Cain levantou a viseira de seu elmo e vislumbrou o campo de batalha; era uma cena horripilante: para todos os lados que se olhava, via-se apenas corpos mutilados; alguns moribundos ainda conseguiam gemer, clamando pela misericórdia final, empapados pelo próprio sangue esperavam que alguém visse em seu socorro para livrá-lo de tanta dor e sofrimento. Alguns dos companheiros do cavaleiro, portando lanças de ponta inferior pendular caminhavam entre os corpos, pisando sobre pedaços de membros e restos de armaduras amassadas; sua tarefa consistia em examinar os corpos, verificando aqueles que ainda suspiravam alguma vida para, finalmente, cessar seu sofrimento com um golpe certeiro sobre o peito, perfurando o coração e deixando que sua alma encontrasse o caminho junto ao Criador.
Exausto e sentindo o peso da sua armadura, Cain ajoelhou-se, e apoiado em sua espada, orou, como todo o Templário fazia ao término de uma batalha; em seguida ele se levantou e caminhou com dificuldade até uma pedra retangular próxima, onde se sentou. Com o suor escorrendo em seu rosto, retirou seu elmo e sentiu algo pastoso e quente descendo de sua têmpora; passou a mão sobre o local e constatou que era sangue; lembrou-se, então do golpe de um oponente que ele mal conseguira desviar e cujo impacto quase o pusera fora de combate.
Sacou um pequeno frasco da bolsa que trazia amarrada à cintura e lançando mão de um rolo de tecido fino, rasgou um pedaço e pôs-se a aplicar o unguento sobre a ferida. Enquanto fazia isso, viu-se coberto por uma sombra enorme que opunha-se a ele e ao brilho esmaecido de um sol de final de outono; era Longinus, um guerreiro romano, remanescente das últimas legiões de soldados romanos e que se juntara ao grupo a fim de combater os inimigos que vinham do norte. Perguntou-lhe como se sentia; Cain não respondeu, limitando-se a acenar com uma das mãos para tranquilizá-lo.
-Vamos retornar até a vila albanesa – ele disse, sem se preocupar se Cain estava ou não ouvindo – Você vem conosco?
-Vá na frente – respondeu Cain, ainda cuidando de seu ferimento – Assim que puder, alcanço vocês.
Longinus não respondeu, afastando-se imediatamente. Cain olhou para o local da batalha e viu seus companheiros de armas montando seus cavalos e preparando-se para a retirada; ao longo do terreno restavam apenas corpos sem vida, exalando um cheio acre de podridão, urina e excremento. Depois de retirar o peitoral e o costal de sua armadura, o cavaleiro deitou-se sobre a pedra olhando para um céu sem brilho e sem cor, característico do final de outono, anunciando a chegada do rigoroso inverno que trazia com ele mais tristeza e infortúnio. Por um momento, Cain sentiu saudades de seu lar e das pessoas a quem tanto amava, e sentiu o peso da responsabilidade de ser um Cavaleiro Templário. Pensou em como seria bom retornar ao aconchego de seu lar e aos braços de quem amava.
O relincho retumbante de Sunshine, a égua de batalha de Cain, fez com que ele retornasse à realidade; ela bateu o casco no chão barrento, sinalizando que era chegada a hora de partir; Cain amarrou seus pertences na sela e montou a égua, cutucando sua barriga e puxando os arreios; Sunshine relinchou e iniciou seu trote elegante e comedido. Cain rumava para a vila Albanesa, pois precisava de alimento, água e um pouco de repouso, antes que seu sargento lhe designasse uma nova batalha.
Cavalgava sem pressa, afastando-se do vale onde a batalha havia sido travada, algumas horas antes; Cain estava exausto, mas, mesmo assim, não forçava sua montaria, já que ela fora muito valorosa em sua luta. Algum tempo depois, atravessando um pequeno conjunto de montanhas baixas, o cavaleiro chegou a uma pradaria que alternava alguns campos abertos com pequenas florestas de árvores baixas; a terra ressecada, mesmo em pleno outono, e as árvores quase desnudas, mostravam um cenário desolador, mas, também, denunciavam que algo de errado havia acontecido por ali.
