Os Verões Roubados de Nós/CAPÍTULO25

Um conto erótico de D. Marks
Categoria: Homossexual
Contém 4431 palavras
Data: 30/09/2018 15:40:51

Os Verões roubados de Nós

Capítulo 25

FINAL DE OUTONO.

“O amor é o que nos move e nos aquece!” D.

P.S: Há dois Flashbacks e estão devidamente sinalizados, ok?

Narrado por Enzo.

Os dias estão mais frios e o inverno está chegando. Acho uma tortura ter que levantar cedo no frio, mas fazer o quê. Como diz minha mama: “Bem vindo a vida adulta! Aqui não há regalias só trabalho!”

Como mudei de curso e estou sem nota em algumas matérias terei que repor assim que uma nova turma se iniciar.

É noite e estou terminando um trabalho para apresentação individual, pois o professor quer conhecer e avaliar o potencial de cada um. Incrível como as coisas mudam, eu sempre gostei de Odontologia e me imaginava exercendo a profissão e tudo mais, porém quando as aulas começaram eu me decepcionei, sei lá acho que esperava mais do curso ou na verdade sou eu que não me encaixo no curso. Em compensação estou amando o curso de Arquitetura e fazer projetos me dá prazer. Eu encontrei meu curso, minha profissão e vocação.

Trabalho com Roberto, um arquiteto renomado, vencedor de vários prêmios. Ele me inspira e incentiva a continuar, assim ele me deixa opinar sobre alguns projetos, nada demais, mas para mim é extremamente empolgante.

Estávamos num desses projetos quando ele fala.

— Enzo, o que você acha desta escada aqui? – ele pergunta.

Olho para o projeto e meio envergonhado pelo pedido direto, opino:

— Acho que se a escada ficasse na lateral sobraria mais espaço para a sala de jantar e daria para colocar um aparador e até mesmo fazer um armário embutido discreto embaixo da mesma. – digo já empolgado.

— Foi o que pensei. – ele ri – Você será um ótimo arquiteto, Enzo. Tem um talento nato.

— Agradeço, Sr. Roberto. – digo – A escola é ótima.

Ele faz as alterações e vemos o resultado.

— Realmente. – ele diz – Bem melhor. Obrigado. Você pode fazer o relatório, por favor?

— Sim, senhor. – e volto para a minha mesa e continuo meus afazeres quando Suzana chega com várias pastas nas mãos.

— Enzo... – ela me chama – Já acabaram?

— Sim. – respondo – Quer ajuda?

— Não, querido, obrigada! – e parte para dentro da sala do chefe.

Continuo fazendo meu relatório e passo as medidas para o papel. Fico absorto no trabalho que nem vejo Suzana sair. Quando dou por mim ela já está de volta a sua mesa e fazendo ligações. Aponto a xícara e ela faz um jóia e pisca para mim, então vou buscar um café para nós.

Volto com o café e ela me agradece com um sorriso. Acho Suzana linda, ela é uma morena de sorriso cativante e expressivos olhos castanhos escuros e pele cor de canela. Sério, se eu fosse hetero daria em cima dela.

Após terminar meu relatório, imprimo e guardo junto como projeto para depois S. Roberto avaliar. Olho as horas e já está quase na hora de ir para casa.

— Nossa... – fico surpreso. O tempo passa rápido quando você faz o que gosta.

— O chefe gosta muito de você! – Suzana fala de repente.

— Obrigado, Suzana. – fico tímido.

— Ele o elogia muito e diz que você chega a ser até mais aplicado do que ele na época da faculdade.

— Imagina, Suzana. Faço porque gosto e ele pede. E mais, quero ser um bom profissional.

— E será, Enzo! – ela sorri – Você está aprendendo com o melhor desde o beabá.

Sorrio de volta.

— Sabe o que é isso tudo aqui? – ela pergunta apontando as pastas – Currículos. Em breve teremos um novo ou uma nova colega de trabalho.

— Legal. Quer ajuda? – pergunto solicito.

— Claro que sim! – ela responde sorrindo – Pegue sua cadeira e senta aqui comigo, menino lindo!

Rimos e vou ajuda-la até dar nosso horário de saída. Ao final do expediente, Suzana me dá uma carona até bem próximo de casa e resolvo passar na padaria antes. Gabe não está em casa, pois conversamos uns dias atrás ele foi visitar Vera.

