Um pouco mais de mim - Como tudo começou - Parte 2

Um conto erótico de Safado_ms1
Categoria: Homossexual
Contém 2231 palavras
Data: 14/08/2018 16:30:45
Última revisão: 15/08/2018 09:01:49

Pessoal, agradeço os comentários na primeira parte deste conto e aproveito para dizer que esta história é real. Ela é a história da minha própria vida que resolvi compartilhar com vocês. Algumas informações foram trocadas, para não causar nenhum constrangimento a nenhum dos personagens caso venham reconhecê-los. Os nomes também foram trocados.

Como ontem a noite eu já havia esboçado as duas primeiras partes, estou postando agora a segunda parte. Espero que gostem! Comentem!

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Os dias que se seguiram após a volta do Junior e da Sandra para o interior não foram nada fáceis. Eu sentia muita saudade do meu filho. Chegava em casa do trabalho e ficava pensando na minha vida, em como seria agora sozinho.

Eu precisava dividir aquela informação com alguém e a primeira pessoa pra quem contei foi minha irmã mais velha, que se assustou com a notícia mas foi muito companheira. Mostrou-se bastante amiga e se prontificou a me ajudar no que eu precisasse.

No carnaval, fui para o interior e lá contei para meu pai e também para o restante da família. Minha surpresa maior foi ouvir do meu pai que não estava surpreso, pelo contrário, achava até que o meu relacionamento havia durado mais do que ele supunha. O mesmo ouvi de algumas amigas. Bom, a separação dos bens foi um parto. Ela queria me fazer sofrer de qualquer modo, nem que fosse no bolso. Já não bastava a solidão, ela queria me tirar tudo o que havíamos construído juntos.

Queria o carro, nosso apartamento, nosso dinheiro, se fosse possível, me afastaria do nosso filho também. Ela acreditava que me chantageando financeiramente, talvez eu desistisse de por fim ao nosso casamento, pois segundo suas palavras, ela acreditava que seria para sempre, como juramos na igreja, mesmo que para manter as aparências fôssemos totalmente infelizes juntos.

Eu abri mão de muita coisa. O apartamento ficou com eles, por causa do meu filho. Vendi o carro, dei a parte dela e comprei outro financiado. Usei o que me restou da grana para poder montar um novo apartamento pra morar, já que todos os móveis e tudo o mais que tínhamos de utensílios mandei de volta pra ela no interior.

Nessa reviravolta toda da minha vida eu pouco tinha tempo de pensar em sexo. Emagreci, vivia muito triste. No escritório todos pensavam que eu estivesse doente. Desfiz o contrato de locação do apartamento que morávamos juntos e me mudei para um bem menor, porem no mesmo bairro.

Estávamos próximos do dia dos namorados e fui convidado pelo meu chefe para o aniversário duplo de 50 anos dele e da esposa. Ele me pediu segredo quanto ao convite, pois não poderia convidar a todos da empresa, apenas nosso gerente comercial e eu estávamos na lista. Era uma festa chique, Black Tie. Com todos os meus gastos, ainda tinha que comprar 2 presentes e alugar um smoking.

E assim, seguindo as orientações da minha irmã fui ao shopping comprar uma gravata para ele e uma echarpe para a esposa que eu mal conhecia, mas como no convite constava o nome dos dois seria chato chegar de mãos abanando. Comprei primeiro a echarpe e me dirigi a uma loja masculina onde encontrei uma gravata muito legal que vinha junto com um lenço para lapela combinando em uma caixa exclusiva. O vendedor que me atendeu foi muito atencioso e pediu desculpas por não poder ficar comigo no caixa, pois a loja estava lotada por conta do dia dos namorados.

Aguardei na fila. Tinha umas 3 pessoas na minha frente. Na hora de pagar, a caixa disse que meu cartão não havia autorizado a compra. Gelei na hora! Meu cartão tinha outro adicional que estava com minha ex-mulher e eu nem havia me tocado de providenciar o cancelamento. Fiquei branco, acho que minha pressão caiu só de pensar naquela possibilidade. Comentei com a moça do caixa: - Será que minha mulher gastou todo meu limite que não consigo nem comprar uma gravata?

Ela me respondeu: - Não senhor, a compra aqui é de 2 ternos completos, um par de sapatos, 3 camisas e 2 gravatas! Ufa, não era minha compra. Ela chamou os vendedores e os dois saíram correndo pelos corredores do shopping atrás do outro rapaz, que levou toda a compra e passou no seu cartão apenas minha gravata! Fiquei com dó deles e fui junto pelos corredores mesmo sem saber quem eu procurava, apenas lembrava que o cara que estava na minha frente, era bem alto e que vestia um jeans, tênis e uma camiseta polo.