Sentindo-se desorientado, Cain hesitava em prosseguir, já que o cenário tinha um aspecto sombrio, ocultando algo que sua alma de guerreiro sabia tratar-se de um perigo iminente. Sunshine, repentinamente, estancou sua marcha, relinchando arredia e recuando em posição de defesa …, um vento frio soprou vindo do noroeste e trazendo consigo um sibilar insinuante.
Cain reteve sua montaria, esperando por algo que estava rondando; mas, passados alguns minutos, o silêncio e uma estranha calmaria apaziguou os ânimos dele e de Sunshine; ele seguiu em frente, sendo surpreendido pelo que vinha em sua direção. Cavalgando pela mesma estrada de pedras romanas, vinha um sujeito montado em um cavalo pequeno, cujo trote denunciava ser um cavalo de tração, usado mais para puxar carroças do que servir de montaria; o tal sujeito, maltrapilho, golpeava a barriga do animal, exigindo dele um desempenho acima de seus limites.
Olhando atentamente, Cain percebeu que o tal cavaleiro trazia, por uma corda atada à sela, alguém que seguia atrás, tentando acompanhar seu ritmo; mas, quando a visão tornou-se mais nítida, Cain ficou horrorizado com o que viu: na ponta da corda, estava uma jovem amarrada pelas mãos que era puxada impiedosamente pelo cavaleiro; mesmo se esforçando máximo, o cansaço lhe impingia um sofrimento atroz; por mais de uma vez, Cain viu-a ir ao chão enlameado, levantando-se com enorme dificuldade, e em outras, era arrastada como um animal selvagem que não merecia sobreviver ao martírio.
O Templário irritou-se com aquela visão torpe, cuja maldade ultrapassava os limites do senso de humanidade que sua Ordem pregava a todos os seres vivos da terra; por um momento, ele hesitou, pois lembrara-se das palavras de seu mentor e líder de pelotão que sempre afirmava que os Templários não podiam, e muito menos deviam, intervir em questões locais, exceto se tais questões denotassem a prática de atos atentatórios contra a Igreja, contra o Papa, contra um irmão de armas, ou contra pessoas que estivessem sob grave ameaça …, mas, sabedor de que aquela situação exigia uma intervenção mediadora, ele chutou a barriga de Sunshine, forçando-a a apertar seu passo na direção do cavaleiro.
Assim que o alcançou, Cain ergueu a mão esquerda, ordenando que o sujeito interrompesse sua viagem; Cain examinou o cavaleiro: tratava-se de um aldeão de barba longa, rosto marcado por sulcos que denotavam um envelhecimento precoce decorrente de sua condição; vestia uma túnica de lã, calças de algodão e botas de cano baixo; trazia uma espada curta na cintura, cuja cor marrom da lâmina denunciava que jamais fora bem cuidada e que, provavelmente, não resistiria a um golpe direto de outra lâmina mais afiada. Sem muitos rodeios e com ar severo, Cain quis saber porque ele trazia aquela jovem presa por corda e arrastada pela estrada enlameada.
-Embora isso não lhe diga respeito, Templário, eu lhe digo – ele respondeu, comendo as palavras e rangendo os dentes – Ela é uma feiticeira …, uma maldita bruxa! Estou levando-a para um mosteiro próximo, onde os monges saberão o que fazer com ela …
-E qual a certeza que tens de que seja ela uma feiticeira, aldeão – Cain perguntou exigindo explicações.
-Ora, Templário! – resmungou o aldeão – Ela conversa com ratos …, banha-se nua à luz da lua cheia …, faz conjurações …
-E tudo isso foi confirmado por outras pessoas? – tornou a perguntar o Templário.
-Sim, foi confirmado! – ele tornou a resmungar – meus filhos e o ferreiro da cidade também viram …, e, quer saber, sigo meu caminho e tu segues o teu …
Cain olhou para a jovem e viu o terror estampado em seu rosto sujo de lama; ele balançava a cabeça, enquanto suplicava: “Não deixe que ele me leve, Cavaleiro, por favor!”. Cain examinou a jovem, e além do estado de penúria de suas roupas e as marcas que trazia nas mãos e no rosto, não conseguia ver nela algo de ameaçador, ou mesmo de perigoso …, era apenas uma jovem amedrontada e sofrida.
-Deixe-a, aldeão! – ordenou o Templário – Ou então, sinta o peso de minha espada!
