Os Verões Roubados de Nós
Capítulo 19
Narrado por Francisco.
A semana passou rápido demais. Consegui escapar de Vera saindo bem cedo de casa.
Estou terminando de avaliar a viabilidade do projeto de Gabriel quando a porta se abre e Vera entra com Stela aflita logo atrás.
- Senhor...
- O que está acontecendo? – eu me levanto – Vera, o que você faz aqui?
- Senhor... Eu...
- Saia. – Vera diz a Stela.
- Senhor...
- Saia agora! – Vera diz novamente em voz alta.
- Stela, por favor. – digo calmamente – Pode sair.
- Sim senhor! – ela sai toda sem graça
Espero até a porta se fechar.
- O que você quer aqui? – pergunto. Estou calmo e isso me surpreende.
- Conversar. – ela caminha até uma das cadeiras e se senta – Sobre seu filho, sobre aquela palhaçada de ontem e sobre sua atitude, ou melhor, a falta de atitude.
- Vera...
- Como você deixa aquilo acontecer? – ela pergunta – Seu filho ser assumir gay e ainda por cima namorar aquele pederasta do Enzo, Francisco! Isso é inaceitável! Você tem que fazer alguma coisa.
Resolvo entrar no seu jogo.
- E exatamente o que você quer que eu faça? – pergunto.
- Que você coloque um ponto final nesse relacionamento absurdo. – ela diz – Com certeza seduziu seu filho, que por ser cabeça fraca se deixou levar por aquele... – ela engole seco – Sedutor barato. Imagine o que seus amigos, a sociedade irá falar. E minhas amigas então! Meu Deus, que vergonha. Como Gabriel pode gostar de outro homem? Isso é nojento, Francisco. – sua voz é fria como gelo – Temos que tomar providências urgentes. Você pode mandar Gabriel embora do país por um tempo. O que você acha?
Estou encostado na minha cadeira observando-a incrédulo. Como pude ser tão cego? A cada dia que passa a máscara dela cai mais um pouco.
- Você quer separa-los? – pergunto frio.
- Claro! – ela responde rapidamente – Não quero que esse relacionamento vá adiante.
Com uma calma e frieza adquirida por anos de negócios eu me levanto dando a volta na mesa até me posicionar atrás dela. Num gesto rápido giro a cadeira em que ela está sentada e ficamos frente a frente. Meu olhar é mortal e ela percebe que foi longe demais.
- Você quer que eu os separe, não é isso? – pergunto e espero sua confirmação – Responda!
- Francisco...
Aproximo meu rosto mais ainda.
- Eu não vou fazer nada. – começo – E sabe por quê? Porque meus filhos merecem toda a felicidade do mundo. O que você tem? Ou melhor, o que você é? Tão fria, arrogante, dominadora... Tão diferente da garota pela qual me apaixonei. – solto um riso amargo – Não se meta na vida do Gabriel e nem no relacionamento dele com o Enzo. Não se meta na vida da Tatiana. Não faça nada, Vera ou você irá se arrepender.
Seu olhar é de puro ódio.
- O que você vai fazer se eu me meter? – ela pergunta friamente voz baixa me impressionando e causando um calafrio.
- Eu esmago você! – fecho e aperto minhas mãos em punho na altura dos seus olhos. A raiva me domina – Prejudique meu filho e eu te esmago como um inseto, Vera! Eu posso ter sido um pai ausente durante uma boa parte da vida deles, mas isso mudou após uma conversa interessante e esclarecedora que tive com minha filha.
Ela arregala os olhos.
- O que ela te contou? – ela pergunta apreensiva.
- Coisas interessantes. – digo a ela – Seus métodos nada convencionais de educação.
Deixo meu corpo ereto e a puxo pelos punhos ombros com brusquidão.
- Escuta aqui, Vera, dê um passo em falso e eu acabo com a sua raça, entendeu? – estou com tanta raiva que salivas voam até seu rosto – Tente algo, o mínimo que seja e você irá conhecer um lado meu que não vai gostar.
Silêncio.
- Você entendeu?!
- Sim. – ela responde e olha para as minhas mãos – Pode me soltar? Por favor?
