Como será amanhã? - Capítulo 06 (Baseado em fatos reais)

Um conto erótico de Sam Lins
Categoria: Homossexual
Contém 1881 palavras
Data: 18/11/2018 22:30:05
Última revisão: 18/11/2018 22:32:57

Minha fome é sobrevivência, minha vontade é mecânica, minha beleza é esforço, meu brilho é choro, meus dias são pontes Pará os dias de verdade que virão quando essa dor acabar, meus segundos são sentidos em milésimos de segundos, o tempo simplesmente não passa.

Tati Bernardi

________________________________________________________

Respostas aos comentários no final do capítulo.

Boa leitura e espero que gostem.

_________________________________________________________

Capítulo 06

Muitas vezes somos pegos de surpresa pela vida, há quem diga que a vida nos ensina, ensina a crescer, a viver, a não cometermos os mesmos erros novamente. Quem nunca pensou ou desejou poder voltar no tempo para corrigir um erro cometido, acredito que todos nós já pensamos nisso alguma vez, mas aí eu me pergunto, se nós pudéssemos voltar no tempo para corrigir nossos erros, será que aprenderíamos com eles mesmo assim? Ou iriamos fazer do “voltar no tempo” uma rotina e corrigirmos todas as vezes que errássemos?

É por isso que eu digo, ou só queria poder voltar no tempo, não para corrigir erros do passado, não para mudar meu presente, meu futuro. Eu apenas queria poder voltar no tempo uma única vez para reencontrar a pessoa que mais amei na vida, a pessoa que eu não disse EU TE AMO o tanto de vezes necessários. Corrigir erros? Não. Apenas poder dá um último abraço e dizer um último EU TE AMO.

Aproveite a vida e as pessoas que estão ao seu redor, nunca sabemos até quando elas estarão conosco e poderemos dizer que a amamos. É como William Shakespeare fala em um verso de O Menestrel “sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos”.

Ao ver meu amigo ali deitado naquela máquina para fazer um exame, exame esse que diria se o tumor que ele estava no cérebro era benigno ou maligno, se ele ia sair dessa me fez pensar em algumas coisas, em como eu nem sempre dava valor as pessoas que me amavam, como eu nem sempre dizia EU TE AMO a elas, mas é como dizem, a gente só sabe dá valor quando perdemos.

Na noite anterior que eu tinha ido visitar o Stefan na casa dele, ele nos falou que tinha ido ao médico e que pelos sintomas ele estava suspeitando de um tumor, então pediu alguns exames e confirmou que era um tumor e que agora teria que fazer para confirmar se ela maligno ou benigno e se daria para operar.

Eu entendo o desespero dele em pensar que ia morrer, acho que quando a gente tem uma doença assim é a primeira coisa que passa pela cabeça, afinal a gente nunca acha que vai acontecer com a gente.

O Stefan pediu que não contássemos para ninguém até ele saber o resultado dos exames, então no dia seguinte eu fui para o Senai normalmente, o que acarretou em um monte de perguntas do pessoal de o que tinha acontecido, porém João e eu falamos que o Stefan pediu um tempo e que ele mesmo queria contar para a gente, e o pessoal respeitou a decisão de não contarmos nada.

O Lucas não foi para o Senai no dia seguinte, o que me intrigou, pois ele não é de faltar, mandei mensagem para saber o porquê de ele ter faltado, mas ele não me respondeu.

Na parte da tarde eu tinha combinado com a mãe do Stefan que João e eu íamos com ele fazer o exame, pois queríamos estar com ele e assim fizemos. Ficamos esperando ele ser chamado, porém só um pode entrar, então eu fui. Fique na sala de espera, onde dava para ver apenas ele dentro daquela máquina enorme.

Ele fez o exame e saímos, fomos direto para a casa dele.

- Obrigado meninos. – Foi o que ele falou quando entramos no taxi. Eu fui na frente e ele e o João no banco de trás.

- Não precisa agradecer, Stefan – foi o João que falou -, amigos são para as horas boas e ruins também.

- Verdade. – Concordei e me virei para olhar para ele.

Quando chegamos na casa dele ele foi se deitar e fomos para nossas casas. Cheguei em casa e minha mãe já tinha chegado do trabalho.

- Já chegou a essa hora? – Perguntei.