Com o olhar de uma fera acuada o aldeão apeou de sua montaria e aproximou-se da jovem; enquanto tentava desatar os nós que prendiam sua mão, ele ria com sarcasmo; Cain saltou de Sunshine, e segurando a empunhadura de sua espada, que ele chamava de Fúria Eterna, aproximou-se do aldeão, querendo saber porque ele ria daquela maneira.
-Acho curioso que um Templário venha defender uma bruxa – ele respondeu com ironia.
-Não há provas, apenas a tua alegação! – respondeu Cain com firmeza.
-Eu lhe disse – ele retrucou – Tenho testemunhas …, uma delas é meu filho!
Repentinamente, Cain teve uma intuição, e a mudança do vento trouxe consigo a confirmação; ele nem precisou valer-se de “Fúria Eterna”, limitando-se a sacar sua adaga longa; abaixando-se apenas o suficiente para evitar o golpe proveniente de um opressor que viera por trás de modo traiçoeiro, Cain girou o corpo, enterrando sua adaga no peito do inimigo de baixo para cima.
Um grito foi sufocado quando o sangue explodiu dentro dos pulmões do agressor, que foi empurrado para trás apenas com o impulso do corpo do guerreiro; enquanto ele caía, Cain voltou-se rapidamente na direção do aldeão que havia sacado sua espada enferrujada, ensaiando um ataque frontal. O Templário não precisou esforçar-se para sacar sua espada, reter e desviar o golpe, girando de tal modo, que o aldeão viu-se desarmado com a sua espada voando ao longe.
Sem temor, Cain aproximou-se da jovem e cortou os nós da corda que a prendiam; tomou-a pelas mãos e fez com que ficasse em pé; em seguida, olhou para o aldeão cujo olhar era um misto de temor e de revolta; Cain caminhou até ele, até que estivesse ao alcance de sua espada; ele, então, sacou “Fúria Eterna”, apontando-a para a garganta do homem.
-Monte seu cavalo, aldeão! – ordenou Cain, observando o sujeito tremelicar em descontrole – Siga seu caminho …, e não olhe para trás!
-Você matou meu filho! – Retrucou o aldeão, cheio de rancor.
-Apenas me defendi de um ataque covarde! – respondeu o Templário – Agora vá!
Sem pensar duas vezes, o aldeão subiu em sua montaria e saiu em disparada. Cain voltou-se para a jovem que permanecia estática; seu corpo ainda tremia, não apenas pelo medo, mas também pelo frio que sentia, pois, embora usasse um vestido de lã verde, ele mais parecia um trapo. Ele se aproximou dela e libertou-a das cordas que a prendiam; ajudou para que se levantasse e perguntou se ela estava bem.
-Agora …, acho que estou – ela respondeu com voz sussurrante – O nobre cavaleiro poderia me levar para casa?
Cain hesitou, pensando que seus companheiros já estivessem muito longe e ele não os alcançaria …, todavia, o olhar entristecido da jovem e seu estado de penúria tocaram seu coração; ele assoviou para Sunshine, que cavalgou até eles; Cain, então subiu na égua e, em seguida, estendeu o braço para a jovem, puxando-a para cima e colocando-a atrás dele; cutucou a barriga da égua e assim que iniciaram a jornada, o cavaleiro pediu para que a jovem lhe mostrasse o caminho.
A tarde ficou mais acinzentada, e o caminho fechou-se por entre enormes árvores e uma vegetação terrestre sem cor. Vencida a floresta, chegaram a um pequeno vale onde se via uma construção de pedra; o vento frio soprou novamente, e o cinza da tarde foi sugado pelo manto da noite que se aproximava. Ao chegarem ao seu destino, Cain observou o local com atenção: era uma velha construção romana feita de pedras e com telhado de palha, barro e algumas telhas quebradas; a porta estava carcomida e a janela trazia um enorme retalho de algodão para proteger do frio.
A jovem desceu da montaria e correu até a porta, convidando o cavaleiro para acompanhá-la; Cain saltou e puxou Sunshine pelas rédeas até um pequeno curral que ficava ao lado; depois de aliviar sua montaria da sela e demais equipamentos, ele a alimentou, retornando em direção ao casebre. Entrou e deu com a jovem cozinhando alguma coisa em uma panela de cobre sobre um tacho de ferro aquecido por lenha úmida que produzia muita fumaça.