Compro umas guloseimas, pães e biscoitos. É nisso que dá ir à padaria com fome, você compra com os olhos. E os meus olhos são obesos. Peço ao atendente presunto e enquanto espero sinto um comichão na nuca. A sensação de estar sendo observado me faz girar a cabeça. Meus olhos se arregalam em surpresa quando me deparo com o cara do apartamento vizinho. “Eita porra!” penso e viro minha cabeça rapidamente. Fico observando o atendente preparar meu pedido quando sinto um perfume másculo e ouço a voz:

— Olá. Boa noite.

“Puta que pariu. Que voz é essa?” penso.

Giro meu corpo discretamente.

— Oi. – respondo educado – Boa noite.

Ele sorri. Caralho, é o tatuado do apê do prédio em frente ao nosso e ele é mais bonito de perto. Uau.

— Somos vizinhos. – ele diz – Meu nome é Fernando. Prazer.

Olho para sua mão estendida e fico indeciso se pego ou não. Ele continua me olhando.

— Prazer. Enzo. – pego e seu aperto é firme.

— Você é mais lindo pessoalmente. Com certeza.

“Ai, caralho!”

— Obrigado, meu namorado também acha. – respondo sério. Pego meu presunto e vou para fila do caixa. Pago e sigo para casa e instantes depois sinto uma presença ao meu lado.

— Desculpa pelo jeito lá na padaria. – ele fala – Mas fui sincero quanto a sua beleza.

— Valeu. – respondo.

Caminhamos em silêncio por uns instantes até que resolvo ser curioso:

— Você namora?

Ele me olha surpreso e dá um sorriso curto.

— Pode se dizer que sim. – responde evasivo

— Devo acreditar que o rapaz que eu vi com você então é seu suposto namorado? – Caralho, eu sou muito curioso.

— Sim. – ele diz – E não. Estamos passando por uns problemas.

— Ah... Mas daqui a pouco vocês se acertam! – resolvo ser espirituoso – Eu e o Gabe sempre brigamos, mas nos separar jamais!

— Que bom! – ele sorri – Ele deve ser muito ciumento!

É minha vez de rir.

— Não apenas ele. – digo – Devo dizer que eu sou mais!

— Imagino... – ele me olha – Vocês dois são lindos, então deve rolar muito ciúmes mesmo!

Estamos quase chegando em frente ao meu prédio quando resolvo ser mais curioso ainda.

— Vocês não fizeram as pazes ainda? Digo, você e seu namorado

Vejo seu semblante fechar e entristecer.

— Ele foi embora.

— Sinto muito. – digo sincero.

— Tudo bem... – ele força um sorriso – Às vezes as coisas saem do nosso controle.

Caminhamos em silêncio por alguns instantes.

— Você trabalha? – ele pergunta.

— Sim por meio período, é claro, mas já está valendo.

— Legal. – paramos em frente ao meu prédio – Olha, eu não sou nenhum tarado, mas quando te vi entrar na padaria quis te conhecer. – ele sorri – Se um dia você quiser conversar é só atravessar a rua, apto 608.

Apenas sorrio e aceno.

— Prazer em conhecê-lo, Enzo. – e ele vai embora.

— O prazer é meu, Fernando. – respondo em voz baixa.

Entro em casa e olho nossas fotos espalhadas pela sala e uma chama a minha atenção. Estava um dia ensolarado e estamos dentro da piscina com ele me abraçando por trás. Quem tirou a foto foi minha irmã.

— Meu amor... – pego o porta- retrato e sorrio – Amo você para sempre.

Coloco a foto no lugar e vou guardar as coisas que comprei. Vou arrumar minhas coisas para tomar um banho e ao me aproximar da janela olho para o apê e vejo Fernando na varanda. Ele fala ao celular enquanto gesticula com a mão e parece que discute com a pessoa do outro lado da linha. Ele se vira e me vê e acena num cumprimento ao qual respondo.

Mesmo tendo trocado poucas palavras percebi que ele está sofrendo por amor.

— Coitado. – digo e vou tomar meu banho para esperar meu Gabe.

***************************************************************************************

Narrado por Gabriel.

Hoje o dia foi tenso. Estou tendo problemas com um fornecedor e isso está me tirando do sério e até Ítalo que é super educado e articulado estava perdendo a paciência.

Eu tenho que ir até ele para resolver pessoalmente o problema. “Ai, que inferno!” penso ao desligar o telefone. Uma mensagem chega.