O encontramos em um café bem tranquilo, com suas sacolas e demais compras. Não tinha cara de mau caráter, pelo contrário, apenas alguém que não liga para o quanto está gastando e sequer se dá ao trabalho de verificar o valor do que está assinando. Era o ano de 98, então estamos falando daquelas papeletas manuais, nada de cartão com chip, kkkk. A modernidade estava bem longe de chegar por aqui. Explicamos a ele o mal entendido. O rapaz me olhou pedindo mil desculpas. Também se desculpou com os vendedores. Voltamos à loja, onde ele novamente pedia desculpas ao gerente e à moça do caixa. Ficou o tempo todo sem graça. Não queria que a moça cancelasse o pagamento anterior da minha gravata, mas eu pedi que ela assim fizesse, pois não tinha cabimento ele pagar por uma mercadoria que não iria levar. Ao final de tudo, compras feitas, o tal rapaz me fez prometer então que eu aceitaria pelo menos tomar um café com ele por conta do mal entendido. Não vi problema nisso e acabei aceitando.

Voltamos ao mesmo café onde o encontramos anteriormente. Só ai nos apresentamos formalmente e ficamos um bom tempo conversando, chegando a rir da situação ocorrida. E nosso papo não tinha fim, o cara era muito bom de conversa e parecia que nos conhecíamos de longa data! Quando percebemos já havia se passado umas duas horas e começamos a sentir fome. Ele me contou que estava de férias em São Paulo, e que como sempre fazia, aproveitava para abastecer seu guarda-roupa, pois na cidade onde morava não tinha lojas boas como em São Paulo. Contei um pouco da minha história, sobre o fim do casamento, sobre meu filho e também contei sobre a festa que teria no meio da semana e por isso o presente. Ele riu e brincou dizendo que achou que eu estava comprando um presente para o meu namorado!

Olhei pra ele sem entender muito bem, mas acho que ele jogou essa conversa pra ver onde estava pisando, como eu não me assustei com a brincadeira, levando na esportiva, acabou me convidando para jantarmos juntos.

Eu já disse a vocês que era bem ingênuo, não é mesmo? Então, não passou pela minha cabeça que aquele cara poderia estar interessado em mim. Convite aceito, fomos a uma cantina italiana. A noite estava muito agradável, a companhia idem. Sei que cheguei em casa tarde da noite. Eu estava feliz, mas não sabia muito bem por qual motivo. Apenas acreditava que havia feito um novo amigo.

No dia seguinte o Rafael me procurou novamente no escritório onde eu trabalhava, pois nessa época eu ainda não tinha celular, mas ele tinha um motorola Star Tac. Combinamos de nos encontrar no final da tarde para outro café. Novamente nossos assuntos não acabavam. Acho que eu não conversava tanto nem com meus melhores amigos. Nossa sintonia era muito legal e eu não percebia que aquele rapagão, de 38 anos, branco de cabelos negros curtos, 1,96m de altura, magro e bonitão estava interessado em muito mais do que a minha amizade.

Rafael disse ser advogado, afirmando morar próximo à Curitiba. Passou-me o número do celular, já pedindo desculpas por não ter feito isso no dia anterior, quando eu lhe passei um cartão de visitas, o que permitiu que ele me encontrasse novamente. Convidou-me para jantar novamente, só que naquele dia ele queria passar no hotel onde estava hospedado, nos jardins para tomar um banho e trocar de roupa, pois havia saído cedo para encontrar alguns amigos e precisava trocar de roupa. Combinou de me pegar em casa, mesmo eu alegando que poderia encontrá-lo no restaurante que ele marcasse, mas não aceitou. Assim, às 20h30m ele me pegava no prédio onde eu morava.

Conversamos muito, rimos bastante. O restaurante que ele escolheu era muito agradável. Bebemos vinho, estávamos muito alegres naquela noite como sempre desde o ocorrido no shopping na tarde anterior. Ele me contou que tinha combinado com alguns amigos de irem para Ubatuba, no litoral norte onde passariam uma semana. Perguntou se eu não poderia acompanhá-los e tal. Eu tinha o aniversário para ir naquela semana, e mesmo que não existisse este compromisso, não conseguiria sair do trabalho por uma semana inteira. Naquele momento, em meio ao convite percebi um brilho diferente em seu olhar. Talvez, uma ponta de tristeza. Perguntei o que tinha acontecido e ele não falou. Perguntou se eu estava satisfeito, se poderíamos pedir a conta, no que eu concordei, pois já estava tarde.