- Você tem visita Santiago. – Falou ela indicando meu quarto.

- Quem é? – Perguntei.

- O Lucas.

- Tá. Vou lá falar com ele.

Fui para o meu quarto, quando cheguei lá o Lucas estava deitado na minha cama com os olhos fechados, quando eu entrei ele abriu os olhos e se sentou na cama. Entrei e fechei a porta.

- Oi. – Falei sentando na cama ao lado dele e dando um beijo na bochecha dele.

- Oi. – Respondeu ele meio seco. – Estava onde?

- Na casa do Stefan com o João.

- O Stefan, novamente o Stefan. – Ele se levantou. – O que estar rolando entre vocês dois Santiago? – Ele estava em pé na minha frente.

- Sério Lucas? Essa história de ciúmes novamente – eu me levantei e fiquei na frente dele –, eu já lhe falei que não tem nada acontecendo entre a gente ele é meu amigo Luc.

- E eu sou o que seu?

- Nossa!

Eu sei que eu não estava dando a devida atenção ao Lucas nos últimos dias, mas o Stefan era meu amigo também e eu tinha que dá atenção a ele ainda mais agora, nem por isso eu gostava menos do Lucas. Eu estava arriscando com ele, vendo que valia a pena, contei a pessoas que eu era gay por causa dele.

- Nossa!? – Ironizou ele.

- O Stefan está doente, Lucas.

- Já me falaram, mas ninguém fala o porquê? Doente de quê?

- Não posso falar.

- O.K. – Falou ele levantando as mãos como quem se rendia. – Pra mim chega Santiago.

- Como assim?

- Quando você decidir o que realmente e quem realmente você quer você me procura por favor, até lá você está livre para fazer o que você quiser. – Falando isso ele se virou para sair do quarto.

- Espera. Como assim? Você está terminando comigo?

- Terminando? – Ele deu um sorriso sem graça. – Não se pode terminar o que nunca começou de verdade Santiago.

Eu segurei o braço dele.

- Solta! – Falou ele puxando o braço. E então abriu a porta e saiu.

Eu sentei na cama perplexo com a atitude do Lucas, o que aconteceu? Por que ele estava agindo daquele jeito? Ele não sabia que o Stefan estava com um tumor, mesmo assim, não tinha necessidade de ele agir daquela maneira.

Alguns minutos depois minha mãe entrou no quarto.

- Olá Santiago. – Ela sentou ao meu lado. – Aconteceu alguma coisa?

- Mãe, aconteceu tantas coisas ultimamente que nem sei o que pensar.

- Olha, eu só vou lhe falar uma coisa. Faça o que seu coração mandar, não se prenda ao que as pessoas querem, você é livre para fazer suas próprias escolhas meu amor. – Ele me deu um beijo na testa e saiu.

Eu fiquei pensando se ela sabia que eu era gay, apesar de que dizem que as mães sempre sabem. Ela não disse diretamente, mas como ela sempre fazia, deixou seu recado e seu conselho, quando eu mais precisava.

***

Tinha se passado uma semana e o Lucas não falava comigo, apenas coisas do curso, quando necessário, o que estranharam, mas ninguém perguntou nada. O Stefan tinha ido receber o resultado dos exames e ficamos de passar lá a tarde. Até então ninguém sabia da doença além do João de mim.

Era por volta das 16:00 quando chegamos na casa do Stefan. Eu, a Mel, a Jack e o João, o Lucas não foi, eu imaginei que ele não iria.

O exame do Stefan tinha dado que era um tumor, mas daria para operar, após algumas sessões de radioterapia e quimioterapia. Todos na sala choraram quando ele contou, ficamos lá até por volta das 23:00, então fomos para casa, o pai do João tinha ido buscar a gente e levar em nossas casas.

Eu fiquei por último.

- Sam? – Falou o João.

- Oi.

Ele estava no banco do carona e eu no bando de trás por trás do banco do motorista.

- O que aconteceu entre você, o Lucas e o Stefan?

- Como assim?

- Não seja tolo, ou pego as coisas no ar. Está com uns dias que eu notei que vocês três estão se evitando, principalmente o Lucas ao Stefan, nem para a casa dele ele foi hoje.

O pai do João não disse nada apenas estava dirigindo. Eu não ia falar sobre isso com ele ali.

