O céu cinzento prenunciava um final de semana de chuva. Anne observava de sua varanda as nuvens carregadas, imaginando o que faria naqueles dias.
Não se sentia bem. O vazio, a falta de algo interessante o que fazer, a incomodava. Um final de semana de pipoca , coberta e Netflix não a atraía. A alguns passos de distância, Marc, seu marido, continuava em seu notebook a semana de trabalho. Não tinha hora para acabar, e também não haveria tempo para os dois.
Restava a ela seus companheiros inseparáveis naquele momento – o cigarro, a taça de vinho, enquanto pensava na vida e observava as gotas de chuva que chegavam. Amava aquele homem, embora sabia que algo não estava bem, e imaginava como podia ter chegado naquela situação tão jovem, ainda nos seus trinta e poucos anos.
A ida ao supermercado na manhã seguinte não parecia um programa interessante. Uma feira de legumes, verduras e frutas frescos para o almoço em família. Uma visita rápida, e um retorno para o apartamento num dia de chuva.
Na fila, avistou René. Simpático, se prontificou a ajudar com as compras, a levar as bolsas até o carro, um pouco distantes naquele estacionamento de piso escorregadio. Apesar do tempo que não se viam, Anne conseguia notar que ele continuava se cuidando – a barba cuidadosamente aparada, os braços firmes se destacando na blusa polo de mangas compridas. A fala pausada, olhando fixamente nos olhos do interlocutor também eram as mesmas. Era um homem charmoso, não aparentando os cinquenta anos que se aproximavam.
Ao chegar até o carro, o convite para conhecer seu novo apartamento a surpreendeu. Já o conhecia há anos, mesmo antes de casar, e nunca ele havia feito esse convite. Sabia que ela era casada. Ficou um pouco surpresa, tinha que voltar para casa naquele momento. Despediram-se, não sem antes René a deixar a vontade para visitá-lo naquele final de semana.
Anne pensava no convite ao voltar para casa. Enquanto fazia o almoço com o que havia acabado de comprar, imaginava o motivo daquilo. Podia não ser nada, apenas um ato gentil de conhecer a nova moradia de um antigo amigo. Entretanto, sabia que não era somente aquilo. Sabia que havia algo ali, aquele olhar intenso sinalizava suas intenções.
A curiosidade a consumia por dentro. Não tinha programa naquele final de semana. Seria apenas uma visita a um amigo. Estava decidida. Avisou Marc que iria sair com algumas amigas no final da tarde – não iria demorar. Ainda absorto nos relatórios que teria que terminar, Marc pouco prestou atenção nas palavras que acabara de ouvir.
O novo endereço de Rene era apenas a algumas quadras dali. Não se preparou com nenhuma vestimenta especial – não havia motivo para se preparar para uma visita de cortesia, a vestimenta casual era o que pedia o momento – uma calça jeans e uma blusa de mangas longas para protege-la do frio.
René a recebeu na porta de seu apartamento com seu sorriso marcante.
- Obrigado pela visita. Sabia que viria.
- Não podia deixar de fazer essa visita de cortesia. Não sabia que tinha se mudado, nem que ficava tão próximo de mim.
O apartamento era pequeno, mas muito aconchegante. Era inegável o bom gosto de René nos móveis, banheiros, quarto. Sabia que havia o seu toque pessoal ali, mesmo depois de tanto tempo. Foi surpreendida pela oferta de uma taça de vinho.
- Ainda gosta ? Não sei se ainda lembro de suas preferencias, mas era apreciadora de um bom vinho.
- Não tenho um paladar tão refinado assim, mas diria que acertou em cheio, respondeu Anne com um sorriso no rosto.
Pelo tempo, havia muito a conversarem. René já havia se casado e separado, mas continuava uma excelente companhia. Ouviu atenciosamente Anne falar de seu casamento, e bom entendedor, era possível deduzir que percebera que não havia uma pessoa totalmente feliz do outro lado.
Anne se surpreendeu com sua atitude. Bem a vontade, colocando a mão em sua perna, aproximando seu corpo. Poderia não ser nada, ele sempre fora um pouco expansivo, mas parecia haver um exagero ali.
Teve a certeza de suas intenções quando ele virou seu rosto... O sorriso, as carícias...
- Não sei porque esperamos tanto tempo por isso – René falava acariciando o rosto de Anne, a olhando fixamente.