Solto apenas uma das mãos e a levo até a saída. Stela se assusta ao me ver abrir a porta e empurrar Vera.
- Nunca mais volte aqui! – digo – Stela, a Sra. Vera está proibida de entrar sob qualquer hipótese nessa empresa. – giro a para mim – E procure um bom advogado porque eu quero o divórcio.
E a solto voltando para minha sala. Alguns minutos depois Stela bate suavemente.
- Entre. – digo. Minha cabeça está estourando.
- Senhor... – Stela chama suavemente – Precisa de algo?
Olho para ela cansado.
- Preciso de paz e sossego. – solto um riso desprovido de humor – Mas por enquanto eu me contento com um remédio para dor de cabeça, por favor.
- É pra já, senhor! – ela sai e providencia tudo – Algo mais?
- Stela, o que você viu e ouviu lá fora fica entre nós, tudo bem?
- Sim, senhor! – ela acena e sorri – Não vi, não ouvi e então não posso falar nada.
Tomo o remédio e a observo.
- Obrigado. – digo – Por tudo.
Ela sorri cativante.
- Imagina senhor! Faço por gosto. – ela caminha até a porta – Com licença.
Stela sai e fico pensando na vida. Olho o projeto de meu filho e sorrio. Esse confronto com ela era esperado e foi o ponto final nesse casamento de fachada.
- Graças a Deus acabou! – digo em voz alta. Pego o interfone – Stela, por favor, peça ao Clóvis que venha a minha sala. É urgente. Obrigado.
Faço mais algumas anotações finais sobre o contrato de sociedade com meu filho quando ouço uma batida na porta.
- Entra. – Clóvis entra.
- Bom dia, Francisco. – me cumprimenta – Como está?
- Agora estou ótimo, Clóvis! – respondo – E você?
- Bem, meu amigo. – ele está com um olhar especulativo – O que posso fazer por você hoje?
- Duas coisas. – empurro o projeto de Gabriel para que ele possa dar uma olhada.
Clóvis faz uma leitura rápida sobre o projeto e depois de um tempo diz.
- Uau! Isso é do Gabriel mesmo? – eu confirmo – Muito bom! Garoto visionário!
- Pois é, puxou ao pai – falo orgulhoso – Quero que você prepare o contrato de sociedade com essas especificações aqui. – entrego minhas anotações e explico como quero tudo. – quero isso na segunda feira, pode ser?
- Devidamente anotado e será entregue na segunda pela manhã. – Clóvis diz – E a segunda coisa?
- Meu divórcio. – respondo.
Observo o queixo dele cair.
- Como?
- Isso mesmo que você ouviu. – repito – Prepare meu divórcio.
Clóvis se recompõe e faz anotações sobre o divórcio. Tudo anotado ele se despede para dar início nas papeladas, porém antes de sair ele pergunta:
- Chico, somos amigos há anos e você nunca demonstrou interesse nisso. Tem certeza dessa decisão?
Pela primeira vez nessa semana doida sorrio aliviado.
- Certeza absoluta!
- Ok, então assim que estiver pronto eu aviso para agendarmos a primeira reunião. – ele diz.
- Será a primeira e última, Clóvis. – digo calmo. – Vera irá concordar om meus termos até porque casamos com separação total de bens.
Ele apenas acena e sai. Estou me sentindo leve e solto. Como nunca estive por anos.
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Narrado por Vera.
Que humilhação! Que ódio! Ser enxotada dessa forma.
- Você me paga, Francisco! – minha voz treme de ódio. E ainda por cima me humilhou na frente da empregadinha puxa saco tendo como “gran finale” o pedido de divórcio. Não que eu queria ficar casada com ele, só meu intimo sabe o quanto esse casamento foi e é uma tortura para mim, mas não vou me divorciar. Não é a opção nesse momento. Não para o que tenho planejado há anos. Entro no meu carro furiosa.
Achei que seria fácil manipula-lo como das outras vezes para separar o casalzinho feliz, mas não funcionou. Ele disse que mudou após conversar com Tatiana.
- O que aquela débil mental disse para ele? – eu me pergunto socando o volante do carro – Aquela puta desclassificada sempre no meu caminho, mas não por muito tempo.