- Depois a gente conversa.

- Tá certo.

***

O Lucas se desvinculou do Senai no dia seguinte, segundo o que passaram para a gente ele tinha passado na faculdade e ia se dedicar ao curso, o que não incluía o Senai. Ele passou para o curso de Engenharia Civil, o que ele sempre quis. Depois que ele saiu do Senai perdemos o contato, o pessoal falou que ele não respondia mais mensagens nem ligava, eu nem tentei contato, depois da última vez não ia falar. Assim passaram-se alguns dias, o Stefan começou as sessões de quimioterapia e de radioterapia antes da cirurgia, ele ia fazer três sessões de quimioterapia e seis de radioterapia, e ver o resultado para operar.

Não falei mais com o João desde aquele dia, apenas no Senai, o básico.

O Lucas como sempre estava incomunicável, não só comigo, mas com todos.

Assim foram passando os dias, quando dei por mim estava se aproximando o carnaval, que seria na próxima semana, porém com isso tudo do Stefan a viagem que íamos fazer foi cancelada. Era a sexta-feira que antecedia o fim de semana do carnaval, meus pais viajaram à noite para o sítio e a Vanessa com o namorado e a família dele para a praia e eu fiquei em casa sozinho como sempre. O Senai só iria abrir na quinta-feira próxima, depois da quarta-feira de cinzas.

Fazia um mês que eu não via o Lucas nem tinha notícias dele, nem o pessoal sabia dele, acho que nem estava sabendo da doença do Stefan, o que era ruim, pois ele e o Stefan eram amigos, acho que eu quem estraguei essa amizade de certa forma.

Era sábado de carnaval quando a companhia tocou. Eu tinha acabado de sair do banheiro, enrolei uma toalha na cintura e fui atender.

Quando abri o portão era o João.

- João? O que tá fazendo aqui?

- A gente veio falar com você?

- A gente?

O Lucas apareceu ao lado do João, junto do Stefan.

- Vocês?

___________________________________________________________

Boa noite galera. Tá aí mais um capítulo, espero que gostem. Obrigado pelos comentários. Eu tenho andado meio ocupado esses dias, mas estou tentando postar um capítulo por semana, espero que dê para postar sempre. Gosto de ler os comentários, podem deixar comentários, leio e responderei a todos. Obrigado...

Grilo falante: A gente imagina e passa por tanta coisa na vida que só nos damos conta depois, quando as coisas acontece, mas futuramente você vai entender.

Geomateus: Tá aí sua resposta ao que aconteceu com o Stefan, são tantas coisas que é dose.

VALTERSÓ: Quem será? Acho que já tem seus palpites e preferências, mas quem será?

Obrigado rapazes por sempre deixarem comentários. Abração a todos que leem o conto. Já são mais de 200 leitores 😉.

P.S. Desculpem os erros que passaram, corrigi, mas muitas vezes passam despercebidos. 😊

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 3 estrelas.
Incentive Sam Lins a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Entendo que Santiago esteja preocupado com o Stefan mas acho que ele poderia ter dado mais atenção ao Lucas, ao que me parece desde antes de saber da doença ele já estava meio distante. Entendo suas palavras Sam e acredito nelas, mas lendo friamente e sem estar na situação e sem conhecer a história completa geramos uma opinião que pode mudar com o decorrer do tempo e descoberta dos fatos. Por ora ainda mantenho o que penso. Não achei o Lucas imaturo na conversa com o Santiago, mas achei imaturo sim em cortar contato com o grupo de amigos. Agora vamos ver o que vai acontecer mesta conversa entre o quarteto.

1 0
Foto de perfil genérica

confiar é uma ação que demonstra afeição e cumplicidade

1 0
Foto de perfil genérica

DE FATO LUCAS ESTÁ SENDO TOTALMENTE IGNORANTE, MIMADO. CRESCE LUCAS. VIRA HOMEM DE FATO. PARECE QUE NÃO CONFIA EM SI PRÓPRIO. E DIGO MAIS, AMIGO É MUITO MAIS IMPORTANTE DO QUE NAMORADO SE VC QUER SABER. NAMORO PODE ACABAR E UMA VERDADEIRA AMIZADE ÉDURADOURA.

1 0