurar pela manhã, mas não tinha ninguém na casa, tudo havia sumido, você, sua mãe, nada, nada Arthur – grita Nando.
Pietro: CALA A BOCA FERNANDO! – interrompo ele, aquilo estava fora de controle e qualquer pessoa podia nos escutar - Por favor me ouve, você nunca me fez algum pelo contrario você sempre me fez bem – digo alisando com as duas mãos seu rosto robusto e coberto por uma barba farta – eu vou te contar tudo que ocorreu, toda a dor que sofri naquele dia e porque sinto tanto ódio, porque tive que te deixar. – Comecei a contar para ele tudo o que sofri, todo o sofrimento que passei, ele estava estagnado, por fim falei o motivo pelo qual voltei para o lugar que foi meu inferno e meu paraíso, a Fazenda Montenegro, onde conheci o amor e o ódio.
Fernando: EU VOU MATAR ESSES DESGRAÇADOS – Nando fala pela primeira vez depois de tudo que contei – Arthur eu vou matar um por um dos irmãos Montenegro.
Pietro: NÃO Fernando essa vingança é minha, nem você nem ninguém vai me tirar o gosto de deixar eles na lama, eu destruirei os irmãos Montenegro. Aquele menino que você conhecia a quinze anos morreu naquela noite, o que aqueles desgraçados fizeram mataram o Arthur, então eu não te peço, eu te exijo me chame de Pietro, esse sou eu.
Fernando: Então essa vingança agora será nossa, eu não vou deixar você sozinho nessa luta, te ver aqui me faz tão feliz, Arthur eu sempre te amarei.
Pietro: Eu não sou o Arthur – a raiva de ser chamado por esse nome me faz sair correndo daquele estabulo em direção a casa grande.
Fernando: Espera, espera Arthur – grita Fernando atrás de mim que sem perceber acabo tropeçando em um toco de arvore e caio, Nando que vinha atrás de mim também cai sobre o meu corpo, pele contra pele, o calor dos nossos corpos, o desejo, quando nos demos conta estávamos nos beijando, um beijo desesperado, forte, sua língua se introduzia forte dentro da minha boca que correspondia com desejo e luxuria. Sua ereção era evidente e a minha também, mas em um ímpeto de discernimento para o beijo, afasto Fernando de mim e me levanto.
Pietro: Não Nando, eu não vim até aqui para isso. Você é casado, eu não posso sentir nada por você nem por homem nenhum, não enquanto eu não me vingar dos homens que mataram o seu Arthur. E não se esqueça eu sou Pietro Becerra, enfermeiro da sua patroa e estou aqui por outros interesses.
Fernando: Já que você insiste tanto nisso Pietro, eu e você vamos nos vingar dos Montenegro e depois disso a gente foge para o mais longe possível esquecemos tudo o que passou e começaremos uma nova vida. Eu largo tudo pelo amor que sinto por você.
Pietro: Não sei Fernando, eu não sei, não posso ficar com você, tem a Estela, ela te ama e você também deve amar ela pois se não amasse não teria casado com ela.
Fernando: Eu já te disse que largo tudo por você, eu não a Estela, no começo até sentia algo por ela, mas com o tempo tudo virou rotina, e te ver aqui mesmo com todo o tempo que passou e o quanto a gente mudou, o amor dentro de mim ainda é maior que tudo.
Pietro: Tudo isso é muito bonito sendo falado assim Fernando, mas a realidade tem tudo para ser diferente, essa vingança não será fácil e não sei se depois dela eu terei cabeça para algo, desculpe-me agora eu tenho que ir a Dona Catarina já deve estar atrás de mim – vou saindo quando Fernando me puxa e me enlaça em seus braços (QUE BRAÇOS, QUE HOMEM!!) e me beija novamente, dessa vez com calma, com carinho, com amor.
Fernando: Eu sempre te esperarei.
NO QUARTO DE ANDRÉ
Ao voltar para casa grande passo pelo quarto de André e a porta está entreaberta, ele está lá dentro falando algo que tento escutar o que ele fala, em sua mão estava um porta-retratos com fotos de alguém
André: quando será que terei coragem de dizer o que sinto por ti, Alina – eu até desconfiava que ele sentia algo por Alina, mas com aquilo consegui confirmar seu sentimento por ela e não irei permitir que ele consiga realizar esse desejo, não posso permitir que um dos homens que destruiu a minha vida se envolva com a Alina. Ele estava alcoolizado e esse vicio me auxiliará em minha vingança.
CONTINUA...