Desvio da rota de casa e sigo para zona leste. Tatiana e eu nunca nos demos bem. Ela sempre foi inconsequente, mal criada e rebelde. Desde cedo já ficava se agarrando com moleques e isso me tirava do sério, então eu a castigava e quando ela ainda permanecia inabalável eu partia para cima do irmão. Era certeiro, pois ela cuidava dele como se fosse seu próprio filho e eu adorava porque ela ficava fragilizada. Isso me causava prazer. Parei apenas porque ela foi estudar em outro Estado e quando retornou foi morar sozinha.
Meus olhos se voltaram para Gabriel que era bem mais fácil de ser manipulado, ou melhor, era, pois após seu retorno da viagem à Europa ele também mudou tornando- se melhor amigo de Enzo e passando tempo demais com ele e Tatiana. Ele ainda me obedecia em alguns aspectos, porém após Enzo completar 18 anos suas atitudes mudaram drasticamente tornando-se mais sério, introspectivo e grosso comigo. Tudo bem que eu não facilitava, mas vê-lo escapar das minhas mãos me irritava profundamente.
Agora então, ele finalmente se assumiu e ainda por cima anunciou o namoro com Enzo e para ajudar todos na família os apoiaram.
- Droga! Droga! Droga! – soco o volante novamente.
Entro por uma rua estreita e paro o carro em frente a uma casa de portão baixo. Abro o portão e usando minha cópia da chave entro na sala escurecida pelas cortinas.
- Olá. – ele me cumprimenta.
- Oi.
- O que houve? – pergunta – você está nervosa.
Olho para ele e me sento.
- Francisco pediu o divórcio, me expulsou da empresa e disse que se eu tentar algo contra os filhos dele me esmaga.
- Ele tem poder para isso?
- Sim. – eu respondo – Mas eu tenho um plano. O plano central continua, mas tenho uma estratégia e vamos coloca-la em prática mais cedo.
Ele se aproxima e senta a minha frente. E começo a falar meu plano.
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Narrado por Antunes.
A semana está acabando e nada da Fabíola aparecer. Onde essa mulher se meteu? E ainda por cima levou minha filha junto.
Chego ao escritório e Almeida já está trabalhando em algum caso.
- Bom dia. – ele cumprimenta sem levantar o olhar e vejo seus dedos batendo ferozmente no teclado do computador.
- Bom dia, Almeida. – respondo – Algum recado?
- Sim. – ele responde olhando rapidamente para mim – Estão todos sobre sua mesa.
- Ok. O Jeferson já chegou?
- Sim e já saiu... Foi comprar mais rolos de filme.
- Algo mais? – pergunto.
- Não, chefe.
Sigo para minha sala e vejo que está do jeito que deixei. Uma zona.
- que saco! – reclamo, mas a culpa é minha mesmo, afinal não gosto que mexam na minha bagunça. Ajeito da melhor forma que consigo.
Vejo todos os recados empilhados num canto da mesa e entre eles o de Fabíola.
- Almeida! – grito.
Ele chega todo esbaforido.
- O que houve? – ele pergunta confuso.
- por que ninguém me avisou que Fabíola deixou recado para mim? – mostro o bilhete – A letra é sua.
- Por que você não perguntou? – ele responde usando uma expressão confusa.
- É sério isso? – pergunto incrédulo.
Ele dá de ombros.
- Ah... Sai daqui!
- Ok. – ele responde todo calmo e sai.
No bilhete o recado mais filha da puta possível:
“Diego, quando você ler isso já estarei longe curtindo minhas férias. Eu mereço. Não levei a Julia. Sua filha está na casa da minha mãe. Pode pega-la quando quiser. Beijinhos. Fabíola”.
- Você brincou com o cara errado, sua piranha! – pego o telefone e procuro por um nome na agenda.
- Alô.
- Antonio, bom dia. É Diego.
- Fala, Diego.
- quero ajuda. Contra Fabíola. – digo em voz baixa e enraivecida – O que você conseguir.
- Daqui a pouco eu chego aí. – ele desliga.
Olho o bilhete novamente e ligo para meu advogado. Ele pede o bilhete para que possa anexar no processo.