#Amor, não precisa vir me buscar. Vou com a Su. Boa sorte na sua mãe. Beijo. Te amo#

Sorrio. Ele é minha força quando desanimo. Até tinha esquecido o que iria fazer hoje. Olhos as horas. Respondo.

#Ok. Quem é Su? Devo ter ciúmes?:/#

#Kkkk... Bobo, claro que não. Ela tem vagina, então relaxa.#

#Que bom! Sem concorrência. Não vou demorar por lá. Prometo. Te amo.#

#Assim espero. Esqueceu meu beijo.#

#Palhacinho. Te amo. Beijo.#

Falar com ele, nem que seja por mensagem alivia meu estresse. Sorrio feito bobo.

— Esse sorriso é porque conseguiu resolver o problema com o fornecedor? – Ítalo está me observando.

— Não. – respondo sem graça – É outra coisa.

— Enzo? – ele chuta.

— É... – meu sorriso se amplia – É ele.

— Ok. – ele diz – Eu não entendo o porquê dele não gostar de mim. Você sabe?

“Ai meu Deus, e agora?” penso rápido.

— Ciúmes! – que mentira – Ele é meio...

— Territorialista? – Ítalo chuta.

— É... Pode se dizer que sim... – dou um sorriso sem graça.

— Então fala pra ele relaxar porque eu gosto de outra coisa. – ele ri – Tipo... Vaginas. Sou bem resolvido.

Suspiro aliviado. Ele acreditou. Como vou explicar ao meu gerente que meu namorado não gosta dele por outros motivos? Que acha ele com cara de falso e dissimulado? Enzo e suas cismas.

Olhos as horas novamente e resolvo ir embora, ou melhor, ir para a casa da minha mãe. Liguei antes para Judite e ela me avisa que Vera está em casa.

Despeço-me do pessoal e Ítalo promete tentar resolver o problema com o fornecedor e então parto.

*****

O CONFRONTO

Levo um pouco mais de quarenta minutos para chegar até lá. Durante a semana o trânsito é caótico, bem típico de São Paulo. Estaciono na rua e entro com minha chave. Judite me contou que ela está na biblioteca e que passa muito tempo por lá ultimamente.

A casa está silenciosa e vou direto para a biblioteca. Entro sem bater. Apenas o abajur está aceso e ela está sentada próxima à janela ficando de costas para a porta.

— Mãe? – chamo.

Ela se vira depressa e me olha surpresa.

— Gabriel? – sua voz está estranha – O que faz aqui?

— Precisamos conversar.

— Agora?

— Sim. Agora. – eu entro e fecho a porta.

Ela se levanta e caminha em direção do bar. Observo seu cabelo despenteado, a roupa bagunçada e principalmente o tanto que ela enche o copo.

— E você esperou mais de 2 meses para vir falar comigo? – ela pergunta tomando um grande gole – Por que demorou?

— Eu tenho um negócio para comandar agora e outras responsabilidades... – respondo – E também porque eu precisava me desintoxicar da família.

Eu me sento na poltrona e ela no sofá a minha frente.

— Sei... Desintoxicou-se do Enzo também? – ela pergunta cínica.

Começou.

— Não... Eu nunca vou me desintoxicar dele porque eu o amo.

— Hun... Amor... A teoria dos bobos apaixonados.

Respiro fundo, pois não vou entrar no seu jogo.

— Eu não vim aqui para falar sobre meu relacionamento com Enzo. – digo sério – Então não me provoque.

Vejo-a matar todo o líquido do copo e ir se servir de mais.

— Mãe... Vera... Eu já não sei mais do que te chamar. – pausa – Por quê?

Ela me olha por longos minutos.

— Você quer saber exatamente o quê, Gabriel?

— Por que você nos odeia tanto?

Silêncio. Resolvo continuar.

— O que fizemos para você? – minha voz assume um tom raivoso – Por que você foi assim a vida toda?

— Gabriel, eu não era assim... A vida me tornou essa mulher que sou hoje. – sua voz já está sob o efeito do álcool – Eu não tenho culpa de nada...

— Para de mentir! – eu a corto – Você disse varias vezes que nos odiava e olha o que você fez com a Tatiana. – eu me levanto – Você provocou um aborto nela! – estou indignado – E ela é sua filha!

— Eu odeio sua irmã! – a declaração me deixa surpreso. Não que eu já não soubesse, pois Tati havia me contado da discussão, mas ouvir dela é chocante.