Ele é um gentleman: sempre abrindo a porta do carro para eu entrar, não permitiu que eu dividisse a conta do restaurante, me falou para ligar para ele a cobrar, caso quisesse ou precisasse falar com ele. No caminho de volta para meu apartamento, fez um caminho diferente. Parou em uma rua deserta, desligando o carro. Disse que precisava me contar uma coisa. Eu curioso, logo perguntei o que era. Percebi no restaurante sua mudança de comportamento, mas não tinha a mínima ideia do que era. Pegou na minha mão pela primeira vez e disse com todas as letras que não conseguiria dormir se não me falasse aquilo. Olhando fixamente nos meus olhos, pediu que eu não me assustasse, mas ele precisava dizer que estava perdidamente apaixonado por mim. No rádio do carro, naquela hora Tim Maia cantava "Azul da Cor do Mar" no CD Player do carro dele “ver na vida algum motivo pra sonhar, ter um sonho todo azul, azul da cor do mar...”

Aquela frase dele não era esperada, mas casou bem com a música. Eu não sabia o que responder, fiquei mudo, assustado, estático. Olhava pra ele ainda meio incrédulo sobre o que eu havia acabado de ouvir. Foram longos segundos de silêncio. Minhas mãos ainda estavam entre as suas mãos. Eu não sabia o que responder. Aquilo era novo pra mim, em nenhum momento havia passado qualquer pensamento sobre romance naquela nossa relação. Ingênuo ao extremo, eu diria! Quando eu consegui falar alguma coisa, a única resposta que me saiu da boca foi: - Não sei o que te responder, você me pegou de surpresa!

Rafael: - Imagino, eu também ficaria. Nunca disse isso pra outro homem, mas aconteceu. Você é lindo em todos os sentidos, quero te conhecer melhor. Quero me permitir! Apenas me prometa que vai pensar com carinho sobre o que te disse.

Rick: Vou pensar com carinho, prometo, mas preciso ir agora, está tarde.

Na realidade eu queria sair daí o mais breve possível tamanho foi meu susto com a sua declaração.

Ele ligou o carro, mas antes de seguir perguntou se eu poderia dar um abraço nele. Não vi problema algum, e abracei-o com carinho, mas meio trêmulo ainda do susto. Minhas mãos suavam frio. Foi um abraço terno, porém bem rápido.

Em instantes eu estava na janela da sala do meu apartamento olhando para o horizonte com um pensamento na lua... Não sabia o que pensar, o que responder para o Rafael. Eu sabia que estava gostando da companhia dele, mas será que estava preparado para “me permitir” viver um novo relacionamento com um homem? Eu tinha acabado de sair de um longo e complicado relacionamento... eram muitas perguntas, mas poucas respostas concretas...

O sol já aparecia no céu quando eu preparei um café preto pra despertar da noite sem dormir. Precisava me arrumar pra trabalhar, mas com que cabeça eu faria isso naquele dia? No escritório, reuniões em cima de reuniões e a noite eu ainda teria um aniversário para ir. Precisava buscar o smoking na loja de aluguel na hora do almoço, pois a festa era naquele dia. Logo depois do almoço, uma última reunião porque o Humberto, nosso chefe precisaria sair mais cedo, alegando ter compromissos externos a resolver. Passava das 14h30m e a secretária nos interrompe, pedindo desculpas, mas que havia uma ligação para mim na linha e que a pessoa havia dito que era urgente: caso de vida ou morte! Putz, fiquei branco, o que poderia ser?

Rafael: - Desculpe interromper sua reunião e inventar esta desculpa, mas estou pegando a estrada agora para Ubatuba e preciso saber sua resposta, porque senão vou ficar louco!

E soltou a frase que ficaria gravada na minha mente.

Rafael: - Há reciprocidade? Só diga sim ou não, eu vou entender!

Todos na sala me olhavam com cara de preocupação e meio que no susto, emiti uma resposta.

Rick: - SIM! Posso te ligar daqui a pouco?

Rafael: - Sempre, a qualquer momento do dia ou da noite!Você está me fazendo o cara mais feliz da face da terra! Me ligue quando puder. Queria poder te beijar agora de tanta felicidade!

Não me lembro bem qual a desculpa inventei para todos na sala, mas pedi desculpas pela interrupção e terminamos a reunião sem que eu me lembrasse de qualquer outras palavras que não fossem: “HÁ RECIPROCIDADE?”.

Continua...

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Comentários

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A fora do destino... kkkkk Lindo esse seu relato Rick e essa história com o Rafael parece que ainda vai render muito... Tomara que ele não sea um predador e esteja realmente apaixonado por você e tomara que você se permita viver esse amor... Ansioso pelo próximo capítulo.

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Um conto muito bem escrito, gostoso de ler. O destino às vezes nos prega cada peça, neh. Quem diria q num erro de pagamento de uma conta errada, vc tenha encontrado, talves o seu gde amor. Espero q o Rafael não tenha feito vc sofrer. Ansiosa pelo próximo capítulo.

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