- Você me paga! – pego minhas chaves – Almeida, o Antonio está vindo para cá. – ele nem levanta os olhos – ALMEIDA! – dou um grito.
- O Antonio está vindo para cá. Já ouvi.- responde calmamente – O que mais?
- Tem uma pasta com o nome de Pedro José Duarte, vulgo Zé Pena. Entregue para ele. O resto sabe o que fazer.
- Devo ajuda-lo? – ele pergunta e confirmo – Ok. Posso voltar ao que estou fazendo?
Nem respondo e saio. Vou buscar minha filhota. Passo antes no escritório do meu advogado e deixo o bilhete.
Estou nervoso, com raiva e com uma saudade imensa da minha princesa.
- Como ela pôde? – esmurro o volante – Filha da puta!
Chego a casa da mãe dela em menos de 30 minutos. Desço rapidamente e entro sem bater.
- Julia! – chamo por ela – Julia!
Entro por um corredor estreito e sujo até chegar a porta da cozinha. O que eu vejo me choca. Minha filha está em cima de uma cadeira lavando louça.
- Julia! – digo incrédulo – Filha!
- Pai! – ela pula toda feliz e vem ao meu encontro – Papai, que saudade!
Pego-a no colo e sinto seu cheiro. Seu cabelo está sujo, ela está suada e a roupa rasgada. Julia cheira a nicotina.
- Ah... Você apareceu! – ouço uma voz rouca e grossa por conta do fumo – Finalmente.
- O que significa isso? – pergunto com raiva contida, pois tenho medo de assustar Julia.
- Se quer comer tem que colaborar, oras! – ela fala como se fosse a coisa mais natural do mundo – Eu trabalho desde cedo, por que ela não pode?
- Porque ela é uma criança! – digo revoltado.
- Grande coisa! – ela debocha.
- Eu estou levando minha filha agora! – digo e me encaminho para a saída.
- Ei... – Célia me chama – Cadê o dinheiro da pensão?
Respiro fundo e penso rápido.
- Só um instante! – respondo – Vou levar Julia até o carro e já volto.
Levo minha princesa até o carro e digo carinhoso.
- Amor, o papai já volta, ok? – Beijo sua testa.
- Tá bom, papai.
Volto lá para dentro e Célia está em pé diante da pia.
- Então você quer o dinheiro da pensão, Célia? – Pergunto calmamente.
- Claro, Diego! – ela responde seca – Aqui não é pensão e nem...
Ela nem termina a frase, pois grudo em seu pescoço e a colo contra a parede.
- Escuta aqui, sua velha ordinária... – digo em voz baixa – Não se meta comigo e nem com minha filha. Não vou dar dinheiro algum para você! E... – sufoco-a ainda mais – se minha filha me contar que você ou alguém desse pardieiro fez algo contra ela, prepare-se, pois eu volto aqui e acabo com todos vocês.
- Solta... Meu pescoço... – ela está ficando sem ar.
- Então responde, Célia! – continuo com o aperto – Você entendeu?
Ela acena que sim.
- Responde! – digo em voz alta agora – Fala! Quero ouvir sua voz!
- En- en... Entendi..
Solto seu pescoço e ela cai no chão tossindo e puxando o ar. Saio sem olhar para trás. É guerra que Fabíola quer, então está declarada a guerra.
Entro no carro e minha princesa está dormindo. Ligo para o escritório e aviso que não vou voltar. Vou para minha casa cuidar da minha filha.
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Narrado por Gabriel
A semana praticamente acabou. Após o almoço com Tati voltamos para o apartamento. Eno aproveitou para ir dormir (é um come e dorme mesmo... Kkkk) e eu fiquei analisando mais algumas para o restaurante, mas sem computador fica difícil adiantar o trabalho. Recebo uma ligação que me faz sorrir. Vou até o quarto e ele continua dormindo, então deixo um bilhete.
“Amor, saí para resolver uns assuntos, mas logo estou de volta. Amo você! Gabe”.
Saio e vou direto para o shopping pegar minha encomenda, e feito isso decido passar em casa, afinal o final de semana está aí e não tenho roupa, fora que também preciso do computador e outras coisas.