— Meu Deus, você é louca!

— Não me arrependo de nada que fiz a sua irmã e eu não sou louca, Gabriel. – ela se levanta – Sabe, se eu pudesse escolher quem eu eliminaria da minha vida, a escolhida seria sua irmã. – pausa para mais um gole – Ela sempre me afrontou, sempre foi inconveniente, desregrada, mal educada... – ela suspira – E me lembrava minha irmã, a Olga... Aquela vadia!

— O que a tia Olga tem a ver com isso? – com certeza ela está bêbada e não sabe o que fala – Meu Deus, ela nem mora mais no Brasil.

Vera dá de ombros e não explica nada.

— Você vai me responder o que quero saber? – pergunto.

— Isso depende... – ela ri – Se eu quiser responder e continua – Quanto mais ela me afrontava mais eu queria castiga-la – ela ri – Mas ela não se dobrava... Até que eu descobri o ponto fraco dela. – pausa – Você. E a partir daí foi fácil porque ela morria de medo do que eu poderia fazer com você.

Ela se aproxima de mim e vejo lágrimas em seus olhos.

— Eu não queria ser mãe. Nunca quis, mas isso foi imposto pelo meu pai, sabia? – ela levanta o copo num brinde – Que ele descanse no inferno!

— Você...

— Então eu te castigava, mas sem bater porque ficam marcas... O aborto foi uma consequência da irresponsabilidade dela. Sua irmã é uma vadia...

— CALA A BOCA! – grito com ela – Ela não é uma vadia! Você precisa de ajuda psiquiátrica.

Nesse momento ela parece entrar numa espécie de transe e se transforma.

— Eu não preciso de ajuda nenhuma... EU NÃO SOU LOUCA! – ela grita de repente – FORA DAQUI!

— Você algum dia já me amou? – pergunto tenso.

Vera me olha e dá um sorriso louco.

— Eu amo apenas uma pessoa... E não é você! – seu tom de voz fica frio e baixo – Agora, suma daqui! Você já escolheu seu lado... E não foi o meu. – ela aponta para a porta – Vá embora ficar com sua família e seu namoradinho pe...

— Não termine a frase! – minha voz treme de ódio – Não ofenda meu namorado, pois ele é a pessoa mais importante nesse mundo para mim.

Ela gargalha.

— Por favor, Gabriel! – desdenha – Você é lindo, um empresário caminhando rumo ao sucesso e fica perdendo tempo com uma bichinha pederasta feito o Enzo...

— CALA A BOCA! – grito e a sacudo pelos ombros – Hoje mesmo não tendo me dito o que eu gostaria de saber você me mostrou algo... – aproximo meu rosto do seu – você me mostrou o monstro que é... E quer saber o que mais? – rio maldoso – Vou pedir para o meu pai te deixar sem nada. – a solto bruscamente e ela cai no sofá.

— Há outros caminhos para conseguir o que eu quero! – ela diz calma – Eu odeio todos vocês, toda essa brincadeirinha de família feliz! Eu quero ver vocês todos sofrerem da mesma forma que eu sofri esses anos. – Vera joga o copo contra a parede – Vocês irão pagar muito caro por tudo! EU PROMETO!

Ouço tudo calado e caminho para a porta parando apenas para falar.

— Nunca mais me procure e esqueça que sou seu filho porque a partir de hoje eu sou órfão de mãe. – e saio batendo a porta.

Ouço vidro se quebrando dentro da biblioteca, mas não volto. Foda-se. Saio apressadamente da casa e entro no meu carro dando a partida. Faço uma ligação.

— Oi, filho!

— Pai! Só me escuta, por favor!

— Gabriel, o que houve? – a voz dele é preocupada.

— Pai, não facilite o divórcio para ela em nada. – falo. Minha voz treme de raiva – Parta para o litigioso, mas não dê nada do que você construiu a ela. – desabo no choro – Ela é um monstro e não merece nada.

— Filho... Onde você está? – ele está aflito agora.

— Depois conversamos... – controlo o choro – Estou bem e indo para a casa.

Desligo e vou para casa. Para o meu amor.

**********************************************************************************

Narrado por Tati.

Oi, tudo bem com vocês? Eu dei uma sumida, né? É porque levei um gelo do meu irmão, uma ferrada do meu pai e uma ameaça de morte do Enzo (meio exagerado esse último, mas quando se trata do Gabe ele fica meio insano).