Cain quis saber o nome da jovem; seu nome era Selena; pediu que ela contasse mais sobre sua vida e as razões que levaram os aldeões a crerem que ela era uma feiticeira. Selena permaneceu em silêncio por alguns minutos, e depois de respirar profundamente, tomou para si a palavra.
-O vilarejo fica perto daqui – ela começou, com tom hesitante – Eu raramente vou até lá …, apenas quando necessário …, vendo algumas ervas para cura e unguentos …, um dia …, alguém me viu conversando com um corvo …, e foi assim …
-Conversando com um corvo?! – indagou o cavaleiro atônito – Ninguém conversa com animais ou aves!
-Eu tenho esse dom desde criança – ela emendou – Minha mãe e meu avô me ensinaram …, eles já partiram, mas me deixaram com esse dom, que mais parece uma maldição!
-E existe alguma forma de você libertar-se desse … dom? – perguntou ele, curioso.
-Sim …, existe – respondeu Selena, calando-se em seguida.
-Vamos, menina, me diga! – exigiu o Templário, impaciente – Diga logo como se livra dessa “coisa”?
-Meu avô …, antes de morrer, me disse – ela respondeu balbuciando as palavras.
O silêncio instalou-se entre o casal …, Cain estava curioso e também impaciente …, ele queria saber como a jovem Selena poderia livrar-se daquela maldição.
-Ele disse que era um encantamento – Selena retomou a fala – E que um encantamento somente poderia ser quebrado com outro encantamento …, ele disse que eu seria salva quando perdesse minha virgindade …
O rosto do guerreiro denunciou o espanto com a afirmação da jovem Selena, mas mesmo tomado pela surpresa, ele quis mais detalhes. E Selena lhe contou: “Quando o Senhor me encontrou, eu estava sendo levada pelo aldeão de nome Jason para que servisse ao filho dele …, o jovem que foi morto por sua espada …, ele queria que o filho me deflorasse ante os olhos de todos na vila que fica próximo daqui …, apenas para provar que aquilo que eu dizia era mentira e que eu era, na verdade, uma bruxa!”
Cain não conseguia crer em tudo aquilo; ao longo da noite, enquanto comiam a refeição preparada por Selena, Cain quis saber mais …, e somente deu-se por vencido quando Selena o levou até a estrebaria onde Sunshine descansava …, ela se aproximou da égua e, para surpresa do Templário, conversou com o animal. Selena contou coisas presenciadas por Sunshine de batalhas que haviam travados juntos. Cain, finalmente, deu-se por vencido.
Antes de dormir, pediu para a jovem que ela repousasse na única cama que havia no casebre, enquanto que ele dormiria na estrebaria; Selena resistiu à ideia, pedindo que ele usufruísse da cama …, após uma discussão comedida, Selena acabou por aquiescer com a sugestão do Templário. “Não se preocupe, meu Senhor Cavaleiro …, eu sei que os cavaleiros de sua Ordem fazem juramento de castidade …”, disse Selena em tom suave. Cain ficou atônito com as palavras de Selena, mas preferiu retirar-se.
Já despido de suas roupas, Cain deitou-se sobre um monte de feno, que ele cobrira com uma pele que trazia consigo, protegendo-se com um cobertor de lã que fora presente de um amigo. Embora cansado, o cavaleiro não conseguia esquecer as palavras que ouvira de Selena …, uma jovem tão linda, condenada a viver exilada por conta de um encantamento …, com certo esforço ele acabou por adormecer …, mas, algo aconteceu …
Cain acordou sobressaltado ao ver uma silhueta surgir na porta da estrebaria; era uma silhueta esguia que caminhava em sua direção, balançando o corpo de um modo insinuante que despertara nele um desejo há muito sufocado pelos anos dedicados à Ordem …, um desejo de homem …, desejo de macho!
Logo, ele percebeu que a silhueta pertencia à Selena …, e assim que a luz da lua prateada inundou a estrebaria, ele viu que ela estava nua!!! A jovem aproximou-se dele, puxando o cobertor e vindo a deitar-se sobre o corpo desnudo do cavaleiro. Imediatamente, um arrepio percorreu o corpo do guerreiro. Nem todas as lutas que travou, as batalhas que enfrentou, os inimigos que combateu foram suficientes para prepará-lo para aquela situação inesperada e insólita! Cain não sabia o que fazer …, havia seu voto de castidade, funcionando como uma barreira entre ele e Selena …, todavia, o calor provocante do corpo dela, incendiava sua resistência.
