Sentaram-se os quatro à mesa: cada casal de um lado.
- Já sabem o que pedir?
- Claro! Vinho!
- Hahahaha... Mônica, Mônica... você não mudou nada!
Marino e Mônica pareciam um casal que jamais se desfez, parecendo ter-se separado apenas para dar ao destino a obrigação de juntá-los novamente.
- Boa! Vinho! - comemorou Erick, contando com o poder inebriante daquela bebida para ajudar em seu objetivo de cativar a bela ruiva que sentava ao seu lado.
Gabriel nada externou, mas pensou que vinho seria uma ótima ideia para lhe ajudar a ficar um pouco mais À vontade diante daquela situação tão absurdamente inusitada.
Pediram a carta e logo o garçom trouxe a garrafa, servindo generosamente as quatro taças.
- Um brinde! - propôs Marino, estendo a taça, tendo o gesto seguido pelos demais.
- Um brinde! A que, no caso? - indagou Mônica, esperando alguma declaração.
- Que tal ao amor? - arriscou Marino.
- Ao amor! - bradaram todos.
Ergueram as taças e brindaram. Antes de beberem seus copos, Marino e Mônica se beijavam, apaixonadamente. Erick e Pâmela viram a cena e não contiveram seus sorrisos: ambos sabiam que os dois estavam loucos por aquele beijo e que para ele acontecer era apenas uma mera questão de tempo. Erick então olhou para Pâmela e tentou outro brinde, mais pessoal:
- Às ruivas... - propôs quase num sussurro.
- às ruivas... - riu-se Pâmela.
Brindaram mais uma vez e beberam. Erick era realmente gentil, pensou Gabriel.
- E bonitinho, pensou Pâmela, após aquela taça bebida em poucos goles.
Logo estavam na terceira garrafa de vinho. E sequer haviam pedido algo para comer.
- Gente... a gente veio aqui para comer ou para beber? - falou Erick, já com dificuldade em falar claramente.
- Os dois! - riu Mônica.
- Mas para beber mais e comer menos - falou Pâmela, língua enrolada, virando mais uma taça. Realmente aquela Pâmela tímida e titubeante já havia ficado no passado antes de terminarem a segunda garrafa.
- Ok... vamos pedir então. Eu tô com fome... - puxou Marino.
- Vamos pedir para levar! - propôs Mônica, que já havia conseguido o que queria e estava louca para voltar pra casa com seu amado.
- Não! Vamos comer aqui! - tentou Pâmela, temendo que aquilo pudesse indicar algo que não gostaria a Erick.
- Eu voto por comermos aqui e levarmos vinho - tentou fazer ironia Erick.
- Bom, então temos dois que querem pedir pra levar, um quer comer aqui e outro que quer comer aqui e levar. - tentou contabilizar Marino, mas deixando a todos confusos.
- Que tal então se eu e o Marino formos comer em casa e a Pâmela e o Erick ficarem? Não precisamos ir embora todos juntos.
Pâmela, que tomava mais um gole de vinho, quase engasgou. Como assim separarem?
- Eu acho muito justo! - exultou Erick, sentindo que teria suas chances majoradas ficando a sós com a desejada ruiva.
- Eu... eu acho que não... - tentou protestar Pâmela, mas sem muito saber como argumentar.
- Awn... que amor... a Pâmela tá com vergonha de ficar a sós com o Erick... - riu Marino.
Mônica riu, mas percebeu que o amigo parecia precisando de ajuda:
- Vamos no banheiro, amiga? - propôs.
- V-vamos... claro.
- Ihhh... lá vão elas ao banheiro falar mal de nós, Erick.
- Ok... elas vão e ficamos nós aqui falando mal delas.
- Não tenho nada pra falar mal do meu amorzinho - derreteu-se Mônica.
- Nem eu da minha amorzinha... - retribuiu Marino.
Erick e Pâmela olharam-se com cara de impaciência, revirando os olhos e rindo.
- Com licença. Já voltamos. - falou Pâmela, dando uma piscadinha leve para Erick, num ato que saiu naturalmente, deixando Gabriel confuso com tamanha naturalidade.
- Amiga, preciso que tu me deixe ir com o Marino... - já foi pedindo no caminho Mônica, quase que em tom de súplica.
- Mas, Mônica, como vamos ficar eu e o Erick aqui sozinhos?
- Ué, que que tem?