Não houve tempo para resposta. Sentiu o beijo molhado de René, enquanto suas mãos acariciavam seus cabelos, orelhas, deixando-a arrepiada. Em seu íntimo, Anne sabia que aquilo podia acontecer, mas não estava totalmente preparada para o momento.
Aos poucos, as mãos de René começavam a explorar aquele corpo.... A caricia nos cabelos, costas.... Mal foi possível perceber quando ele a ajudou a tirar a blusa. Aquelas mãos agora exploravam sua cintura, seguravam seus seios.... Uma pausa breve, suficiente para René tirar sua camisa. O peitoral e a barriga firme confirmavam que ele continuava se cuidando. Um novo beijo, e o corpo jogado por cima do de Anne, enquanto ela o abraçava....
Ficaram naquela intensidade por alguns longos segundos... O beijo quente, as carícias... Anne tinha desejo, mas insegurança ao mesmo tempo.... Como resolver aquilo tudo ? Não se opôs quando ele abriu sua calça enquanto a beijava, nem quando começou a tocá-la por cima da calcinha.... Queria estar ali, queria sentí-lo dentro dela, mas algo a incomodava, a angustiava... Como podia estar ali com outro, enquanto ainda estava com outro homem ? A calcinha encharcada denunciava o que seu corpo desejava, mas a cabeça estava em outro lugar. Passou a não ser mais receptiva as carícias, uma atitude mecânica, que nem todo aquele homem conseguia demover....
- O que houve ? Sinto confusão em você. Sinto desejo, tesão.... Quero tê-la Anne. Mas quero que esteja pronta pra mim.
- É tudo muito confuso.... Não é culpa sua – rebateu Anne, ainda ofegante.
- Entendo você. Talvez eu tenha ido longe demais, ou avançado o sinal muito cedo. Não quero atrapalhar ninguém. Não podemos ir adiante se está confusa com seus sentimentos.
- Desculpa....
- Não fique com isso na cabeça.... Sinto desejo em você, mas algo me diz que precisa resolver algo antes. Acalme-se, volte para casa. Sabe onde moro. Procure-me se precisar conversar.
René a ajudou a se vestir. Despediram-se com um beijo carinhoso no rosto. No caminho até em casa e nos dias seguintes, pensou em todo aquele momento. Como pode se entregar assim tão depressa ? Como pode recusar um homem daqueles ?
Não houve mudança com Marc, ao menos, não deixava transparecer o que a angustiava. O sexo continuava morno. Gostava, sentia prazer, mas desejava algo mais. Precisava resolver todos seus conflitos.
Passaram-se duas semanas. Naquele dia, uma ocasião especial. Era o aniversário de Marc, sempre saíam para jantar – ele não gostava muito de receber os amigos nesta data, preferia guardar esses momentos para dividir com a esposa.
Era uma segunda-feira à noite, as poucas mesas ocupadas naquele horário denunciavam que não teríamos muito movimento. A mesa ao final do salão, mais reservada, era o ideal para aquele momento de confraternização. Havia se preparado para a ocasião – um vestido preto com detalhes em rosa, deixando suas pernas a mostra e seus sapatos pretos.
O couvert acompanhado de vinho deu início a noite. Marc estava mais receptivo, contava em detalhes como estava empolgado com seu novo projeto no trabalho. Anne o incentivava, e a felicidade dele também a deixava feliz. Apesar de não estar tudo como desejava, queria compartilhar daquele momento com ele.
Marc se surpreendeu com Anne utilizando os pés para acariciar suas pernas. Não era do feitio dela, podia ser algo ocasional. Podia. Mas a repetição do movimento não fazia desse o cenário mais provável. O sorriso no olhar, o gole na taça de vinho. Havia algo de diferente ali.
Instigado, resolveu descobrir suas intenções. Sentado a seu lado, a mão na perna a mostra, as carícias. Era o normal para um casal comemorando uma ocasião especial. Marc percebeu seus sinais. Os cabelos jogados para o lado, a mão também nas pernas dele, próximo a virilha.
O restaurante não estava cheio. Não teriam como vê-los em detalhe ali.... Sua mão na perna de Anne começou a deslizar na direção de suas coxas, dentro do vestido. Não demorou para começar a acariciar seu sexo, masturbando-a por cima da calcinha com um dedo,Anne se contorcia.... Tentava não demonstrar o que estava acontecendo.. Mordia os lábios, abaixava a cabeça. Mas não teve como segurar quando seu dedo a penetroumovimento inesperado, derrubando a taça de vinho no chão. O barulho, a surpresa de Marc. Havia estragado tudo. O garçom se aproximou para limpar o ambiente, enquanto a oferecia uma nova taça.