Estaciono e entro em casa, os carros dos meus pais não estão na garagem e noto vários sacos de lixo amontoados num canto.
- Judite? – chamo pela empregada. Não demora muito e ela aparece.
- Oi, Gabriel! – ela me cumprimenta.
- Tudo bem por aqui? – pergunto dando um beijo em sua bochecha.
Ela olha ressabiada para os lados.
- Então... – ela começa – Tive que faxinar o quarto da d. Vera.
- Por quê? – pergunto confuso.
- Ah menino, ela quebrou quase tudo no quarto. – ela diz em voz baixa torcendo as mãos e olhando escada acima – Parece até que foi possuída! – e se benze.
Um arrepio involuntário percorre meu corpo. O surto que ela não deu na frente de todos deu em casa.
- Você tem alguma ideia do que pode ter acontecido?- Judite é curiosa – Ela é estranha, eu sei, mas chegar a esse ponto... – e se benze novamente – Credo e cruz!
Resolvo mudar o rumo da conversa.
- Eu não sei, Judi. – suspiro – Não tem ninguém em casa?
- Não.
- Ok. – sigo para meu quarto – Judi, tem algumas caixas por aí?
- Tem sim. – Judite responde.
- Você pode arranjar para mim, por favor?
Pego as malas e coloco tudo o que é possível. Judite chega com as caixas e agradeço.
- Vai embora daqui, Gabriel? – ela pergunta.
Paro de desmontar meu computador e a olho. Sua expressão é de tristeza.
- Aos poucos, Judi. – respondo – Estou reformando o apartamento e quando estiver tudo pronto me mudo de vez.
- Que pena! – ela fala – Essa casa vai virar um mausoléu. Vou pedir demissão.
Rio um pouco.
- Você pode ir me visitar! – tento anima-la – Ou quem sabe trabalhar lá e cuidar de nós.
- Nós? Você e a Tati?
- Não. – respondo calmo – Eu e o Enzo. Estamos namorando.
Juro que esperava uma reação negativa, mas Judite me surpreende.
- Meus parabéns! – ela me abraça – Já tinha passado da hora.
- O quê?! Como?! – estou confuso – Você sabia?
- Claro! – ela responde rindo – Bastava ver o modo como vocês se olhavam e se tocavam quando achavam que ninguém estava olhando.
- Nossa! – estou surpreso – Tudo bem para você?
- Sim. – ela diz – Meu filho mais velho também é gay e nós sabemos como é difícil lidar com o preconceito.
Nesse momento sou que a abraço.
- Você é demais, Judi! – esse apelido carinhoso foi Eno quem deu – Será mais que bem vinda em nossa casa.
- Obrigada, menino Gabriel! – ela sorri – Eu vou sim! E com prazer porque adoro o menino Enzo... Vem, vou ajudar você com suas coisas.
E ela me ajudou com as malas e com minhas outras coisas. Antes de sair ligo para meu pai.
- Oi pai! Tudo bem? – cumprimento.
- Oi filho, tudo certo.
- Pai, estou em casa pegando algumas coisas, ok? – digo – Vou levando aos poucos pro apê.
- Ok filho! – ele ri com informação – Relaxa!
Rimos.
- Quem está aí com você? – ele pergunta.
- Apenas a Judi.
- Sua mãe não chegou? – sua voz está séria do outro lado da linha.
- Não e a Judi me contou que limpou o quarto dela porque havia vários objetos quebrados. – respondo.
Silêncio do outro lado da linha.
- Pai? – chamo.
- Sim?
- Está tudo bem? Vocês conversaram? – pergunto com cautela.
- Claro! – ele responde rápido – Converso com você depois sobre isso, mas quero que esteja no meu escritório na segunda- feira à tarde, ok?
- Ok. – respondo – alguma novidade?
- Sim. Vamos assinar nosso contrato.
Deixo momentaneamente minhas preocupações de lado e abro um sorriso de felicidade. Tudo está encaminhando conforme o esperado, graças a Deus.
- Gabe? – meu pai chama.
- Oi... Nossa, estou feliz pai! Muito mesmo, obrigado.
- Que isso, filho! Tudo por você e sua irmã. – ele diz – Gabe, tenho uma reunião agora.