-Eu …, eu …, não posso – balbuciou o cavaleiro, temendo a ereção que se avizinhava.
-Tu fizestes um juramento – sussurrou Selena, aconchegando-se ainda mais ao corpo musculoso do cavaleiro - Eu bem sei isso, guerreiro …, mas, meu corpo fala mais alto que minha razão …, eu preciso me livrar do encanto …, por favor …
Sentindo-se sem controle sobre sua vontade e também sobre seu desejo, o cavaleiro abraçou o corpo esguio do jovem e seus lábios selaram o beijo profundo que dava início à quebra de seu voto de castidade. Sentindo que a ereção de Cain ganhara forma e consistência, Selena apoiou suas mãos sobre o peito largo de Cain, levantando-se e esfregando, delicadamente, seu sexo na glande inchada.
Cain sentiu a umidade que escorria do sexo de Selena, e segurando-a pela cintura, fez com que ela descesse sobre seu membro; e mesmo com alguma resistência, Cain deliciou-se com o encaixe perfeito de seu membro com a vagina apertada da jovem. Selena gemeu de prazer, ao ser invadida pelo mastro duro e grosso de seu companheiro, passando a cavalgá-lo com movimentos cadenciados.
A sincronia dos corpos, a respiração arfante de ambos eram a plena constatação de que Selena, agora, não era mais virgem …, seu sexo pertencia ao guerreiro; em dado momento, Cain segurou as mamas firmes de sua parceira, usufruindo do contato com os mamilos intumescidos; imediatamente, ele ergueu seu corpo, até que sua boca pudesse saborear aquelas delícias intocadas; sugando-as e lambendo-as com voracidade. Selena acariciava os cabelos do Templário, apertando seu rosto contra seus seios, e suplicando que ele não parasse.
Selena cavalgava seu parceiro, intensificando os movimentos de sobe e desce, murmurando palavras doces, enquanto saboreava seu primeiro orgasmo …, um orgasmo vigoroso que a fez gemer alto, clamando por muito mais.
-Cain, meu Senhor – ela murmurava com dificuldade – Não …, não me deixe quedar assim …, dá-me o doce prazer que teu corpo proporciona ao meu …, Ah! Eu tinha certeza …, você seria o meu primeiro …, o meu único!
Não se sabia mais se aquela fora uma conspiração do Universo ou do Inferno …, apenas o prazer comandava os corpos suados daquele homem e daquela mulher; Cain, tomado por um desejo represado há muito tempo, segurou sua parceira, enquanto girava o corpo, ficando sobre ela, se, no entanto, desfazer a união de seus corpos, permanecendo dentro dela; com movimentos pélvicos ainda mais vigorosos, ele enterrou e sacou seu membro do interior de Selena.
Fizera isso com tanta intensidade e afã, que a jovem, experimentou novo gozos que pareciam uma espiral crescente e infindável que a fazia quase perder os sentidos. Sem jamais desprezar os seios de Selena, Cain também a beijava com sofreguidão, sendo acolhido pela boca sedenta da jovem. A cópula durava horas, mas, para eles era como se o tempo e o espaço tivessem perdido a razão de ser, pois no universo existia dentro deles.
Insaciável e descontrolado, Cain fez com que Selena se deitasse, de tal modo que ele pudesse mergulhar seu rosto entre suas pernas, em direção ao seu baixo-ventre, onde, num gesto eticamente inaceitável para um Templário, ele buscou sorver o líquido agridoce que vertia das entranhas de sua parceira. Jamais ele provara algo tão inebriante, envolvente e provocante. Cain lambuzou-se com o prazer que vertia de sua companheira, desejando ardentemente, que o mundo parasse, o tempo congelasse e ele pudesse ali permanecer para sempre!
Selena, dominada pela boca de seu homem, quedava-se em suspiros e gemidos, enquanto o gozo fluía através de seu corpo, conduzindo-a a um estado de absoluto êxtase …, experimentando algo totalmente inédito, o casal assim permaneceu, com a fêmea sendo assediada por gozos intensos e sucessivos, enquanto seu amante insistia e saborear os doces líquidos que dela vertia alheio ao clímax provocado.