Eu errei, mas a raiva e o desejo de vingança me cegaram. Gabe não merecia isso, eu sei e me desculpei. Ele ainda não está 100% comigo, mas pelo menos já conversamos um pouco e estou feliz.

Enzo me contou que ele decidiu conversar com Vera e isso me deixou tensa. Tenho medo do resultado deste encontro e de como ele ficará depois disso. Eu sei que ela tentará manipula-lo, porém ele mudou muito desde a noite na casa da minha tia e com certeza ela irá ver uma nova face do meu irmão. Eu não posso ajuda-lo nesse momento e já esperava por esse encontro, então o que me resta é orar para que tudo corra bem e ele não se magoe tanto.

Enfim, eu sei que ele irá superar porque tem a nós para ajuda-lo.

Agora mudando de assunto, lembram-se do pai da minha aluna, a Julia? Pois é, começamos uma amizade e após um encontro por acaso com eles no shopping começamos a sair e devo confessar que foi o máximo. Diego é engraçado, inteligente, educado e beija muito bem. Ainda não contei a ninguém sobre nós porque quero ver onde tudo isso vai dar.

Estou terminando o meu jantar quando meu telefone toca. É ele.

— Alô.

— Tatiana?

— Oi, Diego. Tudo bem? – minha voz entrega minha animação.

— Sim, tudo ótimo e você?

— Bem...

Silêncio.

— Tatiana... É... Quero saber se você está a fim de sair no sábado? Um cinema e depois jantar ou vice versa... - ele pergunta enrolando as palavras – Quer dizer... Se você não tiver outro compromisso, daí...

— Claro! – respondo rápido.

— Ai, que ótimo! – ele suspirou de alívio? – A Julia estará com meus pais, então...

— Tudo bem, Diego, eu quero! – falo – podemos comer antes e cinema depois, o que você acha?

— Acho ótimo. – ele diz animado – Podemos ir à sessão das 21h.

— Certo.

— Tati...

Adoro o som do meu nome na voz dele. É tão rouco e sexy.

— Sim...

— Estou com saudade. – a voz está rouca.

Suspiro feliz.

— Eu também, Diego.

Ouço a voz de Julia ao fundo.

— Vou ajudar Julia a terminar o dever de casa. – ele ri – A professora dela é exigente.

Rimos juntos.

— Conheço esse tipo... Sou bem parecida.

Outro chamado ao fundo.

— Já vou! – ele grita de volta – Eu tenho que ir. Até sábado!

— Até...

— Eu passo por volta das 18:30h, ok?

— Ok, estarei esperando. Beijo

— Beijo.

Assim que desligo solto um gritinho animado. Termino meu jantar feliz e ajeito tudo para ir dormir. Ao deitar envio uma mensagem.

#Eno, quando Gabe chegar me avise, por favor! Estou preocupada. Bj#

Não demora muito e a resposta chega.

#Ele já chegou e está arrasado. Amanhã conversamos. Bj#

Dou um suspiro pesado imaginando como meu irmão deve estar. Como Eno disse que ele está arrasado é porque a conversa não foi boa. Oro em silencio e por incrível que pareça estou calma. Sei que Eno vai cuidar bem dele.

Após uns dias sem procura-los, resolvi aparecer no apartamento deles e Eno está lá.

**************************

Flashback on(OFICAL - INÍCIO)

— Olá, empata foda alheia sumida! – ele está de cueca e a provocação faz com que eu dê uma risada cínica.

— Olá, gatão! – e eu entro.

— Vem cá... Quem te convidou? – pergunta fazendo careta de mau humor.

— Ah... Corta essa, Eno! – sigo para a cozinha – Tem algo para comer ainda?

— Sabia que poderia estar fazendo amor com seu irmão e você atrapalhou?

Ela revira os olhos e ri.

— Em primeiro lugar meu irmão me ligou agora pouco e ele está no trabalho e segundo, eu não empato mais suas fodas... – falo – Agora tenho as minhas.

— O quê?! – ele arregala os olhos surpreso e curioso – É sério? Quem é o boy? Conheço?

— Aaafff... Que curioso, cunhado! – rio – Tem comida ainda? Mate minha fome que te conto tudo. – e meu semblante fica sério – E também quero saber do Gabe...

— É pra já! – e me puxa pela mão – Senta que enquanto nos sirvo vou te contar o que houve.

*******************

Lembrança de Enzo.