- Pai... – digo receoso – Temos que conversar sobre a mamãe.
Ouço seu suspiro.
- Eu sei filho, mas não agora. – ele responde – Depois, ok?
- Sim, depois. – respondo – Vou cobrar. Tchau.
- Tchau sócio!
Sorrio e desligo. Termino de guardar minhas coisas no carro, me despeço de Judite e volto para casa. Para ele.
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Narrado por Enzo.
Terminado o almoço com Tati seguimos para casa. Após o almoço resolvo cochilar um pouco enquanto Gabe vai trabalhar. Acordo um tempo depois e fico curtindo o silêncio do quarto. Viro a cabeça e um pedaço de papel chama minha atenção.
# Amor, saí para resolver uns assuntos, mas logo estou de volta. Amo você! Gabe#
- Resolver uns assuntos... – repito – Espero que não seja com sua mãe.
Suspiro e me levanto. Estou com fome. Caminho até a cozinha e pego um pão e uma maçã retornando para o quarto e paro na janela e olho o movimento da rua.
A rua do apartamento é arborizada com muitos prédios residenciais em volta, bem calma e com fluxo baixo de carros.
Fico curioso e olho para o apartamento onde havia visto rapaz pela manhã. As cortinas estavam fechadas. Eu nunca imaginei que fazer amor com alguém observando seria tão excitante, mesmo que ele não tenha visto a penetração apenas meu rosto foi bem louco. Nunca me exibi e nem pratiquei voyeurismo e acho que as pessoas que praticam bem corajosas. Fico perdido em pensamento enquanto saboreio minha maçã.
De repente percebo um movimento e as cortinas juntamente com a porta da sacada se abrem e o rapaz aparece. Ele caminha até o parapeito e posso observa-lo melhor e vejo o quanto ele é lindo. Os braços tatuados e cabelos raspados, ele é alto, talvez até mais alto que o Gabe, magro e vestia apenas um jeans que estava meio aberto.
Ele estava debruçado sobre o parapeito e olha a rua por um tempo. Do nada ele olha em minha direção e sorri. “Caralho!” penso e fico vermelho. O sorriso dele é como se dissesse: “Eu sei o que você estava fazendo mais cedo!”
Fico sem jeito e não devolvo o sorriso, mas também não saio da janela, apenas continuo debruçado fingindo olhar a rua. Pela porta da sacada passa um rapaz todo branquinho, forte e bem mais baixo que o tatuado. Ele se aproxima e o abraça por trás. O tatuado aperta a mão que está sobre seu peito e inclina um pouco para trás. O baixinho escorrega a outra mão para dentro da calça e começa a masturba-lo e eles permanecem assim por um tempo.
Então percebo que meu pau está duro.
- Caralho! – sussurro e faço algo que só quando assistia filme pornô tinha vontade. Começo uma punheta.
Acho que o tatuado percebe e olha para mim e sorri. Ele sai do abraço do baixinho e se posiciona atrás dele me deixando ver a samba-canção que ele usa. O tatuado abaixa a cueca do baixinho e este se apoia no parapeito fechando os olhos. Ele é lindo também, tem um rosto angelical, corpo malhado, cabelos escuros e lisos que lhe dão um ar sexy.
Vejo em primeira mão o tatuado abrir sua bunda e enterrar o rosto ali, e o baixinho? Nossa, ele faz uma carinha de putinho e empina a bunda ao máximo. Porra, isso é demais, meu pau está duríssimo e babando, nesse momento penso em Gabe e no tesão que sinto quando ele me chupa todo, penso na sua língua dentro de mim e no seu pau guloso me devorando.
- Mmm... – Solto um gemido e continuo observando a cena.
Eles parecem estar num mundo só deles. Quando vejo o tatuado tirar a calça, o tamanho do seu pau me impressiona. “Uou...” meus olhos se arregalam. “Coitado do baixinho... Será que ele aguenta” penso.
A resposta para minha pergunta vem em seguida quando o tatuado enfia tudo lentamente... Galera, eu digo tudo mesmo e o baixinho só sorria e parecia pedir por mais.
Nunca vi uma transa assim, eles possuíam uma sintonia única e o modo como se deram as mãos me deu a certeza de que se amam. Acho isso incrível.
