Os Verões Roubados de Nós
Capítulo 28
Narrado por Gabriel
Acordo bem cedo hoje, pois tenho uma viagem de negócios agendada ao interior e quero sair antes que o trânsito fique caótico. Tomou banho e vou preparar o café. Eu madruguei e nem percebo Eno parado a porta da cozinha.
― Bom dia, amor. – digo e rio porque ele está com cara de sono e o cabelo todo bagunçado.
― Você sabe que horas são? – ele se aproxima e me beija – volta para a ama e não reclama porque estou com bafo. – e me beija de novo – bom dia, amor.
― Eu vou pegar a estrada, amor. – digo – Lembra-se do fornecedor sem noção? Pois é, eu vou até lá resolver pessoalmente. E quanto mais cedo eu for mais cedo volto para você.
Vejo seu olhar apreensivo sobre mim.
― Eu sei, amor. – ele diz – Por que você não manda o Chatítalo (apelido do Ítalo)?
― O quê?! – solto uma gargalhada – Enooo...
Ele dá de ombros.
― Não gosto dele e você sabe disso!
― Não vou falar nada. – sirvo o café – Toma café comigo?
Ele nega.
― Não, mas sento no seu colo para fazer companhia. – ele sorri.
Tomo meu café da manhã com ele no colo trocando carinhos. Olho a hora.
― Eno... Está na hora de ir. – informo a ele.
― Vida... Não vai hoje. – ele diz me olhando – Eu peço folga para o Roberto e vou com você.
Sinto-me tentado com seu pedido, mas não posso adiar mais.
― Sinto muito, amor, mas é necessário. – digo a ele – Desculpe. Mas eu prometo te buscar para jantarmos juntos, ok? – tento anima-lo.
Mas ele apenas concorda.
― Ok. – ele suspira – Só vou sossegar quando estivermos aqui juntinhos hoje a noite.
Concordo e vou pegar meus documentos e a pasta, coloco meu casaco e vejo sentado na poltrona.
― Gabe... – ele pede – Não vai... Por favor.
Eu me aproximo e o puxo para um abraço.
― É mais rápido se eu for agora. – meu celular toca e é uma mensagem de Ítalo.
#Bom dia, chefe. Já saiu?#
#Saindo agora. Aviso quando chegar lá. Bom dia.#
#Ok. Boa viagem.#
― Quem é? – Eno pergunta franzindo a testa.
― Ítalo.
― O que ele quer? – sua expressão está séria e mau humorada.
― Saber se eu já saí. – respondo.
― Como eu disse... Chatítalo! – ele revira os olhos.
Dou uma risada e o beijo.
― Assim que eu sair de lá eu te aviso, meu ciumentinho lindo! – caminho para a porta.
― Gabe... – ele me chama – Eu amo você... Para toda a eternidade.
Sorrio.
― E eu te amo para sempre. – o beijo e saio.
O dia está clareando quando saio de casa e sigo para o meu destino.
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Narrado por Enzo.
Após brigarmos por ciúmes fizemos amor de forma intensa e gostosa. Pedi ao Gabe para me masturbar e gostei da experiência e vou explicar o porquê.
Eu sou extremamente sensível ao toque tanto que gozo sem precisar me masturbar então, essa experiência foi nova, intensa e prazerosa. Sei que ele também ficou por conta do meu pedido e me masturbou no ritmo com que me penetrava. Por fim gozei com jatos grossos.
Acordo sem ele na cama e olho a hora. São 4:45h da manhã. Ouço um barulho vindo da cozinha e sigo para lá onde ele prepara um café rápido, pois vai para o interior resolver problemas com fornecedor.
Estou incomodado com alguma coisa, mas não consigo definir o que é. Minha intuição está aguçada ao máximo. Observo-o preparar seu café e meu coração se aperta. Não quero que ele vá ou se for quero ir junto. Ele se vira e me nota e começamos a conversar. Tento convence-lo a não ir, mas não adianta e cerca de 1h depois ele parte prometendo me ligar e voltar para mim.
Vou para o quarto me arrumar e abro a janela para olhar o tempo. Está fechado e escuro como meu humor.
― Definitivamente hoje não será um bom dia. – suspiro e vou me aprontar.
Envio uma mensagem para Gabe apenas para verificar se está tudo bem e entro para assistir minhas aulas. Ao término do período leio as mensagens que chegaram.
Gabe: #Está tudo bem, vida. Estou finalizando tudo aqui e quando sair te aviso. Amo você.#
Tati: #Gatão, bom dia. Quero marcar um jantar ou um almoço para apresentar Diego à família. O que você acha? Bj.#
Sorrio. A empata foda realmente está amando e agora é oficial. Respondo:
#Um almoço será perfeito para ele conhecer a loucura da família toda! Kkkk. Bj.#
A resposta vem em seguida.