-Por favor, meu amor! – suplicou Selena, com voz embargada – Vem …, vem me fazer mulher …, vem me fazer fêmea …, tua fêmea, meu Cavaleiro!
O Cavaleiro, extasiado com o pedido de Selena, cessou o que fazia, subindo sobre ela, e deixando que seu membro tornasse a preenchê-la; Selena soltou um grito involuntário ao sentir aquele membro rijo penetrar-lhe as entranhas, causando uma nova sensação de prazer cuja descrição não comportava palavras. E eles copularam, indo ao limites de seus corpos, testando sua capacidade de dar e de receber prazer …, todavia, Cain pressentiu o inevitável …, e incapaz de domar sua natureza de macho, ele gozou! Selena sentiu a onda irrefreável de sêmen cujos jatos projetavam-se para seu interior; era uma onda quente e caudalosa que parecia não ter mais fim …, Cain, por sua vez, contorcia-se ao experimentar um prazer que jamais sentira em sua vida, e cuja sensação dominava seu corpo, entorpecia sua mente, e acalentava seu espírito.
Nesta batalha em que não há vencidos, nem vencedores, mas apenas seres realizados, Selena e Cain, submetidos pela exaustão que, agora, tomava conta de seus corpos e de suas mentes, caíram em um sono profundo …, um sono tão pesado que provocava devaneios inexplicáveis …, açodado por imagens de Arcanjos, Demônios, virgens desnudas e muito mais, Cain acordou de sobressalto. Abrindo os olhos, teve a visão mais impressionante de toda a sua vida.
Levitando em pleno ar, com uma aura azul prateada envolvendo seu corpo translúcido, Selena estava diante dele …, seus longos cabelos platinados e seu corpo esguio eram a visão do paraíso sobre a terra.
-Então, você é uma bruxa! – exclamou ele, incapaz de dizer qualquer outra coisa.
-Não, meu querido Cain – respondeu Selena, com voz suave e melodiosa – Não sou uma bruxa …, sou uma feiticeira …, uma filha da Dama do Lago …, e você me libertou do meu corpo material …, eu lhe serei eternamente grata por isso …
-Mas, você me ludibriou? – exaltou-se o cavaleiro – Você me usou! Fez com que eu quebrasse meu voto de castidade!
-Não, Cavaleiro, você não rompeu seu voto! – disse Selena em estado etéreo – Tu apenas foi o instrumento para quebrar o encantamento que me aprisionava e me escravizava havia séculos …, fica em paz, pois tua integridade e tua dignidade estão inteiramente preservadas …, agora vou partir …, mas, saiba que sempre velarei por ti. Te protegerei e te guardarei …
Com essas palavras a imagem etérea de Selena ganhou altura, subindo até tornar-se um ponto luminoso no firmamento rumando para a lua prateada que iluminava aquele resto de noite …
Repentinamente, tudo ficou escuro e pesado …, os sons pareciam ecoar dentro de um túnel …, Cain ouvia vozes …, distantes …, quase inaudíveis …, pouco a pouco elas tornaram-se mais próximas …, até que sentiu a bofetada queimar seu rosto …
-Vamos, acorde, homem – gritava Longinus, esbofeteando o rosto de Cain.
Ele segurou a mão forte do guerreiro romano e abriu os olhos, tomados por um susto impactante. Olhou á sua volta e viu que estava em um vale de terra seca e fria …, ainda era outono …
“Mas, o que acontecera com Selena?”, ele pensou, sem coragem para contar alguma coisa para alguém, enquanto ouvia Longinus perguntando se ele estava bem; Cain se levantou, tomou o peitoral de couro, colocando-o sobre a túnica de algodão. Não disse nada, apenas assoviou para Sunshine que trotou em sua direção. Longinus preferiu ignorar o irmão de armas, já que o conhecia suficientemente para saber que ele não diria nada ...
Assim que se aproximou de Sunshine, Cain fitou os enormes olhos negros da égua; sentiu-se hipnotizado, como se sua montaria estivesse lhe dizendo alguma coisa …, voltou para a realidade, subindo sobre a égua e chutando sua barriga …, se o que tinha na mente foi verdade ou não, o Templário preferiu deixar guardado em sua memória …, uma doce memória que se chamava SELENA.