O tatuado nem precisou punheta-lo porque o baixinho gozou sem se tocar e pela expressão do tatuado ele também estava gozando. Praticamente juntos. Suados e sorrindo feito bobos. O mesmo tipo de sorriso que eu e Gabe damos pós sexo.
Vejo o tatuado tirar seu pau do baixinho e pega-lo no colo, porém antes de entrar ele sorri novamente para mim e desta vez eu devolvo. O baixinho enterra o rosto no pescoço do tatuado e eles entram.
- Caralho... – repito e quando olho para o meu pau ele ainda está duro – Saco...
Seguro meu tesão para quando Gabe chegar. Sorrio safado e saio da janela. E vai ser foda segurar o tesão até lá.
Resolvo trabalhar na lista das prioridades do apartamento e por onde vamos começar a reforma. Estou tão concentrado nas ideias do que fazer nos cômodos que levo um susto quando Gabe entra todo desajeitado com malas e caixas pela porta.
- Oi, amor! – ele me cumprimenta.
- Oi... Que isso Gabe? – pergunto rindo – Foi expulso de casa?
- Não. Eu mesmo me expulsei. – ele se aproxima e me beija – Acho que você deveria fazer o mesmo.
- Ah é? – pergunto – E por quê?
- Porque eu me expulsei para os seus braços e tenho certeza que você vai amar quando fizer o mesmo vindo para os meus.
Que fofo.
- Gabe, Gabe... – enlaço seu pescoço – Quando você menos imagina é todo romântico. – eu o beijo passando a mão por seu corpo até chegar em seu pau.
- Eno... – ele me empurra e encosta seu corpo no meu. Estamos na parede.
- Amor... – digo entre seus lábios – Quero você agora!
Ele urra e começa tirar minha roupa calmamente, mas não quero assim. Eu me solto dele e vou para o quarto tirando toda minha roupa. Ele me segue e me lembro do que vi pela janela e minha excitação aumenta. Subo no colchão e encosto meu corpo contra a parede de modo que minha bunda fique empinada para ele.
- Vem... – ele me olha e começa tirar a roupa lentamente – Só a camiseta Gabe. Tira só ela.
Ele fica surpreso e tira apenas a camiseta, os tênis e as meias subindo no colchão e se posicionando atrás de mim descendo até chegar a minha bunda. Sinto o primeiro tapa.
- Aaahhh...
- O que meu Eno quer?
- Você!
Outro tapa.
- Antes disso! – ele alisa onde bateu e a cheira – Pede...
Sua voz está rouca e meu tesão aumenta.
- Abre e lambe! Quero sua língua nela! – peço.
Gabe abre meu traseiro e como o tatuador enterra sua língua nele.
- Nossaaa... Maissss... – peço.
Outro tapa.
- Rebola pra mim!
Meu lado puto me domina e não respondo por mim. Rebolo com gosto gemendo a cada linguada recebida
- Amo essa bunda... – ele diz num som abafado entre uma linguada e outra – Vem... – ele bate de novo – Chupa seu homem...
Ajoelho-me e sem perder tempo abocanho sua rola já babada chupando com uma ferocidade louca.
- Calma, Eno... Caralhooo... Aaahhh – Gabe geme – O que deu em você?
Não paro o que estou fazendo nem por um momento. Abaixo sua calça até o quadril para poder apertar sua bunda. Meu pau está duro feito pedra e paro de chupa-lo apenas para dizer:
- Deita!
- Eno...
- Deita, Gabe! – praticamente o empurro – Agora!
Assim que ele se deita me posiciono e sento em cima da sua rola com tudo.
- Porra... – Gabe berra.
Olho para ele e sorrio.
- Vou cavalgar meu garanhão! – e inicio com movimentos lentos.
- Cavalga... Assimmm... Enooo...
Desço um pouco até ficarmos com o rosto quase colados.
- Quem é seu putinho? – pergunto rebolando. Gabe se contorce. Adoro.
- Você! – diz e me puxa para beijar.