#Engraçadinho! A noite passo no apartamento e combinamos tudo. Preciso de ajuda. Obrigada. Bj.#
#Ok. Até lá, gata! Bj.#
Quero almoçar no restaurante, mas só de pensar em encontrar p Chatítalo fico mais mau humorado ainda. Sabe quando alguém não desce? Juro, o cara não me fez nada, mas quando olho para ele sinto um nojo tão grande que me assusta. Para mim ele é dissimulado e cobra pronto para dar o bote e isso me lembra uma conversa que tive com Leila.
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Flashback on
― Não gosto dele... – resmungo enquanto o observo todo sorrisos para Gabe.
― Eu também não! – Leila fala.
Tomo um susto porque não a vi se aproximando.
― Oi?
― Também não gosto dele. – ela repete calma.
― Por que, Leiloca? – pergunto curioso.
― Eu o acho falso e dissimulado. – ela responde – E quando Gabriel não está aqui ele nos trata mal.
Meu semblante fecha.
― Já contou ao Gabe?! – estou furioso – Sabia... Ele é um falso mesmo!
― Eu não contei porque ele é um ótimo gerente e se Gabe manda-lo embora pode ter problemas. – ela suspira – Eu não quero prejudicar ninguém, Enzo.
― Leiloca, me chama de Eno. – pisco para ela – Você eu deixo! – e penso um pouco – Posso te pedir um favor?
― Claro!
― Observe-o – peço – só que de maneira discreta e se vir algo fora do normal à rotina do restaurante avise ao Gabe... Mmm... Melhor não Leila, avise para mim, ok?
― ‘Xá’ comigo, Eno! – rimos juntos.
Flashback off
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Mesmo Gabe dizendo par eu ir ao restaurante quando e a hora em que eu quisesse hoje eu resolvi não ir para não ter que olhar na cara do babaca. Resolvo almoçar num restaurante próximo a empresa e ao entrar vejo alguns funcionários por lá e os cumprimento. Mais afastado vejo Fernando e uma moça grávida conversando e ele parece nervoso e ela sorrindo de uma orelha a outra.
Sirvo-me e sento numa mesa próxima a eles tentando ouvir a conversa. Não consigo ouvir a voz de Fernando, porém a mulher fala alto e claro:
― Você vai se casar comigo sim! E sabe por quê?! Porque esse bebê que eu espero é seu e...
Primeiro registro: o Fernando é bissexual.
Segundo registro: ele será pai? É sério?
― E se você não quiser que seu caso com o Vítor caia na boca da sua família e o prejudique é melhor você fazer o que eu quero! – ela continua.
Terceiro registro: ele está sendo chantageado?
“E quem é Vitor?” penso curioso. Será o rapaz que vi com ele no apartamento?
― Como você pode?! – agora ouço sua voz – Não faça nada com ele! – e há fúria nela.
A moça ri.
― Então faça o que deve ser feito e aja como homem e assuma seu filho... – e ela sorri docemente – ou filha.
Um silêncio toma conta da mesa deles e após alguns minutos, Fernando responde:
― Tudo bem... – sua voz está embargada – Apenas o deixe em paz, por favor.
Vejo a segurar sua mão por sobre a mesa.
― Pode deixar. – ela diz sorrindo – Você não vai se arrepender.
Ele puxa a mão e se levanta.
― Eu já me arrependo. – e sai deixando-a só.
Observo-a cuidadosamente e não gosto do que vejo. Tudo nela é falso: o cabelo, a maquiagem carregada e os gestos, fora que ela parece ser má. Sinto um arrepio quando ela me olha e sorri. Não devolvo o sorriso e nisso meu telefone toca e daí sim abro um sorriso.
― Oi, meu amor... – cumprimento.
― Oi, vida. Está tudo bem? – Gabe pergunta.
― Sim e com você? – pergunto – Resolveu as coisas? Como foi? Já almoçou?
Ouço sua risada do outro lado.
―Sim. Sim. Sim. – ele responde – Estou voltando para casa daqui a pouco, pois está chovendo aqui.
Fico mais aliviado, mas a sensação inquietante não me deixa.
― Amor? – ele chama – Ainda está aí?
― Sim. – respondo – Gabe... Estou com uma sensação estranha...
Silêncio.
― Vida... – ele diz – Nada vai acontecer, ok? Relaxa, por favor.
Não respondo.