- Desculpe-me, preciso ir até o banheiro, falou para Marc, que concordou, um pouco frustrado.
Como pôde aquilo ter acontecido ? Como podia estragar seus melhores momentos ? Com René, ainda era possível entender... Mas com Marc.... Não, foi um acidente.... Não poderia ter sido uma reação do seu corpo. Não poderia.
Resolveu tomar a decisão que mudaria sua noite, e seus próximos dias.
Retornou para a mesa. Uma nova garrafa de vinho, uma nova taça, já a esperava. Deixou clara suas intenções. Certa de que não havia como vê-los, agarrou com força a perna de Marc, deslizando sua mão para seu membro. Acariciou, queria sentí-lo enrijecer.
Marc sorriu, estava surpreso. Mas poderia surpreender-se mais. Colocou também a mão em sua perna. Deslizou em direção a parte interna de suas coxas. Não havia mais barreira, não havia mais pano. Estava sem calcinha. Sorriu novamente. Explorou sua boceta como nunca. A carícia em seu clitóris, provocando, apertando devagar... Seus dedos deslizavam para dentro. Estava úmida. Anne apertava suas pernas, não podia gemer, não podia gritar. Mas podia sentí-lo, podia deseja-lo, podia querer que ele jogasse toda aquela louça para fora da mesa e a possuísse ali mesmo.
Anne olhou para o lado. Percebeu que o garçom os observava, sabia o que estava acontecendo ali. Apenas sorriu, mordendo os lábios. Precisavam sair dali. Precisavam acabar o que haviam começado.
Marc pediu a conta. Não foi surpresa para o garçom o fato de não pedirem o jantar. Havia coisas mais importantes a resolver
Precisavam chegar em casa. Mas não conseguiam esperar, não podiam esperar. Anne queria aproveitar aquele momento. Queria surpreender e ser surpreendida. Poderia tornar aquele viagem mais prazerosa. Sentada ao seu lado enquanto ele dirigia, abriu sua calça, masturbando-o devagar. Não tinha como ninguém vê-los com os vidros fechados. Abaixou-se, chupou-o ali mesmo, no carro, como nunca havia feito. Foi o sexo oral mais excitante que praticou. Podia senti-lo ali, ver as expressões em seu rosto.
O caminho era curto, chegaram rápido. Não menos rápido que Marc abrindo a porta, a empurrando para dentro, e a beijando com vontade.. Imprensando seu corpo contra a parede acariciando seus cabelos, com volúpia, desejo...
- Feliz Aniversário – sussurrou Anne.
- Obrigado pelo presente....
Tirou o seu vestido, expondo seus corpo, seus seios. Marc não conseguia segurar o desejo, começou mordendo seu queixo, apertando seus braços. Desceu até seus seios, acariciando os mamilos, mordendo devagar.
- Huuum Marc.....
Tirando sua roupa enquanto a beijava, Marc a levou até o sofá. Deitou seu corpo sobre o dela. Precisava sentir o gosto daquilo tudo. Abaixou-se até seu sexo, sua boceta excitada como a muito não via... Sentiu seu gosto, chupou, fez Anne se contorcer, agarrar o sofá.
Não havia mais como segurar. Por cima de seu corpo, Marc a penetrou. Sentiu seu pau deslizando dentro de si, e seus movimentos explorando seu corpo. Também estava fora de si, arranhava suas costas enquanto a penetrava, sem querer, deixando marcas em seu corpo. Marc retribuía, com penetrações mais fundas, fazendo-a sentir toda dentro de si.
Anne gritava, se soltava, queria resolver todos seus conflitos, sabia que sempre amou aquele homem. Sentiu que seu gozo estava por vir...
- Anne....
Anne apertou sua bunda, sentiu ele gozar dentro de seu corpo, queria sentir tudo, queria ficar ali, queria mais momentos como aquele.
Ficaram assim por alguns minutos, seus corpos entrelaçados. Marc retribuía tudo aquilo com suas carícias....
- Não sei o que deu em você, mas não quero que mude. Quero que seja assim sempre.
- Espero que assim seja.
Anne não sabia o que aconteceria dali para frente. Mas já estava satisfeita pelo que tinha conseguido fazer. Talvez René a tenha ajudado. Talvez não. Mas descobrir tudo isso tinha sido uma ótima experiência.