Flashback on(1 - início)

Termino meu banho e vou preparar um lanche, não sei a hore em que Gabe vai chegar e estou faminto. Sou magrelo e agradeço por isso, pois como o Gabe diz eu sou o famoso come e dorme (kkkk).

Estou me deliciando com um sonho quando ouço a porta bater com tanta força que até derrubo o pão.

— Gabe? – chamo. Nada. – Amor...

Eu me levanto para verificar e quando chego ao quarto ele está deitado chorando. Coitadinho.

— Amor...

Os soluços aumentam.

— Gabe... – chamo com jeito.

— Eu a odeio, Eno! – outro soluço – Nunca mais eu a quero perto de mim. Nem da gente.

Eu me aproximo cauteloso e sento próximo a ele. Seu braço cobre o rosto. Acaricio seus cabelos e ele resolve tirar o braço e me olha.

— Quer conversar? – pergunto carinhoso.

— Eu quero colo! – sorrio e nos ajeitamos na cama.

— O que houve lá? – pergunto.

Ele suspira e começa a falar.

— Ela disse que nos odeia e nos fará pagar por tudo o que ela já sofreu esses anos. – lágrimas escorrem – E odeia a Tati. Como pode, amor? Ela é uma desgraçada, fora que agora deu para beber. – ele me olha chocado – Bebendo, Eno! Eu a odeio... Agora entendo o ódio da Tati, o seu... – ele chora novamente – Amor, me perdoa...

— Pelo o quê?

— Por eu ter duvidado de você. – diz envergonhado – Eu ainda tinha esperança de que ela não era essa monstra, mas me enganei...

Dou um beijo nele e sorrio.

— Tudo bem, amor. – digo – Você só quis ver a mãe que você idealizou a vida toda naquele momento por pior que fosse e isso é normal. Olha, se isso te deixar feliz eu divido minha mama com você!

Ele ri um pouco.

— Tia Alice já é como uma mãe para mim. Sempre foi. – ele acaricia meu rosto – Sabe o que me deixou bem nisso tudo? – nego com um gesto – É que eu estava voltando para casa. Para você e nosso ninho.

Confesso que me emociono e choro.

— Eno... Eu sempre vou voltar para você! – ele sorri.

Eu não aguento e deito na cama ficando de frente para ele e permanecemos um bom tempo assim. Só o silêncio e nossos olhares.

— Banho. – ele fala de repente e se levanta.

“Ah, sério? Eu já estava quase dormindo” penso.

— Já tomei, amor. – respondo sonolento.

— Só se foi nos seus sonhos! – e me puxa – Vem... Quero banho!

Estendo meus braços para ele.

—Colo...

Ele sorri safado, me pega no colo e vamos para o banho.

Flashback off(1 - final).

***************

— Ai, meu Deus, Eno! – ela está chocada – Tirando o final da conversa... Ela me falou que gostava mais dele e no final dia que odeia a todos? Dá para entender essa mulher? Meu pai soube da conversa?

— Sim, Gabe já havia ligado assim que saiu de lá, mas durante a semana eles conversaram melhor. – olho para ela – E adivinha? Ele simplesmente disse ao tio para acabar com ela no divórcio.

— Uau... Eu não sei se fico feliz ou apreensiva com tudo isso! – Tati suspira – Como ele ficou?

— No dia? Péssimo. – respondo – Mas ele já está se recuperando. Está focado no trabalho e no nosso relacionamento. Como você mesma disse antes, estou juntando os pedacinhos. Ele vai ficar bem.

Ela sorri.

— Sim, ele vai, mas...

— Esperemos retaliações? – ele pergunta sério.

— Sim... E não. – respondo – Sim porque ela gosta de atazanar e não porque acho que o divórcio irá ocupa-la, ainda mais que Gabe a ameaçou... Então ela estará muito ocupada.

Ele concorda com um gesto.

— Só quero viver em paz! – meu primo fala suspirando e segura minha mão.

— Todos nós, cunhado! – sorrimos e para o outro.

— Falando em cunhado... – ele diz – Pode começar... Já! Neste instante! Agora... conte-me tudo sobre o boy.

E começamos a conversar sobre o rapaz que estou interessada.

— Ele parece ser gato! – ele diz provocando – E vem cá... Qual o nome do felizardo?

— Ele é gato mesmo e se chama Diego. – suspiro apaixonada.

— Diego?

— Sim...

— O que ele faz? – pergunta curioso. Pelo visto sua intuição está em alerta.