Cavalgo gostoso em cima do meu loirão até meu pau pulsar e eu gozar em cima dele. Gabe praticamente goza em seguida. Ele me puxa para nos beijarmos e ficamos abraçados apenas respirando forte e curtindo nosso momento.
- O que deu em você? – ele pergunta.
- Saudade. – respondo apenas isso. Não é o momento de contar sobre meu ataque de voyeurismo.
- Tarado. – ele acaricia minhas costas.
- Por você! – eu levanto minha cabeça um pouco e o encaro – Vamos tomar um banho e depois arrumar suas coisas?
Ele se espreguiça e só então sinto um vazio.
- Seu pau saiu de mim. – digo manhoso.
- Mmmm...
Do nada ele me vira e fica em cima da minha bunda.
- Gabe...
Ele simplesmente mete a língua no meu cú e lambe a própria porra.
- Fica de quatro, Eno... – ele pede e faço – Põe para fora, amor.
- Gabe... – isso é tão erótico
Ele bate na minha bunda.
- Agora! – e empurro sua porra para fora. Ele lambe tudo. – Está limpinho. Vem cá.
E me beija. Caralho, isso é muito erótico.
- Agora sim, vamos para o banho! – e me puxa – Tudo bem, amor?
Apenas aceno com a cabeça e sorrio. Eu amo nossa putaria. Vamos para o banho e depois da arrumação.
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Passamos a sexta feira e sábado arrumando as coisas do Gabe da melhor forma possível. Minha mãe ligou nos chamando para almoçar no domingo. Não me lembro de nenhum final de semana em que não estivemos reunidos a não ser claro, os quais viajávamos. Ela também chamou Tati e meu tio. Não pergunto por Vera, mas sei que ela não a convidou.
No sábado à noite pedimos pizza, assistimos tv e namoramos muito. Acordo no meio da noite e o observo dormir. Ele é tão com seus cabelos claros e curtos, cílios longos, nariz fino e contorno da boca perfeito. Meu Gabe é meu deus grego particular, meu primeiro e único amor. Somos almas gêmeas. Acaricio de leve seu rosto usando apenas as pontas dos dedos.
- Eu te amo... – sussurro e me aproximo beijando levemente – Para sempre.
Ele sorri em seu sono. Fecho meus olhos e durmo em paz.
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Narrado por Tati.
Pleno sabadão e nada pra fazer. Nem um telefonema. Que saco! Tenho 28 anos, mas me sinto um velha setentona que viu a vida passar e não fez nada de útil.
- Se bem que as setentonas de hoje em dia se divertem mais do que eu! – falo rindo de mim mesma.
Noite de verão e eu aqui. Pego uma garrafa de vinho, coloco um cd de blues e me sento na varanda. Fico observando a noite e meu pensamento viaja há alguns anos atrás quando eu ainda morava no RJ. Sempre achei a noite paulistana o máximo, mas devo confessar que as noites cariocas não perdem em nada.
Lembro- me dos meus 15 anos, dos namoradinhos e ficantes. Foi uma boa fase de rebeldia, de conhecimento e ganho de experiência.
Suspiro. Não quero ficar sozinha. Quero casar, ter um lar, filhos, gato, cachorro, papagaio e etc. Tudo oque tenho direito. Quero alguém que me olhe como Eno e Gabe se olham, os sorrisos que trocam, as conversas ao pé do ouvido. Não estou pedindo muito, não é? Eu me levanto e vou até o parapeito.
- Tenho certeza de que você está por aí. – digo olhando para a rua – Um dia...
Acabo meu vinho e vou para dentro. Melhor parar antes que eu fique alta e ressaca de vinho é horrível.
Lavo minha taça, guardo a garrafa, faço minha higiene e mergulho na minha cama para os braços de Morfeu.
Boa noite a todos.
Deixo mais um capítulo para vocês e prometo que antes do final de semana terminar envio outro. Este está mais longo.
*VALTERSÓ* - Verdade, o Eno está meio cheio de dedos, mas tudo tem uma explicação. Em breve, meu caro.
*arrow* - da bruxa podemos esperar qualquer coisa... E espere por mais, meu caro!
*lebrunn* - você me assusta assim... Será?
* xaulinrs* - Será? Espero que sim... Obg pela sugestão!!! kkkkkk