― Eno... Eu estou voltando para você, amor! – ele fala – Daqui a pouco estarei em casa e vamos jantar fora, lembra?
Sinto vontade de chorar, mas me controlo.
― Ok... – e peço – Por favor, volta logo para mim.
Ouço sua risada e fecho meus olhos. Que delícia!
― Já estou voltando, amor!
Olho a hora.
― Vida, tenho que ir para o trabalho. – suspiro – Eu te amo, Gabe... Para sempre.
― E eu te amo para toda eternidade, Eno! – nos despedimos e desligo.
Noto que a loira oxigenada já partiu e faço o mesmo. Chego à empresa e sigo direto para junto de Suzana. Hoje temos muito trabalho e quero me concentrar e tentar esquecer essa sensação ruim de aperto no peito.
Ficamos concentrados em nossos afazeres até que Su chama:
― Enzo, quer ir buscar um café para nós? – pede charmosa batendo os cílios.
― Claro! – respondo – Já volto.
Em menos de 15 minutos volto com nossos cafés e quando vou entregar a ela sinto um aperto no peito e um calafrio percorre meu corpo. Minhas pernas amolecem e não sustentam meu corpo. O tempo para. Suzana grita por ajuda. E antes de desmaiar sussurro:
― Gabe...
E tudo se apaga.
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Narrado por Gabriel
Espero pacientemente a chuva cessar para pegar a estrada rumo a São Paulo. Estou num hotel fazenda que possui um restaurante e almocei aqui. Aproveito e pego alguns panfletos para levar para Eno ver e quem sabe voltamos aqui num feriado próximo. Ligo para ele durante o almoço e o que ele me diz sobre a sensação estranha me deixa inquieto então, decido voltar para casa tomando todo cuidado possível.
Olho a hora e como a chuva parou sigo para casa dirigindo com cuidado, pois a estrada aqui neste trecho é de terra e a chuva forte deixou lisa parecendo sabão.
O mais incrível nesta viagem é que consegui resolver tudo rapidamente e foi mais fácil do que imaginei. Fizemos os ajustes necessários no contrato de modo que ficasse bom para ambas as partes. “Então, para que tanta frescura do fornecedor?” penso intrigado.
― Aaafff... – resmungo.
De repente sinto o carro dar uma patinada e tomo um susto.
― Droga!
Diminuo mais a velocidade. A região é rodeada por sítios, morros, mas o pior de tudo é a estrada ser de terra.
― Preciso sair logo daqui! – falo quando o carro patina mais uma vez.
Noto uma caminhonete pelo retrovisor, mas ela está muito longe para pedir ajudar e resolvo não parar. A estrada é estreita e fico com medo do veículo querer me cortar. Pelos meus cálculos a rodovia não está longe e então relaxo um pouco.
Novamente o carro patina e perco o controle do volante, que está totalmente solto e não me obedece. Piso no freio e nada.
― Vamos... Por favor... – sinto meu coração disparar.
Tento novamente controlar meu carro e nada acontece. Estou numa descida e isso não é bom. Olho a ribanceira do meu lado e o barranco do lado do carona. A velocidade aumenta e tento puxar o freio de mão.
― Que porra! – está emperrado – Meu Deus!
Num gesto rápido jogo o carro contra o barranco achando que o mesmo irá parar, mas isso não acontece. O carro bate com força e ao invés de parar ele simplesmente começa a capotar para o lado oposto.
―SOCORRO! – grito em desespero.
O pior acontece e o carro cai na ribanceira capotando diversas vezes até bater numa árvore. Com a capotagem, meu corpo sacoleja dentro do automóvel e bato a cabeça algumas vezes no teto e na janela. Gosto de sangue surge em minha boca, meu braço dói e minha visão turva.
― Meu Deus... – minha voz é apenas um sussurro e o cheiro de combustível atinge meu nariz – Socorro... Eno...
E tudo fica escuro.
*VALTERSÓ* - Calma, homem... Enzo não inverteu nada. Mas confesso que Fernando será interessante para a história. Você verá. Abraços.
*arrow* - Obrigado pelo elogio. abraços, querido!
*Grilo falante* - você não imagina minha surpresa por receber notificações por seus comentários. 1) Quero agradecer pela leitura; 2) pela sugestão do spoiler (kkkkk) e 3) por entender o cuidado de Enzo para com a prima. Pegou o espírito da coisa. Como eu já comentei, nenhuma lacuna ficará no conto. tudo tem uma explicação. Você é empolgado nos comenários e por isso dedico este capítulo a você. Abraços
P.S. - a postagem anterior foi feita pelo meu namorado super prático que juntou os dois. Mereço! KKKKKKK
Boa leitura a todos.