— Trabalha num escritório. – ela me olha – Sabe que não perguntei, mas acho que ele é contador.

Ele me olha sério.

— Pois investigue, gata!

— Ai... Não gostei deste olhar. – estou séria – Você é muito intuitivo então pode abrir a boca.

Ele sorri.

— Não é nada, Tati. Lembra-se do detetive? – fala – Ele se chamava Diego também, mas eu acho que era um nome falso.

— É mesmo... Nem lembrava mais disso. – dou de ombros – Seria muita coincidência, Eno. – rio – Mas o meu Diego tem uma rotina bem pacata, portanto relaxa.

Ele dá uma risada gostosa.

— Nossa, deve ser um tédio... Bem sua cara mesmo...

E com isso ele leva um tapa.

— Idiota!

— Gostei do “meu Diego”... – provoca – Bem possessiva, igual ao irmão! Só não rosna perto dele, hein? Vai assustar o rapaz...

Outro tapa.

— Aiii... Quer parar de me bater? – ri – Seu irmão gosta da minha pele imaculada, sabia?

— Deixa de ser idiota, então!

Conversamos por mais um tempo até que resolvo ir embora, pois os deveres do trabalho ainda me chamam.

Flashback off (OFICIAL - FINAL)

***********************************************************************************

Narrado por Diego.

Estou apaixonado. Que porra! Estou apaixonado pela professora da minha filha.

— Não, não estou! – resmungo e penso nela. Sorrio. – Ai, caralho!

Eu me viro na cama. O sorriso dela, os olhos, os cabelos e o cheiro... Ah, o cheiro. Só de pensar meu pau fica duro.

— É isso! – resmungo de novo. – É falta de sexo.

Ela é tão linda.

— Aiii...

— Paiii... – Ouço a vozinha rouca da minha filha chamando e dou um pulo na cama.

— Oi, princesa... O que houve?

— Posso dormir aqui com você? – ela pergunta já deitando-se ao meu lado e olhando com carinha pidona. – tive um sonho ruim.

— Claro, amor... – beijo sua cabeça – Papai está aqui.

Ela se aconchega em meus braços e em alguns minutos está dormindo novamente.

Neste final de semana ela ficará com meus pais. Fabíola está sumida e não a pega há dois finais de semana. Não que eu esteja reclamando, mas sinto quem vem merda por aí. Tenho medo de que ela possa aprontar alguma coisa pra tirar minha filha de mim.

Após a perda da guarda, Fabíola tentou aterrorizar Julia sobre ela voltar a morar com a mãe. Isso resultou numa queda no rendimento escolar da minha filha, uma chamada de atenção pelo juiz para que ela se toque, porém o lado bom disso foi que conheci Tatiana e acabei me apaixonando. Vou pedi-la em namoro.

“E se ela me der o fora? Será que é o momento?” dúvidas me consomem e pensando nelas acabo adormecendo.

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Comentários

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E a lacraia mostra sua verdadeira face ao seu filho... Tomara que ele agora entenda de vez quem é este ser trevoso... Esse romance de Tati e Diego ainda vai ter muitos altos e baixos mas acredito que ele vai ser vital para o futuro... Ainda estou ansioso para saber da conversa de Tati com o pai após a revelação do aborto.

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O Italo, sei lá só acho que ele e vera estão juntos nisso.

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SERÁ MESMO COINCIDÊNCIA ESSA RELAÇÃO DE TATI E DIEGO? AH O DESTINO APRONTA CADA UMA NESSA VIDA NÉ? POR FAVOR TATI NÃO SE SINTA CULPADA POR NADA, VC FEZ O QUE TINHA QUE SER FEITO E NA HORA CERTA. ENGRAÇADO COMO NINGUÉM TENTOU SE COLOCAR NO SEU LUGAR. ALÉM DA VERA TER FEITO O QUE FEZ GABE TE IGNOROU, SEU PAI TE DEU BRONCA E ENO TE JUROU DE MORTE. QUEM É O EGOÍSTA NISSO TUDO? E A SUA DOR? E O SEU SOFRIMENTO? MUITO FÁCIL FAZEREM ISSO COM VC. NÃO GOSTEI. MAS O BOM DE TUDO É QUE VC É UMA MULHER FORTE, UMA GUERREIRA E VAI SER FELIZ. ASSIM ESPERO. AI MEU DEUS ESSE DIEGO!!!

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