- Que que tem? Tem que vai deixar de ser uma volta entre amigos para se tornar um... encontro. Meu e dele.
- E daí?
- E DAÍ? Daí que ele é um cara. E que parece claramente muito afim da Pâmela.
- Parece não: ele está. Nós duas sabemos disso.
- Então!
- Tá, e qual o problema?
- Como qual o problema, Mônica?! Olha a pergunta que você me faz?
- Sim, qual o problema? Ele está caidinho por você e você está caidinha por ele.
- Eeeeeu??? Você está louca?
- Ah, pára, Pâmelazinha! Por favor! Todos aqueles risinhos, todas aquelas gargalhadas pegando nos braços dele. Você acha que eu não vi você piscando agora pra ele antes de sairmos?
- Aquilo era brincadeira!
- Ah, poupe-me! Você sabe muito bem que se não estivesse nem um pouco interessada nele não estaria dando tanta abertura, nem tocando nele o tempo todo.
- Não! Eu estou apenas me divertindo... como amiga.
- Pâmela... seja sincera: você acha o Erick um cara legal?
- Eu... oras... ele não é um cara de todo mal não.
- Então. Você acha ele bonito?
- MÔNICA!
- Foi uma pergunta simples. Não estou perguntando se você quer namorar com ele ou não, apenas perguntando se você acha ele bonito.
- Não vou responder!
- Ok, então está respondido.
- Como assim???
- Se não achasse, não teria ficado vermelha, nem fugido da resposta.
Gabriel não queria admitir para ela como admitira recentemente para si mesmo, mas o passar das horas - e das taças de vinho - iam fazendo com que Erick ficasse sim cada vez mais desejável. Quer dizer, bonito, pensou consigo.
- Pois então. Independente de achar ele bonito ou não, vocês ficam aqui vocês, conversando. Na amizade mesmo.
- Mas eu sei que ele não quer amizade.
- Mas, amiga, ele não vai te forçar a nada! Se você não quiser nada com ele, nada vai acontecer!
- Eu não quero!
- Então ótimo! Apenas fiquem mais um pouco, comam um lanche e vão cada um para sua casa. Simples, não?
- Não é assim tão simples. E você sabe muito bem.
- Claro que é simples. Não tenta complicar. Agora vamos ali no espelho que precisamos retocar o batom.
Mônica e Pâmela pararam em frente ao espelho e, quase de forma sincronizada, começaram a retocar o batom. Mônica não pôde deixar de achar estranho a naturalidade com que o amigo fazia aquele gesto tão feminino, mas preferiu não comentar para não deixar o amigo ainda mais constrangido:
- Combinado então, amiga? Fiquem...
- Mônica...
- Fiquem aqui! Não fiquem de ficar... Calma...
Riram. Gabriel meio sem jeito.
- Tá bom... podem ir. Eu me viro aqui.
- YES! Amiga, você é a melhor!!! - comemorou Mônica.
- Obrigada por me deixar aqui, aos leões.
- Leão. Só um. E um leão bem gatinho, não acha?
Pâmela titubeou na resposta alguns segundos:
- Sim. Bem gatinho.
E riram novamente. Dessa vez com Pâmela rindo de verdade, mais solta.
Chegaram à mesa e encontraram Marino já com uma sacolinha na mão.
- Partiu?
- Mas... nem pedimos - indagou Pâmela, perplexa.
- Vocês demoraram tanto nesse banheiro que Erick e eu decidimos resolver: pedimos hamburguer para todos. Dois para levar, dois para comer aqui.
Marino então ergueu a sacola, mostrando os dois para levar que eram dele e de Mônica. Pâmela olhou na mesa e viu dois hamburgueres servidos, com Erick esperando simpaticamente que ela sentasse para comerem juntos.
- Bom... até logo. Comportem-se... - riu Marino, dando um beijinho no rosto de Pâmela e indo, puxando Mônica pelo braço.
Mônica deixou-se puxar, deu até logo para Erick e foi indo, olhando para Pâmela. Antes de sair, deu uma piscada para a amiga e falou pausadamente e sem som para a amiga entender: 'obrigada'.
Pâmela riu e piscou de volta. Então, ficou alguns segundos com o olhar perdido, voltou o olhar para a mesa e voltou à realidade ali posta à mesa. Agora aquele passeio entre amigos havia virado um encontro dele com Erick. E agora, Pâmela? - pensou consigo.
CONTINUA...